Desventuras de "Mais Um" escrita por Phil Potter


Capítulo 2
Um erro resolvido




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/616323/chapter/2

Voltei a poucos anos da minha vida. 2010 pra ser exato.

–você não lembra o que fez né?- a menina misteriosa estava ao meu lado. Olhando para mim de um jeito bem curioso.- aliás, eu não me apresentei- eu nem tinha percebido isso, mas agora que ela falou, eu notei que não sabia o nome dela. Seu sorriso era inocente, seus olhos me tiravam da fossa o qual eu fiz minha morada, o nome dela, era o que menos importava. – meu nome é Leti –continuou-a.

– Leti de Letícia?- perguntei.

– Não. Só Leti. Letícia é um nome bem...humano – ela deu um sorriso tão verdadeiro e simples, que eu quase abracei-a. mas consegui me conter. Ainda queria descobri aonde eu estava e desvendar a frase: por que eu estava ali?

Aos poucos minha mente foi clareando e conseguir identificar o lugar. Eu estava num prédio. No ultimo andar pra ser exato. Estávamos sentados na janela, ou o lugar onde deveria estar uma janela. Eu reconhecia o lugar. Eu estudei ali, durante anos. Como pude esquecer o lugar onde fui esculachado durante todo o ano letivo. O que eu fiz de errado pra ter que voltar ali?

– Uma vez, você e uns colegas fizeram uma brincadeira, e tiraram algumas figurinhas dos cartazes de um trabalho qualquer de algum menino. Mas a diretoria descobriu e mandaram quem pegou devolver. Vocês mentiram e disseram não ter pego e botaram a culpa em alguém. – enquanto ela dizia tudo aquilo, um flash de memória passava na minha cabeça. Aquilo realmente aconteceu. Eu era meio estúpido na época, eu fiz pra seguir na onda dos outros, mas eu lembro o desfecho que deu tudo aquilo.

– você pode mudar o final dessa história – ela continuou.

– mas como? Voltar a ser aquele menino estúpido não vai rolar.

– você tem o direito de mudar seu destino, basta pedi. Na verdade, pensar. Agora você é um anjo de teste-(termo inventado por ela)-,ou Ante. Vamos fazer esse teste.

Um peso baixo em meus ombros. Eu ia mudar meu destino. Nós atravessamos paredes e chegamos ao térreo. Estava na hora do intervalo. Bem na hora que aconteceu a coisa toda.

Ela estava lá. Milena era o nome dela. Eu lembro que após eu não ter assumido a culpa, ela parara de falar comigo. E para mim na época foi um grande mal. Eu gostava dela. Aquele gostar infantil. Eu tive muitos gostares quando criança, mas de alguma forma, naquele ano e no seguinte, a forma que ela me ignorava me deixava mal. Muito mal. E agora eu tinha uma chance de acabar com aquela dor. Eu podia alterar aquele destino ridículo o qual eu tinha realizado. Mas, quem iria garantir que eu e ela acabaríamos juntos? Ou que a nossa amizade duraria?

E então eu me vi cercado de crianças. Eu tinha voltado aos 13 anos de idade.

Para quem acha que não, 13 anos ainda é um ser infantil. Eu me vi parado na parede fria da quadra discutindo com meus colegas se valia a pena ou não assumir o nosso erro. Eu vi ali uma chance de bater em geral e dizer que todos eram ridículos. Mas por alguma razão, eu fiquei deslumbrado pela imagem da Milena. Ela estava me olhando, de uma forma esquisita. Talvez já soubesse do ocorrido. Eu tinha poucas opções.

Enquanto todos os meninos estavam gritando feitos retardados, eu fui em direção a secretária. Uma nuvem de coragem me rodeou (talvez porque eu sabia que nunca mais iria ver aquelas pessoas na minha vida- no ano seguinte mudei de colégio-). Assim que entrei na secretária, notei que os diretores não estavam, mas só a coordenadora. Estando a sós com essa mulher, comecei a falar:

– Enquanto todos os meninos estão lá na quadra escolhendo em quem por a culpa sobre o lance do trabalho do menino lá, eu vim assumir que estraguei sim o trabalho do muleque. – foi algo tão natural, que a coordenadora se espantou. Ela me olhava meia incrédula, talvez porque um menino chegou na sala dele e confessou um delito.

– Olha, eu não esperava que você estivesse envolvido com isso- vi um tom de surpresa na voz dela (eu era um dos melhores alunos)- mas eu percebo que você teve muita coragem de vir até aqui confessar isso. Então eu vou ter que te suspender por um 3 dias.

“3 dias em casa? Oh beleza!!!” pensei. – Minha mãe vai me matar – falei. Ela sorriu e disse que não faria um pronunciamento para toda a escola, e que esperaria os outros meninos confessarem.

Logo depois dela me dar uma carta dizendo que eu estava suspenso, me dirigir de volta pra sala. Na escada, encontrei meu flerte e logo assumi: - eu fui um dos meninos que estragaram o trabalho do muleque -. Eu não esperava nenhuma reação dela, talvez só uma bronca. Mas ela apenas balançou cabeça. – eu imaginava já- a bochecha dela corou. Por ser uma menina gordinha e alta, ela ficou fofa, estando assim. Seria uma cena fofa, se não fosse a meia tragédia romântica depois. – mas eu tava pensando-disse-e tipo, sei lá, você gosta de mim e eu não sei se gosto de você igual, sabe? Você quer ficar comigo, mas eu- então o tom de voz dela baixou e ela começou a sussurrar:- nunca beijei ninguém, lembra? -. Ela já tinha me contado quando enviei um cartão a ela dizendo que gostava dela.

Como eu era um jovem de 18 anos num corpo de uma criança de 13, levando fora de uma guria de 12, não tive outra reação se não rir. Os olhos dela se esbugalharam e um ar de vergonha pairou sobre os caracolados e meio lisos fios de cabelo castanho dela.

– não tô rindo sobre você nunca te beijado alguém, mas ser sobre o fato de não ter doido.

E não doei, nadinha. Meu coração estava mais leve pois a sensação de ser perdoado supriu o gostar dela. Eu dei um beijo no rosto dela, sorrir e disse: - nada disso vai talvez fazer muito sentindo, então, daqui à uns 5 anos, você me manda alguma mensagem lá pra maio, junho?

Ela sorriu sem entender o que estava acontecendo e concordou em me procurar. Então eu subi e me dirigir ao banheiro. Sentei no vaso e alguém bateu com a porta. Percebi que esse alguém era a Leti.

– quer que esse dia se torne como antes, ou deixa como está?- ela deu um sorriso bobo como se estivesse acompanhado toda a cena.

– deixa como está, acho que meu destino assim vai ficar mais feliz. Só espero que o eu dessa época não chore litros por ela ter dado um fora nele, ou será em mim?

Nós dois começamos a rir. Eu levantei, percebendo que o meu eu de 13 anos estava fazendo as necessidades no vaso e não notando minha presença (era estranho me ver cagando).

– Então, qual o destino?- queria saber onde eu ia parar desta vez.

– já vai saber – disse rindo, então tudo se tornou um breu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Desventuras de "Mais Um"" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.