Pandemonium escrita por Lady Anne


Capítulo 2
Missing Girl - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Dizem que é quando se está perto de morrer que a pessoa começa a viver de verdade. No caso de Rebecca foi só depois de morrer mesmo.
Transformada em vampira por Cameron, ela volta à mesma boate para praticar seus novos talentos em novas vítimas.
Ah, como a vida é doce.



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– Você não tem idade para entrar aqui – Disse o segurança alto de jaqueta de couro vermelha. Ele cruzou os braços sobre o peito enorme e encarou a garota a sua frente. – Tem?

Rebecca inclinou a cabeça e sorriu, mostrando uma fileira de dentes perfeitamente alinhados que brilharam como lanterna na noite escura ali fora. Ela teve que respirar fundo para não arrancar a cabeça daquele idiota ali mesmo na calçada – com certeza não terminaria bem se ela fizesse isso. Mas só de ouvir o seu coração bombeando num ritmo constante dentro de seu corpo, imaginar a quantidade de sangue esguichando para fora de uma artéria, direto para a sua boca... Mas Rebecca era inteligente, não faria cena ali fora, mas lá dentro, onde teria sua diversão da noite.

Ela deu um passo para frente, praticamente colando seu rosto com o segurança, então fez o que treinou a tarde toda para não errar. Primeiro foi uma pressão sobre seus olhos, então seu olhar com o cara se tornou fixo a ponto dele não mexer nem um dedo. Qualquer um que passasse mais perto poderia ver que havia algo de errado com o segurança da boate, mas, para sorte de Rebecca, a rua estava vazia.

– É claro que eu tenho idade para entrar – Ela disse com a voz calma, firme e confiante como uma rainha discursando. – Na verdade, você não viu ninguém igual a mim entrando aqui. O que acha?

O segurança pareceu considerar o que havia escutado, franzindo a testa por um momento e murmurando algo para si mesmo como se estivesse fazendo uma conta difícil de cabeça. Rebecca vacilou por um segundo o olhar, temendo que a hipnose não tivesse funcionado, mas voltou a ficar confiante quando o segurança desviou o olhar e concordou com a cabeça.

– É claro, senhorita – Ele concordou.

Rebecca soltou um risinho mimado e balançou os quadris enquanto entrava com o salto ecoando contra o chão de cimento, orgulhosa de si mesma.

*******

A música que tocava era mais barulhenta do que quando Rebecca esteve ali pela ultima vez, e, apesar de ouvir mais profundamente do que os humanos a sua volta, ela não ligava. Luzes verde e azul dançavam pela atmosfera da boate junto com um pouco de fumaça de gelo seco. Havia pouco movimento hoje, ela notou, o lugar estava vazio em várias áreas em escuro, mas isso não diminuiu nem um pouco seu bom humor. Tudo que ela queria era dançar, dançar e dançar.

Começou balançando os quadris e depois os ombros no ritmo frenético da música. Seus ouvidos vibravam enquanto balançava seus cabelos de um lado para o outro. Seus braços passavam por todo o seu corpo e voltavam em cima de sua cabeça, caindo por sobre seus ombros e reiniciando o percurso. Sentia o couro apertado da calça raspar deliciosamente sobre sua pele a cada rebolada que dava.

Ter tido seu pescoço quase dilacerado e sido morta logo em seguida teve suas vantagens. Rebecca nunca antes havia se sentido tão viva do que agora que estava morta. Mortinha. Essa palavra ainda a fazia se sentir um pouco confusa quanto a algumas coisas, principalmente sobre pessoas. Foi ensinada desde pequena – e quando ainda era viva – que matar pessoas era errado, mas amava tanto o gosto de sangue fresco na boca. Não podia evitar, era sua natureza agora. E ela estava amando cada segundo.

A pele perfeita como nenhuma maquiagem no mundo faria igual, força inumana, poder comer o quanto quiser e não engordar, poder correr como se tivesse asas nos pés, a libido – Hm, principalmente sua libido – aumentada ao infinito, além de sua melhora na escolha de roupas. A cor verde de seus olhos havia se intensificado ainda mais. Sim. Rebecca amava com cada célula de seu corpo ser vampira.

Havia escolhido um espartilho bem apertado preto de alça, uma calça de couro e botas que cobriam o joelho. As pontas de seu cabelo recentemente tingidas de azul. Seu visual era tudo que uma boa garota jamais usaria. Rebecca sorriu com o pensamento, mostrando seus lábios cobertos com o tom mais profundo de vermelho.

Então ela sentiu seu cheiro.

Rebecca se virou em sua direção cerrando o olhar.

Á não mais do que dez metros de distância, o garoto de cabelo amarelo e jaqueta de couro dançava com quatro outros meninos a sua volta. Um copo qualquer de bebida balançava em sua mão enquanto ele se descontrolava com o ritmo da batida.

Rebecca bateu a língua nos dentes e lançou um olhar predatório sobre ele que não conseguiu evitar. Perfeito, pensou.

Ela avançou em sua direção. A cada passo que dava podia sentir mais e mais os batimentos acelerados do garoto, o cheiro quente que exalava de seu corpo, o perfume forte e delicioso que invadia suas narinas a cada inspiração – mesmo que não precisasse respirar, é claro.

Quando se aproximou os outros garotos se viraram e a encararam com os olhos vidrados de desejo, mas Rebecca os dispensou com um aceno. Não eram eles que ela queria hoje à noite.

O garoto a sua frente finalmente ergueu a cabeça e olhou para ela, parando na mesma hora de dançar. Devia ter dezoito, dezenove anos no máximo, assim como os outros quatro. Seus olhos verdes brilharam de excitação quando Rebecca deu mais um passo em sua direção e encostou seus lábios aos dele. Primeiro foi algo superficial, depois Rebecca ouviu o barulho do copo sendo jogado no chão e sentiu o garoto aprofundar o beijo. Seus braços se enroscaram no cabelo do garoto enquanto os deles seguiram para sua cintura, apertando-a. Rebecca sentiu o gosto forte do álcool enquanto língua sobre língua dançavam.

Até que ela se separou do beijo bruscamente. O garoto permaneceu parado com um olhar confuso enquanto respirava rapidamente por entre os lábios inchados; já Rebecca permanecia perfeitamente inalterada, com um sorriso sacana brincando no rosto.

Ela estendeu o braço e segurou a mão do garoto, que tremia um pouco, puxando-o para longe dali. Ao deixar os amigos para trás, Rebecca ouviu um ‘’Boa sorte’’ vindo de um deles, e sorriu maliciosamente. Você não faz ideia, pensou.

Ela passou por entre adolescentes bêbados, garotas cochichando sobre com quem elas iriam transar hoje à noite, garotos com correntes penduradas nas calças e namorados se agarrando violentamente encostados nas paredes. Ela apertou um pouco mais a mão que segurava o garoto e o sentiu gemer baixinho atrás dela. Ela continuou andando em direção ao fundo da boate onde não havia ninguém praticamente, só um casal quase transando no chão e outro próximo a eles que estava perto de também começar o mesmo. Ela virou a cabeça para a esquerda e sorriu. Haviam chegado ao depósito.

Rebecca abriu a porta como se estivesse empurrando uma pena do lugar e entrou puxando o garoto atrás de si. Ele agora tremia menos do que antes, pensou Rebecca enquanto encostava a porta de costas. Um pouco ansioso e talvez, só talvez, um pouco de medo? Ótimo. Há uma semana Rebecca havia aprendido que sangue de presas com medo é mais saboroso do que qualquer outro.

A sala ainda continuava como Rebecca se lembrava dela, só que agora havia mais caixas do que antes. A maioria estava empilhada na parede oposta à porta, formando uma parede de caixas velhas.

O menino estava parado no meio da sala com os braços rígidos ao lado do corpo. Ele encarou Rebecca com olhos pensativos e ao mesmo tempo com um pouco de malícia. Não que Rebecca estivesse diferente. Ela sempre ficava com expressão de ''vamos transar'' antes de se alimentar.

– Qual o seu nome? – Ele perguntou. A voz levemente grossa chegando aos ouvidos de Rebecca. Apesar de ansioso, sua voz não vacilou nem por um momento.

Ela começou a caminhar em sua direção com passos lentos e rebolando seu quadril de um lado para o outro.

– Rebecca. – Respondeu com sua voz sussurrada e a boca torcida num sorriso sem mostrar os dentes. – E o seu? – Não que estivesse realmente interessa, mas...

– Robin. – Ele respondeu. Rebecca quase riu ali mesmo. Robin? Que porra de nome é Robin?, Pensou enquanto apertava os lábios para não soltar uma gargalhada alta. Ela iria rir muito depois que estivesse com seus dentes no pescoço dele.

– O que vai fazer? – Robin perguntou. Algo parecido com um sussurro.

Rebecca agora estava de frente com ele, seu rosto quase colado com o dele.

– Eu vou dizer o que vo...

– Não estava planejando me deixar de fora, estava? – Disse a voz grossa e rouca atrás dela.

Rebecca parou de falar e suspirou alto. Seus dedos do pé se arquearam na hora e sentiu seus pelos da nuca e do braço se arrepiarem.

– Achei que não viria. – Ela retrucou.

– Ah, mas eu não perderia por nada. – Ele respondeu com a voz carregada de segundas intenções. Rebecca podia sentir o sorriso de cafajeste estampado no rosto dele.

Robin estava atônito com tudo que estava acontecendo quando Rebecca se virou e o viu, não conseguindo conter o sorriso de contentamento que surgiu em seu rosto.

Cameron estava parado na entrada do depósito, com a porta escancarada atrás dele. Vestia um jeans surrado e uma camiseta cinza por baixo da jaqueta de couro; Rebecca abriu ainda mais o sorriso quando percebeu que era a mesma que ele usara quando a transformara naquela mesma sala. Seu olhar era de um leão espreitando enquanto encarava Rebecca e Robin. Os braços estavam confortavelmente apoiados nos bolsos da calça.

Rebecca deu um passo para o lado e, quando menos esperou, Robin saiu correndo. Foi quando Cam esticou o braço e o empurrou para trás. Robin foi jogado com tanta força que praticamente voou para a parede oposta, derrubando várias caixas empilhadas em cima dele.

Rebecca observou tudo com seus olhos vidrados e água na boca. Tudo que Cameron fazia a excitava; talvez fosse só o entusiasmo de sua transformação recente, mas ela não queria que isso acabasse nunca.

Cameron deu um passo para frente e puxou a porta com a perna, fechando-a com força. Graças à música alta tocando nenhum humano idiota – além de Robin – ouviu o estrondo.

Ele nem ao menos olhou em direção ao garoto caído no chão e se direcionou para Rebecca. Com três passos largos e rápidos estava colado com ela. Ela soltou um gritinho agudo quando ele a puxou para cima e ela entrelaçou suas pernas ao redor dele. Cameron atacou sua boca com beijos firmes e violentos, enfiando sua língua furiosamente na boca dela como se precisasse daquilo para viver – ou continuar morto. Rebecca vagou uma de suas mãos para as costas dele enquanto a outra puxou deliciosamente os fios de cabelo para si. Cameron soltou um gemido baixo e a apoiou na parede mais próxima. Ele desceu seus beijos para o queixo, para seu pescoço – dando puxões violentos em sua pele que só faziam Rebecca o querer mais ainda – e voltando para sua boca, que já estava inchada e vermelha. Ele começou a beijar a parte de cima de seus seios apertados contra o material do espartilho. Rebecca já podia sentir seus mamilos ficarem duros e sensíveis ao toque, seu corpo todo entregue aquelas carícias firmes e possessivas. Ela não aguentou e soltou um gemido alto e rouco, enquanto sentia seu corpo todo se aquecer. Quanto mais Cameron a beijava mais Rebecca arranhava seus braços e costas e rebolava sem a menor vergonha em seu colo, sentindo seu membro grande e pronto para ela por cima do tecido da calça. E ela se amaldiçoou pelo que fez em seguida.

– Precisamos comer primeiro. – Ela disse em meio a outro gemido que estava preso em sua garganta.

Cameron parou de beijá-la e a encarou com seus olhos de um azul incomparável. Primeiro ela achou que ele havia ficado bravo, depois percebeu que ele, assim como ela, também estava morrendo de fome. Precisavam se alimentar, para depois se divertirem de verdade a noite toda.

Ele a soltou e ela apoiou as pernas um pouco bambas no chão, tentando se endireitar sobre o salto alto. Então Cameron deu um passo para trás, analisando-a.

– Você vai me pagar caro por isso. – Ele brincou em tom ameaçador. Depois foi até onde Robin permanecia jogado no chão. Com uma mão puxou o garoto para cima que tremia dos pés a cabeça. Cameron puxou as presas para fora, grandes e incrivelmente afiadas, e as enfiou no pescoço do humano. E fez tudo olhando diretamente para Rebecca.

Rebecca só ficou ainda mais excitada ao ver Cameron sugando o sangue do garoto – que agora permanecia imóvel – enquanto a encarava. Ela apertou o lábio inferior entre os dentes e Cam levantou uma sobrancelha, divertido. Ela afastou seus lábios do pescoço do garoto e chamou Rebecca.

– Tem para você também. – Ele disse com a voz rouca e boca toda suja de sangue fresco e escuro ao seu redor. Ele estava tão sexy.

Rebecca não precisou ouvir mais nada. Andou apressadamente até onde os dois estavam e segurou o corpo a beira da morte daquele garoto. Olhou para as duas feridas no pescoço dele e sentiu suas presas aparecerem no mesmo instante. Então começou a sugar.

Ela soltou um gemido fraco quando o sangue encostou-se a sua língua e ela o engoliu rapidamente. O gosto doce e ao mesmo tempo amargo a estava fazendo ver estrelas. Ela então começou a sugar com mais força. Não conseguia parar.

Cameron estava atrás dela, acariciando sua clavícula com a palma da mão e a outra repousada em sua cintura. Ela podia sentir o sorriso orgulhoso dele atrás dela, ainda mais quando ele soltou um suspiro alto e demorado; deliciado.

Então ela parou, satisfeita. Soltou o corpo morto de suas mãos que caiu pesado no chão e ficou lá.

Ela se virou e olhou para Cameron, que passou um dedo por seu lábio e levou aos dele. Ela sabia que também estava com a boca toda lambuzada de sangue, e adorava aquilo. O cheiro de sangue fresco estava por todo o recinto. Nas paredes, no teto, no chão, nela, em Cameron, nos lábios de Cameron. Sim, principalmente nos lábios.

Rebecca o puxou para si, atacando seus lábios da mesma forma que ele havia feito com ela minutos atrás.

''Agora começa a diversão'', ele sussurrou roucamente em seu ouvido enquanto rasgava seu espartilho com um puxão forte nas costas.

Os dois se jogaram no chão, bem ao lado do cadáver do garoto, se enroscando um no outro.

Amante com amante.

Sangue com sangue.


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Notas finais do capítulo

Comentem o que acharam, pleeease!!!
O próximo capítulo será o último da trilogia ''Missing Girl'' e vocês já vão conhecer novos personagens.
Beijos da Lady



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