Ficamos conversando o intervalo inteiro e no resto das aulas também. Quando eu já estava me preparando para ir para casa senti alguém tocar meu ombro, me virei e dei de cara com Nathaniel.

–Ah, oi. – sorri.

–Oi. Então, vai me entregar a folha que consta a assinatura de seus pais? – perguntou. Eu já tinha esquecido disso.

–Sim... mas, você pode esperar meus pais comigo? Tenho que pedir para eles. – disse enquanto pegava minha mochila.

–Acho que sim... eles vão demorar?

–Não.

Ele sorriu e nós fomos para o pátio, ficamos conversando sobre algumas coisas. Nathaniel gosta muito de ler por isso seu lugar favorito na escola, além do grêmio, é a biblioteca.

O carro da minha mãe parou e ela acenou para mim.

–Só um segundo. – murmurei e fui até a janela do carro – Mãe, você tem aquela tal folha com sua assinatura?

–Sim, desculpa querida. Esqueci de colocar na sua mochila. – ela vasculhou a bolsa e então me entregou a folha.

–Valeu. – disse e corri até Nath – Aqui.

–Obrigado. Até mais. – ele sorriu e estendeu a mão, apertei e sorri de volta.

Entrei no carro e minha mãe olhou para mim de um jeito estranho.

–O que foi? Tem alguma coisa na minha cara? – perguntei e comecei a passar a mão pelo meu rosto, ela riu.

–Não. Você e aquele garoto, gostou dele? – sorriu e levantou as sobrancelhas.

–Quem? Nathaniel? Eu nem conheço ele direito mãe! Eu só estou aqui faz um dia, não vou dar em cima de um garoto qualquer apesar de ele ser bonito! – disse e cruzei os braços.

Ela balançou a cabeça e voltamos para o apartamento em silêncio.

Fiquei observando a rua e vi aquele garoto de cabelos brancos, acho que é Lysandre, sentado num banco ao lado do garoto de cabelos vermelhos que me encarou estranhamente mais cedo.

Minha mãe parou no sinal e eu os observei. O de cabelos brancos tinha um visual no estilo vitoriano e seus olhos... não conseguia ver eles, mas lembrava vagamente de serem de cores diferentes. O outro tinha cabelos vermelhos, como já havia percebido, e uma blusa da Winged Skull, sempre com uma expressão séria.

O carro voltou a andar e eu parei de encara-los, sorte minha a janela estar fechada. Assim que chegamos em casa, eu entrei no meu quarto e joguei a bolsa na cama.

–Você vai ter que arrumar as coisas da mala sozinha, eu e seu pai temos que resolver umas coisas deste apartamento, só iremos chegar às sete da noite. E eu quero ver você estudando! – ela apertou os olhos e fechou a porta do quarto.

Peguei as malas e joguei todas as roupas dentro das gavetas. Peguei meu celular e fui para a sacada, me sentei e coloquei uma música para tocar no volume máximo. Comecei a ver as pessoas ali, algumas crianças brincando de pega-pega, adultos conversando, alguns garotos estúpidos fumando num canto. Os encarei, aquele garoto de cabelos vermelhos estava lá também. Revirei os olhos e depois comecei a mexer no celular novamente.

Achei uma das minhas músicas preferidas e coloquei para tocar. Fechei os olhos e comecei a cantar baixinho.

(https://www.youtube.com/watch?v=8sUe9smkWGk)

“I'm not snow white but I'm lost inside this forest

I'm not red riding hood but I think the wolves have

got me

Don't want your stilettos and I'm not Cinderella

I don't need a knight, so baby take off all your armor

You be the beast and I'll be the beauty, beauty

Who needs true love as long as you love me truly

I want it all but I want you more

Will you wake me up boy if I bite your poison apple

I don't believe in fairy tales

I don't believe in fairy tales

I don't believe in fairy tales

But I believe in you and me

Take me to wonderland

Take me to, take me to, take me to wonderland

When I lay my head down to go to sleep at night

My dreams consist of things that'll make you wanna

hide

Don't let me in your tower, show me your magic powers

I'm not afraid to face a little bit of danger, danger

I want the love, the money, and the perfect ending

You want the same as i, i, so stop pretending

I wanna show you how-a, good we could be together

I wanna love you through the night and be your sweet disaster

I don't believe in fairy tales

I don't believe in fairy tales

I don't believe in fairy tales

But I believe in you and me

Take me to wonderland

Take me to, take me to, take me to wonderland”

Abri os olhos e sorri, era bom poder cantar sozinha às vezes. Olhei para baixo e percebi algumas pessoas me encarando, acho que tinha cantado mais alto do que queria. Encolhi os ombros e entrei no apartamento.

Guardei meu celular e peguei meu caderno, tinha anotado algumas coisas da aula de química e comecei a revisa-las. Eu sempre cantarolava sem perceber enquanto estudava, mas era bom.

Olhei para o relógio na minha parede, eram seis e meia. Me assustei por ter passado tanto tempo ali e fui para o banheiro. Fiz minhas higienes e coloquei uma blusa longa e cinza velha que eu tinha (ela batia nos meus joelhos), amarrei meu cabelo em um coque bagunçado e fui para a cozinha. Peguei uma tigela e comecei a colocar doces de diferentes tipos no mesmo pote. Fui para a sala e peguei um dos meus livros favoritos, Jogos Vorazes, e comecei a reler.

Após alguns minutos ouvi um barulho vindo do meu quarto, coloquei as coisas devagar em cima da mesa e peguei o taco de baseball do meu pai que estava encostado na parede.

Abri a porta devagar e vi uma figura sentada na janela do meu quarto.

–Mas que diabos você está fazendo aqui?! – gritei.

–Eu escutei você cantar, achei interessante. – sorriu.

–Saia daqui! – me aproximei e bati com o taco de baseball em seu braço – Você não pode invadir a casa das pessoas assim! Eu nem te conheço!

–Calma aê princesa da Inglaterra. - ele saiu e eu ouvi sua gargalhada de longe.

Fechei a janela com força e pulei na cama. Nunca mais canto quando tiver alguém por perto, pode atrair todo tipo de maluco nessa cidade!