As próximas 72 horas daquela semana passaram voando, divididas entre comprar passagens, organizar novamente minhas malas e voltar para o Brasil.

— Gente, tá todo mundo olhando – Jack disse, olhando ao redor da sala de espera do aeroporto.

Limpei as lágrimas do meu rosto e agarrei meus amigos num grande e estranho abraço grupal. Estavam todos lá. As pessoas que fizeram parte da minha vida nos últimos dois anos. As pessoas que me deram força e me apoiaram toda vez que precisei.

— Eu amo vocês! – falei baixinho e um coro de "eu também" soou.

Algumas lágrimas depois, nos afastamos, e Jack puxou meu suéter querendo ser ouvido.

— Eu salvei meu número no seu celular – ele disse com seriedade, me mostrando sua agenda telefônica. – Tá vendo? Tá escrito Tia Jas!

Balancei a cabeça sorrindo, mas ergui um pouco os pés para ver se mais alguém estava vindo se despedir de mim. Alguém de terno e sobrenome estranho. Não avistei ninguém e forcei minha atenção de volta para Jack. Ele tinha ganho um celular para emergências e de algum jeito Julyan conseguia fazer com que ele usasse o celular apenas para isso.

— Ah, que fofo, tem até emoji de coração! – falei.

Ele assentiu seriamente desconsiderando.

— Vai poder me ligar sempre que tiver uma emergência – murmurou.

 Ergui o olhar para Julyan que nos observava com um sorriso e os olhos úmidos. Atrás dela, Susan e Eoin estavam abraçados e ao lado deles estavam Chase e Meredith com sorrisos corajosos. Minha voz falhou e não soube como reagir a tamanha demonstração de afeto. De algum jeito aquele garotinho que mal gostava de tomar banho achava que podia me proteger do mundo caso fosse necessário. Ah, eu sentiria tantas saudades! Enrolei meus braços ao redor dele e o abracei com força.

— Eu te amo, Jack! – falei emotiva. – Você também pode me ligar sempre que precisar – continuei. – Sempre.

Ele assentiu. Nos altos falantes uma voz feminina anunciou meu voo e mais uma vez abracei todos meus amigos, disse que os amava e um novo coro de “eu te amo também" soou acompanhado de "boa viagem, Jas". Arrastando minhas malas pelo chão, acenei para eles pela última vez.

 Meu telefone tocou alguns metros de distância depois.

 Jack.

— Jack?

— Tia Jas – ele disse com a voz falhando. – Temos uma emergência.

Parei de andar.

Olhei para trás confusa, mas todos continuavam lá me observando.

— O que houve?

— Eu já estou com saudades.

Meu coração quebrou e sem pensar corri para ele de braços abertos. Lágrimas escorriam dos meus olhos e, bom Deus, eu sabia que estava uma bagunça, mas não me importava.

— Eu também vou morrer de saudades!

— Promete que não vai me esquecer? – pediu.

Assenti, beijando sua bochecha rechonchuda.

— Eu prometo!

A voz nos altos falantes soou novamente e com o coração apertado o abracei com força.

Dando-lhe um último adeus, embarquei no avião.