Loving can hurt sometimes escrita por Luna Lovegood


Capítulo 5
I’m Sorry


Notas iniciais do capítulo

Ei gente, como vocês estão? Espero que ansiosos por esse capitulo! Quero agradecer de coração a todos que tem acompanhado e favoritado a fic. E Ai. Meu. Deus. quantos comentários lindos que vocês tem deixado, toda vez que eu entro no nyah e vejo que alguém comentou eu fico dando pulinhos de felicidade!!! Obrigada e boa leitura!

Ps.: Eu tava com um pouco de pressa para postar e só revisei um vez, então me desculpem qualquer erro.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/617447/chapter/5

Will you listen to my story

It'll just be a minute

How can I explain

Whatever happened here never meant to hurt you

How can I cause you so much pain

When I say I'm sorry

Will you believe me

Listen to my story

Say you won't leave me

When I say I'm sorry

Can you forgive me

When I say I will always be there

Will you believe, will you believe in me

(Sorry - Daughtry)

 

Felicity Smoak

— E então, Oliver? Você vai me dizer o que isso significa ou prefere que eu leia para você? — eu o questionei.

Minhas mãos tremiam tanto com a raiva que eu sentia que era difícil até mesmo segurar aqueles papéis. Meu coração  palpitava rápido, e a respiração saía em lufadas de puro ódio. Se eu fosse um desenho animado provavelmente eu estaria lançando fumaça pelas orelhas nesse momento.

Olhei para o Oliver, a cor sumiu do rosto dele, ele estava pálido feito um papel. A expressão no rosto dele dizia tudo: ele estava completamente apavorado. E diante da sua inércia, eu me vi obrigada a continuar. Nem sei como eu ainda era capaz de falar algo, acredito que naquele momento, a raiva suprimia a dor e me davas forças suficientes para continuar. 

— Por meio deste documento, Felicity Smoak Queen e Oliver Jonas Queen expressam seu desejo de.... — gaguejei, respirei fundo tomando coragem — de darem fim a união matrimonial... — continuei a ler, numa voz incrivelmente controlada.

— Felicity, não é... —a voz de Oliver soou como uma súplica e o olhar dele era de dar pena, ele estava quase chorando. Mas eu o ignorei, eu não iria ter pena dele agora, não quando ele foi capaz de fazer isso comigo, me enganar dessa maneira.

— Não espera essa é a melhor parte — o alertei com ironia, deixando a raiva me dar forças e continuei a ler o documento — Em razão de diferenças irreconciliáveis o Divórcio... Divórcio? Viu só? Não é legal? Nós dois estamos DIVORCIADOS, Oliver! — eu gritei, a palavra divórcio quebrando algo dentro de mim cada vez que saiu dos meus lábios.

— Nós não estamos. — Oliver afirmou com segurança olhando diretamente para mim. Ele deu passos tentando se aproximar de mim, olhos dóceis pelos quais me apaixonei anos atrás pedindo por compreensão, ele ergueu a mão tentando me tocar,  porém eu me afastei. Eu odiava admitir isso, mas eu precisava ter uma distância segura entre nós, ou Oliver seria capaz de me render. Ele olhou para mim parecendo magoado com a minha recusa em deixá-lo me tocar, e seus olhos tristes quase me desarmaram por um momento, quase.

Eu precisava me concentrar em obter as respostas, não deixar que meus sentimentos me cegassem.

— Oliver já chega de mentir para mim! Eu já entendi, é por isso que esse apartamento não tem nada a ver comigo, tirando algumas fotos, roupas e poucos pertences, é como se eu tivesse passando férias aqui, e não construindo um lar com o meu marido. — dizer a palavra marido doeu, porque agora eu sabia que Oliver não era mais — É por isso que eu não estava usando a minha aliança de casamento no dia do acidente. — Deus! Tudo era tão óbvio que me senti uma tola por não ter notado nenhum dos sinais antes. —Eu fui tão estúpida!

— Não, Felicity, você não entendeu nada! — Oliver falou enquanto dava um passo a frente desesperado por encurtar a distância entre nós. Ao mesmo tempo eu dei um passo para trás.

Eu precisava ficar a uma distância segura dele. Porque por mais irritada e confusa que eu estivesse naquele momento, eu sabia que eu amava Oliver desesperadamente, eu sabia que ele era o único capaz de me acalmar, eu precisava tanto de um abraço, eu queria tanto que ele me envolvesse em seus braços e me dissesse que tudo ficaria bem e era apenas mais um pesadelo. Era porque eu queria e precisava  tanto dele, que eu não podia deixar que ele se aproximasse,  eu tinha medo de não ser forte o suficiente para fazer a coisa certa, uma vez que estivesse em seus braços.

— Me deixe explicar tudo a você. — ele implorou com aquela voz baixa e rouca que fazia meus cabelos da nunca se arrepiarem. Mas eu me mantive firme, me lembrei da mentira, me apoiei nela, deixei a mágoa falar por mim.

— O que há para ser explicado? Nós dois não somos casados, não vivemos na mesma casa... Nós nos divorciamos! Aí eu perco a memória e você achou que seria divertido brincarmos de casinha outra vez! — eu acusei bufando de raiva e deixando claro todo o meu desagrado com a situação.

— Nós não nos divorciamos! — ele praticamente gritou, como se para ele aquilo fosse tão inadmissível quanto era pra mim.

Eu me assustei com a agressividade que vinha da voz dele, Oliver não era do tipo que gritava ou perdia a cabeça com facilidade, pelo menos nunca comigo. Mas ignorei seu comportamento atípico e continuei, a raiva que queimava dentro de mim me mantinha firme.

— Ah é? Então qual vai ser a mentira sobre esses documentos, Oliver, porque eu posso não lembrar o que aconteceu há três anos, mas está tudo escrito aqui! — ergui os papéis em minhas mãos.

Oliver suspirou cansado, levando as mãos aos cabelos daquele jeito que eu sabia que ele sempre fazia quando tentava encontrar a solução para algo, mas ela não aparecia.

— Eu odeio brigar com você, eu não quero e não vou. Vamos apenas conversar sobre isso, e parar de gritar um com o outro. — ele pediu com a voz mais calma, eu não concordei, mas também não me exaltei então Oliver apenas continuou — Há três anos nós tivemos uma briga feia, você estava com a cabeça quente arrumou as malas e foi embora sem...

— Então o pesadelo era real! — constatei, Oliver se esforçara mesmo para cobrir toda a mentira.

— Fel... — Ele começou tentando se aproximar novamente, e eu simplesmente neguei com a cabeça, tentando segurar as lágrimas que ardiam eu meus olhos.

— Era real? Sim ou não? — E minha voz saiu tremida. Diga não, por favor diga não. Eu rezei, mesmo já sabendo a resposta.

— Sim, era real. — confirmou, dando-se por vencido.

Me deixei cair no sofá, aquilo me desestruturou, deixei as lágrimas que eu tanto segurava finalmente caírem. Depois que eu descobri os papéis do divórcio eu imaginei que aquele meu pesadelo pudesse ser real... Mas ainda assim eu não estava preparada. A intensidade da dor que eu sentia naquele sonho era absurda. Eu apenas conseguia suportar porque Oliver estava ali todas as manhãs me abraçando e fazendo a dor ir embora. Mas agora eu sentia tudo voltado para mim de novo. Aquela mesma dor aumentada pela nova dor de agora, e não havia abraço que pudesse abrandá-la.

— Eu sinto muito. — seus olhos pareciam sinceros e cheios de lágrimas também, e eu desejei ser capaz de perdoá-lo, simplesmente porque eu o amava mais do que um dia eu já havia amado alguém, mas eu já estava machucada demais para isso. E a dor que eu sentia em meu peito, essa dor que parecia que ia me sufocar, doía tanto assim porque eu amava Oliver de mais.

Se meu amor por ele fosse menor,  a dor também seria.

Sequei as minhas lágrimas e adotei uma postura mais fria e racional, eu precisava suprimir a dor e continuar

— Desculpas não vão consertar essa merda, Oliver. – eu joguei em sua cara, enquanto aquele bolor na minha garganta ficava ainda maior.

A expressão de Oliver era de quem acabara de levar um soco na boca do estômago. Mas ele assentia com a cabeça, se servia de algo ele era ao menos consciente da merda que havia feito.

— Eu fui um idiota. — ele assumiu, o tom de voz rouco e quebrado — Não deveria ter mentido para você quanto à isso, mas se serve como algum tipo de explicação eu fiz isso porque eu te amo, Felicity! — respirei fundo ao escutar aquelas palavras, em outra época eu teria ficado feliz em escutá-las, mas eu havia chegado num ponto em que eu não sabia mais o que era verdade ou mentira nessa história. — Ver você deitada na cama daquele hospital me chamando de amor e feliz pela minha presença, encheu meu coração de esperanças novamente. Eu vi amor nos seus olhos quando você olhava para mim, Felicity! Como eu poderia te magoar e simplesmente dizer que o nosso casamento acabou? Como eu poderia deixar você ir embora da minha vida se tudo o que você se lembrava era de como éramos felizes? — deixou a pergunta no ar, seu olhar para mim era desesperado, ele queria que eu compreendesse as suas atitudes.

Mas eu simplesmente não conseguia.

— Então você fez tudo isso por pena. — constatei tristemente, me sentindo doente. Nós havíamos feito amor várias vezes, será que não tinha significado nada para ele? Apenas a parte necessária de uma elaborada mentira?

— Não, não e não! Eu fiz isso porque eu fui egoísta, porque eu estava absurdamente feliz de te ter de volta a minha vida, que me deixei acreditar que talvez houvesse uma chance de te fazer perceber que eu nunca deixei de te amar. Que eu ainda te amo e sempre amarei. — esclareceu com pressa.

— Por favor, não diga que me ama porque isso torna tudo apenas muito pior. — eu pedi com lágrimas quentes vertendo em meus olhos. Como eu conseguiria deixá-lo se ele continuasse dizendo essas palavras para mim? Como eu poderia passar pela porta se ainda estivesse presa na ilusão desse casamento perfeito que Oliver criou?

— Mas eu a amo, Felicity! Essa é a única certeza que eu tenho na vida. — repetiu rompendo a distância entre nós se sentando sobre a mesa de a minha frente. Vi um pequeno sorriso triste se formar em seus lábios enquanto ele olhava para mim e continuou com a voz mais doce — Eu posso ter mentido sobre a nossa separação, mas nenhum momento em que estivemos juntos, nenhum toque, nenhum beijo ou declaração de amor foi uma mentira. Felicity, quando nós dormimos juntos novamente, foi amor o que fizemos. Você sabe disso, você sentiu isso também.

Eu estava confusa. Minha mente era um misto de raiva pela mentira de Oliver, dor porque eu estava vendo toda a minha vida desabando sobre mim, e amor. Sim, o amor que eu sentia por Oliver estava ali, vivo e forte implorando para que ainda houvesse uma chance para ele.

 E então me fiz algumas perguntas simples: 1) Eu amava Oliver Queen? Sim, desesperadamente. 2) Eu seria capaz de perdoá-lo? Eu não sei. Talvez quando a raiva passasse. Talvez era bom... Talvez pudéssemos recomeçar... Mas aí me lembrei de algo que ainda estava me incomodando. Então o fiz a pergunta que definiria toda a nossa vida dali por diante:

— Se você me ama tanto quanto diz... — comecei muito mais calma e os olhos de Oliver faiscaram esperançosos em minha direção.

— Eu amo! — ele afirmou com convicção, eu meu coração deu um pulo por ver que não havia dúvidas em seu semblante.

— ... Porque nós nos divorciamos? — terminei minha pergunta.

Oliver abriu e fechou a boca algumas vezes, o brilho em seus olhos azuis desapareceu instantaneamente e ele encarou o chão, algo se quebrando dentro dele. Demorou alguns minutos até que ele respirasse fundo e finalmente me olhasse nos olhos e formasse uma sentença.

— Primeiro, nós não estamos divorciados. — olhei cética para ele, não acreditando que ele iria insistir nisso. Ele percebeu a minha descrença porque logo continuou. — Não estamos. Veja bem, você saiu de casa e estava magoada, irritada, com um ódio mortal de mim. Sequer quis conversar. Pouco tempo depois você apenas me enviou esses papéis — Oliver disse suas mãos encontraram as minhas que estavam sobre o meu colo e ele as segurou carinhosamente. — Mas eles nunca foram assinados.

Soltei o ar que inconsciente eu estava segurando desde que ele havia se aproximado. Eu me sentia estranhamente aliviada ao escutar aquilo, nós ainda estávamos casados.

— Eu queria encontrar com você para conversarmos antes de qualquer decisão tão definitiva quanto essa ser tomada. Eu tentei várias vezes, mas você se recusou terminantemente a falar comigo. E então isso ficou nas mãos dos advogados... — a expressão dele adquiriu um ar deprimido.

Digeri aquela resposta analisando-a um pouco mais. Eu não estava legalmente divorciada, mas nós ainda estávamos separados o que na minha mente era praticamente a mesma coisa. Mas o que me deixara tão magoada ao ponto de sequer aceitar vê-lo?

— Oliver, o que você fez que me deixou tão magoada com você? O que aconteceu de tão ruim que me fez querer o divórcio? — externei a minha preocupação. Certa de que seja lá o que ele tivesse feito, era ruim demais ou eu não teria indo embora.

— Eu não posso te dizer,  pelo menos não agora, você não entenderia e eu não posso correr o risco de você me deixar novamente. — disse temeroso, seus olhos procurando os meus. Buscando por entendimento.

Mas eu não compreendia. Como ele podia fazer isso comigo de novo?

— Então você não me ama. — conclui soltando nossas mãos — Se você me amasse tanto quanto diz, não me deixaria no escuro desse jeito, seria sincero comigo. Não me enganaria, me fazendo achar que eu tive uma vida feliz com você nos últimos três anos! — acusei assumindo um tom raivoso novamente e ficando de pé, sentindo a agitação tomar conta do meu corpo. Oliver se ergueu também e se colocou a minha frente. Como ele podia não perceber que essa omissão era o mesmo que mentir?

— Você não sabe a sorte que tem. —  disse e a voz dele soou amargurada. — Eu queria ter esquecido os últimos três anos da minha vida. Porque eles foram miseráveis sem você, Felicity! — não vou negar, a dor nos olhos dele  me atingiu, me dizendo que suas palavras eram verdadeiras, e quase me fizeram ceder.

— Então me diz o que aconteceu. — pedi novamente.

Oliver suspirou cansado.

— Eu prometo explicar tudo, amor. — fechei os olhos tentando evitar o que escutá-lo me chamar de amor fazia comigo — Por favor, Felicity espere apenas mais um pouco de tempo, me dê alguns dias é tudo o que eu peço. — seus olhos tinha aquela expressão suplicante.

— Para quê? Se tudo que você tem a me oferecer Oliver, são mais mentiras. E eu já estou cansada disso! Cansada desse jogo, cansada de não saber o que é real e o que não é.  — eu disse ao perceber que aquela discussão não nos levaria a lugar nenhum.

— O meu amor por você é real. — ele declarou, sua voz ainda nutrindo um fio de esperança — O jeito que nos sentimos quando estamos juntos, a forma como nossos corações batem um pelo ou e que nos completamos quando estamos juntos Isso não é o suficiente para você?

— Eu sinto muito, mas não é. — a verdade é que talvez fosse, mas um casamento não poderia ser mantido assim, amor pode ser a base de tudo, pode ser o responsável pelos melhores e mais felizes momentos da nossa vida. Mas o que mantém duas pessoas juntas era a confiança, a lealdade, sinceridade e não havia isso entre nós, pelo menos não mais.

Peguei minha bolsa que estava jogada no sofá e passei por um Oliver momentaneamente paralisado com minhas palavras, elas os tinham magoado. Eu tentava não sentir remorso por isso. Fui em direção a porta, eu precisava respirar um ar livre do seu cheiro, precisava pensar e principalmente ficar longe de Oliver Queen! Acho que ele percebeu a minha intenção porque rapidamente se movimentou e se postou a frente da porta, bloqueando o meu caminho.

— Saia da minha frente, Oliver, me deixe ir embora. — exigi. Minha voz subindo vários oitavos.

— Para onde você pensa que vai? — me questionou, a voz dele soava apavorada.

— O mais longe possível de você! — vociferei as palavras, esperando intencionalmente que elas o machucassem. E assim fizeram, a dor tomou conta de seu rosto, mas Oliver continuou a bloquear a porta impassível.

— Não, você não vai. — ele negou se aproximando, com aquele mar de olhos azuis me olhando intensamente. Ficamos ali nos encarando por um tempo. Estávamos próximos demais e toda aquela tensão não ajudava em nada. — Já é tarde, Felicity, e você não tem para onde ir. Eu não vou te deixar ficar vagando a noite por aí. — ele estava certo e eu odiava isso. — Além disso, eu te prometi que não te deixaria ir embora da minha vida outra vez. — ele lembrou e eu pude ver um meio sorriso se formando.

— Quando nos casamos você também prometeu que nunca mentiria para mim. — o pequeno sorriso desapareceu, sendo substituído por uma expressão envergonhada — Promessas não valem muito para você.

Dei meia volta o deixando parado a porta e caminhei em direção ao quarto, batendo a porta dele com toda a força que eu tinha.

***

Oliver Queen

Aquilo mais parecia a merda de um deja vu.

A briga, Felicity se trancando no quarto. Que merda eu fiz? Sara tinha razão, eu deveria ter contado tudo antes. Sentei me sentindo miserável no corredor que dava acesso ao quarto, eu estava devastado com a possibilidade dela me deixar novamente. Eu ficaria ali a noite toda só para garantir que Felicity não fugiria no meio da madrugada.

Eu não podia contar a razão da separação para ela. Ainda não. Era cedo demais e eu sei que ela não acreditaria na minha versão dos fatos, e eu a perderia de novo. E eu não suportaria isso a dor da sua partida uma segunda vez, agora que eu me lembrava de como era uma vida com Felicity Smoak eu não seria capaz de ficar sem ela nem mais um dia.

Justo agora que eu estava tão perto... Sara havia descoberto algo que talvez ajudasse a me inocentar de tudo. Concentrei-me nisso, eu iria cavar fundo naquela história, achar as provas que eu precisava. E talvez assim Felicity me perdoasse e pudéssemos voltar a viver o nosso amor a partir do ponto em que ele foi interrompido. Foi com esse pensamento esperançoso que eu acabei adormecendo no chão do corredor.

***

Felicity Smoak

Eu não consegui dormir durante aquela noite. Como eu poderia? Bastava eu fechar os olhos e toda a briga se repetia em minha mente. E quando eu os abria eu me deparava com a nossa vida aqui. Aquela cama, aquele quarto estava repleto de lembranças nossas. Lembranças de uma vida que eu pensei que compartilhava com Oliver. Eu fiquei repassando toda a nossa briga de novo e de novo, Tentando decifrar nas entrelinhas o que poderia ter acontecido no passado que me fizesse deixá-lo. Minha conclusão não foi nada animadora.

Aquela noite foi longa.

Quando os primeiros raios de sol se insinuaram timidamente pela janela do quarto eu me levantei. O relógio sobre o criado mudo marcava 5:30. Eu precisava sair dali, precisava respirar um ar não contaminado pelo cheiro inebriante de Oliver, precisava apenas sentar sozinha num banco de praça e pensar no que fazer com tudo o que eu havia descoberto.

Abri a porta do quarto e avistei Oliver dormindo meio sentado no chão do corredor, senti um pequeno aperto no peito ao vê-lo ali parecendo tão destruído. Mas eu não tinha tempo para me compadecer da dor dele, eu tinha a minha própria dor para cuidar. Por isso apenas pulei as pernas dele, e fui em direção a porta da sala o mais silenciosamente que consegui e saí do apartamento.

Eu caminhei sem rumo por um tempo, apenas deixando meus pés se moverem, eu precisava pensar, clarear a mente. E acima de tudo eu precisava aceitar que meu casamento tinha acabado. Aquilo estava me matando por dentro, eu nunca imaginei que Oliver e eu poderíamos nos separar um dia.

Eu andava pelas ruas e não enxergava as pessoas ou prédios, era como se o mundo ao meu redor estivesse em um filme mudo e todo em preto e branco. Como se eu não me importasse com mais nada. Como se tudo tivesse perdido o significado ou a importância.

Horas se passaram e quando dei por mim, percebi que estava parada na entrada do nosso antigo prédio. A nossa antiga vida, a única vida que eu conhecia e que agora tinha acabado. Eu nem havia percebido que meus passos me trouxeram até este lugar. A fachada de tijolos vermelhos, as imensas janelas e o estilo um pouco antigo me conquistaram de cara. Aquele lugar tinha personalidade. Não foi difícil convencer Oliver que aquele seria o nosso apartamento mesmo sendo tão próximo ao Glades, uma área nenhum pouco nobre para alguém que havia nascido com um sobrenome real. Naquela época ele não poupava esforços para me fazer feliz, lembrei-me com tristeza.

Eu entrei, estava a fim de reviver memórias antigas de um casamento que eu achei que fosse feliz, mas pelo jeito tinha sido um total fracasso. Pode me chamar de masoquista, eu com certeza era uma.

Dei de cara com o Sr. Arthur um senhor já de idade avançada e muito simpático que era o porteiro.

— Felicity! — o velho senhor veio em minha direção todo animado. — Há quanto tempo! Você veio checar o apartamento?

— Como? — perguntei meio em transe.

— O apartamento, o senhor Oliver sempre deixa uma cópia da chave comigo, ele vem aqui muitas vezes, e quando eu pergunto por que a senhora não aparece mais, ele diz que é porque está viajando,  eu não comprei a mentira. — piscou para mim — Mas eu acreditei quando ele disse que um dia você voltaria. — ele sorriu parecendo contente pelo dia ter chegado — A senhora precisa da chave? — Me perguntou já tirando do bolso uma chave que eu logo reconheci.

— Claro, obrigada senhor Arthur. — respondi, pegando a chave e indo em direção ao apartamento número sete.

Girei a chave na porta e a empurrei.

Estava tudo do mesmo jeito que eu me lembrava. O nosso sofá, as mesmas cortinas azuis, as almofadas estampadas que Sara havia trazido de Nanda Parbat. Comecei a andar tocando em tudo pela casa, para cada pequeno detalhe daquela casa eu tinha uma lembrança feliz, eu nem percebi quando as lágrimas começaram  a cair. Aquele lugar inteiro trazia uma sensação de nostalgia, era a vida que eu amava, a vida que eu construí ao lado de Oliver, era tudo o que eu me lembrava, mas eu não a tinha mais.

E então, enquanto eu tocava aquele cada parte daquele pedacinho da minha vida, as lembranças simplesmente vieram.

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Só digo isso: Flashback no próximo capitulo Bjsssss



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Loving can hurt sometimes" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.