Eros escrita por Malina Endou, Kokoro Tsuki


Capítulo 13
Capítulo XIII


Notas iniciais do capítulo

Yo!

Ok, sei que demorei, mas agora com o trabalho, a minha vida está impossível ;-; Mas finalmente consegui terminar o capítulo!!

Boa leitura!



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Capítulo XIII

 

Malina

 

  Desde bem cedo a Serena estava estranha. Não entendia o que se passava com ela, apenas sentia que me escondia algo. Queria acreditar que eram apenas coisa da minha cabeça. A nossa amizade era à base da confiança e sem qualquer segredo... Só esperava que ela não me estivesse a esconder nada. Não queria dizer que não a perdoasse, mas ficaria realmente sentida se o fizesse.

  Saí da aula mais cedo. Sentia-me indisposta e a minha paciência não era a melhor naquele momento. Olhei para um dos prédios universitários como se eles me indicassem qual a sala onde estaria o Goenji. Podia estar tudo acabado entre nós, mas isso não significava que tinha deixado de o amar. Não aquilo porque os meus sentimentos terminaram, muito pelo contrário, aumentaram demasiado ao longo dos anos para ser incapaz de o prender e obrigar a abdicar de um sonho por mim.

  Sabia bem qual a sala onde ele estava. Por diversas vezes saía da minha sala e ia até à dele chama-lo. Ficávamos uns quantos minutos só nós dois, como se não houvesse ninguém à nossa volta. Eram momentos só nossos como os que tínhamos na Raimon, quando mais novos, e estávamos só nós dois em alguns intervalos. E esses momento tinham terminado.

  Pensei várias vezes em contar-lhe. Realmente quis, e muito, terminar com toda a mentira, dizer-lhe de uma vez por todas o porquê da minha atitude e decisão, mas toda a vez mais lembrava porque não o fazia. Queria o melhor para ele e esperava que um dia percebesse isso, mesmo que não me perdoe pelo que lhe estou a fazer.

  Senti uma enorme má disposição assim que tornei a entrar no prédio universitário. Queria ir para a biblioteca estudar, sozinho, num local onde pudesse estar apenas eu, em silêncio, sem ninguém para me atrapalhar, só que os meus planos acabaram por mudar. Quando dei por mim, estava no wc feminino, numa das cabines a vomitar todo o meu pequeno almoço. Acontecera o mesmo durante a madrugada, chegando mesmo a deitar bílis para fora uma vez que não tinha nada no estômago. Era de madrugada e eu estava a dormir quando fui acordada por uma dor enorme.

  A minha garganta ardia e a minha barriga parecia prestes a rebentar com a dor. Nunca pensei que uma gravidez fosse tão difícil de suportar. Sempre ouvi que há uma gravidas que passam o estado de gestação muito bem, mas o meu caso parecia ser bem diferente.

  -Malina!- mal saí para a rua, ouvi a voz do meu primo a chamar-me. Voltei-me para ele, vendou-o correr na minha direção. Esta bastante cansado. Estaria à minha procura há muito tempo? Para além do mais, assim que parou junto a mim encarou-me de forma séria.

  -O que se passa?- estava sério de mais, até mesmo para o Mamoru. Encarou-me e sorriu. Devolvi-lhe o sorriso sem perceber o que se estava a passar.

  -Estás bem?

  -Estou e tu?- riu-se, coçando a nuca.

  -Eu estou sempre ótimo!- aquele tinha sido o diálogo mais estranho que tivera com o Mamoru e eu pensava que isso já tínhamos tido um.

  -Está tudo bem? Precisas de alguma coisa?- suspirou.

  -Sim. Preciso de falar contigo.- assenti sem dizer nada mais. Tornou a ficar sério.

  Começamos a caminhar os dois até ao campo de trás da universidade. Não havia ninguém lá naquele momento. Serviam apenas para os alunos jogarem futebol ou para os cursos de esporte como era o meu caso e o do Mamoru. Talvez ele quisesse jogar... Mas nunca me pedira daquela forma, sempre me chamava e dizia que íamos jogar, sem mesmo perguntar antes se eu queria ou não, mas, obviamente, estava sempre disposta a tal.

  Dentro da baliza, como sempre, havia uma bola de futebol para quem quisesse jogar sem ter de ir sempre chamar um funcionário para conseguir uma, e o meu primo foi direito a ela sem pensar duas vezes, agarrando-a, voltando-se para mim.

  -Vamos jogar?- sorri e assenti. Ele parecia mais descontraído.

Começamos a jogar com calma. Era um pouco difícil não me empolgar, era futebol, mas das coisas que mais amava. Tentei fazer passes um pouco mais longos e jogar com um pouco mais de força. Não parecia estar a incomodar o bebé e nem a mim mesma. Porém, sempre que tentava, o meu primo abrandava o ritmo dos passes e chegava-se sempre para junto de mim.

—O que se passa? Estás com medo de perder contra mim?

—Claro que não.- Sorrira apenas. Foi tão fraco que pude notar bem a diferença do normal. E assim que a bola chegou a meus pés, parei-a.

—O que se está a passar afinal?- não me respondera- Mamoru...- limitara-se a olhar para o chão- Mamoru!

—Por quanto tempo pensavas esconder-me isso?- não estava a entender.

—Isso o quê?

—Vá lá, Malina. Sabes bem do que estou a falar.- Neguei.

—Não estou a entender esta conversa.- Suspirou com imensa força.

—A Serena contou-me tudo.- Pensei uns segundos a pensar nas suas palavras.

—A Serena...

Foi então que entendi tudo; o facto dela estar estranha de manhã, aquele pedido de promessa... Agora fazia sentido. As peças encaixavam perfeitamente. Ela contou-lhe! Ela contou ao meu primo sobre a minha gravidez.

Larguei a bola, tentando não ter um ataque de nervos naquele mesmo momento. Pedia por tudo para que não fosse o que eu estava a pensar.

—Quando? Quando é que ela te disse isso?

—Isso não importa...

—Importa sim!- fora a primeira vez, desde que nos conhecemos, que gritei com o meu primo- Importa para mim! Eu pedi-lhe para não contar ninguém.

—Nem mesmo a mim?

—Sim!- ele não pareceu gostar. Tinha noção de que podia acontecer.

—Porquê? Malina- queria responder, mas ele não me dera hipóteses-, sou teu primo, mas considero-te como uma irmã. És a minha melhor amiga, desde que éramos crianças, não entendo porque não me queria contar que estás grávida.

—Mamoru, até há bem pouco tempo eu pensei em não ter esta criança. Pensei em tanto antes de levar tudo isto para a frente e jamais pensei ser mãe tão cedo.- Tentei acalmar-me. Tinha noção de que não fazia bem alterar-me naquele momento. Comecei a mexer na bola a meus pés- Quando descobrir, a última coisa que quis foi contar a alguém.

—Os teus pais não sabem, pois não.- Neguei.

—Nem saberão tão cedo.

—O Goenji também não.- Então ele realmente sabia de tudo- E pelo que sei nunca saberá agora que vai para fora do país.- Ri-me, passando-lhe a bola.

—Então tu realmente sabes de tudo mesmo.- Encarei-o. Continuava sério. Nem agarrara a bola, ela limitou-se a parar a seus pés.

—Sei que concordo com a Serena e devias contar-lhe.- Ele também não, por favor.

—Não!- as lágrimas foram inevitáveis, fazendo-o calar-se, deixando-o com uma pura cara de espanto- A minha decisão está tomada e não se fala mais nisso! Se a Serena te contou tudo, com certeza que também sabes que a minha relação com o Goenji terminou. Ele vai seguir a vida dele, alcançar os seus objetivos e realizar os seus sonho e não o vou impedir de tal.- Tentava baixar o meu tom de voz, mas era difícil- E se tu ou a Serena lhe tentarem dizer algo, podes ter a certeza que nunca vos irei perdoar!

Voltei-lhe as costas, deixando-o no meio do campo sem me responder. Foi a primeira vez que disse algo assim a alguém e nunca pensei que fosse logo com ele, com aquele que sempre tive como irmão desde que me lembro de ser pessoa. E no cimo das escadas que davam para o campo estava a Serena, observando-nos silenciosamente.

Parei no início das escadas, encarando-a. Subia-as sem nunca a olhar a minha melhor amiga nos olhos. Não que não tivesse coragem, mas naquele momento não conseguia. Tudo o que menos queria era falar com ela... Com ambos.

Deixei-os para trás sem lhes dirigir uma palavra.

*

Os cinco dias seguintes passaram num piscar de olhos. Não troquei uma única palavra com o Goenji, nem um simples olhar. Não o quis evitar, mas parecia que o mundo assim o fazia, afastando-nos um do outro, cada vez mais, e o dia da partida, chegara finalmente.

O Mamoru e a Serena enviaram-me mensagens a perguntar se queria ir com eles até ao aeroporto despedir-me dele, mas não lhes respondi. Também lá iriam estar o Kidou e todos os rapazes para se despedir do Goenji. Talvez também eles esperassem que eu lá estivesse, alguns dos nossos amigos não sabiam que a nossa relação terminara há alguns dias, não duvidava a admiração com que ficariam quando não me vissem presentes na partida do homem que era suposto ser o amor da minha vida.

Esperei até o trem abrir as suas portas e saí com todas as outras pessoas. O aeroporto não ficava longe e como ainda não tinha qualquer barriga de grávida não me custaria nada andar dez minutos a pé até ao local. Ninguém sabia que ali estava, nem mesmo o meu primo ou a minha melhor que, provavelmente, estariam no interior.

Não demorei muito a chegar ao local. Havia imensa gente a entrar e a sair, os táxis traziam e levavam incontáveis vezes as pessoas. Tentei passar rapidamente por todas para não esbarrar em ninguém, porém era difícil. Tinha alguma pressa e acabava sempre chocar o ombro com alguém. E já no interior verifiquei os voos rapidamente. O do Goenji já estava a fazer as últimas chamadas. Ele provavelmente já estava dentro do avião.

—Vá lá, Endou!- ouvi a voz do Kazemaru atrás de mim. Voltei-me e vi-o tentar consolar o Endou que chorava copiosamente.

—Mas... Mas o Goenji...

Sorri antes de correr para bem longe ao vê-los aproximarem-se de mim. Percebi de imediato que ele talvez já estivesse dentro do avião. Lembrei-me logo de uma varanda que havia no aeroporto, voltada para o local onde estavam os aviões. As famílias dos passageiros podiam ir para lá despedirem-se uma vez mais dos familiares que não iriam ver durante dias, ou talvez meses, no meu caso, eram anos.

Corri para um espaço aberto, junto às barras de metal e vidro. Tentei ver um homem de cabelos loiros no meio dos outros passageiros... Nada. Havia alguns, sim, mas nenhum era quem eu procurava. Pelo menos até ao momento em que um bus chegou, deixando outros passageiros já perto do avião, e de dentro dele, saiu o Goenji. Trazia uma mochila com ele nas costas e segurava fortemente o bilhete de ida para a Alemanha.

Estava sério e pronto para o que viesse naquele momento. Conhecia-o bem. Bastava apenas um olhar para saber como ele estava naquele exato momento e vi-a que não estava bem. Os ombros estavam sempre a levantar e a baixar como se inspira-se e expira-se com imensa força devido ao nervosismo.

Queria chama-lo. Queria tanto gritar o nome dele e dizer-lhe que estava ali, para olhar para mim, para me despedir dele e dizer-lhe que o amava... Limitei-me a vê-lo entrar no avião, vendo-o partir para bem longe. As pessoas da varanda afastavam-se, indo embora também, algumas chegavam, preparando-se para ver o próximo voo, ou talvez esperar por aqueles que chegavam com familiares, enquanto eu ficava só com as minhas lágrimas e o coração desfeito.

Ele realmente partira, e talvez, para sempre.

Acabei por me afastar da varanda ao ver que as pessoas não paravam de olhar para mim, preocupadas com o facto de estar a chorar tanto. Saí do local a correr para não ter de levar mais com os seus olhares. Dentro do aeroporto as pessoas estavam ocupadas de mais para se preocuparem com o meu estado.

Estava a dirigir-me para a saída quando senti o meu celular vibrar dentro do bolso das minhas calças.

—Sim?- fiquei admirada com a voz do outro lado- Fideo?


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Notas finais do capítulo

Reviews?!
Kissus!



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