A Missão escrita por StefaniPPaludo


Capítulo 30
Capitulo 19




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Tinha me esquecido de como o Alexandre é chato, não seria chato a palavra certa, talvez petulante ou idiota. Eu achava o Julio arrogante e autoritário, então não tem como definir o Alexandre, que é mil vezes pior.

Inclusive, eu acredito que nessas férias ele tenha feito um curso intensivo de como tratar mal as pessoas. Porque só isso explica seu mau humor e o jeito pior como tem nos tratado nas últimas semanas.

Mas até agora, tirando o Alexandre nos xingando e enchendo o saco, o treinamento não foi grande coisa. Ou Júlio se enganou quando disse que ia piorar, ou ele falou apenas para nos assustar.

Só sei que nas manhãs passamos boa parte tendo aulas de táticas e estratégias de guerra, que são coisas bem teóricas e que apenas nos fazem ficar na sala de aula, sentados, lendo ou discutindo o que é melhor se fazer em cada situação. Por ser uma matéria que usa bastante o cérebro eu tenho me saído bem.

Perto do horário do almoço, Alexandre faz com que recapitulamos o que já aprendemos, então ele varia as aulas entre treinamento de tiro ao alvo e defesa pessoal. Minha mira tem melhorado consideravelmente com o passar dos dias, e no combate corpo a corpo eu também estou cada vez melhor.

À tarde no primeiro horário temos desarmamento de bomba, que eu não gostei e não vou tão bem assim. É uma matéria muito detalhista, com vários poréns e coisas desse tipo. Por mais que eu goste de usar me cérebro e me saia melhor nessas atividades, não tenho paciência para ficar esperando o tempo certo para desarmar a bomba, nem ficar calculando e pensando qual fio é o que tenho que cortar para que a bomba não exploda. Isso não é para mim.

A minha matéria preferida mesmo é a de pilotagem de avião. Sim, é irônico, porque a maioria aqui não sabe nem dirigir um carro, mas já tá aprendendo a dirigir um avião. Não praticamos com um avião de verdade, porque eles não tem coragem de nos deixar voar pelos ares sozinhos, mas temos aula em um simulador que é bem parecido com o real. Dá pra ver as nuvens, sentir o vento, entre outras coisas, e é bem legal.

Tem ainda uma outra matéria que não temos nem ideia de como seja, mas que teremos agora. A única coisa que Alexandre nos disse antes de nos deixar sozinhos na sala de aula é que o exercício é feito individualmente e que cada um vai ser chamado na sua vez para fazê-lo.

Esse exercício vinha atiçando nossa curiosidade quase desde o começo dessa fase de treinamento. E como não ficamos tão cansados assim ultimamente passamos um bom tempo do dia conversando sobre o que ela pode ser. Várias hipóteses já surgiram, mas nenhuma que fizesse mesmo sentido e que precisasse ser feita individualmente. Danilo até foi até Júlio tentando descobrir dele a resposta, mas não conseguiu nada. Júlio só disse que era segredo e que na hora saberíamos.

Então chegou a tão esperada hora, se eu não morrer de curiosidade e ansiedade até a hora que me chamarem para fazer o exercício, eu vou ver sobre o que ele se trata.

Alexandre havia saído da sala de aula a uma meia hora atrás, dizendo que iria preparar tudo para o exercício. Desde aquele instante a conversa começou alta na sala de aula, todos ainda chutando hipóteses sobre o que poderíamos ter que enfrentar.

– Eu tenho esperança que não seja nada demais. Alguma coisa, tipo conseguir dormir em ambientes com barulhos — Carol disse, fazendo com que todos os outros rissem junto com ela.

– Não seria uma má ideia. - Concordou Eric — Já passamos por tanta coisa aqui que seria uma boa se tivéssemos um exercício simples. Você não acha Dani?

– Não acho que seja alguma coisa simples. Mas tenho esperanças que seja alguma coisa legal. - Danilo que estava muito animado com a prova, chegava quase a dar pulinhos na cadeira.

– Como por exemplo.... - eu insisti.

– Explodir prédios? - Danilo ergueu as sobrancelhas e deu seu sorriso lindo, mostrando que aquela não era uma má ideia.

– Talvez. - concordei, incapaz de estragar a esperança e animação dele.

Foi então que alguém limpou a garganta chamando nossa atenção. Rapidamente toda a turma se virou para frente e enxergou parado a porta Júlio, com seus quase dois metros de altura, e sua farda perfeitamente alinhada de militar. Olhando para seu rosto, percebi que era isso que ele era naquele momento, estava como o sargento, e não como o professor ou qualquer coisa mais amena.

– Os alunos pra fazer o exercício serão chamados por ordem alfabética. Portanto a primeira é você Carolina. - Carol se levantou imediatamente para ir junto com Júlio. - O restante continue aqui, que virei buscá-los um por um.

Após uma meia hora Julio voltou chamando a segunda pessoa:

– Danilo, vamos. - ele deu um olhar duro para o irmão, que já foi rapidamente levantando da classe e dando um sorriso feliz para mim. Danilo estava empolgado em ser um dos primeiros a descobrir sobre o que seria a prova, depois poderia contar para todos nós.

Os dois saíram da sala, andando lado a lado, e a turma aguentou um minuto em silêncio e logo recomeçou a tagarelar.

Cada vez que Júlio vinha buscar alguém, a turma ficava quieta, mas depois da pessoa sair junto com ele, a conversa continuava. Depois de um tempo, tinham poucas pessoas restantes ainda, e eu parei de conversar e comecei a perceber algumas coisas que me preocuparam.

Primeiro é que todos que tinham saído para fazer o exercício não haviam voltado a sala. Depois de tanto tempo Carol, que foi a primeira, já devia ter terminado o seu exercício, não era possível que fosse tão demorado assim. Ta, mas sobre isso talvez ainda tivesse uma explicação simples: eles não queriam que os alunos voltassem e contassem para os outros sobre o que se tratava, era pra ser surpresa para todos. Isso era justo.

Mas e porque que cada vez que o Julio vinha chamar alguém ele parecia pior? Comecei a reparar que ele chamava os nomes com uma agressividade cada vez maior e os seus olhos também pareciam cada vez mais duros.

Era estranho e minha intuição dizia que a prova não era nada simples e nem divertida. Muito pelo contrário, era uma coisa horrível.

Fiquei cada vez mais nervosa enquanto esperava minha vez. Não sentia mais vontade de descobrir de uma vez que tipo de prova seria. Tinha certeza que todos estavam enganados, era uma coisa ruim.

Foi por isso que estávamos achando tudo tão fácil nessa fase até agora. Porque eles haviam reservado o pior para o fim. Exatamente como tinham feito com a câmera de gás na fase passada. Mais uma coisa fazia sentido: Júlio ter dito que essa fase seria pior que a anterior. Era porque enfrentaríamos uma prova muito pior do que a câmera de gás.

Eu estava suando de medo, quase pirando, entrando em pânico. Tentava controlar minha respiração e minha mente, mas não tava dando certo. E pior era que os outros colegas que estavam lá comigo ainda não haviam percebido o mesmo que eu e continuavam animados.

– Liss. - chamou Júlio da porta.

Relutante me levantei e sai da sala, me sentindo como uma vaca que vai para o matadouro.


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Notas finais do capítulo

Alguma suspeita sobre que tipo de prova é essa?



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