Era para ser você escrita por Tamires Rodrigues


Capítulo 17
Segunda - feira dos infernos!


Notas iniciais do capítulo

TEM CAPÍTULO NOVO SIM! E SE RECLAMAR VAI TER DOIS ♥
Caramba, depois de um mês consegui finalmente acabar um capítulo, tô muito feliz.
Então gente vai rolar uma enquete sobre um novo personagem lá no grupo, se não é membro ainda corre lá: https://www.facebook.com/groups/162906040761365/?fref=ts ♥



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Deixando a xícara de café de lado, substitui meu pijama pela minha escolha de roupa. Arrumei o cabelo, passei um pouco de base, máscara e apliquei um tom de batom rosado nos lábios. Enchi a tigela de comida de Thor - que permanecia adormecido na cama tranquei tudo e saí. Salto, e escada infelizmente não combinam, murmurei a ninguém em especial descendo os últimos degraus da escada do meu prédio, mal as palavras brotaram para fora dos meus lábios e tropecei. Rolei os olhos. O dia mal tinha começado e meu desejo de voltar para cama aumentava. Como que para dar seu aval positivo na minha afirmação o universo fez com que meus olhos brilhassem assassinato sangrento no metrô. Tudo começou quando o homem sentado no assento ao meu lado olhou furtivamente para o meu decote e depois para minhas pernas. Meu sangue fluiu rápido e quente pelas minhas veias, mas de alguma forma segurei meu temperamento até que alguns esbarrões não acidentais depois isso começou a se tornar impossível. Cerrei os dentes. Minhas emoções trabalhando duramente para não explodirem, porém quando senti seus dedos apertando de leve meu quadril... Aquela sem dúvida alguma foi à gota d'água. Fiquei de pé tão rápido que minha bolsa antes no meu colo caiu no chão. Meu estômago embrulhou, e o gatilho "querendo matar" foi ativado. Encoste suas mãos nojentas em mim novamente - avisei erguendo meu dedo em riste. - E eu vou cortá-las fora do seu corpo com uma faca enferrujada. Seu rosto perdeu a cor enquanto a conversa baixa dos outros passageiros dentro vagão cessou por inteiro. Ignorei os olhares de reprovação e assustados e levantei minha bolsa do chão. Meu rosto estava quente e por dentro eu estava tremendo de raiva e nojo. Nojo do idiota mãos de polvo achar que podia tocar em mim sem minha permissão, raiva pelos olhares de reprovação, e principalmente raiva de mim por estar perigosamente perto de chorar. Quero dizer, os olhares assustados eu podia engolir, mas como alguém podia achar que eu não tinha o direito de ficar irritada e indignada com a situação?

 Engoli em seco.

No que pareceu um milênio mais tarde a velocidade do metro lentamente regrediu até que parou.  As portas se abriram. Novos passageiros entraram, enquanto outros saíram. Sem pensar duas vezes segui o fluxo das que saiam. Só depois de respirar fundo e de me acalmar é que percebi que tinha descido duas paradas antes da que normalmente desço. Apressei o passo e olhei para o relógio digital do meu celular.

Ótimo, eu iria chegar atrasada no trabalho.

***

A segunda – feira não estava sendo agradável para ninguém. Julyan estava gripada e com seu mau humor alcançando as alturas, Mabuchi estava resolvendo um problema no RH a pelo menos 3 horas e meia e eu estava soltando fogo pelas ventas a cada oportunidade.

Olhei sutilmente de um lado para o outro como se estivesse fazendo prestes a fazer algo altamente ilegal e peguei o café que tinha escondido dentro da gaveta. Tomei um gole do doce elixir e suspirei feliz.

Meu celular vibrou aos meus pés e amaldiçoando baixinho o deixei perto do teclado.

— Eu vou enlouquecer – Meredith grasnou me fazendo afastar o telefone do ouvido com um chiado assustado.

— O que aconteceu? – indaguei ficando ereta, meu semblante franzido de preocupação tornando a fazer uma breve varredura caso Mabuchi surgisse do nada.

— Você viu meu pendrive? Aquele que comprei na semana passada. Com formato de gatinho – acrescentou esperançosa.

Relaxei na minha cadeira.

— Sinto muito Mer, sequer lembro-me dele.

— Meu trabalho está nele – falou com um muxoxo. – Quase arranquei meus cabelos para termina-lo. – Tem certeza que não se lembra dele?

Pendrive com gatinho... Pendrive com formato de gatinho... pendrive com formato de gatinho.

— Talvez tenha deixado na minha casa! Forçando um pouco minha mente, acho que o vi ontem. Pode ser que tenha esquecido ele lá. Arrombe minha porta se for preciso.

Meredith riu. – Vou tentar não fazer muitos danos – brincou antes de desligar.

Assim espero.

Mal o telefone foi devolvido para dentro da minha dentro da minha bolsa, tocou novamente. Atendi sem olhar no identificador.

— Já o encontrou? Vê? Sem stress garota!

— O que era suposta para eu ter achado? – Susan perguntou.

Dei uma risadinha. – Susan! Desculpe achei que era Mer, ela está procurando... Deixa pra lá. - Acomodei o celular na curva entre meu pescoço e ombro e continuei minhas tarefas no computador. – Está se cuidando corretamente?

— Já tenho Collins no meu pescoço constantemente nem tente ir por esse caminho.

Rolei meus olhos. Por quê? Tudo que tenho feito é checa-la com algumas ligações. Quatro, ou sete, e quem sabe algumas visitas.

— Por ora.  Enquanto isso qual o motivo dessa ligação? Você nunca me liga no meu horário de trabalho.

— Estou entediada! – confessou. – Collins não me deixa fazer nada sozinha.

Dei de ombros sorrindo. – Ele quer estar por perto, sendo sincera eu até acho fofo da parte dele.

— Não é fofo – ela suspirou. - É frustrante.

— Tem razão. Collins é um monstro terrível e merece morrer devorado por víboras.

— Você é estranha.

— Obrigada – tomei um gole de café. – E a propósito é muito lisonjeador saber que só me ligou porque está entediada. Ajudou no meu ego. Sorte sua que amo você caso contrario te ameaçaria como fiz com o cretino do metrô.

— Oh se envolveu em uma briga? – quis saber entusiasmada e quase pude imaginá-la batendo palminhas. – Dê-me os detalhes sangrentos.

Suspirei sentindo o asco de mais cedo voltar.

Desisti de focar em coisas paralelas e desviei minha atenção unicamente para Susan e nossa conversa.

— Quando eu estava no metrô um cara passou a mão em mim.

— Porra. Você sabe quem ele é? Quer que eu diga para Collins dar um jeito nele.

— Obrigada, mas aposto que se ele me vir vai pensar duas vezes em chegar perto outra vez. Por um segundo lembrei da minha adolescência  e de que coisas assim aconteciam - comecei e para o meu terror a raiva que estava esperando sentir nunca venho, mas uma grande e estranha vontade de chorar a substituiu.  – Uma vez um aluno mais velho passou a mão em mim e quando fui reclamar para o diretor, ele insinuou que minha saia estava chamando atenção demais. A culpa era minha por ter sido apalpada? Meus pais me defenderam, mas o diretor sempre tinha uma desculpa para colocar a culpa em mim. Naquela época eu tinha meus pais para me defenderem, mas com Dylan mesmo fazendo isso sozinha fui demitida, e no metrô algumas pessoas me olharam como se eu não tivesse o direito de ficar indignada. Isso... Mexeu comigo de uma forma estranha, acho que queria meus pais por perto, porque embora eu saiba que estou certo seria bom ouvir isso deles. E dessa forma isso consequentemente me lembrou de Dylan, sabe?

Olhei para cima e levei um susto tão grande que gritei derrubando o celular.

— Preciso desligar – disse e assim o fiz.

Gregory Mabuchi sempre foi um mistério, mas a expressão irritada em seu rosto me fez desejar nunca ter querido desvenda-lo.

— Senhor eu...

— Meu escritório.  Agora - ordenou.

Quando acatei seu pedido, e levantei acabei esbarrando sem querer no café derrubando-o por cima de mim e no teclado.

— Droga.

— Depois – ele insistiu. – Quero falar com a senhorita.

— Senhor se é sobre eu estar usando o celular em horário de trabalho. Sinto muito – esfreguei a mancha de café na minha saia na esperança de não deixar a mancha tão visível, mas só espalhei mais o café.

— Sente-se – pediu. E porque sua voz estava tão suave e macia fiquei tão surpresa que sentei sem discutir. – Não lhe chamei para censura-la embora tenha certeza que falar no celular em horário de trabalho não é exatamente o exemplo de funcionária do mês.

Limpei a garganta franzindo a testa.

— Sobre o que deseja falar senhor?

O email. De certo ele quer falar do email que mandou ontem, melhor dizendo queria falar sobre a minha resposta.

— Não pude não ouvir sua conversa ao telefone – murmurou se levantando de sua cadeira para fitar a janela panorâmica de sua sala.

Coloquei um cacho atrás da orelha.

— Hum – falei sem saber aonde ele queria chegar.

Foi sua vez de limpar a garganta. – A senhorita... Está bem?

Precisei me certificar algumas vezes de que havia ouvido corretamente.

Esbugalhei meu olho esquerdo. – Estou – respondi e então para meu desespero lágrimas surgiram em meus olhos. - Eu só... – as palavras sumiram quando senti seus braços desajeitadamente ao meu redor em uma espécie estranha de abraço.

— Céus, certamente não sirvo para acalmar mulheres chorando  - disse e senti seu hálito em meu pescoço antes de se afastar.

— O-obrigada.

Ergui as sobrancelhas aceitando o lenço. Minhas bochechas estavam quentes e minha mente girava. Bastardo arrogante tinha sido... Gentil? A coisa toda estava demasiada estranha e incomum para nós dois.

Uma batida se passou e depois mais outra. Mabuchi voltou a olhar para a janela e aproveitei a deixa para me levantar e sair, porém quando abri a porta sua voz me alcançou.

— Por que gosta tanto de derrubar café, senhorita? – seu tom estava outra vez suave e se não fosse ele quem estivesse falando poderia achar que continha um pouco de diversão.

Dei de ombros. – Pelo menos o senhor não foi meu alvo dessa vez – foi o que falei antes de voltar para minha mesa.

Eu quero minha cama - repeti de novo e de novo enquanto tentava limpar todo o café das teclas do teclado. Na minha pressa para fazer isso nem percebi quais teclas estava apertando, mas quando a realidade me atingiu quis pular pela janela.

A agenda de Mabuchi que eu tinha rigorosamente organizado tinha sido apagada.

Esfreguei meu rosto com as mãos e abafei um grito.

Eu odiava as segundas-feiras.


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