A Madrasta escrita por Malia


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

EAÍ, MEUS AMORES!! COMO ESTÃO?
MUITO OBRIGADA A TODOS OS COMENTÁRIOS.
Peço desculpas pela demora. Atingiu dez comentarios ontem a noite, mas só conseguir postar agora porque estava ocupada ^^
O capítulo não ficou tão grande porque o dividi. Um pouco de suspense é bom, né? rsrs
Espero que gostem! E não se esqueçam de comentar.



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A Madrasta - Capítulo 4.

Qual é a graça de uma vida, quando não se é vivida?

A voz doce e única de minha mãe soava como um eco, enquanto chegava até mim. Não estava reconhecendo o lugar que, supostamente, estava. É tudo branco; e o teto parece ser como o céu: sem fim. Contudo, a voz da minha mãe chegava cada vez mais clara até mim, fazendo-me sorrir mesmo sabendo que aquilo não era, nem um pouco, real.

Afinal, ela está morta.

Minha mente me traía, trazendo-me para uma lembrança tão demasiadamente dolorosa, mas que ao mesmo tempo, chegava a ser incrível.

Longe — e ao mesmo tempo tão perto — conseguia ver a imagem da minha mãe, juntamente comigo, algumas horas antes da sua morte. Era como uma teve em minha mente, rodeada de lembranças.

Isso só pode ser brincadeira! Estou sonhando memorias que ao mesmo tempo que me deixam com o coração mais leve pela presença de minha mãe, é também dolorosa e difícil de lidar.

— ...León, se algum dia eu não estiver mais aqui com você... um dia próximo, apenas me prometa que permanecerá assim, do jeitinho que te ensinei a ser. Com o coração bom e gentil — de repente, e novamente, a voz da dona Giovanna soa por todo aquele espaço gigante. E estranho. — Não importa o que os outros façam, não cometa erros que pode se arrepender no futuro. — engoli em seco, enquanto ouvia tudo aquilo, pela segunda vez.

— Você não quer que eu seja como o meu pai, não é mesmo? — eu tinha apenas dez anos, mas já sabia como era o Carlos e como ele agia com a família e com as pessoas.

Queria gritar, mas minha voz não saia.

Sair dali, mas meus pés não se moviam.

Qualquer coisa é melhor do que rever isso. Meu último contato com minha mãe antes dela partir, para sempre. Acho – tenho certeza – que um coma é melhor do que estar aqui.

— Não, eu não quero que seja como o seu pai... — sua voz foi ficando cada vez mais distante, até que não consegui mais ouvi-la.

O empaque que tive ao cair no chão, com os gritos de Diego, me fez soltar alguns resmungos e gemidos de dor.

— O que pensa que está fazendo, seu idiota? — me levantei rapidamente, voltando a sentar no sofá. — Não respeita mais nem uma pessoa dormir?

— Você é muito estranho, cara — murmurou, olhando-me com detalhe. — Ficou resmungando algumas coisas incompreensíveis e se remexia toda hora... — abaixei o olhar, vendo que ele já se tocava o porque disso. Tive a minha confirmação com a sua fala de segundos depois. — Sonhou com a sua mãe? — perguntou, mais calmo agora.

Não respondi.

Me sinto envergonhado de estar passando com isso. Porra, já faz nove anos e eu não consigo, de maneira nenhuma, superar isso. A morte dela foi tão repentina que eu demorei para acreditar que havia mesmo acontecido. E o jeito como ela se despedia de mim – mas eu não percebia que era isso mesmo que ela estava fazendo – me deixa agora mais culpado ainda.

Poderia ter feito algo. Acho. Se pelo menos ela estivesse aqui agora, talvez eu não sentisse esse odio e nojo da pessoa que meu pai se tornou.

— Diego, isso não é da sua conta — disse a ele por fim, me levantando e indo em direção as escadas. — A gente se fala depois — sem ao menos me virar, falei.

Cheguei no meu quarto e já tranquei a porta, me escorando na mesma quando já estava fechada.

Minha vida de uns tempos pra cá tem dado um salto impressionante.

Me formei no colégio, mas não fiz a faculdade. E, na real, nem quero.

O que quero de verdade é sair dessa casa, ter o meu próprio canto. Arrumar um emprego que eu realmente goste. Casar e ter a minha família. Sei que ainda é cedo para pensar nisso – ou nem seja tão cedo assim – mas é o que eu quero para minha vida.

Porque eu não quero ser que nem o Carlos. E farei o possível para não ser.

+ + + + + +

— León? — depois de bater na porta, Anne chamou pelo meu nome. — O jantar está servido e seu pai o espera na mesa — anunciou.

— Já irei descer — afirmei, enquanto passava a toalha por minhas madeixas molhadas. — Obrigado, Anne — agradeci e a mesma murmurou um por nada, antes de sair.

Suspirei, caminhando novamente até o banheiro. Coloquei minhas mãos sobre a pia apertando meus dedos na mesma, senti os mesmos ficarem brancos e um pouco doloridos.

"...se algum dia eu não estiver mais aqui com você... um dia próximo" Essas palavras permaneciam em minha cabeça, me atormentando de uma forma incomodadora.

Ela sabia que ia morrer? Ou apenas sentia? Por que raios minha mãe iria falar sobre aquilo comigo, e por coincidência, poucas horas antes da sua morte?

Tudo isso já vinha atormentando-me a tempos. O silêncio que meu pai exigiu que todos tivessem, empregados e amigos, foi e ainda é estranho. E todas essas duvidas veio a tona a partir do momento em que ele decidiu substituir minha mãe por uma garota.

Afastei meus pensamentos e passei minhas mãos por meus cabelos, deixando-os arrepiados e um tanto rebeldes, mas simplesmente não dei a mínima.

Desci as escadas em passos vagarosos, sem pressa alguma, chegando até a sala de jantar e me deparando com Carlos e Violetta, sentados e jantando, em um completo silencio.

Revirei os olhos e me sentei também, sem dizer uma palavra se quer. Mas esse silencio não durou muito, já que logo Carlos se pronunciou:

— É bom vê-lo também, León — falou em uma completa ironia. — Não foi essa a educação que eu lhe dei. — me olhou em repreensão.

Revirei os olhos.

— Não me lembro de ter recebido alguma educação de você — murmurei, enquanto Anne me servia. Tentei sorrir para ela, mas a irritação que começava a crescer em mim me impediu. — Afinal, nós dois sabemos que você não é muito bom em educação e coisas assim — sorri sarcástico, vendo-o ficar vermelho, e creio que de raiva.

Depois disso, nada mais foi dito. Observei pelo cantos dos olhos Violetta. Ela não me parece bem. Esta com o olhar baixo, remexendo em seu prato de comida com um tédio total. Qualquer pessoa com olhos consegue perceber que ela não está afim de ficar aqui.

Mas, por que esta então?

— Não estou gostando nada disso — Carlos disse, enquanto jogava o garfo sobre seu prato. Tirei meu olhar da Violetta e o encarei confuso. — Esse clima está muito chato... seremos uma família em pouco tempo, devemos agir como uma, não?

— Você é inacreditável — ri sarcástico. — Minha família está morta, e você é apenas o cara que me "criou"…

Me interrompeu.

— Não fale assim, León. Eu sou a sua família e a Violetta também será, então, por favor, pare de agir com essa imaturidade — seu tom de voz era tão forçado. Ele dizia isso apenas por dizer, porque sei que não é de verdade. — Podemos falar sobre qualquer coisa — sorriu.

Revirei os olhos e pensei sair dali. Contudo, tenho uma ideia de arrancar dele o que quero saber, a curiosidade que anda me matando. Mas se eu não conseguir, pelo menos o deixarei irritado.

— Então... — coloquei o tom de voz mais falso que pude. — Onde você e a Violetta se conheceram? — perguntei, e o mesmo ficou branco.

— Isso não é assunto para agora — disse serio.

— E por que não? — fingi estar confuso. — Por que você iria esconder como conheceu sua noiva? Ah, que por um acaso é mais nova do que o seu filho. Sinceramente, eu não sei porque esconderia isso — olhei atentamente para ele, e observando a expressão da garota de canto. Os dois estavam iguaizinhos: estáticos. — A final, isso é a coisa mais normal do mundo — gritei essa última parte, frustrado e irritado.

— Eu não lhe devo satisfações. Sou o seu pai e não seu filho, então trate de me respeitar, garoto — bateu a mão na mesa e se levantou. — E nunca mais grite comigo.

Respirei fundo, tentando ocultar minha raiva. Não por ele. Mas pela minha mãe. Ela me pediu para ser uma pessoa boa, e eu vou ser.

— Eu vou perguntar pela última vez — também me levantei, enquanto falava pausadamente. — Por que você trouxe essa garota para a nossa casa? — perguntei. Esperei por uma resposta, mas não obtive nenhuma. Me virei para a Castilho – essa é a única coisa que sei sobre ela: o sobrenome – e a encarei. — Não vão dizer nada? Deve ter uma resposta para tudo isso, porque é muito estranho esse noivado — afirmei.

— Eu... eu não sei o que dizer — É o que Violetta diz.

Soltei uma risada pelo nariz, ainda mais confuso do que antes.

— Que tal a verdade? — cruzei os braços, esperando. — Eu sei que você não está aqui por que quer. Parece uma prisioneira!

— Não diga besteiras — disse Carlos em um tom alto. — E eu já disse que não lhe devo satisfações.

— Mas é claro que não — me virei para ele. — Assim como não deve satisfações para todos aqueles em que você roubou, matou e destruiu, não é? E tudo pelo dinheiro — deixei escapar de meus lábios. Meu pai me lançou um olhar mortal, enquanto abria e fechava a boca, mas não dizia nada. Violetta também continuava na mesma posição, e sem demostrar nenhuma reação no que acabei de dizer. — Eu tenho nojo de você, Carlos — terminei minha frase com rancor.

— Você não é diferente de mim, León — falou calmamente, mas com muita amargura em seu tom. — Afinal, você vive desse dinheiro.

— Não precisaria se você me desse o que é meu por direito — cuspi as palavras. — Espero que saiba o que está fazendo, Violetta. Porque viver com esse cara é um completo desastre — disse a ela, antes de sair.

Eu preciso sair daquela casa. Sair de perto daquele cara. Mas eu não posso antes de saber o motivo e por que ele mais a Violetta estão noivos.

Tem algo aí e eu irei descobrir.


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Notas finais do capítulo

Comentem, meus lindos e minhas lindas!
Ainda tem muito pipino por aí. O mistério da mãe do León, o motivo desse noivado e o verdadeiro Carlos. Vamos desvendar tudo nas sequencias daqui em diante.
Beijos ♥♥