Loving can hurt sometimes escrita por Luna Lovegood


Capítulo 6
You Fall away from your past


Notas iniciais do capítulo

Qual é o meu problema? Eu devia fazer vocês esperarem mais por esse capitulo.... Mas aí eu vejo tantos comentários ansiosos pela continuação que eu simplesmente não consigo resistir...
Aproveitem!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/617447/chapter/6

You swear you recall nothing at all

That could make you come back down

You made up your mind to leave it all behind

Now you're forced to fight it out

You fall away from your past

But it's following you now

You left something undone, it's now your rerun

It's the one you can't erase

You should have made it right, so you wouldn't have to fight

To put a smile back on your face

(Fall Away - The Fray)

 

Felicity Smoak

Era uma sexta feira, dia vinte de abril de dois mil e doze, à noite. Chuviscava, eu estava dirigindo para Central City onde eu teria uma reunião com o dono da Palmer Technologies logo pela manhã. Oliver não queria que eu fosse, chegou inclusive a tentar fazer com que a diretoria da Q.C. enviasse outro funcionário para aquela reunião. Nós discutimos porque eu não queria que ele se intrometesse no meu trabalho, já era um saco o olhar torto que eu recebia de todos os outros funcionários por eu ser casada com um dos herdeiros da Queen Consolidated.

Eles tendiam a desmerecer meu trabalho, como se minhas promoções não fossem por mérito próprio, mas apenas porque eu havia feito um ótimo casamento. Era irritante, mas eu não me incomodava com as fofocas, eu sabia o quão boa eu era e isso apenas me motivava a ser ainda melhor.

Por isso me irritava tanto quando Oliver se intrometia no meu trabalho, principalmente quando era por algo tão bobo quanto ciúmes. Eu era a única que poderia ir a essa reunião. Primeiro, porque a ideia de reverter a energia excedente das indústrias Queen em de energia de graça para as pessoas do Glades era minha, segundo porque a Palmer Technologies era a única empresa que já havia feito isso antes e precisaríamos do apoio dela, e terceiro porque Ray Palmer exigiu a minha presença.

Eu sabia que o motivo real da irritação de Oliver era porque Ray Palmer era bonito, inteligente, bilionário, capa da Business Week como empreendedor mais jovem a ficar bilionário, capa da National Geographic pelos seus projetos de desenvolvimento sustentável, capa da Forbes como o bilionário mais cobiçado do país, e por aí vai... Oh, e é claro, ele era também meu ex-namorado.

Mas isso não mudava o fato que eu não queria que Oliver se intrometesse na minha vida profissional. E que eu precisava que ele confiasse em mim do mesmo jeito que eu confiava nele. Eu sabia que havia alguma rixa antiga entre Oliver e Ray, mas eu esperava que meu marido fosse menos infantil e percebesse que o que eu estava fazendo era algo bom.

Eu já estava na metade do caminho para Central City e não via a hora de chegar ao hotel, queria deixar a apresentação organizada e ter uma boa noite de sono antes da reunião que seria bem cedo. Foi quando o meu telefone tocou, parei em um acostamento e atendi. Era a secretária do Palmer cancelando a reunião, dizendo que havia acontecido um imprevisto e seria necessário reagendar para a semana seguinte.

Fiquei chateada, é claro. Mas isso significava que eu poderia voltar para casa e aproveitar o final de semana com o Oliver, o simples pensamento de passar uma manhã preguiçosa com ele na cama trouxe um sorriso bobo para os meus lábios. Fiz o retorno e acelerei de volta para casa.

Quando eu cheguei em casa já passava das duas horas da manhã, Oliver provavelmente já estaria dormindo e apesar da nossa briguinha tola de mais cedo por causa dos ciúmes dele, eu tinha certeza que ele ficaria feliz assim que eu me juntasse a ele na nossa cama, e com certeza contente com a perspectiva de termos todo um final de semana só para nós dois.

Abri a porta um pouco cansada por ter feito uma viagem longa e desnecessária, mas satisfeita por estar de volta a nossa casa. Acendi a luz da sala e observei o cenário estranho que estava a minha frente.

Na mesa de centro da sala havia duas taças com resto de vinho tinto, do lado a garrafa do mesmo que estava praticamente vazia. Aquilo por si só já me deixou irritada, tudo bem o Oliver receber visitas (Tudo bem, nada!), mas daí beber o meu vinho tinto favorito já era demais! Eu o estava guardando para um momento mais íntimo com Oliver.

Eu estava apenas aborrecida, até que vi algo que simplesmente vez meu sangue ferver dentro das veias.

Havia um sutiã de renda preta barata, que não era meu sobre o encosto do sofá. Naquele momento eu paralisei, não conseguia formar um pensamento coerente que explicasse aquela situação. Meu coração palpitava tanto e minhas mãos tremiam de tão nervosa que eu estava.

Respirei fundo tentando me acalmar e segui em direção ao quarto. A porta estava entreaberta e embora fosse noite a luz da rua que entrava pela janela aberta e deixava o local claro o suficiente para que eu pudesse enxergar sem ter que acender a lâmpada.

O que eu vi ali me deixou desnorteada. Foi como se mil facas perfurassem meu coração de uma única vez.

Porque ali, com o corpo enroscado ao do meu marido estava Laurel Lance, do jeito que veio ao mundo pelada e sem nenhuma vergonha na cara!

Não consegui me mexer, não consegui falar, não consegui desgrudar meus olhos daquela cena grotesca que me causava náuseas. Oliver me amava eu sabia disso! Ele não me trairia dessa forma, na nossa casa, na nossa própria cama. Eu estava louca? Aquilo só podia ser uma ilusão, um pesadelo. Era isso, eu estava sonhando! Me belisquei, e  para meu desespero a dor foi real!

Acendi a luz, e na claridade aquela cena era ainda pior. Eu já chorava silenciosamente, mas eu queria mesmo era gritar, mandá-los saírem dali, mas havia um bolor preso em minha garganta que impedia minha voz de sair.

Laurel pareceu perceber a minha presença porque logo se remexeu e abriu os olhos e entreabrindo a boca num “oh” teatral ao me ver ali, e imediatamente puxou o lençol até o pescoço se cobrindo! Como se eu já não tivesse visto o bastante!

— Oh, Meu Deus! Oliver acorda. — Laurel disse sacudindo Oliver com as mãos. Vê-la tocá-lo me fez ver tudo em vermelho, a raiva me consumia, se apoderava de mim completamente.

Oliver abriu os olhos sonolentos, mas que logo ficaram aterrorizados e confusos ao notarem que eu estava de pé em frente a ele, e Laurel estava ao seu lado na cama. Ele se levantou imediatamente vindo em minha direção. Graças a Deus ele ao menos estava mais vestido!

— Felicity... — A voz dele estava cheia de medo. — Não é o que você está pensando! Não aconteceu nada entre a gente, eu nem sei como a Laurel veio parar aqui. — começou com suas explicações pobres.

— Eu não chamaria o que fizemos aqui de nada, Ollie! — Eu não gostava do apelido de Oliver, achava infantil e não combinava com o homem que eu conhecia. Mas o tom enjoativo de Laurel o chamando assim teve o poder de me fazer odiar o tal “Ollie” com todas as minhas forças — Não acredito que você vai mentir na cara dela. — Laurel interferiu.

— Cala a boca Laurel. — Oliver gritou, e até eu, e assustei com o ódio que queimava dentro dos olhos dele. Eu nunca havia visto Oliver tão furioso. — Nada aconteceu aqui, você sabe disso.

— Tudo bem, se você quer acha que é melhor agir assim com ela— assentiu, dando de ombros — Eu vou embora, você me liga quando estiver tudo resolvido com ela. — disse se levantando da cama (ainda nua) e dando uma piscadela para o Oliver.

Eu queria avançar nela e arrancar aquele sorriso cínico do rosto dela. Mas eu apenas disse:

— Não se esqueça de tirar a lingerie barata de cima do meu sofá. — consegui dizer num tom frio.

— Claro, queridinha! — me respondeu, enquanto saía pela porta do quarto. O sarcasmo na voz dela me tirou do sério e eu simplesmente peguei a primeira coisa que vi na minha frente (que depois constatei que ser um vaso horrível que a minha sogra me dera como presente de casamento) e joguei na direção dela!

O vaso se estilhaçou em milhares de pedacinho, mas por azar eu errei!

Oliver veio em minha direção aflito por me ver perder o controle dessa forma.

— Amor, você precisa ficar calma! — ele disse olhando dentro dos meus olhos tentando pegar a minha mão com a dele. Desvencilhei imediatamente do seu toque.

— Não ouse colocar essa suas mãos imundas em mim! Você tocou nela, você não vai me contaminar passando os germes daquela vagabunda para mim. — eu disse, e a raiva queimava como brasa no meu peito!

— Felicity, você precisa acreditar em mim! Eu não fiz nada, não aconteceu nada! Eu jamais faria qualquer coisa que te magoasse. — a voz dele era urgente e apavorada.

— Você acha que eu sou cega? Ela estava nua na nossa cama, o sutiã dela sobre o nosso sofá da sala e, além disso, vocês beberam todo o meu vinho! — Eu gritei descontroladamente. — Não é difícil perceber o que aconteceu essa noite, e pelo o modo que L... —não consegui dizer o nome — que aquela vadia agiu, isso não parece algo novo!

O meu descontrole pegou Oliver desprevenido. Eu o vi buscando meus olhos, tentando me convencer de que aquilo não era real. Se eu não tivesse visto os dois na cama eu teria acreditado nele, simplesmente porque ele tem esse olhar que transborda sinceridade e confiança. Mas eu tinha acabado de perceber que Oliver Queen não era o homem que eu pensei que fosse, Oliver Queen não existia, apenas o maldito Ollie. E eu não cairia naquele olhar de cachorrinho sem dono outra vez.

— Então, qual era o plano? Você ia ficar me traindo eternamente com ela ou só estava esperando o momento certo para me pedir o divórcio? — perguntei com frieza. Eu era uma masoquista, mas se eu estava sendo enganada eu queria saber toda a verdade, eu precisava saber a extensão disso, apenas para mostrar ao meu coração o quão idiota ele tinha sido por se apaixonar por Oliver.

— Não há nada nesse mundo que me faça querer me separar de você, Felicity! Nada. — ele disse desolado.

— Uau... Então ficaria me traindo eternamente. Bom saber! — eu falei sendo sarcástica.

— Não amor! Eu nunca te traí com a Laurel! — Seus olhos novamente me sondaram, buscando qualquer mísera esperança.  Olhei com cara de descrente para ele. Ele era muito cara de pau.

— Sério? Então o que ela estava fazendo aqui nua na nossa cama? — coloquei ambas as mãos na cintura, enquanto esperava pela mentira que viria a seguir.

— Eu não faço ideia. — falou a voz trasbordando em desespero, os olhos novamente em mim pedindo por compreensão — Ela veio aqui apenas para conversar, ela chorava e disse que precisava de um amigo. Eu ofereci algo para beber e um ombro amigo, mas foi tudo. Ela não ficou mais do que dez minutos, foi embora e eu fui dormir e quando acordei vocês duas estavam aqui.

Sério que isso era o melhor que ele podia inventar? Ia bancar o ingênuo? Só faltou dizer que Laurel  tirou as roupas dele e o forçou a dormir com ela. Urgh! Agora eu tinha essa imagem mental na minha mente dos dois fazendo sexo.

—Você realmente espera que eu acredite?

— Por favor, amor, confia em mim! — Implorou com lágrimas de desespero em seus olhos. Ele tentou se aproximar de novo, mas eu me afastei. — Eu não toquei nela, eu juro! Como eu poderia? Eu amo você, apenas você.

Não me comovi com as lágrimas dele ou com a declaração de amor, não me comovi com a expressão de angústia e dor no rosto dele. Porque eu tinha a minha própria dor para cuidar, uma dor que ele havia causado.

***

Deixei meu corpo cair escorado na parede até  me ver sentada sobre o chão da sala, puxei meus joelhos para o meu peito e o abracei  apoiando minha cabeça sobre os joelhos, enquanto absorvia o peso do que eu acabara de me lembrar. Eu já estava emocionalmente destruída após descobrir sobre a separação e as mentiras de Oliver, mas essa lembrança veio apenas para cravar uma adaga final no meu coração. Então era isso que havia acontecido com a minha vida perfeita? Era isso que Oliver se negava a me contar? Meu marido me traía com a ex namorada dele, na nossa própria casa, na nossa cama. Como eu pude me iludir a tal ponto? Achar que ele me amava, acreditar que ele estava tão feliz com o nosso casamento tanto quanto eu.

Eu me senti tão vazia, a minha vida era repleta de mentiras. E eu não estava falando apenas das últimas semanas, mas de todo o meu romance com Oliver. Nosso namoro, o noivado, o casamento e a lua de mel, todos esses momentos foram mentiras? Nosso amor foi uma grande ilusão na qual eu me joguei sem medo e agora pagava preço por ter sido tão ingênua. Por acreditar que alguém como Oliver Queen seria capaz de amar.

Seria capaz de me amar.

Me senti enjoada apenas em pensar há quanto tempo ele me traía com Laurel. Dividindo a cama com nós duas. Rindo da tola e apaixonada esposa enquanto fazia sexo com a amante.

Balancei a cabeça afugentando as imagens, me levantei do chão e sequei minhas lágrimas, não que houvesse muitas. Eu estava em um estado de estupor tão grande que nem mesmo conseguia chorar mais, ou sentir alguma coisa diferente de um vazio sem fim dentro do peito. A verdade havia cavado um buraco em mim, buraco esse que sugou todos os meus sonhos, todas as esperanças, todo o amor que um dia acreditei viver.

Caminhei para a saída do apartamento decidida a voltar e tomar uma direção na minha vida, eu seguiria para qualquer lado, desde que fosse bem longe de Oliver Queen.

***

Oliver Queen

Abri meus olhos não acreditando que consegui dormir no chão duro do corredor. Levantei-me sentindo o minhas costas doloridas e a cabeça latejando. Por quanto tempo eu havia apagado? Me apavorei quando vi as horas no relógio do meu pulso, já passavam da sete horas da manhã! Fui em direção ao nosso quarto disposto a bater na porta e conversar com Felicity, talvez um pouco de tempo a tivesse feito esfriar a cabeça.  E eu precisava que ela estivesse mais calma porque eu havia decidido que iria contar tudo! Toda a merda que Laurel tinha feito com a nossa vida. Sem segredos dessa vez. Eu esperava que ela ao menos me ouvisse, e me deixasse explicar tudo. Eu precisava que ela visse o meu lado, que eu tinha sido tão vítima daquela situação quanto ela.

 Virei-me em direção ao quarto decidido e imediatamente entrei em pânico ao ver que a porta estava aberta. Entrei no quarto na esperança de que ela ainda estivesse ali dentro dormindo, mas não. Procurei pela casa inteira e nada dela, vi que a porta da sala estava destrancada. A chave do carro ainda estava no meu bolso e a bolsa dela jogada no sofá.

Conclui que ela deve ter saído a pé e portanto não poderia estar muito longe.  Mesmo assim eu me desesperei, para onde Felicity poderia ter indo? Pensei em procurá-la, mas eu não podia sair. A bolsa com os documentos ainda estavam sobre o sofá, indicando que ela voltaria. E se ela voltasse e eu não estivesse aqui? E se nos desencontrássemos novamente? Peguei meu celular e decidi ligar para Sara, que atendeu logo no segundo toque.

— O que você quer assim tão cedo, Oliver? — ela me atendeu parecendo sonolenta e sem ter muita paciência.

— Felicity desapareceu. — minha voz saiu num sopro. — ela não está em nenhum lugar da casa, as coisas dela ainda estão aqui, mas eu não tenho certeza se ela vai voltar.

— Chego aí em quinze minutos. — avisou desligando o telefone logo em seguida.

Sara não demorou nem dez minutos para chegar aqui, mas para mim pareceram horas. Horas sem saber onde Felicity estava, se ela estava bem, se ela iria voltar, se eu a havia perdido novamente. Eu estava perdido nesses meus pensamentos quando Sara já chegou me xingando:

— O que você fez dessa vez seu idiota? — me questionou.

— Ela descobriu os papéis do divórcio. —  contei sem vontade — Ela ficou furiosa comigo por ter mentido sobre ainda estarmos juntos e insistiu em saber o motivo da separação.

Sara suspirou. Eu imaginei um “eu te disse” vindo logo em seguida, mas me enganei e fiquei surpreso com o tom quase carinhoso na voz dela.

— Oliver, pense bem, agora que a mentira acabou nós podemos explicar o seu lado da situação e quando ela entender que foi tudo uma grande armação talvez vocês ainda tenham uma chance de sobreviver a isso e recomeçar. — Sara disse esperançosa.

— Eu não contei a ela sobre a Laurel. — eu falei.

— Como é que é? Quando eu penso que você não consegue ser mais imbecil você supera todas as expectativas. — Sara reclamou indignada. — Você tem que contar, ela precisa ouvir isso e tem que ser de você! Não me interessa se você tem medo de que ela o deixe, Felicity tem o direito de saber a verdade. — finalizou incisivamente, eu sabia que Sara estava certa, mas tudo o que eu queria fazer era colocar uma pedra gigante sobre aquele dia fatídico e fingir que ele nunca existiu.

— Eu não consegui, Sara. Eu fiquei apavorado que ela pudesse ir embora como da outra vez sem sequer me ouvir, eu mal sobrevivi da primeira vez que ela me deixou. Você pode não ter ficado do meu lado, mas sabe o quanto isso foi destruidor tanto para mim quanto para ela. — eu a lembrei, o primeiro ano sem ela foi arrasador, eu passei oscilando entre tentar alcança-la e implorar que ela voltasse para mim ou bebendo e brigando com todo mundo a minha volta. Apenas quando eu finalmente aceitei que Felicity não me aceitaria de volta foi que mergulhei no trabalho, era o único modo de manter minha mente ocupada ao invés de ficar me lamentando por tudo o que eu perdi. — Você percebe o quão pouco nós temos? Eu só queria ter mais provas para mostrar o meu lado antes de tudo, eu queria a segurança de que ela não iria fugir dessa vez.

— E adivinha só, gênio, ela foi embora do mesmo jeito. — disse Sara.

Sara estava certa, eu deveria ter contado no momento em que ela perguntou. Era exatamente o que eu faria assim que eu a encontrasse. Eu explicaria tudo, como o nosso casamento terminara, contaria o meu lado da história e rezaria para que Felicity acreditasse em mim e que não fosse tarde demais. Essa era minha única chance.

— Olha Oliver, o pouco que nós temos foi o suficiente para me fazer mudar de opinião ao seu respeito. Talvez faça a Felicity mudar também. — ela disse me lançando um pequeno sorriso encorajador. A pressão em meu coração abrandou um pouco, eu não havia pensado direito ontem a noite, o medo de perdê-la tinha  me dominado e me impedido de pensar com clareza.

Talvez se eu tivesse conversado com ela ontem a noite, tudo tivesse sido esclarecido.

— Você está certa, Sara. — ela sorriu adorando me ouvir confessar isso — Eu sou um idiota completo. — eu assumi.

— Disso eu não posso discordar. — ouvi a voz da Felicity que estava parada a porta.

Me senti instantaneamente aliviado, ela estava viva, ela havia voltado para mim e estava bem... Olhei para ela, não ela definitivamente não estava nada bem. Aquela luz que eu sempre enxergava nela não estava mais ali. Havia uma sombra sobre os olhos dela, algo que os fazia parecer duros e frios e quando ela direcionou-os para minha direção eu soube: Felicity havia se lembrado.

***

Felicity Smoak

Eu estava preparada para encontrar Oliver ali  e ter uma conversa decisiva, mas encontrar Sara foi uma surpresa adicional. Eu não estava muito contente com ela também, afinal ela sabia o tempo todo sobre a separação e sobre a traição de Oliver com Laurel, e ainda assim permitiu que Oliver brincasse com meus sentimentos. Que tipo de melhor amiga deixa isso acontecer? Ela também me devia muitas explicações, mas eu exigiria isso dela depois porque agora eu tinha coisas mais urgentes para resolver.

Quando eu direcionei meus olhos para Oliver eu o senti estremecer. Eu vi a tristeza tomar conta dele.

— Felicity — disse se aproximando — Nós precisamos sentar e conversar com calma, me deixe explicar o que aconteceu...

— Explicar o quê? Como você me traiu com a Laurel? Como você se aproveitou da minha amnésia e me fez acreditar que estávamos casados e felizes? Eu passo. — eu disse friamente enquanto caminhava para o quarto decididamente e fechando a porta atrás de mim. Oliver teria vindo atrás de mim, se Sara não o tivesse puxado e dito algo a ele.

Eu retirei do guarda-roupa uma mala pequena e fui colocando algumas peças de roupas aleatórias. Andei pelo quarto me despedindo do lugar. Eu o achara tão masculino e impessoal quando o vi pela primeira vez, e agora eu conseguia ver pedacinhos meus em todo o lugar, eu trocara as persianas por cortinas claras e o jogo de cama por algo mais colorido. Toquei  um globo de neve sobre o criado mudo com a imagem da cidade, não resisti ao impulso de sacudi-lo e sorri com a lembrança tão singela, Oliver ganhara no jogo de arco e flecha quando passeamos no parque de diversões. Mais uma mentira.

 Aquele apartamento nunca parecera com um lar para mim, mas em tão pouco tempo vivendo ali com Oliver, nós havíamos o transformado em um. Não porque eu tinha feito como ele me sugeriu na primeira noite,  e redecorado tudo, não, era apenas o lugar que agora estava marcado por lembranças de nossos momentos juntos. 

Voltei ao criado mudo ao lado da cama e retirei da gaveta aquela foto minha e de Oliver que estava comigo no dia do acidente, a olhei com melancolia antes de colocá-la dentro do bolso da calça que eu vestia. Não importa o quanto a nossa história estivesse manchada, eu acho que esse era um hábito que eu nunca perderia. Saí do quarto carregando a mala e imediatamente Oliver veio em minha direção.

— Você está me deixando. — constatou aturdido.

— Esperava algo diferente? — devolvi mordaz, o magoando.

— Para onde você vai? — Oliver me perguntou com uma expressão infeliz e assustada.

— Para a casa da Sara — eu disse secamente, evitando seus olhos enganadores.

Sara não esperava por isso, vi o semblante de surpresa nela.

— Me deixe te provar que aquilo tudo foi um engano, que eu não te traí com ela. — Oliver praticamente implorou. — Vamos apenas conversar, me deixe contar o meu lado da história...

Respirei fundo, já cansada desse assunto. Ele não entendia que não era apenas pela traição, embora essa fosse a dor maior, era também pela mentira de agora. Eu tinha aprendido que não deveria confiar nas palavras de Oliver Queen.

— No momento, Oliver, — respirei fundo ao dizer o nome dele que ainda fazia meu coração palpitar — Eu não quero ver você, ouvir a sua voz ou sequer quero que pronunciem seu nome perto de mim. — Eu disse grosseiramente, mas era isso o que eu precisava, esquecer  o quanto amar ele me machucava.

Oliver e Sara trocaram um olhar de cumplicidade que me irritou.

— Vamos, Sara — falei, já puxando a mala e indo para a saída.

— Oliver eu... — Sara começou a dizer, olhando para mim e para Oliver.

— Não, está tudo bem, Sara. Se é isso o que ela quer e precisa... — a voz dele falhou — Apenas prometa que vai cuidar bem dela por mim, e me mantenha informado. — ele pediu.

Eu já estava saindo, segura de que estava tomando a decisão certa, mas quando olhei para trás e vi Oliver parado com uma cara de quem acabara de perder o bem mais precioso da sua vida, meu coração doeu ao ver o rosto do homem que eu amava marcado por tanta dor, mas eu precisava me manter forte. Eu ainda o amava, e talvez eu sempre o amaria, mas no momento eu precisava me afastar e cuidar de mim mesma. Toquei a fotografia no meu bolso, pensando que por mais longe que eu fosse de Oliver eu ainda matinha um pedacinho do amor dele comigo.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai? Gostaram do flashback? Comentem....