Perigo Real e Imediato escrita por SWD


Capítulo 16
Capítulo 16: John




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John e Jason observavam Peter Ross sendo atendido no ambulatório do hospital local. Tinha sido atingido muitas vezes por objetos e até cacos de vidro que se projetavam em velocidade, e apresentava o corpo cheio de cortes e escoriações. Se deixava examinar pelo enfermeiro de plantão, mas tinha uma expressão aturdida e não respondia a nenhuma pergunta.

- É mesmo seu pai?

Ross fez que sim com a cabeça.

- Cara, você é maluco? Sabe o quanto se arriscou? Como soube que as manifestações eram causadas pelo seu falecido irmão?

- Não sabia. Senti uma angústia muito grande e a certeza de que tinha que vir. Quando estava chegando, vi os fenômenos. Foi uma surpresa também pra mim.

- Você mora com seu pai, convivia com Tristan?

- Estive aqui na cidade uma única vez, quando fiz 18 anos. Fingi que o carro estava com problemas e passei algumas horas observando os dois, aqui mesmo no posto. Eles não sabiam - e meu pai ainda não sabe - que existo. Fui criado pela minha avó materna, depois que minha mãe morreu de parto. Ela armou para que não soubessem que o bebê sobreviveu.

- Mas você sempre soube deles?

- Por muito tempo era um nome na certidão de nascimento. Vovó dizia que ele era um vagabundo imprestável. De tanto ela repetir, acreditei.

- Mas, e você? Você sabia. Veio preparado. O que tem neste cartucho que se apressou em recolher? Que pó branco é este?

- Sal. Sal comum. Uma linha feita de sal mantem fantasmas afastados. Um tiro de sal faz com que se desmaterializem.

- Para sempre?

- Não. Para se livrar definitivamente de um fantasma é preciso queimar os ossos e qualquer outro vestígio orgânico. Não acredito que isso os mate, afinal já morreram. Mas corta a ligação com esse mundo. Permite que sigam em frente. É o melhor para eles, acredite.

- Sabia que apareceria um fantasma aqui?

- Não. Vim atrás de respostas sobre os últimos dias do seu irmão. Sobre o homem com quem ele deixou a cidade. E você, o que sabe deste homem?

- Só sei o que saiu na internet e na imprensa. Gostaria muito de saber mais. Estava decidido a investigar por conta própria. E agora estou aqui, com um verdadeiro profissional, o Sr ..?

- John. John Winchester.

Não acredito, pensou Ross. O misterioso pai de Sam. Então a profissão que Sam sempre se enrola quando tem que explicar é de .. o quê? Caça-fantasmas?

As manifestações poltergeist não tinham ficado restritas ao posto de gasolina, tendo acontecido em escala menor em muitos outros pontos da cidade. Coincidentemente lugares freqüentados ou conhecidos por Tristan. Isso seria notado e seria objeto de minha especulação na cidade nos dias seguintes.

Um carro da polícia chegara ao posto de gasolina, antes mesmo de John e Jason terem acomodado o catatônico Peter no banco traseiro do carro alugado de Jason.

John tentou atribuir a destruição a um pequeno tornado que se formara repentinamente muito perto do posto. Que a eletricidade estática gerada pelo vento fora responsável pelas centelhas e pelas luzes piscantes.

Ross não o desmentiu. Mas pensou que John estaria bastante encrencado caso os policiais decidissem abrir o porta-malas de seu carro.

Ross deu um depoimento rápido. Estava passando, precisara parar para abastecer e buscara abrigo no posto quando os ventos e os fenômenos elétricos se tornaram mais fortes.

Estava muito escuro e a polícia não estava disposta a se aprofundar muito no caso, mas qualquer observação superficial apontaria que a destruição no interior da cabine do posto era muito maior que do lado de fora, onde praticamente não haviam sinais que pudessem ser atribuídos à passagem de um tornado.

A presença do fantasma modificou os planos de John. Decidiu prolongar a estadia por pelo menos mais um dia inteiro. Precisava de mais informações sobre Tristan.

No dia seguinte, o jornal noticiou que o corpo de Tristan seria entregue à família dentro de 2 dias para ser enterrado. Trazia uma retrospectiva do caso e fazia um perfil não muito favorável ao morto. Depoimentos que ressaltavam suas atitudes para chocar a ordeira comunidade local e lançavam suspeitas de uma vida paralela de encontros homossexuais com clientes do posto. Lembravam até da curta carreira de glórias do pai e da morte trágica da mãe.

O enterro teve uma ampla cobertura da imprensa nacional. Peter, aparentemente recuperado do trauma, e a mãe compareceram e acompanharam toda a cerimônia em silêncio.

Poucas pessoas consternadas em torno do túmulo. Muitas, trocando comentários pouco respeitosos, a uma distância confortável. Esse grupo fazia a alegria da imprensa.

Na saída do cemitério, Peter e a mãe viram-se cercados de repórteres, mas se recusaram a dar quaisquer declarações. Como era esperado, os repórteres não estavam dispostos a partir sem antes ouvir a reação da família às especulações mais maldosas. Bombardeavam impiedosamente a família com perguntas cruéis. Peter, aturdido com a agressividade das perguntas, ensaiou sua resposta-padrão e desferiu 2 ou 3 socos antes de ser contido. Foi, naturalmente, um prato cheio para a imprensa, e apareceria nas manchetes dos jornais da região no dia seguinte.

Ross precisou se conter para não intervir para proteger a família. Foi demovido por John que lembrou que só daria uma nova dimensão ao escândalo e traria os holofotes para a família Lang.

 

Algumas horas depois, Ross se despediria de John, deixando a cidade em seguida. John finge deixar a cidade e estaciona numa lanchonete de estrada, aguardando a noite. Era necessário impedir a volta do fantasma. Tristan merecia um pouco de paz.

Enquanto cavava o solo, John pensava no quanto Ross lhe lembrava Dean, embora sua personalidade tivesse um elemento de permanente contestação que lembrava Sammy.

John acreditava que fora isso que fizera que se abrisse mais que o habitual sobre seu trabalho. Tinha sido didático como faria com Dean. Mas acreditava que Ross seria sensato o suficiente para não sair divulgando por aí os detalhes do caso.

Enquanto observa o pouco que estava no caixão queimar, John faz uma pequena prece. Depois, gastou bem mais tempo que o normal para não deixar sinais de sua atividade noturna. Não queria a imprensa de volta. E só então partiu. Desta vez, definitivamente.

 

A uma distância segura, Ross observa John partir.

- Sinto muito, John. Não podia deixar que matasse de novo meu irmão.


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