The Gray War escrita por Maxtrome


Capítulo 4
Capítulo 4 - O mundo perfeito?


Notas iniciais do capítulo

Agradecimentos a TheMangle, Rifa456 e Meiko Bezarius.



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Era tarde da noite, quase três da manhã. A luz da lua penetrava pela janela do quarto de Etihw. A lua estava cheia, e não tinha nenhuma nuvem no céu. As estrelas pareciam pequenos pontos naquele tecido escuro chamado de céu. Parecia tão perfeito que quem olhasse ficaria ali, observando.

Etihw acordou com passos vindos de fora da pequena sala onde ela dormia, no castelo Black. Ela levantou, tirando o lençol, que usava como cobertor, de cima do corpo. Bocejou um pouco enquanto assimilava onde estava. Viu a mesa circular, a luz da lua pela janela, o armário com detalhes de flores e a porta lateral.

Depois de alguns segundos, ela se levantou e foi ao banheiro lavar o rosto. Depois, voltou ao quarto e foi até a porta, enquanto se lembrava de ter ouvido passos.

Quando viu, a porta estava aberta, encostada.

"Mas o que...?" Etihw sussurrou, baixinho. "Quem iria entrar no meu quarto no meio da noite?"

Ela abriu a porta e olhou para os dois lados do corredor. Aos poucos, se lembrou de ter sonhado com uma voz, mas não tinha reconhecido-a no sonho. Voltou ao quarto, fechando a porta, e se sentou, fechando os olhos para lembrar.

"Talvez, talvez... É uma boa ideia." uma primeira pessoa disse, nos pensamentos de Etihw.

"Então, por que não leu as cartas?" uma segunda voz perguntou.

"Já li o necessário. Mas já está tarde, esse contrato deve ficar para amanhã. Além disso, terei tempo para pensar." a primeira respondeu. Etihw reconheceu a voz como a de Kcalb.

"Tenho que discordar, chefe. Iv..." Etihw não conseguiu se lembrar do final da frase.

"Que o tempo dele se acabe. Nem sei se precisaremos mesmo desse contrato. Mas se tudo der certo, finalmente poderemos derrotá-la." a primeira voz terminou com a conversa. Depois, os passos, das duas pessoas indo embora.

Etihw abriu os olhos. Era só isso que conseguia se lembrar. Então, finalmente, levantou-se e abriu a porta. Bem calmamente, saiu e fechou a porta sem fazer barulho. Ela foi andando pelo corredor, sem que ninguém a visse. Então, viu uma gatinha preta.

"Olá, bonitinha!" a deusa elogiou, passando a mão em sua cabeça. A gata ronronou. Etihw a viu deitar e fechar os olhos. Então, continuou a andar. Os corredores certamente eram assustadores, com as colunas, e a maior parte do chão era com quadrados brancos e pretos.

Etihw parou em frente a um tipo de caixa de correio. Era preta, quadrada, com um tubo um pouco grande vindo de cima, e com uma abertura para pegar o que estiver dentro. Havia duas ou três cartas jogadas no chão.

Etihw pegou uma, e viu que o remetente era do mundo Flame World. Parecia ser uma carta do deus ou do diabo de lá. Ela não sabia muito sobre eles.

"O que Kcalb deve estar planejando?" Etihw perguntou para si mesma.

Então, um pequeno rato passou na frente de Etihw. Ela desviou a atenção para ele, e em questão de segundos, ele foi ficando maior. As orelhas começaram a ficar menores, e o nariz também. A boca ficou com lábios, o rabo sumiu, o nariz ficou mais triangular. Os braços e pernas também cresceram, e ele começou a andar por duas pernas. Os pelos quase sumiram, ficaram muito curtos, e finalmente, a sua forma foi revelada.

Era um demônio. O cabelo, era uma variação entre amarelo e marrom. Ele usava uma jaqueta vermelha, com o zíper aberto. A camiseta, que estava por baixo, era preta, e tinha um símbolo estranho, com um contorno de círculo e um tipo de olho no meio. Um olho sangrando.

As calças eram pretas, totalmente escuras, e tampavam os sapatos. Ele usava óculos escuros. Os chifres e as asas eram de um vermelho bem forte, e ele tinha dentes pontudos, lembrando a imagem de um vampiro.

Etihw se virou e saiu correndo de volta ao quarto, esquecendo a carta no chão. No meio da corrida, deixou uma pedra branca cair. Ela nem tinha se dado conta que tinha um colar de pedras brancas escondido no vestido.

A deusa continuou correndo, até chegar ao quarto. Então, o demônio a alcançou, e com um forte ataque em sua nunca, Etihw desmaiou.

***

Depois de mais ou menos três horas, já estava amanhecendo, e Wodahs já estava acordado e usando as roupas de guerra brancas. Ele estava em uma das salas do castelo Blanc. Lá tinham estandartes brancos com desenhos das pedras de Etihw, e escudos na parede, como decoração. Uma planta nascia em um vaso em uma das paredes brancas.

"Me chamou, Cabeça de Anjo?" perguntou Grora, acabando de entrar na sala.

"Sim, Alela Grora. Precisamos conversar. Não sei se conseguiremos aguentar sem Etihw aqui." falou Wodahs, sério como sempre.

"Wodahs, eu também estou preocupada, mas eu sinto a presença dela ainda. É como se ela ainda estivesse perto daqui." contou Alela, com um pouco de esperança.

"Eu não tenho certeza, mas também acho que estou sentindo isso" afirmou Wodahs.

"Mas, tenho que admitir. Mesmo não demonstrando, eu também sinto um pouco de medo em algumas horas, como estou agora. Mas mesmo assim, não vou desistir, nunca!" disse Grora, com confiança e certa do que estava falando.

Wodahs deu um abraço em Grora.

"Eu prometo que nunca te abandonarei. Estaremos sempre juntos, certo?" disse Wodahs. Grora sentiu que ele estava sendo sincero enquanto falava isso. Ele realmente sentia aquilo, e Grora sentia o mesmo por ele.

"Certo." Um sorriso abriu no rosto de Grora, e caiu uma lágrima de cada olho. Ela não queria abandonar Wodahs. Eles estariam sempre juntos se pudessem.

***

"Argh! Agora eu preciso seriamente de gritar por socorro" pensou Chelan, presa na sala, tentando sair. Dialo a tinha trancado naquela sala para impedir que fosse atrapalhada. E Chelan estava com muita fome.

Não encontrou nada naquela sala escura. Tateando as coisas, só encontrou alguns bancos, uma mesa e uma torneira. Ela começou a chorar, pensando que sua vida ia chegar ao fim.

Ela bateu várias vezes na porta, tentando fazer o máximo de barulho. Mas, nenhum sinal. Ela então caiu no chão e resolveu dormir. Aguentaria pelo menos mais alguns dias sem a fome matá-la.

Dialo, do outro lado da porta, estava disfarçada explorando o castelo. Ela queria encontrar a torre central e criar uma estratégia para derrotar os anjos sem ela ser vista ou descoberta, e assim enfraquecer a defesa.

Assim, podia liberar o caminho para a torre principal e destruir a pedra principal de Etihw. Era esse seu plano.

Ela foi abrindo portas para reconhecer o local. Os corredores eram como os de Kcalb, mas as paredes eram brancas. O chão era igual, preto e branco.

Dialo abriu uma porta e não viu nada de interessante. Depois, foi ver a outra. Estava trancada, mas a chave estava na fechadura, então ela destrancou e abriu. Alguma coisa pulou em cima dela, o que a assustou.

"O que estava fazendo aí?" Perguntou Dialo, assustada. Então, reconheceu que era a anjo que ela tinha trancado no dia anterior. Ela estava pensando em batê-la para desmaiá-la, mas quando ia fazer, percebeu que estava sendo abraçada pela anjo.

Dialo percebeu que era um agradecimento, então desistiu de dar o ataque. Em vez disso, a conduziu até a sala dos médicos. Alguma coisa naquela anjo descongelou um pouco de seu coração cheio de ódio pela guerra. Alguma coisa nela a completava.

Ela até ficou triste quando viu Chelan indo para a sala dos médicos. Sentiu um vazio, mesmo nunca tendo visto aquela pessoa.

***

O jardim. As flores, com tons de azul, laranja, amarelo e vermelho. As árvores, com todos os tons de verde em suas folhas, abrigando vários pássaros. Tudo tão bonito, tudo tão mágico, tudo tão perfeito! A guerra finalmente havia acabado, e o mundo todo estava em paz. As borboletas e abelhas estavam voando, colorindo a paisagem com várias e várias cores. Os coelhos, brancos, marrons e pretos, pulando, e os peixes, vermelhos e dourados, nadando. As flores balançavam com o vento.

Etihw andava, sentindo o aroma das flores e o vento em seu rosto. Ela estava feliz com o fim do período de guerra. Toda a destruição tinha acabado. Aquele jardim, que era cinza, finalmente havia criado cor, como Etihw imaginava em sua criação. A vila Gray, onde andavam pessoas por todos os lados, com suas casas de madeira, estava super alegre, numa manhã de primavera.

Um grupo de anjos olhava o mapa, que mostrava o jardim, a floresta, o bosque das maçãs, a vila Gray, e é claro, o castelo Blanc, ao alto.

Na praça, bem no centro, havia cadeiras e bancos, onde os anjos sentavam-se e aproveitavam a vista.

Etihw pensou que tinha muita sorte de ter um mundo assim, cheio de paz e amor. Nenhum sentimento ruim parecia existir ali. Nem mesmo uma pitadinha de ódio tinha sobrado desde o dia em que a guerra acabou.

A deusa foi andando para norte, em direção ao castelo Blanc. Os cabelos longos chegavam ao chão. Ela usava a coroa de pedras brancas, como sempre deveria ter usado. Enquanto andava, olhou a variedade de flores que tinham no local. Um lindo jardim! Estava tudo tão perfeito!

Ela chegou ao castelo, onde tinham paredes brancas, com colunas da mesma cor. Na entrada, uma fonte cercada por pedras brancas. Uma enorme fonte, com água potável, ótima para beber. A entrada era completamente limpa e tinha um portão enorme. Vários anjos estavam aguardando Etihw na entrada, com uma canção nas harpas.

"Etihw! Bom dia!" gritou Macarona, ao longe, bem feliz com a chegada da deusa.

"Bom dia, Macarona! Está se divertindo com sua amiga Froze?" perguntou Etihw, com um belo sorriso no rosto.

"Sim, Etihw! Nós vamos ao bosque colher maçãs, você quer ir junto?" perguntou Macarona, chegando perto da deusa e acompanhada de Froze.

"Claro! Hoje é um belo dia, não é mesmo?" Eitihw aceitou o convite.

"Sim, os dias foram ótimos desde que você destruiu aquele que nos perturbava" Afirmou Macarona, bem feliz.

Etihw ficou parada. "Aquele que nos perturbava?" pensou. Então se lembrou: Kcalb. Onde estaria ele, que fez seu coração mudar logo no primeiro dia de seu encontro?

Então se deu conta. Imagens passaram em sua cabeça. Do final da guerra. No dia em que a pedra negra de Kcalb foi destruída, e ele foi selado naquele lugar escuro, pela eternidade. Então, seu sentimento de ódio continuou até ele conseguir voltar daquele maldito lugar para se vingar.

As cenas não pararam de passar na cabeça de Etihw.

A vila Gray fora destruída, completamente. Tudo perdeu a cor de novo. Os cabelos longos de Etihw estavam balançando pelo vento. Um tornado invadiu tudo. Os anjos se abrigaram no castelo Blanc. Esse, porém, também foi destruído e tomado pela escuridão.

Os anjos estavam se segurando para não serem levados pelo vento. Então, Etihw começou a voar, lutando contra toda a força de Kcalb. Ela começou a dizer algumas palavras estranhas, na antiga língua dos deuses. Estendeu a mão, e com todas as forças, conseguiu lançar seu poder em direção ao diabo.

Depois disso, não lembrava, pois só tinha acordado três semanas depois, no hospital.

Então, sua mente apagou.

***

Estava tudo escuro, até ela abrir seus olhos e ver ninguém mais do que Kcalb. Então, se deu conta que tudo aquilo tinha sido um sonho. Ou um pesadelo, ela não sabia. "O sonho de um mundo perfeito, talvez?" ela pensou "Mas, Kcalb não estava lá. Isso realmente deveria estar certo?" ela tinha começado a ficar em dúvida sobre a existência do diabo.

"Ah, ainda bem! Você está bem!" a voz de Kcalb passou por seus ouvidos.

"E-estava preocupado?" perguntou Etihw, enquanto acordava.

"Não se esforce para falar, Lucy. Preocupação? Talvez, mas você não é alguém especial. Me preocupo com todos os meus demônios" mentiu Kcalb, com medo de dizer que realmente sentia alguma coisa quando a via. "Mais tarde, conversaremos para descobrir o que aconteceu com você." ele disse, muito sério agora. "Agora, descanse, e durma. Você deve ter recebido um ataque bem forte para ter desmaiado daquele jeito."

"Realmente, usar aquelas magias realmente esgotou todo o meu poder, para desmaiar por um simples ataque daquele jeito." pensou a deusa, enquanto voltava a dormir, com medo de ter um pesadelo tão grande como o que acabara de ter.

"Kcalb, vamos logo. O dia da guerra de hoje vai começar, e você ainda precisa assinar o contrato. Já pensou no que vai fazer?" perguntou uma voz de uma pessoa que também estava no quarto. Etihw olhou, e percebeu que era quem a tinha atacado na noite anterior. E também reconheceu que a voz era a mesma com quem ela tinha ouvido na noite anterior, antes de sair do quarto.


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Notas finais do capítulo

Desculpem por ainda não ter colocado a Raspbel, a Greif e o Lowrie. Eles terão uma iniciação ótima na história!