Acordei sentindo um corpo quente e menor envolto em meus braços. Abri os olhos lentamente, sentindo o aroma doce dos cabelos de Lydia. Sorri, era provavelmente a quinta ou sexta vez que isso acontecia, incrível que toda vez eu sempre dormia tranquilamente, melhor do que nas outras noites também.

Também era estranho como nós nos acomodávamos tão bem, pensei que eu não conseguia dormir de conchinha, mas meu corpo e o de Lydia se encaixava perfeitamente durante a noite. Sempre dormíamos nos nossos respectivos espaços e sempre acordávamos assim, comigo abraçado a ela ou com sua cabeça em meu peito. Eu sempre acordava primeiro, Lydia era mais preguiçosa do que eu de manhã.

–Hey. –Sussurrei. –Martin, está na hora de acordar.

Eu não queria acorda-la, mas não sei como ela havia saído de casa, se tinha avisado sua mãe, se não tivesse avisado ela deveria estar muito preocupada. Uma das noites em que Lydia dormiu aqui e não visou sua mãe, no dia seguinte ela estava uma pilha e disse que já estava quase ligando para a polícia.

Lydia resmungou. Percebi que nossas mãos ainda estavam entrelaçadas.

–Me deixa dormir Stilinski.

Sorri e me mexi, me apoiando em meu cotovelo.

–Você avisou sua mãe que estava aqui?

–Deixei um bilhete. –Disse, deixando claro que só queria continuar dormindo e não conversar.

Olhei a hora e ainda era cedo. Não passava das nove, então por ser um sábado, era cedo. O sono havia me deixado, então me desvencilhei com cuidado de Lydia que parecia já ter voltado a dormir profundamente e fui tomar banho.

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Pov Lydia

Acordei sentindo o cheiro familiar dele nos travesseiros e cobertas, me remexi percebendo que estava sozinha na cama. Ainda de olhos fechados tentei ouvir algo a minha volta. Nada. Completo silencio.

Abris os olhos preguiçosamente e observei o quarto bagunçado a minha volta, afastei os cobertores e me sentei. A porta se abriu e Stiles entrou com um prato em uma mão e uma caneca com algo quente na outra.

–Bom dia, preguiçosa.

–Bom dia Stiles, o que é isso? –Perguntei, me referindo ás coisas em suas mãos.

–Seu café, está com fome?

Senti meu estomago resmungar com a pergunta e me sentei direito na cama para receber o prato e caneca. Panquecas e chocolate quente com creme e canela. Meu preferido.

–É seu preferido não? –Perguntou.

Sorri, sentindo meu coração bater forte ao perceber em como ele estava perto, reação automática minha, praticamente dormi com meu coração sambando dentro de mim. “Para Lydia” – Me repreendi mentalmente– Stiles é seu amigo e não vai passar disso, não seria justo você começar a gostar dele depois de todo esse tempo. Todas essas reações são normais entre amigos. Certo?

–Certo. –Respondi, pensando alto. Felizmente minha resposta combinava com a pergunta feita por ele.

Comecei a comer meu café e Stiles foi até seu armário, o abrindo e tirando algumas coisas dali, parecendo procurar algo.

–O que você quer? –perguntei curiosa.

–Meu carregador do celular, não o acho desde ontem a noite, a bateria está acabando.

Percebi algo em meio ás coisas que ele tinha tirado da gaveta e me levantei, deixando o prato e a caneca ali. Fui até onde ele estava e Stiles parou de procurar e me olhou sem entender porque parei meu café da manhã e fui até ali. Sorri e peguei o pequeno papel quadrado, dentro de uma moldura de pano preto com os dizeres. “Para Lydia.” O abri e dentro se revelou meu desenho do Nematon. Stiles abriu a boca para dizer algo e começou a gaguejar, coçando o alto da cabeça, parecendo não saber o que dizer.

Ri e fechei o desenho.

–Porque nunca me deu?

–E-Eu ia dar, mas... Eu... Você, po-pode ficar.

Sorri e me inclinei nas pontas dos pés e como que se atraído por ele, meus lábios foram até os seus ao invés de ir até a bochecha e ali depositei um breve Celinho. Nos olhamos um pouco surpresos pelo ocorrido, mas não algo tão espalhafatoso assim, fora apenas um Celinho. Sorri e umedeci os lábios inconscientemente, sentindo eles formigarem para um beijo com um período mais cumprido do que aquilo. -Obrigado, Stilinski.

Stiles sorriu... Bobamente?

–De nada, Martin.

Voltei para a cama a fim de terminar meu café.

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Pov Stiles

Lydia andava de um lado para o outro, colocando os sapatos, tentando ajeitar o cabelo - Sem necessidade em minha opinião - Em frente ao espelho dizendo que a mãe precisava dela urgentemente. Quando perguntei qual a emergência ela me disse que sua mãe estava no shopping e precisava escolher um vestido para um encontro. Fiquei a olhando incrédulo, nunca vou entender as mulheres e suas emergências estranhas.

A acompanhei até a porta e ao abrir me de parei com Malia que apertou a campainha no exato momento em que abri a porta.

–Malia?

–Oi, você disse que ia me ajudar a estudar lembra? O que Lydia faz aqui? –Perguntou.

–Eu... Lembro claro, Lydia...

–Eu, já estou indo. –Respondeu Lydia, forçando um sorriso. –Bom dia Malia. Até mais Stiles.

–Até mais Martin. –Respondi, percebendo que ela não tinha se despedindo entrando na nossa brincadeira dos sobrenomes. Estranho.

Lydia se afastou e foi até seu carro, entrando e saindo logo sem seguida.

–Então? Vamos entrar ou não? –Perguntou Malia, juntando seus lábios nos meus, o que durou alguns segundos. Não a afastei, mas não retribuí. O que também era estranho, meu corpo pareceu travar e meus lábios também.

–Claro. –Respondi, e entramos.

E essa estranha sensação que senti ao beija-la? Como se... Como se fosse errado. Tudo estava muito estranho ultimamente. Há algumas semanas atrás eu e Malia estávamos grudados o tempo todo e tendo um relacionamento não oficial, mas ultimamente percebo que estamos cada vez melhores como amigos do que como algo a mais que isso.

Balancei minha cabeça, tentando fugir dos pensamentos, tínhamos que estudar.

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POV Lydia

Estudar. Estudar claro, sei o tipo de estudo que eles fariam. Como algo poderia me tirar do sério desse jeito? Nunca tinha sentido ciúmes de algum namorado, é a primeira vez e odeio esse sentimento. Eu quero bater em algo, e surpreendentemente imagino a cara de Malia no objeto em que quero bater. Algo borbulha dentro de mim, ao mesmo tempo em que quero dar um tapa na cara de Stiles pra ver se ele acorda e percebe que Malia não é a pessoa certa pra ele. Nunca senti ciúmes de qualquer garoto com que fiquei, pois eu não gostava deles realmente e o único relacionamento sério que eu tive foi com Jackson e não teve motivos para ciúmes, afinal, quem poderia competir com Lydia Martin?

Mas isso mudou, Stiles não me enxerga mais como antes. Não sente mais nada por mim além de amizade.

As lágrimas começaram a queimar em meus olhos, nem sei direito o porque, quer dizer, sei, mas não sei. É como se todos os sentimentos dentro de mim estivessem se embolando cada vez mais, formando uma enorme bola de neve, esperando para colidir com a primeira parede que aparecer na frente. Parei o carro no estacionamento do shopping e respirei fundo tentando me recompor. Retoquei a maquiagem e saí. De um jeito ou de outro eu tinha que me conformar em ser apenas amiga de Stiles agora.