Um mês de desespero escrita por Leon Yorunaki


Capítulo 20
XIX: Astonish


Notas iniciais do capítulo

Primeiro de tudo, volto a pedir desculpas antecipadamente. Sempre posto um capítulo tendo o próximo já terminado, no caso hoje (como estou postando o capítulo 19), deveria ter terminado de escrever o capítulo 20. Mas não o fiz até o momento.
Isso significa que há a possibilidade de o capítulo atrasar.

Claro que eu poderia não dizer nada disso, como também poderia atrasar o capítulo de hoje por conta dessa situação, mas não o faço. Respeito muito os meus poucos leitores, por mais que eu tenha uma única pessoa me dando um feedback. (Sério, essa fanfic não merece nem um "gostei, continua"?)

Como eu falei, é provável que eu não consiga cumprir o prazo que combinei com vocês. Mas isso não significa que eu não vá tentar.

No mais, uma boa leitura.



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O sol nasceu antes que Himiko pudesse relaxar; a luz parecia encontrar uma brecha por entre as copas, acertando seu rosto na direção dos olhos como se sua única intenção fosse incomodar a garota.

Será que é pedir demais?

Sem conseguir ao menos descansar, no que parecera ser um breve cochilo, ela se perguntava a respeito de sua falta de sorte.

Sentiu imediatamente o preço que pagava por ela. As olheiras lhe pesavam sob os olhos; não só elas, como o resto da cabeça. O corpo, dolorido pela péssima posição que escolhera para dormir, reclamava desde os primeiros movimentos, evidenciando também o descanso que ela não tivera. O estômago também se contorcia, revelando que não havia se alimentado recentemente. Com a noção de tempo destruída pelos acontecimentos recentes, não sabia dizer quanto tempo se passara presa na armadilha mental. Também era impossível precisar o quanto havia decorrido depois de se libertar. Seria sensato dizer que dormira por duas horas? Talvez três?

Himiko desistiu de tentar chegar a alguma conclusão. Sabia que deveria seguir viagem, apesar de desconhecer o local aonde se encontrava. As árvores de copas densas não combinavam com o ecossistema que ela se lembrava de ter encontrado desde que partira de Slateport, apesar de se assemelhar vagamente ao percurso que ela traçara até o esconderijo Pokémon aonde Nagrev fora capturado. Seria insensato tentar progredir sem saber aonde estava ou qual direção deveria tomar.

Seu raciocínio, lento devido às condições adversas, logo voltou a funcionar como deveria.

O PokéNav!

O aparelho que Himiko utilizava até então como comunicador portátil tinha como função principal a geolocalização. O serviço utilizava um grupo de satélites lançados ao espaço para informar ao usuário sua localização atual em um mapa, com uma margem de erro bastante reduzida. Supostamente, o PokéNav deveria localizar também as espécies de Pokémon que poderiam ser encontradas em determinado local; aparentemente tal função estava desativada, pois ele não localizava nenhuma espécie em um raio de dois quilômetros, informação pouco verossímil ao se considerar o quanto a treinadora havia caminhado desde que encontrou aquela aldeia Pokémon.

Da mesma forma, considerou que poderia ser uma falha do sistema enquanto afastava o mapa, tentando encontrar algum ponto de referência para seguir viagem.

A cidade mais próxima dela naquele momento era, como já imaginava, Mauville. Segundo o mapa, porém, ela deveria percorrer cerca de três mil e quinhentos metros na direção noroeste.

De algum modo, Himiko havia desviado mais de cinco quilômetros da rota que havia planejado.

O fato não a preocupou, as coisas já estavam confusas demais sem que ela tentasse entender. Decidiu por ignorar como havia realizado tal proeza, enquanto traçava uma rota rápida até a cidade, considerando-se segura. Caso o PokéNav estivesse correto, havia uma trilha aberta a oeste, pela qual ela poderia seguir com certa facilidade.

Antes de seguir, porém, sabia que devia se alimentar. Não comeu muito, nada além de uma barra de cereal. Tinha esperança de achar frutas comestíveis  no caminho; se, e somente se, não encontrasse nada até atingir a trilha, pensaria na possibilidade em esvaziar sua parca reserva. Apenas por segurança.

Himiko calculou que levaria algo em torno de quarenta minutos para cumprir aquela etapa da viagem caso não houvesse algum imprevisto. Não era um percurso tão complicado, as árvores estavam mais espaçadas a medida que ela caminhava, talvez um sinal de que o mapa estava correto. Mesmo assim, a treinadora acabou por ter de parar antes de cobrir metade da distância, ainda duvidando de sua sorte.

Ela havia acabado de encontrar um pequeno grupo de árvores carregadas de frutos adocicados. As suculentas Pecha Berries destacavam-se com sua cor róseo-amarelada em meio à verde folhagem que lhe acompanhara pelos tantos minutos de caminhada. Mais do que isso, aparentavam ser bastante apetitosas, um oásis em meio a tantas plantas sem frutos.

Ver aquelas árvores carregadas oferecendo alimento o bastante para ela e todo o seu time lhe encheu de determinação.

Era exatamente o que ela precisava. Determinação para lutar contra seus medos.

E como toda batalha, seria talvez mais fácil se ela tivesse ajuda.

Himiko liberou seus cinco Pokémon. Futa foi o primeiro a olhar para ela, sentindo a tensão do momento; logo percebeu que algo grande estava por vir. Monk e Nuri se aproximaram em seguida; sentiam falta do contato com a treinadora. O primeiro fazia uma careta em antecipação, reclamando em voz alta.

— Eu ainda acreditei em você… mas já vi que você tem problemas de novo…

Ela, porém, não teve tempo de responder ao questionamento. Os outros dois membros da equipe pouco se importavam com a situação; aproveitavam o momento para resolver seus problemas pessoais.

Em outras palavras: Ikazuchi e Nagrev estavam discutindo, como sempre.

— Já estou de saco cheio dessas gracinhas, não me faça te queimar!

— Só assim pra apagar esse fogo do teu rabo mesmo…

Himiko bufou. Antes de ela tomar alguma atitude, Monk se colocou entre os dois, usando suas vinhas para tentar afastar os brigões.

— Será que vou ter que dar um pouco de chá de cale-a-boca pra vocês se comportarem?

— Foi ele quem começou… — Nagrev tentou argumentar, antes de ser interrompido.

— Não quero saber quem começou! — Himiko tentava não se estressar logo cedo, sem muito sucesso. — Eu estava tentando apresentar vocês ao resto do time, mas parece que essa birra infantil de vocês me poupou o trabalho…

— Você não manda em mim! — berrou Nagrev, balançando a cauda na direção da treinadora; ela teve de se afastar para não ser atingida pelas chamas.

— Uh-oh… — a jovem percebeu que a situação saíra de seu controle. Monk chegou a tomar a iniciativa de prender os dois Pokémon com suas vinhas; apesar da dificuldade, parecia capaz de controlar a situação até que Himiko pudesse chamá-los de volta para suas pokébolas.

O Bellsprout se mostrava incapaz de conter os Pokémon, contudo.

— Futa, dá uma ajuda aqui! — Himiko pediu.

— Deixe eles. — o Pokémon psíquico respondeu. — Essa briga não é da nossa conta.

Antes que pudesse retrucar, a treinadora se surpreendeu com o que estava prestes a ocorrer.

Um brilho amarelado começou a rodear não apenas o Bellsprout, mas também os dois outros Pokémon que se encaravam.

— Mas o quê?

— Evolução. — respondeu Nuri, sucintamente.

— Nunca imaginei que fosse assim… — continuou ela. — Quer dizer, vocês dois…

— Não sei se é o melhor momento…

A energia que cercava os Pokémon tornou-se opaca, tirando deles a visão do que ocorria com o trio.

— O que quer dizer com isso?

— Eu explico. — adiantou-se Futa. — Quando um Pokémon evolui, ele libera uma aura de energia, normalmente os humanos não conseguem vê-la. Mas essa energia acaba…

A explicação foi subitamente interrompida por uma pequena explosão de luz, partindo do centro da agora opaca esfera em direção à treinadora; ela sequer teve tempo de desviar, sendo atingida e levada ao chão com o impacto.

Quando se deu conta, Himiko viu em seu colo apenas a cabeça de Monk. Ela tremia, temendo o que via, duvidando da imagem que se construiu diante de seus olhos.

Futa, porém, logo esclareceu a situação, para o alívio da jovem.

— Um Weepinbell. Ele evoluiu!

De fato, a um olhar mais atento, era possível notar as sutis diferenças da nova forma que Monk havia adquirido. O Pokémon nepente possuía pouco mais de cinquenta centímetros, metade do que seria esperado para um Weepinbell, sendo este o principal motivo para a confusão que se deu. Os olhos e boca de Monk mostravam-se mais desenvolvidos, em contraste ao caule, que se reduzia a um pequeno broto que partia da região traseira de sua cabeça.

— Ele gastou muita energia com a evolução. — Futa completou, respondendo a dúvida de Himiko antes que ela pudesse indagar a respeito. — Deve levar um dia ou dois até que ele termine de se desenvolver.

Mas se o Monk evoluiu… O que está acontecendo?

A energia que se formou em torno dos Pokémon não se dissipou com a evolução do Bellsprout para Weepinbell.

A treinadora, confusa, não sabia exatamente o que pensar. Mas a julgar pela expressão de Futa e Nuri, a situação era preocupante.

Alguns segundos se passaram e, tão subitamente quanto começou, a luminescência desapareceu revelando o que ocorrera com Nagrev e Ikazuchi, os quais se encontravam irreconhecíveis; o último em particular. Sua pelagem mudara de cor parcialmente, formando um degradê que partia do verde habitual para um azul acinzentado. As patas dianteiras do Pokémon haviam crescido descoordenadamente, ao ponto que ele mal conseguia manter-se em pé. O Charmander estava em situação semelhante, ainda que de forma atenuada; seu rosto se desenvolvera, como era de se esperar em uma evolução. Mas se por um lado sua mandíbula era digna de um Charmeleon, o resto do corpo discordava, mantendo-se do mesmo tamanho que antes da evolução, de modo que Nagrev estava totalmente desproporcional.

Era como se eles tivessem parado de evoluir no meio do caminho.

Ou talvez não fosse como, mas sim literalmente, a julgar pelo choque dos outros dois membros da equipe de Himiko.

— Chame-os de volta, rápido! — Futa ordenou, seu tom firme fez com que a treinadora tomasse um susto.

— Hã, o quê?

— Acorda, Himiko! Eles estão em perigo, precisam de um centro Pokémon.

Foi o suficiente para que ela saísse de seu transe e tomasse consciência da real situação a sua volta. Algo havia dado errado na evolução de seus Pokémon e, a julgar pela preocupação de Futa, poderia ser perigoso para eles, logo recolhidos as suas pokébolas.

Pois a prioridade agora era chegar a Mauville o mais cedo possível.

Com uma Pecha Berry na mão esquerda e o PokéNav na direita, Himiko retomou o caminho por entre as árvores, tentando alcançar a trilha pra Mauville o quanto antes. Preocupada com a possibilidade de alguma outra interrupção no trajeto, ela tornava a consultar as espécies de Pokémon selvagens próximas a cada minuto, desejando que a ausência deles mostrada na tela estivesse correta.

Himiko tropeçou mais de uma vez em galhos secos e raízes de árvores devido à pressa; sua preocupação em chegar logo era maior que o cuidado que tomava no percurso.

E, quando finalmente alcançou a trilha, seu corpo começou a cobrar o preço na forma de fadiga. As pernas, já doloridas, recusavam-se a responder com a mesma velocidade; o ar teimava em lhe faltar aos pulmões. A determinação em seguir em frente, contudo, persistia. Não falharia agora, não quando menos de meia hora de caminhada a separava da cidade de Mauville.

Sua vontade era de desatar a correr, agora que o caminho se encontrava livre. Só o que poderia lhe atrapalhar agora, a medida que se distanciava da floresta, era algum Pokémon selvagem que surgisse do chão ou algum treinador mal-intencionado. E nenhuma das duas situações era provável naquele momento; a manhã sequer terminara de se revelar.

Ainda assim, Himiko preocupou-se; estando tão próxima de uma cidade grande como Mauville, era de se esperar que houvesse alguma movimentação por aquela trilha, por menor que ela fosse.

Os minutos se passavam, mas a treinadora não encontrou nenhum sinal de vida. Alguma coisa lhe dava a impressão de que ela estava sozinha no mundo.

A impressão passou quando ela, afinal, chegou a Mauville, já completamente esgotada. Algumas poucas pessoas andavam pelas ruas, um ou outro Pokémon as acompanhando; a cidade parecia devagar, mas estava viva.

A mesma certeza não poderia ser dita dos Pokémon que ela carregava consigo. Duas de suas pokébolas piscavam sua luz de alerta desde quando ela os chamara de volta, ainda na floresta; Himiko não conseguia pensar em outra coisa antes de ter certeza de que eles estariam em segurança.

E isso incluía chegar ao centro Pokémon o quanto antes.

Levou talvez uns dez minutos até que ela enfim encontrasse a construção de teto avermelhado. Olhando mais uma vez para as pokébolas, confirmando que o pior não ocorrera, ela correu para dentro já com sua licença de treinadora em mãos, mal conseguindo respirar, para a surpresa da atendente que a viu.

— Um treinador tão cedo… O que houve?

— Meus Pokémon… estavam evoluindo… deu errado…

— Calma, menina, respire. Me conte com calma.

— Eles evoluíram pela metade… estão estranhos…

Talvez fosse a expressão da treinadora, talvez ela apenas tivesse notado a pokébola emitindo o brilho avermelhado, porém a enfermeira logo reagiu ao que via.

— Uh-oh, isso é grave. Temos que levar eles pra tratamento imediato.

A enfermeira logo se levantou; Himiko, porém, não percebeu a tensão na mesma velocidade; cansada e fraquejando de sono, ela só reagiu quando teve a pokébola que levava na mão tomada.

— Rápido!

Sem pensar muito, Himiko entregou as outras pokébolas para a enfermeira, que imediatamente correu para uma das salas do centro, de modo que a jovem logo procurou algum lugar para se sentar, ignorando as duas outras pessoas que estavam no saguão.

Vai dar tudo certo, Himiko. Calma! Ela repetia isso como um mantra; cansada demais para se preocupar, porém ansiosa demais para relaxar.

No fim das contas, a garota acabou não fazendo nem uma coisa nem outra; desconfortável na cadeira, acabou atingindo um estado de semiconsciência. Não chegou a dormir como seu corpo tanto desejava, também não conseguiu se manter desperta como sua mente exigia. Passou alguns minutos assim até que a enfermeira retornasse.

— Com licença…

— Hã… — Himiko despertou-se imediatamente ao sentir a mão tocando seu ombro.

— Vim lhe avisar que seus Pokémon estão bem e não correm nenhum risco. Vai levar algumas horas até que eles se recuperem totalmente.

Um sorriso se fez no rosto da treinadora, ainda que com certa dificuldade.

— Tome isso. — a enfermeira continuou, entregando a Himiko uma chave. — Você precisa de descanso tanto quanto seus Pokémon; o quarto fica no outro corredor, terceira porta à esquerda.

— Ooooobrigada. — Himiko não conseguiu segurar um bocejo, levantando-se e indo em direção ao quarto.

E quando abriu a porta, encontrando dois beliches, sua única dúvida era em qual das camas iria desmaiar.

 

— — —

 

Ainda era dia quando Himiko tornou a abrir os olhos, finalmente em um estado aceitável. Seu corpo ainda doía um pouco em consequência dos acontecimentos dos dias anteriores, mas no geral a garota se encontrava muito mais apresentável; mesmo que em câmera lenta devido ao sono acumulado.

De qualquer modo, sabendo que iria ficar por ali por pelo menos mais aquela noite, decidiu por separar algumas coisas na mochila. Havia roupas a serem lavadas, despesas a serem pagas; Himiko teria coisas o suficiente para fazer antes que a noite chegasse. Mas, enquanto separava as roupas sujas que levaria para lavar, notou o que fizera de errado.

Em uma atitude talvez desnecessária da parte dela, Himiko correu até a recepção do centro, em uma tentativa de entrar em contato com a enfermeira antes que fosse tarde demais; o que obviamente seria, considerando as várias horas de sono da treinadora. Somente quando foi conferir suas coisas que ela se deu conta de que entregara seis Pokémon para serem tratados, sendo que somente capturara cinco deles.

O que significava que a tal pokébola que aparecera sem origem na mochila de Himiko também estava sob os cuidados do Centro Pokémon. E ela não sabia dizer se isso era uma coisa boa, afinal.

A enfermeira acabou por encontrar Himiko, e não o contrário, para a angústia desta.

— Eu estava justamente lhe procurando… por favor, me acompanhe.

A garota apenas engoliu em seco. Fodeu.

As duas adentraram uma pequena sala; esta lembrava mais um consultório médico para humanos; uma mesa se encontrava no meio do cômodo; Himiko foi convidada a sentar, já sabendo aonde aquilo iria parar.

— Bem… disse a enfermeira. — Preciso conversar com você sobre seus Pokémon…

Milhões de pensamentos se antecipavam na mente da treinadora, um mais trágico que o outro.

— Três de seus Pokémon já estão totalmente recuperados; percebo que você cuida muito bem deles. — A enfermeira continuou; o elogio não foi o bastante para acalmar a jovem. — Mas os outros vão precisar de um pouco mais de cuidado.

— O que houve, afinal? — Himiko não se conteve.

— Suponho que seja um caso de evolução colateral. Imagino que seu Weepinbell foi o primeiro a evoluir, estou enganada?

— Não, tudo ocorreu hoje de manhã.

— Isso explica, então. Quando um Pokémon evolui, ele acaba emitindo uma grande quantidade de energia, é ela quem proporciona todas as mudanças pela qual ele passa. Mas se algum outro Pokémon estiver por perto e tentar absorver essa energia, ele acaba evoluindo junto na maioria das vezes.

— Mas então…

— Calma, já vou chegar lá. Eu só posso fazer suposições, mas imagino que como dois de seus Pokémon absorveram a energia do Weepinbell, aconteceu esse processo incompleto que você viu; nenhum deles conseguiu evoluir como deveria.

— Então quer dizer que…

— Tenha calma.

Era uma tarefa difícil, claro. Principalmente porque Himiko estava igualmente preocupada com um outro Pokémon, o qual não havia sido citado na conversa. Ainda.

— Bem, Charmeleon e Manectric vão ter que ficar mais um dia ou dois internados, eles estão recebendo tratamento à base de Somatotropina combinada para estimular o processo evolutivo… é uma droga muito forte para ser administrada sem cuidado, pode até mesmo matar em uma dosagem muito forte; como estamos aplicando doses bem reduzidas, deve levar algum tempo até que evoluam por completo.

— Entendo…

— Mas não foi por causa deles que eu lhe chamei aqui.

Pronto. Lá vem a bomba.

— Na verdade, o problema maior está com o Weepinbell. Tecnicamente ele já evoluiu por completo, mas como a energia dele foi absorvida pelos outros Pokémon, ele não se desenvolveu como deveria.

— Isso quer dizer que…

— O Weepinbell não tem condições de participar de batalhas, não no estado em que ele se encontra.

Himiko não sabia o que pensar. A insegurança e a ansiedade se transformavam rapidamente em raiva. Não da enfermeira, que fazia o trabalho dela, mas sim de Kazu e Nagrev; tudo aquilo só estava acontecendo porque os dois começaram a brigar logo quando se viram, como sempre.

Aqueles dois… Desse jeito vou acabar querendo matar eles…

Ela, contudo, logo voltou a concentrar suas atenções em Monk; sentir mais ou menos raiva naquele momento não faria a menor diferença.

— E você não pode fazer nada a respeito? — perguntou a garota.

— Bem… O tratamento com Somatotropina não funciona em casos assim… quer dizer, é teoricamente possível, mas o risco seria muito grande de ele morrer no processo. Mas no caso dele em particular, há uma outra esperança.

A treinadora apenas respirou fundo, olhando nos olhos da outra.

— Weepinbell é um de poucos Pokémon que reagem ao efeito de pedras evolutivas. Podemos tentar usar uma nele e forçar uma nova evolução, acredito que com isso ele possa se desenvolver como deveria.

— Isso não é arriscado?

— É uma situação inusitada, não posso afirmar nada com cem por cento de certeza, mas não há nada que indique perigo. Há a pequena possibilidade de que não seja o suficiente para restaurá-lo a condições saudáveis, mas é a melhor opção que temos.

— Entendo…

— No entanto, temos duas situações a tratar quanto a isso. A primeira delas é que as pedras evolutivas não fazem parte do tratamento; você tem que conseguir uma por conta própria. Posso no máximo lhe indicar aonde comprar.

— Eu já imaginava isso.

— A outra coisa é que você vai precisar assinar um termo de consentimento, pois é um procedimento irreversível. Tanto você quanto seu Pokémon tem que estar conscientes disso.

A treinadora estava mais séria que de costume. Sem saber o que fazer em uma situação como aquela, ficou encarando a enfermeira por longos segundos, até que ela fizesse menção de se levantar.

— Eu teria que decidir isso junto com ele… Quando eu posso vê-lo?

— Amanhã pela manhã ele deve estar em condições melhores, se tudo continuar correndo bem.

— Eu entendo… Não quero tomar uma decisão precipitada, sabe…

Mais uns instantes de silêncio, no qual a enfermeira se direcionava para a porta, sinalizando para que Himiko a seguisse, sem rumo.

O que eu faço?

Ela não havia dado três passos quando foi interrompida novamente, pela mesma enfermeira, que retirava um envelope colorido do bolso do jaleco.

— Ah, esqueci de uma coisa. Isso estava com um de seus Pokémon, imagino que seja seu, não?

Himiko encarou o envelope, surpresa. Teria certeza de que a enfermeira se enganara, estava prestes a devolver quando localizou seu nome escrito em uma caligrafia simples ao canto direito do papel. Estava claro para ela o que aquela carta significava.

 


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Notas finais do capítulo

Simplesmente não sei o que dizer. Quando ela resolve tomar coragem pra conversar, querendo falar um pouco sobre si... seus pokémon não deixam. Paciência, ela vai ter que esperar um pouco mais.

Notas do in-game:
Hora do grind. Evoluções e níveis novos. A propósito, achei que o Futa conseguiria evoluir para sua forma final, mas o jogo não deixou. Será um sinal?

Status do time:
Pokémon: 5
Futa (Kirlia) Lv. 31; Bold, Synchronize.
Monk (Weepinbell) Lv. 30; Bold, Chlorophyll
Nuri (Swellow), Lv.31; Mild, Guts
Ikazuchi (Manectric), Lv.28, Serious, Lightning Rod
Nagrev (Charmeleon), Lv.27, Naive, Blaze

Mortes: 4 +0 = 4