Por Trás da Seriedade escrita por Lilly Belmount


Capítulo 18
Capítulo 17




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Havia algumas semanas que os rapazes estavam longe de casa. Brenda estava mais severa com sua filha. Não que ela ainda tivesse descoberto a gravidez. Nem podia. Apenas ficava insistindo para que Cindy se esforçasse cada vez mais nos seus estudos. Cindy seguiu o conselho de Roberta e do Jared em não abortar a criança, pelo menos não por enquanto. Pouco importava o que estava fazendo nas horas vagas. Os enjoos eram mais frequentes e deixava George preocupado, sem contar a vontade de dormir que crescia. Sempre diziam que era devido as várias horas de estudo.

A última semana do mês estava sendo bem comentada no colégio, pois Roberta ia dar uma festa com a permissão dos pais.

A hora do jantar era uma hora sagrada para Brenda, pois adorava ter a família reunida à mesa. Cindy não sentia fome, pelo menos não naquela hora. Seues horários de alimentação haviam mudado desde a última consulta que realizara com a nutricionista.

— Querida, vem jantar!

— Não estou com fome.

— Tudo bem... mas depois não venha pedir para que seu pai prepar algo pra você comer, como se fosse a Princesa Diana.

— Não vou sentir fome mais tarde. — Berrava Cindy da sala.

— Acho bom... porque não somos restaurante vinte e quatro horas para ficar atendento aos seus pedidos.

Cindy não gostava de ouvir sua mãe reclamando. Parecia que tudo estava errado na sua vida. Agradecia pelo fato de Roberta decidir dar um festa em sua casa, assim conseguiria manter sua mente bem tranquila. Foi para o quarto se preparar para a grande noite ao lado de sua amiga.

Momentos depois Cindy já havia ido para a festa na casa da Roberta. A casa se encontrava mais cheia do que ela esperava, mas pouco importava. Iria se divertir enquanto podia. Roberta sempre a orientava a ficar em lugares abertos assim seria mais fácil de evitar qualquer enjoo.

Havia mais de semanas que Cindy não via ou falava com Jared devido aos seus shows. Mas ela também não ficava apenas em casa, Roberta sempre a acompanhava, senão Cindy ficaria em casa se entupindo de porcarias que fazem mal para a saúde e para o corpo. A saudade era grande e forte e em momentos que ela estava sozinha, ficava por horas olhando uma foto dele no celular ou ouvindo suas músicas.

A festa estava bombando e de longe Roberta prestava atenção na cara de frustração de sua amiga. Era para ela estar se divertindo e não com uma cara tão sofrida.

— Amore! — Chamou Roberta.

— O que foi? — Perguntou ela de relance.

— Você ainda pergunta? Cindy! Se anima, ok? Isso aqui é uma festa.

— Eu sei, Rô.

— Então... Vamos lá pra cozinha preciso falar com você.

As duas seguiram para a cozinha. O coração de Cindy disparava toda vez que Roberta desejava falar em particular com ela, era uma reação tão diferente. Não havia sido desse jeito em alguns anos atrás.

— Por que você está com essa cara? — Perguntou Roberta cruzando os braços — Não era pra você estar assim.

— Nada Roberta, só estou cansada.

— Sei... cansada ou com saudades do seu "amor"?

— Um pouco de cada coisa. Principalmente porque a minha mãe não tem me dado descanso algum. Insiste para que eu fique estudando todos os dias e esquece que sou humana.

— Entendo que a sua mãe pirou de vez, mas aproveita um pouco a festa, deixe alguns dos seus problemas de lado e afinal semana que vem ele está de volta. Todinho pra você!

— O seu também.

— É. — Roberta sorriu amarelo.

Roberta serviu algo para Cindy beber. O celular de tocava insistemente, pois ela não iria atender, mas depois de reconhecer o número mudou de ideia.

— Amor! Vou atender e já volto!

Cindy assentiu. Roberta foi para o quarto, onde teria um pouco mais de privacidade e onde não haveria tanto barulho. Aquela ligação mudaria vidas.

— Fala Jared!

— Como estão as coisas por ai?

— Como sempre, agitadas, malucas. O que é que manda?

— A Cindy está com você?

— Sim.Por que?

— Porque falta menos de meia hora para que eu chegue no bairro e queria fazer uma surpresa pra ela, sem que você avise.

— Ui! Vai pegá-la de surpresa. — Brincou Roberta.

— Essa é a ideia. Quando eu chegar na minha casa eu te mando uma mensagem dizendo pra você pedir pra ela ir pra casa, ok?

— Sem problemas. Vou desligar e descer pra que ela não desconfie de nada.

— Ok. Bye.

E desligaram os telefones. Roberta imediatamente desceu com um mega sorriso, que não dava pra disfarçar. Cindy encarou a amiga sem saber o que dizer. Andava de um lado para o outro tentando achar um meio de bolar um plano sem que Cindy desconfiasse de nada. O motivo dos sorrisos de Cindy logo estaria bem perto.

— O que foi? — Perguntou Roberta surpresa.

— É que eu nunca vi ninguém receber uma ligação e ficar tão feliz igual você. Deveria ser alguém muito importante.

— Diríamos que é uma pessoa que transforma vidas.

— Nossa! — Disse Cindy em admiração — Agora começou a filosofar.

— Uma hora você irá entender.

— Espero, vindo de você, tudo parece um enigma.

Cindy andou pela casa e começou a conversar com umas garotas que ela conhecia. Ela interagia mais com os convidados, assim Roberta conseguia pensar em algo. Roberta não conseguia conter a ansiedade, olhava para o celular de minutos em minutos. Estava se tornando um tanto que irritante aquela cena. Cindy foi até a amiga para se despedir, estava sentindo-se cansada,ainda mais agora que a barriga estava crescendo, mas ainda era imperceptível mesmo usando roupas mais largas. Uma hora não iria dar para esconder.

— Amor eu vou pra casa!

— Espera um pouco, por favor!

— Estou cansada.

Roberta sentiu seu celular vibrar e sabia que era o sinal que Jared iria mandar, fazer cena poderia ser uma boa maneira de deixar Cindy maluca.

— Só mais um pouco.

Cindy virou os olhos, desaprovando a idéia de sua amiga.

— Realmente estou muito cansada!

— Tudo bem! — Concordou Roberta — Pode ir pra casa, descansa e amanhã nos vemos...

Cindy despediu-se da amiga e foi para casa. Ia para casa a pé, o que por sinal era bom, precisava de exercícios. No caminho pensava nas coisas que poderia comprar para o bebê, planejar tudo. Só que ainda se preocupava com o fato de dar a noticia para seus pais. Teria de prepará-los antes de tudo. Se preocupava principalmente pelo fato de conhecer histórias de garotas que engravidaram quando adolescentes e quando adultas se arrependeram, levando até o suicídio. Jamais que ela faria algo do tipo.

Faltava menos de quatro casas para chegar a sua, chegando em frente a casa de Jared, sentiu um calor no coração. Deveria ser apenas a saudade falando mais alto. Entrou pela porta do fundos, pois normalmente ficava aberta. Durante a festa não havia comido nada, de modo que agora sentia uma fome danada.

Lavou as mãos e pegou os ingredientes necessário para preparar um sanduiche. Estava distraída. Ouve-se um barulho vindo em direção a casa. Os passos eram pesados e tinham um forte resultado sobre o cascalho do jardim dos fundos improvisado. Bateram na porta. Seu coração se acelerou e a respiração se perdia diante de tamanho susto. Pegou uma faca como quem quisesse se proteger. Quem quer que fosse conhecia a rotina daquela casa. Cindy aproximou-se da porta, talvez ainda pudesse trancá-la. Antes de tentar trancar a porta discretamente, abriu uma fresta e olhou para ver quem era. Caso a casa fosse invadida teria como relatar a aparência dessa pessoa. Respirou aliviado ao saber de quem se tratava e largou a faca.

— Te assustei? — Perguntou Jared presunçoso.

— Imagina que não! — Ela sussurrava.

Ele entrou abraçando-a.

— Pensei que só viria semana que vem!

— Mudanças de planos.

Ele deu um beijo breve nela.

— Gostou da surpresa? — Perguntou ele curioso.

— Um pouco! Só não faça muito barulho, porque meus pais estão dormindo. Não quero que eles acordem e pensem que você invadiu a casa.

— Tudo bem... Agora me diga o que a senhorita estava fazendo até essa hora na casa da Roberta?

— Oh... agora quer ficar sabendo o que faço? — Ela fazia caretas enquanto falava — Bom, ela estava dando uma festa hoje e como ela me ama, implorou para que eu fosse.

— Não precisava ter me contado, eu já sabia.

Jared a envolveu ainda mais em seu abraço e a beijou com vontade. Ficar tanto tempo longe dela parecia o fim do mundo. Um beijo leve e calmo eles desfrutavam.

— Cindy? — Sussurrava Brenda da escada.

Cindy com medo de que sua mãe fosse para cozinha correu até ela. Estaria morta se sua mãe visse Jared na cozinha. Mal sabia ela que Cindy falava com ele.

— Mãe! — Exclamou ela tentando disfarçar.

— Eu previ isso, não previ? Eu disse que você iria sentir fome depois que chegasse em casa.

— Previu — Respondeu Cindy desanimada.

— Está com uma cara melhor...

— Impressão sua — Jared pareceu na porta sorrindo enquanto ouvia a conversa — E a senhora o que veio fazer aqui em baixo?

— Que pergunta sem rumo... Vim pegar um copo d'água.

— Não precisa se incomodar em descer o resto da escada... eu pego pra senhora.

— Tudo bem — Concordou a mãe.

Cindy foi o mais rápido que pôde. Parecia que Brenda adivinhava. Jared a acompanhava com os olhos. Voltou rapidamente levando água para sua mãe.

— A Roberta fez você ficar com alguém? — Perguntou Brenda curiosa — Está mais feliz.

— Mãe? — Ela corou — Eu hein...mas que pergunta sem fundamento. Tudo bem que Roberta é louca, mas ela não faria uma dessa comigo.

— Tudo bem... entendo. Você só queria se fosse o nosso vizinho do lado. Sei que você gosta dele e que pode me odiar pelo fato de eu ter dito besteiras sobre ele, mas sou sua mãe, só quero o melhor para a sua vida.

Jared pigarreou. Cindy teve de pensar em algo rápido.

— Tem alguém ai com você?

— Não. É apenas meu celular. Toque de mensagem.

— Tudo bem... termine o que tiver beliscando lá dentro. E não deixe a bagunça para eu limpar.

— Ok.

Cindy esperou até ter certeza de que sua mãe havia trancado a porta do quarto. Voltou para a cozinha e Jared a segurou pela cintura. Sentir o calor de seu corpo era uma maravilha. Alguém que a fazia se sentir bem, amada e completa. Nenhuma outra pessoa tinha o mesmo toque significativo quanto o dele tinha.

— Simpática sua mãe! — Ele disse sorrindo.

— Não queria ver quando ela estiver de mau humor.

Ele deu outro beijo breve.

— Alguma novidade por aqui?

Cindy baixou o olhar e depois olhou firmemente para o rosto dele. Não poderia contar a ele que fora até uma clinica para realizar o aborto. Jared estava tão feliz por estar ali ao lado dela, não gostaria de deixá-lo triste. Cindy pegou o banquinho mais próximo e se sentou. Ele fez o mesmo. Estavam um de frente para o outro. Sorrindo como duas crianças abobalhadas.

— A única novidade que eu tenho, pode ser totalmente de seu agrado. Estive pensando na questão do aborto. — Ela fez uma pausa e logo continuou — Não vou mais abortar.

Jared sorriu aliviado. Era tudo o que ele queria ouvir. A vida que estava sendo gerada, iria continuar a evoluir. Seu filho teria a chance de viver. Agarrou-a pela cintura e lhe deu um beijo que lhe tirou a força. Seus beijos inesperados, faziam com que um arrepio percorresse todo o seu corpo.

— Fico feliz que tenha mudado de ideia. Essas semanas todas fiquei pensando na loucura que cometeria.

— Me desculpe por te deixar mal, mas eu me sentia tão perdida... e eu amei a música. Ela é muito linda. — Ela brincava com o cabelo dele.

— O que vai fazer amanhã? — Perguntou ele erguendo a sobrancelha.

— Tenho que ir à igreja, fazer algumas tarefas de casa... Talvez eu tenha a tarde livre. Por que?

— Cinema! Eu, você — Ele lhe deu um selinho breve — A Roberta, Evan e Trevor.

— Encontro de casais, gostei! O Trevor tem namorada?

— Sim... é uma modelo. Por questões de privacidade ele não fala muito sobre ela. Assim é melhor.

— Entendo... está ficando tarde. Você precisa ir.

— Tem certeza? Posso passar a noite toda aqui com você e sair antes da sua mãe acordar.

— Que oferta tentadora! — Cindy pensou um pouco a respeito — Venceu Jared, mas tem que sair daqui antes dos meus pais acordarem.

— Tudo bem. Não se preocupe Cindy.

Jared e Cindy ficaram um bom tempo na cozinha. Cindy limpou as coisas que sujou enquanto ele guardava alguns dos ingredientes. Aquele momento ali foi diferente do que imaginara, era como se fossem um casal que moravam juntos há muito tempo, mas mesmo assim sentia borboletas no estômago. Depois de tudo estar organizado foram para o quarto. Cindy tomou banho e depois de pronta se aninhou no colo de Jared. Seus carinho a tranquilizavam, afastava os seus medos. Ali no cenário de puro amor, conversaram durante horas até que Cindy pegasse no sono e Jared a acompanhou.

**********

O dia começava a raiar quando Jared saiu pela porta dos fundos. Deixou um bilhete para a sua amada. Não queria acordá-la de seu sono delicado.

O domingo seria bem mais que bem vindo. Logo pela manhã ela foi para a igreja com os seus pais. Seu coração ficava completamente entregue as palavras de ouvia. Na volta, Brenda descobriu que Roberta namorava sério com Evan. Desejava a felicidade dos dois, e apoiava a ideia de que Trevor possuia uma namorada. Todos tinham com quem se relacionar, só não passava pela cabeça de Brenda que sua filha estava com Jared.

Apenas eram apontados como amigos. Não saberiam como Brenda poderia reagir. Quase não se falavam quando Brenda estava por perto.

Brenda e George concordaram em permitir que sua filha saisse com os amigos para o cinema. Distrações eram bem vindas. Chegaram muito cedo ao shopping. A sessão do filme que iriam ver, não iria começar tão cedo. Cindy ficou com Evan, Trevor e com Jéssica. Jared tinha ido andar um pouco com Roberta. Ela nada desconfiava de que ele lhe preparava uma surpresa. Enquanto eles não retornavam , o trio aproveitou para tomarem milk shakes.

Depois de um certo tempo de espera, eles retornavam sorrindo, principalmente Roberta. Jared segurava alguns pacotes e Roberta só sabia rir. Todos pareciam estar bem mais que envolvidos, pois não estranharam quando ele entregou os pacotes a ela.

O primeiro era pequeno. Um embrulho muito bem feito. Era uma caixinha. Cindy ao abrir ficou pasma com o que viu. Um gargantilha lindíssima. Todos ficaram mais bobos do que antes. As meninas eram as que mais reagiam diante do gesto romântico, Jared pegou a mesma e colocou no pescoço dela. Apenas o agradeceu com um beijo. Jéssica era a mais perceptiva.

— Tem mais um para abrir, Cindy! Todos nós queremos ver.

Cindy atendeu ao pedido da moça. Era um par de sapatinhos de lã. Foi impossível conter a emoção. Se abraçaram fortemente, Jared enterrou o rosto nos cabelos dela num abraço que ela sempre gostou.

— Acho que está na hora do filme — Murmurou Jessica e Trevor em uníssono.

Jared a ajudou a guardar e foram para a sessão escolhida. Estavam se dando bem. Era tudo o que precisavam, de um tempo com os amigos para relaxar a mente para esquecer todas as preocupações, para se dedicarem um aos outros. O amor reinava entre os jovens, mas a vida ainda lhe aguardava para muitas surpresas.


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