Caminhos Tortos escrita por La Loca


Capítulo 4
Capítulo 4 - Ela é a minha irmã?!




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Se tudo estava estranho ficou ainda mais depois daquela festa. Todos os dias a Natasha e o Leo só andavam juntos, para cima e para baixo. Era tipo, inseparáveis mesmo. E sem perceber comecei a sentir ciúmes daquilo e sentir falta da época que ele me perturbava, pois mesmo sendo chato e insuportável, eu sabia que ele se importava comigo, mas ele não fazendo mais nada do tipo me fez perceber que eu me tornei uma pessoa “tanto faz” na vida dele. Espere aí! Por que estou me importando com isso? Que droga! Até quando ele não me perturba, ele consegue me tirar do sério, dar para entender isso? Eu deveria me sentir bem em não ter mais ele implicando comigo, isso sim. Tudo por causa de coisa idiota de beijos... Ser adolescente é uma chatice!

Era um dia de educação física, uma das aulas que mais gosto e eu fui até o vestiário trocar de roupa. Assim que cheguei lá sozinha, pois as minhas amigas não queriam fazer a aula, encontrei a Natasha com suas amigas e assim que elas me viram ficaram dando risadas, e então perguntei:

— O que foi? Onde está a graça? Quero rir também.

— Não te interessa. Disse a Natasha num tom extremamente seco.

— Por que, se eu sei que o motivo de suas risadas sou eu? Respondi mostrando que sabia do que estava falando.

— E como pode ter tanta certeza? Perguntou ela com cara de malvada.

Eu nunca tinha visto ela assim e achei muito estranho.

— Tendo. Então, diga logo! Pedi.

— Não, você não me manda. Vamos meninas. Disse ela indo embora com seu grupinho.

Eu fiquei intrigada com aquelas risadas e com aquele jeito grosseiro que ela me tratou, mas resolvi deixar isso para lá, pois se eu insistisse nesse assunto poderia acabar em briga, e eu não quero brigar com ela. Pois apesar de não ser mais amiga dela, ainda sinto um afeto por ela, pois éramos como irmãs, só que de pais diferentes.

Após esse dia o tempo foi cada vez mais fechando entre a gente. Sempre que a gente se via pelos corredores ou na sala mesmo parecia que trocávamos raios pelos olhos, e isso acontecia sem querer, pelo menos de minha parte, até porque eu não queria odiá-la, mas ela estava me obrigando a fazer isso.

Eu estava no refeitório com as minhas amigas e estávamos com os nossos almoços nas bandejas levando até a mesa em que iríamos comer, mas na hora em que eu estava chegando a mesa o Luan me chamou, eu olhei para trás e esbarrei no Leo derrubando toda a minha comida nele. Droga! Como sempre, tinha que ser ele.

— Será que eu vou ter que falar de novo para você prestar atenção por onde anda Nanica? Perguntou ele.

— Com coisa que eu não presto. Você é quem não deveria aparecer do nada na minha frente, me fazendo derrubar toda a minha comida em você. Agora vou ficar com fome até a hora de ir para casa. Respondi muito chateada.

— Então agora a culpa é minha? — Perguntou ele. — Foi você quem derrubou toda a sua comida em mim, sua louca.

— O que está acontecendo aqui, Leo? Perguntou a Natasha.

— Não é de sua conta. Respondi.

— E eu te perguntei alguma coisa garota? Você se chama Leonardo agora, é? Perguntou ela me dando um fora e tanto.

— Mas você não tem nada a ver com esse assunto aqui, então cai fora, garota! Exclamei.

— Ei, fala baixo. Eu não sou surda, ok? Pediu ela com cara de deboche para mim.

— Se eu quiser falar alto, eu falo! O problema é meu. Falei ainda mais alto.

O inspetor chegou perguntando:

— Posso saber o que está acontecendo aqui?

— Diga a ele que não é da conta dele Marina, diga! Debochou a Natasha.

— Cale a boca garota! Pedi sussurrando e me segurando para não voar em cima dela.

— Alguém vai me dizer, ou não vai? Perguntou ele.

— Será que você não vê que elas duas estão brigando? É isso que está acontecendo! Pergunta mais besta. Disse o Leo indignado, porém, sem noção nenhuma. Que ideia cara, falar assim com o inspetor.

— Leonardo, Marina e Natasha, para a sala do diretor agora! Bradou o inspetor.

— Mas eu não fiz nada. Disse a Natasha.

— Eu não quero saber. Vá agora. Disse ele sendo arrogante.

Eu me segurei para não rir na cara dela, pois foi engraçado vê-la sendo tratada daquele jeito, pois ela estava acostumada a ter o mundo girando sempre ao seu favor, tudo tinha que ser sempre do jeito dela, como ela queria e quando ela queria. Alguém tinha que dar uma liçãozinha de vida para ela. Pensando bem, até que ela e o Leo formam o ótimo casal, os dois não têm limites mesmo.

Chegamos à sala do diretor ele virou a sua cadeira de frente para nós e disse com uma voz serena e calma, tentando ser o mais compreensivo o possível com a gente:

— Alguém pode me dizer o que aconteceu para que vocês pudessem parar aqui?

— Eu estava indo com a minha bandeja almoçar, o Leo veio e esbarrou em mim sem querer e a namoradinha intrometida veio saber o que aconteceu e ficou enchendo o saco. Respondi meio que desabafando toda a minha ira em palavras.

— Você me chamou de quê? Intrometida é a sua avó, sua ridícula! Bradou ela.

— Ei! Natasha contenha-se. Disse ele.

— Então eu posso ir ao vestiário trocar a minha roupa. Porque já está feião eu ficar assim, não é?! Disse o Leo apontando para sua camisa suja de comida.

— Está bem, você pode ir. Disse o diretor o liberando.

— Mas diretor... Eu é quem deveria ser liberada, eu não tenho nada a ver com o que aconteceu. Disse a Natasha.

— Não mandei ninguém se meter onde não devia. Agora as duas mocinhas irão aguardar seus pais chegarem para conversarmos juntos.

— Por quê? É a primeira vez que venho para a sua sala diretor. Isso não é justo! Disse a Natasha dando esterliques.

— Isso é só para você não pegar o costume de vir mais vezes. Respondeu ele.

Eu queria poder aplaudir ao diretor, pois ele a respondeu do jeito que ela merecia. Ficamos uns 15 minutos naquela sala sem dar um “piu” sequer, até que minha mãe chegou dizendo:

— Poxa Nina, de novo? Até quando vai arrumar confusões com Le... Ué, cadê o Leo?

— Não mãe, hoje não foi com ele e sim com a namoradinha dele. Respondi com cara de tédio.

— Bom dia senhora Laura. Disse o diretor.

— Bom dia diretor, me desculpe não ter falado logo com o senhor, até porque você sabe como são essas crianças e eu tive que sair correndo do escritório. Disse minha mãe se explicando tanto, mais tanto que parecia uma tagarela.

— Não, tudo bem senhora. Agora só iremos aguardar ao responsável da Natasha para que possamos iniciar nossa conversa.

— Está bem. Disse minha mãe.

Ela se sentando meu lado e murmurou no meu ouvido:

— Assim que chegarmos a casa conversaremos seriamente mocinha.

— Mas mãe... Respondi tentando explicar que não foi culpa minha eu estar naquela confusão.

— Fim de assunto. Disse ela me cortando.

Ficamos mais um tempo esperando até que chegou o pai da Natasha. Ele era um homem muito bonito, era meio loiro e tinha os olhos azuis tão claros que pareciam serem cinza. Assim que minha mãe o viu exclamou:

— Marcos?!

— Laura?! Exclamou ele assustado ao vê-la.

— O que faz aqui? Perguntou minha mãe parecendo estar assustada e meio nervosa.

— Eu vim ver o que aconteceu com a minha filha. Respondeu ele.

— E como você sabia que ela estaria aqui? Perguntou minha mãe, nossa que pergunta mais sem noção. Ele era o pai da Natasha... É claro que ele saberia que a filha dele estaria na escola. Dã!

— Mãe, ele é o pai da Natasha. Falei tentando fazer ela se ligar.

— Como assim, Laura? Eu vim ver a Natasha... Aquela ali... Ou, ou, espere aí... Não... Disse ele colocando a mão na boca com cara de espanto.

— Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui? Disse a Natasha estando tão confusa quanto eu.

— É eu também quero entender pelo menos alguma coisa. Falei olhando para eles dois.

Enquanto isso o diretor não dizia nada, até porque nem ele sabia o que estava rolando, que coisa mais louca.

— Não o quê? Você se esqueceu, Marcos? Você se esqueceu do que tivemos? De que me abandonou... Gravida?! Disse minha mãe com os olhos carregados de lágrimas.

— Mãe... Por que você está dizendo isso? Por favor, me explique! Pedi.

— Espere Nina! Eu estou conversando, será que não pode ficar quieta pelo menos um segundo? Exclamou ela meio descontrolada, começando a chorar.

— Então é isso... Ela é a minha filha...?! Por quê? Por que me escondeu isso esses anos todos, Laura? Perguntou ele mostrando estar preocupado.

— Eu sou o quê? Exclamei não acreditando no que ouvi.

— É... E eu não escondi nada de você, Marcos... Nada! Eu fui até você, eu contei tudo para você... Eu esperei 3 meses por você! Três meses e você não me procurou... E então eu conheci alguém que me fez e faz bem até hoje, que me aceitou do jeito que eu estava, gravida de outro, casou comigo e me levou para Minas, porque sabia que lá você não iria me encontrar... Lá você e todo o meu passado não iria me assombrar. E você não me procurou nenhuma vez durante todos esses 12 anos. Nem para saber de sua filha, se ela está bem... Ou pelo menos viva. Disse minha mãe de pé, tentando mostrar-se uma mulher firme, mesmo com as lágrimas rolando em seu rosto.

Ele começou a ficar vermelho e disse:

— Mas eu procurei por você sim... Na verdade foi depois de três meses, porque além de eu estar muito confuso e assustado por ainda ser muito novo, eu fiquei sabendo que a Lígia também estava gravida, mas foi antes de você e que eu era o pai, então eu fiquei noivo dela e tudo me prendia a ela. Eu também não podia dizer a ninguém que você esperava um filho meu, até porque eu já estava noivo de outra, eu não podia magoá-la...

— Mas a mim você podia magoar, não é verdade? Até porque eu nunca passei de uma garota inútil e insignificante para você mesmo! Você só quis me usar e descartar como um objeto. Disse minha mãe começando a pirar.

— É mentira Laura! Eu sempre amei você... Ou melhor, naquela época eu... Eu amava você. Disse ele.

— Se amasse não teria me abandonado. E você sempre foi e continua sendo um mentiroso. Sua mãe me contou toda a verdade, ela também era outra que não gostava de mim, nunca gostou. A preferida dela era a Lívia, acho que ela conseguiu o que queria. Parabenize a ela por mim, diga que ela venceu. Disse minha mãe sarcasticamente.

— Eu não podia imaginar que você ia para Minas. Não tenho bola de cristal, nem nada do tipo. Saiba que me preocupei com você sim, esses anos todos, mas como eu iria te encontrar se você não deixou nenhum sinal, rastro ou algo do tipo? Entenda-me! Disse ele parecendo ter palavras sinceras.

— Já chega! Bradei cansada de ouvir tudo aquilo, pois nada estava fazendo sentido para mim naquele momento.

— Nina... Ouça-me. Disse minha mãe.

— Ouvir o quê? Que você mentiu para mim esses anos todos? Que o André não é meu pai? Que eu sempre fui apegada a uma família que eu nem faço parte? É isso mãe? Perguntei com os olhos cheios de lágrimas, sentindo uma raiva muito grande misturada com a decepção.

Ela veio até mim, agachou-se de frente para mim olhando nos meus olhos e disse:

— Não filha... O André é o seu pai, está bem? Ele pode não ser o seu pai biológico, mas foi ele quem te criou e, sim você faz parte daquela família sim... Da nossa família.

— É mentira mãe! Já chega de mentir para mim, até porque agora eu já não sei mais no que acreditar mesmo agora. Respondi olhando para o outro lado.

O diretor levantou-se de sua cadeira, foi saindo de fininho e disse:

— Alguém vai querer uma água? Um cafezinho?

Mas ninguém o respondeu, pois aquele assunto era muito crítico e sério.

— Está bem... Eu vou dar uma volta na escola e deixar vocês mais à vontade, com licença. Disse ele se retirando e fechando a porta.

— Nina, acredite em mim... Olha, você tem dois pais, mais o que mais importa é o André, porque ele te criou e sempre esteve ao seu lado em todos os momentos. Não precisa ficar confusa com isso e nem se estressar, até porque isso é um assunto chato de adultos. Disse ela tentando me despreocupar daquilo.

— Mas mãe é um assunto que tem a ver comigo! É a minha vida! Entenda. Respondi começando a chorar.

— Marina, eu sei que está sendo tudo muito confuso para você, eu te entendo. Mas vamos tentar não ver isso de um jeito ruim, e sim de um jeito bom. Disse o meu suposto pai.

— Como? Perguntei.

— Não sei. Que tal tentarmos recuperar todo o tempo perdido? Sugeriu ele.

— Você só pode estar brincando mesmo... Disse minha mãe mostrando não concordar com aquilo.

— Laura! Exclamou ele.

Eu enxuguei os meus olhos e olhei para ele dizendo:

— Eu vou pensar.

— Pai, isso tudo é verdade mesmo? Eu ainda não estou acreditando... Ela é a minha irmã? Perguntou a Natasha ainda meio perplexa.

— É Natasha, Nina é sua irmã. Posso chama-la assim? Disse ele querendo mostrar que realmente quer se aproximar.

Minha mãe não gostou nem um pouco e ficou olhando seriamente para ele, mas eu respondi dizendo:

—Tá, pode ser.

— Mas por que logo ela tem que ser a minha irmã? Isso é injusto! Eu não aceito isso! Disse ela mostrando realmente me odiar.

— E você acha que eu fiquei feliz de saber que logo você é minha irmã? Nossa, estou soltando fogos agora. Falei sarcasticamente.

— É, realmente ela é minha filha. Disse o meu “suposto pai” se referindo a mim.

— Então é isso o que você diz Marcos? Suas filhas discutindo e você não tenta reverter esta situação?! Você não mudou mesmo. Disse minha mãe maneando a cabeça.

— O que você quer que eu faça? Perguntou ele.

— Resolva isto! Disse ela saindo da sala e fechando a porta.

Nós ficamos um olhando para a cara do outro e eu disse:

— Acho que vou indo, está na hora da aula de ciências.

E sai de lá.

Depois daquele dia algumas coisas mudaram, eu passei a ter um pouco de contato com o meu pai biológico indo às vezes na casa dele, saindo com ele e com a Natasha, mesmo sem que ela ou eu quisesse, até porque nós não queríamos mesmo, porque sem perceber passamos a nos odiar cada vez mais com o passar do tempo. Meus pais não gostaram nada disso, mas tiveram que aceitar, até porque querendo ou não ele fazia parte da minha vida e parecia mesmo querer recuperar todo o tempo perdido. Eu também com o tempo fui me simpatizando bastante com ele e aceitando a ideia de tê-lo como o meu pai, não por interesse nenhum, até porque eu não ligo e nunca liguei nem um pouco para o dinheiro que ele tinha, mas porque ele mostrou que realmente queria ser o meu pai de verdade. A minha “querida irmã” sentia um imenso ciúme de nós dois, porque ele me dava maior atenção para compensar todo o tempo em que ele não pôde estar comigo, já ela, sempre esteve com ele desde quando nasceu e eu acho justo ele me dar mais atenção mesmo.


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