De Repente Pobre escrita por Tay Pereira
Notas iniciais do capítulo
Oi tudo bem?
Muito obrigada pelos comentários, amo lê-los.
Boa leitura pra vocês!
Lily andava de um lado para o outro e eu a acompanhava – mais perdida do que cego em tiroteio.
– O que vai fazer? – pergunto, ao vê-la pegar um colchão do quarto de hospedes.
– Me ajude a levar o colchão pra sala?
– Pra quê?
– Nós vamos dormir lá.
– Uma noite de pijama é no quarto.
– Os quartos são pequenos. A sala é maior e ainda têm a TV lá.
– Tudo bem – concordei.
Depois de muito esforço, conseguimos colocar o colchão no chão da sala.
– O que estão fazendo, meninas? – Amália pergunta.
– Vamos dormir aqui, vovó. Assim podemos conversar e assistir um filme.
– Vão trocar de roupa, então – disse Amália. – Eu arrumo aqui.
– Mas vovó...
– Aproveitem que estou com bom humor pra ajudar. Vão trocar de roupa e colocar a pipoca pra estourar.
Lily corre abraçar Amália.
– Já falei que a senhora é a melhor avó do mundo?
Sorri ao ver a cena e fui em direção ao meu quarto. Depois de procurar um pijama de ursinhos que eu não usava fazia algum tempo, troquei de roupa e soltei meu cabelo. Peguei meu celular e um travesseiro, e voltei para a sala.
– Hum cheiro de pipoca! – exclamei.
– Minha especialidade – disse Lily.
– Garotas, vou dormir – anuncia Amália. – Não façam muito barulho, por favor.
– Pode deixar, vovó – fala Lily, trazendo dois potes cheios com pipoca.
Fui em direção a Amália e a abracei fortemente.
– Obrigada por tudo mesmo.
– O que é isso, menina? Você está em casa. Mudará algumas coisas, mas você irá sobreviver.
– Assim espero – murmurei.
– Boa noite!
– Boa noite, vovó. Durma bem! – disse Lily, a abraçando.
Em seguida, Lily apaga a luz da sala e deita ao meu lado no colchão.
– Quer assistir algum filme ou conversar? – pergunta ela.
Conversar. O que eu gostaria mesmo é desabafar com alguém. Será que esse alguém é Lily? Se não for ela, tenho Amália. Mas duvido que seja a mesma coisa. Pode ser cinco anos de diferença, mas Lily é a única que tenho nesse momento. E se eu não falar com ela, não suportaria guardar tudo para mim.
– Vamos conversar – respondi. – Que tal nos conhecermos melhor?
Lily bate palmas, animada.
– Você se importa se me contar como era sua vida antes de... Ficar pobre?
Abaixei a cabeça e respirei fundo.
– Que idiota da minha parte. Não deve ser fácil pra você. Desculpa!
– Como falei antes, meus pais morreram quando tinha a sua idade. No testamento, me deixaram com praticamente tudo o que tinham. Como era menor de idade, o braço direito de meu pai ficou responsável pelas as empresas. Nunca me importei com isso, afinal era rica, tinha muito dinheiro e jamais pensei que ele iria acabar – falei. – Conheci Isa antes de meus pais morrerem e continuei a amizade com ela, indo em festas todos os finais de semana. Um dia, ela me apresentou Sebastian que algum tempo depois virou meu namorado.
– Você tem namorado? Como ele é?
– Sebastian é moreno claro, alto com cabelos lisos e um corpo com um físico maravilhoso.
Lily suspirou como se imaginasse o quão lindo Sebastian é.
– Depois de tantas festas, sem se importar com nada. Recebo a notícia da total falência de tudo que meus pais lutaram pra construir – resmunguei. – Sem nenhum familiar, sem dinheiro, sem amigos e sem namorado.
– Como assim?
– Tentei ligar pra Isa ou pro Sebastian hoje. Acabei descobrindo que eles estão juntos – deixei as lágrimas caírem.
– Ai meu Deus! Que desgraçados. Por que fizeram isso?
– Não sei. Talvez seja porque nunca dei o que Sebastian tanto queria, ou porque agora não sou como eles. Eles continuam ricos e eu...
– Ser pobre não significa que você será infeliz.
– E quem disse que eu era feliz quando era rica? Pelo menos eu tinha um lar, meu próprio dinheiro...
– Amigos e namorados falsos que só se importavam com você quando você tinha algum status.
Abaixei o olhar. Ela estava certa. Sinto os braços de Lily me envolverem em um abraço.
– Minha avó te adora, por isso te trouxe pra cá. Esse é o seu novo lar. É aqui que você terá a chance de recomeçar.
– Recomeçar o que?
– Sua vida.
Depois de falarmos muito sobre mim, Lily e eu resolvemos assistir um filme.
– Você escolhe: A Culpa é das Estrelas, A Última Música, As Branquelas ou As Crônicas de Nárnia?
– Acho que preciso de um pouco de humor pra terminar o dia – respondi.
– Concordo plenamente – ela pega o filme de As Branquelas. – Prepare os travesseiros, se minha avó ouvir nossas risadas vamos levar bronca.
Assenti. Logo ela voltou para o colchão, para assistir o filme.
Os créditos já estavam subindo na tela. O filme tinha acabado. Já fazia um bom tempo que Lily tinha dormido enquanto a mim, parecia que o sono passou direto.
– Soninho apareça – murmurei. – Por favor!
Sinto uma vibração em baixo das cobertas. O celular de Lily recebeu uma nova mensagem.
– Garanto que a operadora – sussurrei e peguei o celular para ver a mensagem.
“Boa noite chatinha durma bem”
Era uma mensagem de Gabriel. Olhei a hora, já era meia noite. Resolvi responder:
“Boa noite”
“Não vai dizer pra eu dormir bem?”
Seguro o riso.
“Durma bem seu chato”
“Essa é a Lily que eu conheço rsrs”
Sorri ao ler a mensagem. Deixei o celular de lado e resolvi finalmente dormir.
Mas percebo o celular vibrar novamente. Peguei o celular de Lily, mas não era o dela. Deixei o dela de lado e vejo que a mensagem é no meu.
“Tenho certeza que quando você ler essa mensagem, vai apaga-la e fingir que nunca a leu. Mas imploro que não a ignore. Não lembro exatamente o que você ouviu mais cedo, eu estava fora de mim. Seja o que for que tenha falado, te peço uma segunda chance. Por favor, me deixe explicar o que aconteceu. Eu preciso de você, preciso te encontrar. Te espero no shopping do centro amanhã as 14 horas. Te amo, meu amor. Boa noite, Sebastian”
Ao terminar de ler a mensagem, deixei o celular cair de minhas mãos. Sinto algumas lágrimas caírem em meu rosto.
– Por que isso? Por que agora? – questionei.
Abracei o travesseiro e comecei a chorar em silêncio. Estava indo tão bem, por que ele tem que aparecer? Por que ao ver que a mensagem era dele meu coração acelerou? Não! Eu tenho que esquecê-lo e segui com a minha vida. Mas como?
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