Pesadelo

Parecia que eu estava presa em um daqueles pesadelos apavorantes em que você tem que correr, mas não consegue. Minhas pernas se moviam com uma lentidão cada vez maior a medida que eu lutava para atravessar o aeroporto de Seattle ao encontro da minha "família".
A quem eu queria enganar ? Eu nem os conhecia. Não sabia como eram, os seus costumes .. tudo o que eu sabia era que estava prestes a ocupar um lugar que não era meu e poderia até ser presa por isso.
Respirei fundo e criei coragem para andar o pouco espaço que agora restava. Vi várias pessoas e de repente o medo tomou conta de mim. Qual deles ? Droga ! Ela deveria ao menos ter me mostrado umas fotos !
- Oi meu amor. - ouvi uma voz doce e rouca atrás de mim.
Me virei e lá estava ele. O homem mais lindo que eu já vi vida me chamando de amor !
Minhas pernas ficaram bambas, meu coração disparou. Ele se aproximou e me deu um beijo nos lábios, fazendo todo o meu corpo se arrepiar. Eu nunca havia sentido aquela sensação antes. Era ele ! Tinha que ser !
- Oi. - disse num sussurro.
- Está tudo bem com você ? - perguntou ele com uma sobrancelha arqueada.
Merda ! Disfarça melhor Isabella !
- Claro que sim. Vamos ? - dei um meio sorriso.
- Vamos.
Ele pegou as minhas malas e me guiou até um luxuoso carro. Colocou as malas no banco de trás e depois abriu a porta do carona para mim, Entrei meio sem jeito. Bom, era tarde demais para se arrepender ..
- Fez uma boa viagem ? - ele perguntou enquanto dirigia rumo a sua casa.
- Sim. Só estou um pouco cansada.
- Claro.
Não falamos mais nada até chegar a uma grande mansão. Sim, a casa era uma mansão .. um design moderno e portas de vidro ilustravam a bela frente.
Ele apertou algum botão que não vi e uma vasta garagem se abriu, revelando vários carros, um mais caro que o outro. Eu não entendia muito de carros mais sabia bem os que eu nunca poderia ter porque custavam mais que a minha casa.
Ele saiu, pegou as minhas malas e voltou a abriu a porta para mim, sempre cavalheiro. Passamos por um imenso e lindo jardim até a porta da frente. Uma das empregadas, imaginei, veio correndo abrir.
- Bem vinda de volta Senhora Anabelle.
Pensa rápido ! Meu Deus com quem eu estou falando ?
- Obrigada Sue.
Me arrependi na mesma hora que soltei as palavras, mas como ela não disse nada, eu me tranquilizei. Pela fisionomia indígena e os longos cabelos negros era exatamente quem eu pensava.
- Ela me agradeceu ? - ouvi ela sussurrar para o belo homem atrás de mim a medida quando nós entravamos.
Fiquei boquiaberta. Se por fora era linda, por dentro então a casa era deslumbrante, Tudo muito fino e detalhado. Móveis brancos sofisticados emolduravam a sala, contrastando com o tom bege das paredes. Era muito elegante.
Não deu tempo eu pensar em nada. Uma menina que mais parecia um anjinho de tão linda veio correndo em minha direção.
- Mamãe, mamãe ! Que bom que você chegou !
Sem dúvidas era Claire Cullen, a filha deles ! Era tão fofa que eu me enchi de ternura ao vê - la. Ela pulou em meus braços e me deu um forte abraço.
- Oi, meu amor, tudo bom ?
- Tudo. Você trouxe um presente pra mim ?
- É claro que trouxe, mais tarde eu te dou tá bom ?
- Tá bom.
Ela me deu um beijo na bochecha e saiu correndo.
Olhei e em volta e vi olhos curiosos me fitando. Edward. Agora eu percebia a quem aquele doce menina havia puxado. Ele era perfeito .. cabelo cor de bronze, alto, com um corpo de tirar o fôlego. Estremeci ao olhá - lo nos grandes olhos verdes.
- Com licença, dona Ana. Que bom que voltou. Precisa de alguma coisa ? - uma loira bem magra e muito bonita interrompeu meus devaneios.
É claro que era Kate, a secretaria particular dela. Mais que isso .. sua confidente. O que essa mulher saberia da verdadeira Anabelle ?
A fitei por alguns segundos antes de responder.
- Agora não. Talvez mais tarde.
- Tudo bem. Se precisar me chame.
- Vai descansar um pouco amor ? Edward perguntou.
Desviei o olhar para ele.
- Sim, vou para o quarto.
Subimos uma escada e dei graças a deus por ele me seguir trazendo a bagagem, pois eu não sabia onde era o "meu" quarto.
Abriu uma das portas que revelou um quarto enorme, decorado com cores claras e obras de arte que eu reconhecia, mas jamais sonhei ter. Havia mais duas portas, closet e banheiro, imaginei, e uma cama king zing tomando boa parte do espaço com um mesinha ao lado.
Na parte havia um sofá de couro e uma pequena estante com livros, cds, um aparelho de som de ultima geração e uma grande tv de plasma.
Voltei a olhar para o "meu marido" e corei ao ver a forma como me.observava.
Ele deixou as coisas no chão e me deu mais beijo. Era como se uma corrente elétrica passasse pelo meu corpo quando o fazia.
- Desde quando você cora assim ? - perguntou.
- Acho que adquiri essa mania há pouco tempo.
Ele me lançou um sorriso torto que fez meu coração palpitar.
- Te espero para o jantar.
- Tá bom. - respondi sem graça.
E então eu estava no "meu quarto'. Sorri com ironia para mim mesma. Eu sabia que era uma idiota por aceitar participar desse jogo, mas era tudo ou nada ..
Fui passando a mão de leve pelos móveis, até chegar a cama de casal, o lençol branco de seda e o colchão macio era convidativos.
Retirei as sandálias me sentando por um instante, era bastante confortável. Era ali que ela dormia com ele, ali que eu dormiria durante esses 6 meses. Parecia uma eternidade.
Estava tão nervosa que mal percebi uma lágrima escapando do meu rosto. Me deitei e pude sentir o cheiro dele, era tão delicioso que imersa em pensamentos, eu cochilei.