A Missão escrita por StefaniPPaludo


Capítulo 67
Capítulo 46


Notas iniciais do capítulo

Desculpem não postar ontem a noite. Para recompensar postarei agora e à noite.



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Acabei dormindo o resto do dia e a noite inteira. Acordei no outro dia, quando escutei alguém abrindo a porta e entrando.

Abri os olhos e me sentei rapidamente na cama, um pouco assustada e temendo quem pudesse estar entrando no quarto. Mas eram apenas Khaless e Júlio.

– Bom dia – disse ele. Sua aparência já estava melhor hoje, tinha feito a barba, tomado banho, trocado as roupas sujas. Ainda tinha alguns hematomas visíveis e continuava uns dois quilos mais magro. Mas isso não importava, o que me importava era que ele tinha aquele sorriso, que eu tanto admiro, no rosto.

– Viemos ver como você tá. - falou Khaless. Ela estava com um jaleco perfeitamente branco e carregava a sua inseparável maleta.

– Estou bem, eu acho. - ainda me sentia um pouco fraca e tonta, mas acho que isso se devia ao fato que eu não comia nada a 24 horas.

Ela se aproximou de mim e se sentou na cama. Júlio permaneceu de pé.

– Deixe eu ver seu ferimento, e refazer o curativo.

Eu ainda estava sem a parte de cima da farda, somente de sutiã, então apenas me espichei na cama, para Khaless conseguir ver bem o curativo que tinha feito ontem. Ela tirou a bandagem que havia por cima e começou a aplicar vários produtos.

Desviei a atenção dela e olhei para Júlio, que me fitava atentamente. Era meio estranho estar sem blusa na frente dele, mas eu sabia que naquela situação aquilo não importava muito.

– Como você está? - perguntei.

– Bem melhor. - ele me assegurou e sorriu um pouco. Era bom saber que no palácio do governo, ele não era o mesmo durão do quartel.

– Você descansou, né? E comeu? - ainda me lembrava do favor que eu tinha pedido a ele ontem, antes que saísse do quarto.

– Fica tranquila. Eu comi sim, e dormi a noite inteira. - ele pegou a minha mão.

– Eles torturaram você? - pedi. Por mais que aquilo me doesse, queria ouvir da boca dele.

Khaless terminou o que estava fazendo, e levantando-se disse:

– Vou deixar vocês sozinhos. Acho que tem muito o que conversarem. - e começou a sair do quarto.

Júlio sentou-se onde ela estava.

– Torturaram – ele admitiu, baixando a cabeça.

– Mas por quê? - com a ponta do dedo ergui seu queixo, para que olhasse para mim.

– Queriam saber informações sobre o que eu estava tramando e saber quem estava me ajudando.

– E deixe eu adivinhar: você não falou nada.

– É claro que não! - ele se alterou – Não podia revelar informação alguma, muito menos quem eram os outros. Isso seria traição a causa. E pior do que isso, é que eu colocaria todos na mesma situação em que eu estava. Não podia deixar que nada acontecesse com vocês. - agora foi ele quem tocou meu rosto, muito delicadamente.

– Tudo bem. Sua atitude foi muito honrosa. -sentia minha pele formigando em cada lugar que ele tocava. - Mas você poderia ter pensado um pouco em si mesmo também.

– Eu pensei. Primeiro que depois que eu revelasse tudo que sabia, eles iriam me matar. E principalmente porque eu não conseguiria ficar bem, se soubesse que você, Danilo, Khaless ou qualquer outro, estavam correndo perigo por minha causa.

Não falei nada. Apenas desviei o olhar. Júlio era muito nobre e honrado. Aquela sua atitude fazia parte do que ele era. E era esse um dos motivos que me fazia admirá-lo cada vez mais.

– Você deve estar com fome. Eu te acompanho até a cozinha. - ele disse e levantou-se da cama.

Devagar, coloquei as pernas para fora da cama e em seguida me ergui de pé. Júlio me deu uma longa olhada e começou a desabotoar sua camisa militar.

– Aqui. - ele alcançou a peça para mim. - Coloque.

Como eu estava somente de sutiã e não poderia sair daquele jeito, aceitei. Coloquei a farda dele e aspirei seu cheiro. Era muito bom. Reconfortante.

Júlio tinha outra camiseta por baixo da farda, uma branca que ficava um pouco justa e deixava seus músculos a mostra. Ele ficava bem daquele jeito.

Fui para o banheiro do quarto e me olhei no espelho. Estava péssima. Lavei meu rosto, desprendi meu cabelo, tentei desembaraçá-lo com os dedos e os prendi de volta em um coque. A camisa de Júlio ficava bem largona para mim, mas não ficava tão mal. Antes de sair do banheiro, cheirei uma última vez a peça de Júlio.

A cozinha estava cheia de empregadas, limpando e cozinhando. Era um espaço enorme, com várias pias, fogões, bancadas, armários, etc. Júlio pediu para elas alguma coisa para eu comer. Elas falaram para que nos sentássemos na sala de banquetes que logo levariam um café da manha.

Foi o que fizemos. Logo todas elas apareceram, cada uma carregada de coisas. Começaram a largar tudo em cima da mesa e iam buscar mais. Nunca tinha visto tanta comida assim na minha vida.

– Ta bom já. Não precisam buscar mais – eu falei para as empregadas.

Uma empregada se virou para mim, fez uma pequena reverência e disse:

– Precisamos sim. Vocês são os novos governantes. Merecem sempre o melhor.

Eu me sentia mal com aquilo. Não gostava de ser tratada com superioridade. Eu era completamente igual a elas ou a qualquer outro.

– Não iremos comer muito. Isso já é o suficiente. Obrigado – agradeceu Júlio, lançando seu melhor sorriso para elas.

As empregadas pareceram se derreter todas, com a simpatia, a beleza e o charme de Júlio. Mas eu não as culpo. Ele sabe ser irresistível quando quer.

Quando elas se afastaram não pude deixar de comentar com ele:

– Me sinto mal com toda essa paparicação, e essa história de nos tratarem como se fossemos melhor do que eles. Somos todos iguais.

– É, eu entendo. Também não me sinto bem. - ele concordou – Mas é só por alguns dias. Depois vamos mudar esse tipo de coisa.

– Sim. - enchi uma xícara de café e peguei um alimento, que parecia pão, mas não tinha gosto de pão, era muito melhor.

– Falando nisso, Thomas quer que gravamos junto com ele uma espécie de comercial, para podermos divulgar no país inteiro que o governo agora mudou de mãos. Vamos contar a todos como era o governo antes e dizer que pretendemos instaurar uma nova forma de governar.

– Ok. Mas porque nós temos que gravar com ele? - perguntei esvaziando a boca.

– Porque nós três somos os governantes, por enquanto. - ele respondeu, como se fosse óbvio, e na verdade era mesmo.

– Certo - tinha me esquecido desse pequeno, grande detalhe. - Quando vai ser?

– Logo que Danilo voltar. - Não entendi o que Danilo tinha a ver com aquilo. Os governantes eram eu, Júlio e Thomas. Percebendo minha confusão Júlio se apressou em explicar – Você não pode gravar um anúncio como governante desse jeito. Não que sua aparência não esteja boa, eu acho que esta linda como sempre, mas você precisa ficar um pouco mais bem apresentável.

Não pude deixar de corar um pouco quando ele disse que me achava linda como sempre.

– E o que Danilo tem a ver com isso? - imaginei se ele iria gravar no meu lugar ou alguma coisa assim.

– Ele foi pro quartel pegar as nossas coisas, as suas inclusive. Aí você poderá tomar um banho e trocar de roupas. Mas Danilo vai demorar um pouco, porque ele foi também na casa da mamãe. Alguém precisa contar a ela tudo que aconteceu. Não vai ser bom se ela me ver na TV como governante sem saber de nada.

Pensei por um instante. Seria um choque mesmo. Inclusive para os meus conhecidos. O que meus antigos colegas de escola iam pensar quando me vissem? E meus pais?

– É verdade – concordei – Vai ser um choque pros meus pais quando me virem.

– Por que você não liga para eles e tenta contar tudo? Acho que vai ser mais fácil para eles entenderem - sugeriu ele.

– E eu posso? - perguntei. Quando entramos para o quartel nos disseram que tínhamos que abrir mão de nossos laços fraternais com qualquer pessoa. Pelo menos por um tempo. Não podíamos telefonar para nossos pais, de jeito nenhum, e enquanto ainda fossemos soldados em treinamento não podíamos visitá-los. Os únicos com exceção a isso eram os cargos mais alto. Por isso Júlio podia visitar sua mãe e telefonar para ela.

– Claro que pode, Liss. Você é a governante e pode tudo. - Júlio sorriu para mim, e eu tive uma reação parecida com a das empregadas, quase me derreti inteira. Aquele seu sorriso era capaz de derreter qualquer iceberg.

Não sei o que tinha acontecido comigo, mas estava tendo algumas reações estranhas e intensas em relação a Júlio. Talvez a possibilidade de que ele estivesse morto mexeu comigo, e agora eu estava tentando aproveitar ao máximo cada gesto seu.

Terminamos de tomar café, (na verdade eu terminei, ele não comeu nada). E como Júlio havia dito que tínhamos que aguardar Danilo voltar para gravar o anúncio pro país, e para que pudéssemos fazer a primeira reunião da missão, agora que estávamos no poder. Então não existia nada que pudéssemos fazer de muito importante até que ele voltasse.

Resolvi aproveitar o tempo e ligar para os meus pais, já resolvendo as coisas. Eu teria que ligar separadamente para o papai e para a mamãe, já que nesse horário eles estariam trabalhando. E ainda teria que torcer para que me atendessem. Mas não custava tentar, eu não tinha nada para fazer mesmo.

Júlio me emprestou seu celular, já que eu não tinha nenhum, e o convidei para ficar junto comigo enquanto eu ligava. Ele aceitou e voltamos para o antigo quarto de Golt, que estava impecavelmente arrumado. As empregadas tinham passado por ali na minha ausência.

Liguei primeiro para minha mãe. Após alguns toques ela atendeu:

– Alô?

– Alô, mamãe? Mãe quanto tempo...- minha voz ficou emotiva de repente e as palavras pareciam ter dificuldades em sair. Fazia muito tempo que eu não escutava a voz de minha mãe, e ouvi-la novamente me causava um aperto no coração.

– Liss? É você?

– Sim, sou eu. Escute mamãe, preciso conversar com a senhora, e tem que ser agora. A senhora tem um tempinho?

– Claro filha. - sua voz entonava preocupação. Não devia ter assustado-a daquele jeito. - Só um minutinho.

Ela provavelmente estava na escola, dando aula, pois ouvi depois de alguns segundos ela falando alguma coisa sobre ter um telefonema importante para atender.

Uns instantes depois ela voltou:

– Pode falar Liss.

Dei uma olhada para Júlio que estava sentado em uma cadeira, enquanto eu caminhava nervosa pelo quarto. Ele me deu um olhar e um sorriso de incentivo. Como começar a contar aquela história? Ela parecia loucura.

– Bem... mãe, aqui no quartel eu aprendi e descobri muitas coisas novas. Entre elas sobre quem governa nosso país. Conheci os governantes, são três, e inclusive trabalhei como espécie de segurança de um deles. Eu vi as injustiças que faziam com a população, eu vi a maneira como nos governavam... - comecei a despejar, sem parar para respirar.

– Como assim você viu como governavam, Liss? - ela percebeu meu verbo no passado.

– É ai que quero chegar. Conheci algumas pessoas que pensavam como eu, e eles formam um grupo que queria derrubar o governo. Me juntei a eles nesse grupo e armamos um plano para tirar do poder nossos governantes. E conseguimos. - mamãe permanecia calada e eu fiquei preocupada. Será que ela estava achando que eu estava doida ou era muita coisa para ela assimilar de uma vez só? - Eu sei que parece loucura mãe. Mas nós derrubamos o governo mesmo. E agora provisoriamente eu sou uma das governantes – desabafei. Esperava que minha mãe não ligasse para um hospício ir me pegar. - Vou gravar um anúncio junto com os outros dois e passaremos na TV, explicando tudo. Só queria que a senhora soubesse isso por mim. Mãe a senhora tá me escutando?

Permanecia tanto silêncio do outro lado da linha que achei que ela tivesse desligado. Mas não. Ela permanecia lá:

– Eu to escutando Liss. Mas eu não sei o que dizer. Não sei nem se consigo acreditar em você.

– Tudo bem. Eu também não acreditaria se fosse você. Mas a senhora vai entender melhor quando o anúncio for ao ar. Não se preocupe.

– Ta bom. - mamãe concordou.

– Vou tentar falar com o papai agora, mas se eu não conseguir a senhora podia explicar isso a ele e dizer que eu volto a ligar quando possível?

– Eu falo com ele sim.

– Obrigado. Agora tenho que desligar. Tchau mãe, tentarei ligar novamente em breve. Eu te amo.

– Tchau Liss. Se cuide. Também te amo.

Desliguei e fiquei olhando pro celular por uns segundos, assimilando a voz da minha mãe, a emoção de falar com ela novamente. Sentei-me na cama e abaixei a cabeça, tentando me controlar e não chorar.

Eu sentia muita falta da minha família, da minha antiga vida!

Júlio veio pro meu lado e colocou seu braço em torno de mim, me apoiando. Em seguida disse:

– Nós vamos conseguir que você possa visitá-los logo.

Liguei para o meu pai depois de estar com os sentimentos estabilizados. Após umas 5 tentativas ele atendeu. A conversa foi parecida com a de minha mãe, mas ele pareceu mais descrente ainda do que ela. Quando desliguei me sentia mal novamente. Levei um tempo para me recuperar de novo.

Estava na hora do almoço e eu e Júlio fomos para a sala de banquetes, onde o almoço já estava sendo servido e alguns outros colegas de grupo almoçavam, entre eles Thomas. Não falamos muito durante a refeição, só coisas banais.

Quando estávamos terminando de almoçar, Danilo chegou com todas as nossas coisas. Ele se junto à mesa e almoçou também.

Após a refeição decidimos dar início a primeira reunião, antes de qualquer outra coisa. Todos fomos para a sala de reuniões e aguardamos até os outros chegarem.

Todos prontos e devidamente acomodados Thomas deu início:

– Boa tarde! Vamos iniciar a primeira reunião da missão para decidir o futuro do nosso país.

Júlio se levantou de pé e se juntou a ele:

– Antes de mais nada gostaria de agradecer a todos pelo empenho. A missão foi um sucesso! Parabéns a todos.

Todos bateram palmas, quando o barulho terminou Thomas continuou:

– A partir de agora temos que decidir e colocar em prática o novo modelo de governo...

– Espera aí – interrompeu Júlio – Ainda está faltando duas pessoas na reunião: Sergio e Mathias.

Vi que todos os presentes inclusive Thomas pareciam um pouco desconcertados e tentavam desviar dos olhares de Júlio. Parecia que eu e ele estávamos por fora de alguma coisa.

– Eles foram baleados durante a invasão, e acabaram não resistindo – foi Danilo quem juntou coragem para contar pro irmão.

Júlio não falou nada. Apenas se sentou e ficou olhando pra um ponto fixo com a expressão triste.

Thomas prosseguiu, sem se importar com o colega e amigo:

– Mais tarde gravaremos um anúncio contando sobre os antigos governantes e como agiam e explicando como faremos a partir de agora...

Aproveitei que todo estavam prestando atenção em Thomas para consolar Júlio:

– Não fique assim – peguei a mão dele por baixo da mesa – Não foi culpa sua. Eles sabiam no que estavam se metendo e fizeram suas escolhas. Foi tudo uma fatalidade.

– Não estou me culpando – ele resmungou. Pelo tanto que eu o conhecia duvidava que isso fosse verdade. Qualquer coisa que acontecesse com qualquer um em qualquer lugar Júlio sentia-se um pouco culpado.

– Eles morreram, não há mais nada que possamos fazer para mudar isso. O que nos resta é honrar suas mortes e fazer com que tenham valido a pena. Que nosso objetivo seja cumprido.

– Certo – ele pareceu se convencer. Soltou minha mão e voltou a prestar atenção na reunião.

– Qual a melhor maneira de criar um governo que seja bom para todos? - perguntou Thomas.

– Com um governante que seja justo. - Khaless respondeu.

– E como escolheremos uma pessoa justa? - Thomas perguntou de novo para ela.

– Conhecendo a pessoa que colocaremos no cargo. - foi Danilo quem disse.

– Não é essa a questão. - Júlio se meteu – Não acho que tenha que ser somente um governante. Nós já conversamos sobre isso, Thomas. A melhor maneira de termos um governo bom, justo e que se importe com todos é se tivermos todo tipo de pessoa governando. Assim cada um lembraria das necessidades do seu grupo social e faria de tudo para ajudá-los.

– Mas se cada um começar a fazer tudo para ajudar o seu grupo social, vai acabar virando uma competição. As pessoas vão querer só ajudar a si mesmos e vão esquecer de ajudar os outros. Não acho que dê muito certo – Um militar que eu não conhecia foi quem falou.

– Concordo- Thomas olhou para Júlio – Acho que temos que juntar as duas coisas.

– O que você propõe então? - questionou Júlio. Ele não parecia bravo por não terem gostado da sua opinião, na verdade parecia curioso.

– Que tenhamos um grupo de pessoas para governar, mas que esse grupo seja liderado por alguém. Que será o responsável por liderar as reuniões e por ter o voto de minerva caso dê algum empate. Alguém para controlar qualquer desavença que possa existir.

– Certo. Vamos supôr que façamos isso, como escolheremos quem será o líder? - Júlio olhou para todos, em busca de uma sugestão.

– Queremos o apoio do povo, não é? - Danilo começou – E queremos que eles ajudem a governar. Então vamos escolher o grupo de governantes e deixar que o povo vote em quem querem que seja o líder.

– É uma boa ideia – foi a minha vez de opinar. - Mas e se fizermos o contrário?

– Como assim, Liss? - Júlio me fitou pensativo.

– Se vai ser nós quem vamos escolher os governantes, suponho que escolheremos quem está aqui e quem conhecemos. Mas e se dessemos esse poder ao povo? Se permitíssemos que quem quisesse se candidatasse e todos votassem no seu candidato preferido? Acho que seria mais justo e aí sim teríamos uma diversidade de pessoas no poder. Depois os candidatos eleitos votariam entre si e escolheriam o líder.

– Como era antigamente. Antes da doença... - murmurou Júlio pra si mesmo, refletindo na ideia – Chamavam de câmara e os eleitos eram chamados de deputados. - ele começou a falar mais alto para que todos ouvíssemos – Era uma forma bem mais complicada de governo. Existiam vários cargos políticos...

– Mas dava certo, não dava? Eles elegiam alguém para ser uma espécie de líder e aquilo tudo funcionava. - interrompi.

– Sim. Era chamado presidente da câmara no antigo Brasil.

– Podemos aplicar alguns testes a quem apresentar interesse em se candidatar para a eleição. Testes de inteligência e de honestidade. Só para garantir que o povo possa escolher entre pessoas boas – Khaless sugeriu – Eu mesma consigo criar esses testes com ajuda de uns amigos.

– Alguém mais tem alguma ideia? Ou quer dizer alguma coisa sobre isso? - perguntou Júlio. Ninguém disse nada, então ele seguiu – Então vamos fazer a votação. Quem é a favor dessa ideia erga a mão.

Eu ergui a mão, Danilo, Khaless, Júlio, e até Thomas. Na verdade apenas duas pessoas não foram a favor.

– A maioria aprovou a ideia. Estamos decididos quanto a isso – Thomas falou depois de muito tempo calado.

A reunião seguiu por mais um bom tempo. Ficou decidido que todos a partir dos 16 anos poderiam se candidatar para fazer parte do governo, mas apenas os que passassem nos testes concorreriam. Seriam ao todo 12 governantes, contando o líder que seria escolhido depois por esses doze. Se na votação pro líder desse empate, uma nova votação seria feita e os governantes não poderiam repetir seus votos.

Todos os acima de 14 anos poderiam votar e eleger seus governantes e cada um escolheria até três opções. Isso porque muitas vezes não é fácil escolhermos um só. E podendo escolher três, as pessoas votariam melhor. Mas votar em três não seria obrigatório, apenas em um.

Khaless disse que conseguiria criar um software para a votação. Poderá levar algum tempo, mas ela pedirá ajuda de alguns amigos, também. Depois do software pronto iremos disponibilizá-lo em computadores espalhados por todas as cidades, principalmente em escolas e para quem quiser votar em sua própria casa poderá fazer download do programa em seu computador particular ou em seu celular.

Para evitar que uma pessoa vote duas vezes será pedido a marca digital na hora de confirmar o voto além de informações básicas como nome, idade, endereço e telefone para que possamos conferir os votos posteriormente se quisermos.

O período de votação durará entre 5 e 7 dias. Durante esse período as pessoas poderão fazer suas escolhas em casa ou em lugares públicos destinados a isso.

Enquanto Khaless começará a trabalhar incessantemente nos testes aos candidatos e no software da votação, iremos abrir as inscrições para fazer parte do governo. Também explicaremos bem como tudo vai funcionar.

Até que as eleições sejam feitas e os novos governantes assumam o poder, eu, Júlio e Thomas permaneceremos governando e decidindo questões importantes.


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Notas finais do capítulo

Será que essa forma de governo dará certo? Qual a opinião de vocês?



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