Elementary, my loved Joan escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 4
Capítulo 4 – Uma decisão precipitada




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Capítulo 4 – Uma decisão precipitada

Sherlock estava novamente sentado no sofá do quarto de Watson no hospital, lendo pelo celular dados de alguns casos de menor relevância os quais ele poderia resolver sozinho e à distância enquanto estivesse ali. Então Gregson e Bell cuidariam do restante de acordo com o que ele indicasse. A janela um pouco aberta fornecia uma ótima iluminação para o quarto e uma brisa agradável. Joan estava sentada numa poltrona fofa que havia sido colocada ali. Após um dia inteiro deitada ela havia se queixado de tontura quando se erguia ou levantava, precisando do apoio de Sherlock para caminhar com segurança, e passar algum tempo repousando sentada poderia ajudar.

Sherlock tirou os olhos do celular por alguns instantes para verificar a amiga, percebendo que ela havia cochilado, sua cabeça pendia levemente para o lado. Ergueu uma sobrancelha se perguntando se era o culpado por durante tanto tempo nunca deixa-la dormir o suficiente. Ela poderia inconscientemente estar compensando isso agora. Deixando a questão de lado, guardou o telefone e caminhou em silêncio até ela.

– Watson... – sussurrou – Watson... – chamou de novo.

– Hum...? – Ela murmurou de volta, sem abrir os olhos – Achei que estivesse combatendo esse mal hábito – ela disse baixinho.

– Só acho que ficará com dores no pescoço se continuar dormindo assim.

– Se meu pescoço não doer o meu juízo vai com você me acordando – ela falou meio acordada meio dormindo.

Por um momento ele questionou mentalmente se o sono a estava permitindo ter ideia do que dizia ou ela estava mesmo zangada com as lembranças das vezes em que ele a despertava. Deixando isso de lado e vendo que ela o ignorava de novo, com todo o cuidado que podia passou um braço por suas costas e outro por baixo dos joelhos, levantando-se com ela no colo. Joan abriu os olhos devagar, estranhando a ação repentina.

– Continue dormindo, mas na sua cama. Já está sentindo dor suficiente por causa do tiro – respondeu encarando-a enquanto a acomodava e a cobria.

– Obrigada, Sherlock – ela tinha uma expressão de surpresa, mas seus olhos brilhavam em gratidão e felicidade quando ela os fechou novamente, vendo o amigo sorrir antes disso.

Cerca de vinte minutos mais tarde uma enfermeira entrou para verificar como estavam as coisas.

– Ela costuma dormir bastante, mas não tanto – Sherlock lhe disse ao ser questionado sobre como Joan se sentia.

– Não fique preocupado. Foi um tiro de raspão, mas ainda assim não foi um ferimento leve. Ainda vai doer por um tempo, a medicação que lhe demos pra combater a dor ocasiona a sonolência. Nos informaram que ela foi médica um dia, achei que ela mesma fosse esclarecer isso pra você.

– Naturalmente ela me disse que isso poderia acontecer, mas não consigo deixar de me preocupar mesmo assim.

– Agora já sabe, ela ficará bem em alguns dias – a mulher falou com um sorriso gentil – Achei que a mãe fosse ficar como acompanhante, ela está vindo vê-la todos os dias... Seria muita arrogância da minha parte estar curiosa em saber porque você ficou?

Ele suspirou e pensou por um segundo ao notar que não tinha uma resposta clara nem para si mesmo.

– Somos parceiros. Eu me preocupo com ela da forma mais profunda que se possa imaginar.

A mulher sorriu, vendo estampado nos olhos dele que era muito mais do que ele havia conseguido falar naquelas poucas palavras.

– Ela tem sorte de ter um parceiro e amigo dedicado como você. Eu desejo melhoras. Não deixe de chamar se ela precisar de alguma coisa – falou antes de se retirar.

******

– Desde que acordei você tem se acalmado, mas parece perdido... O que está te incomodando? Está com medo de alguma coisa? – Ela perguntou enquanto o olhava de pé observando a janela.

Podia ver as estrelas que enfeitavam o céu na noite de seu terceiro dia ali. Estava de saco cheio de estar presa num hospital, mas não podia reclamar. Ela sabia melhor do que ninguém das condições necessárias para sua plena recuperação.

– Gregson disse que vamos usar coletes... Mas isso não protege o corpo inteiro – falou sem se virar.

Ela ficou em silêncio refletindo por alguns segundos e rapidamente o compreendendo.

– Você está com medo disso acontecer de novo.

Ouviu-o suspirar e o viu abaixar a cabeça. Estava certa.

– É claro que essa possibilidade existe, mas nós precisamos viver. Chame de azar, fatalidade, acaso, ou qualquer outra coisa, mas essa foi uma ocasião à parte, a chance de acontecer é muito pequena.

– Mas não é impossível! – Ele falou nervoso ao se virar para encará-la – Eu nunca me perdoaria se algo pior tivesse te acontecido – disse se pondo ao lado da cama.

Ela sorriu.

– Mas não aconteceu. E não foi culpa sua, não foi de ninguém. Tantas vezes a minha vida já esteve perto de se apagar, mesmo quando eu sequer imaginei. Se algo fosse me tirar do seu caminho... Não acha que já teria acontecido?

O detetive ficou em silêncio, com um olhar ainda perdido, onde medo e segurança lutavam. Joan estendeu as duas mãos para segurar as dele, o puxando bem devagar para perto dela. Sentiu-o endurecer ao seu toque, sabia que Sherlock não sabia lidar bem com contato físico. Por um momento pensou que ele fosse soltá-la e se afastar, mas conseguiu persuadi-lo aos poucos com o olhar e logo ela o estava abraçando. Com o passar dos segundos o sentiu relaxar finalmente e arriscou deslizar os dedos pelos cabelos curtos de Sherlock.

– Eu vou ficar bem – lhe disse baixinho como que em consolo – E quando sairmos daqui nós vamos pra casa.

Após algum tempo ele libertou-se gentilmente do abraço e se ergueu para encará-la, deixando claro em seus olhos a alegria pela resposta dela.

– Tomei uma decisão precipitada. Mas vejo que você está mais tranquilo agora – falou se referindo ao abraço.

Ele não sabia o que dizer, estava feliz, mas compartilhar de maior contato físico ainda era um terreno estranho para ele, mesmo que com a pessoa que mais amava no mundo. Voltou a aproximar-se e beijou suavemente a testa da chinesa.

– Boa noite, Joan – sussurrou ao tomar distância e arrumar o lençol sobre ela, recebendo um lindo sorriso em troca.

– Boa noite, Sherlock.

Ele apagou a luz, agora enxergando apenas com a luz da lua e de alguns refletores do lado de fora, e deitou-se no sofá, acomodando-se para dormir, e os olhos cinza azulados observaram Joan até ter certeza de ela dormia calmamente, para enfim também se fecharem.


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