Death And All His Friends escrita por fukkk


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo! Este é pequenino, apenas para deixar um gostinho de quero mais. Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/617469/chapter/11

Três anos antes - Wessex, Inglaterra

"Esse é só o começo do fim da nossa vida, onde a história é contada pelos telespectadores". Sebastian já havia fumado um maço inteiro de cigarro enquanto escrevia seus sonetos e poemas. "Já faz meia hora em que você está na mesma linha, Bast", eu disse, "venha cá, não me abandone... quem saiba eu não te dê um pouco mais de inspiração". Ele estava tão concentrado nas palavras emaranhadas em sua cabeça que não prestou atenção no que eu disse. Fui em sua direção, tirei o cigarro de sua boca e fumei. "Sabe", eu disse, "eu estive pensando e acho que se você mandasse seus textos para uma editora, ou até mesmo um jornal, eles publicariam. Você até poderia ganhar uma coluna". Pela primeira vez em minutos, ele olhou para mim: "Você realmente acha, Margot?" ele deu um sorriso de canto e continuou: "as coisas não são fáceis quando você é um pobretão". "Eu posso pedir para o William ajudá-lo, ele tem muitos amigos nesse ramo. Na verdade, ele tem amigos em todos os lugares". Não acho que William de fato ajudaria Bast, mas talvez isso servisse de impulso para ele. "Que ridículo... o marido bancando o amante da esposa. Quer me expor em seu museu também?", por mais que ele soubesse que meu casamento com William fosse de faixada, ele se ardia de ciúmes e isso me chateava. "Não gosto quando fala comigo deste jeito. Nunca lhe dei motivos, apenas estou tentando ajudar". Antes que ele pudesse responder, Penelope, a ajudante de cozinha, entrou na casa de Sebastian suando e com pressa. "Minha senhora", ela disse, "desculpe-me a intromissão, mas a Emma entrou em trabalho de parto e ela pediu para que eu viesse avisar a senhora". "Já? Mas é claro! Já estou indo! Chamaram o médico? Onde ela está?". Segui Penelope até o casarão, pois assistir este parto era de tamanha importância para mim. Emma e eu tínhamos nos afeiçoado desde o primeiro momento em que ela começou a trabalhar aqui e logo ela tornou-se a minha camareira oficial. Como ela já estava grávida quando veio procurar pelo emprego, ela não contou por medo de que não a aceitássemos. Mas é claro que eu sempre soube. Ela era uma mulher pobre e já tinha quatro filhos e não tinha como sustentar o bebê, então ofereci para que a criança morasse na casa grande junto com os empregados, assim ela teria um tutor e maiores chances de vida.

Emma estava em seu pequeno quarto na ala dos empregados, havia muita gente lá: o médico recém chegado da cidade, duas enfermeiras e alguns empregados. Quando cheguei, ela estava na pequena cama se contorcendo de dor, fui ao seu lado e peguei sua mão. "Tudo vai ficar bem", eu disse, "a dor vai ser logo substituída por uma alegria imensa". Ela olhou para mim e não me reconheceu, se encolheu na cama e gritou de dor. "O que está acontecendo?" perguntei ao Senhor Lesley, o médico. "Suspeitamos que ela esteja com pré-eclampsia. Os tornozelos muito inchados, a vermelhidão na nuca, a amnésia... mas não há nada que possamos fazer. Temos que continuar com o parto normal, não dá para fazer uma cesárea aqui e ela certamente morreria no caminho até o hospital". Pobre mulher, uma vida cheia de miséria e infelicidades... e agora isto. Em momentos como este, me sinto impotente e a tristeza de não poder fazer nada me domina. Mas ela não iria morrer, o parto iria ser rápido e a criança ia nascer saudável. Tudo ficaria bem. Repeti isto para mim mesma nas 12 horas de parto, a ajudei como se fosse minha irmã ou mãe. Eu sabia que eu nunca iria ter este momento, que eu nunca teria um parto, que eu nunca seguraria um bebê meu nos braços. E neste momento, eu senti inveja.

O choro do bebê alegrou o mundo naquele instante, tudo a minha volta ficou mais belo e feliz. Eu, que encarava a morte todos os dias, encarava o nascimento pela primeira vez. O pequeno choro pode mostrar como a vida é linda e mágica. Eu queria parar o tempo nesse chorinho. Algo me tirou do transe, Emma, que acabara de dar a luz, estava convulsionando ao lado. "Doutor", eu disse desesperada, "o que está acontecendo? Faça algo!". O médico me olhou cabisbaixo com o mesmo sentimento de impotência que eu sentira horas antes. "Minha senhora, não a nada que eu ou a senhora possamos fazer. Isto é eclampsia, já é tarde demais. Deixe-a seguir seu caminho". "Como assim não podemos fazer nada? Estamos no século XXI, temos a obrigação de salvá-la". Mas ele tinha razão, era tarde demais. Quando ela finalmente parou de convulsionar, estava morta e gélida. Não! Não! Não! Ela não podia abandonar a criança! Que egoísta... isso... isso me lembrou da mãe de Rose, quando a abandonou em um internato com apenas 3 anos. Uma maldade mesquinha e agora Emma tinha feito isso, ela desistira muito fácil. "Minha senhora," disse a enfermeira, "ela não nos disse que nome daria à criança. É uma menina". Larguei a mão gélida de Emma e fui em direção a menininha que estava deitada no pequeno balcãozinho perto da janela, ela estava suja de sangue e seus olhinhos abriram no instante que eu a vi. Me apaixonei. Foi ai que eu prometi a mim mesma e a todos os deuses que a partir de hoje, ela seria minha filha. Eu iria cuidá-la, amá-la e criá-la como se ela tivesse saído de meu ventre. E de fato, eu já a considerava minha. "Charlotte", eu disse, "seu nome é Charlotte".

Estava com a pequena Charlotte nos braços quando Sebastian entrou. "Margot!", ele disse vindo em nossa direção, "me desculpe por mais cedo. Eu estava tomado pela cólera e pelo ciúme... eu te amo mais do que tudo". Eu olhei em seus olhos de tempestade e toda a raiva que eu sentira antes foi substituída pelo amor. "Não se preocupe. Tudo mudou".


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Este capítulo é um fragmento, um "apêndice" do que aconteceu com Rose/Margot nos últimos anos. No começo eu pensei em seguir um cronologia, mas percebi que ficaria muito cansativo e demorado. Então resolvi em contar em partes. Isto não muda a importância dos acontecimentos. Beijos e até mais.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Death And All His Friends" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.