Pandemonium escrita por Lady Anne


Capítulo 1
Missing Girl - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Os planos de Rebecca para aquela noite se baseavam em ir dançar em uma boate, tentar não parecer uma idiota e voltar sã e salva para casa. Claro que não deu muito certo; pelo menos não a parte de voltar para casa. É como sua mãe sempre a ensinou: ''nunca confie em estranhos''.



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A música trance ressonava em seus ouvidos. Fechou os olhos para sentir mais ainda a música vibrar por entre seus ossos. Tum Tum Tum. Rebecca ainda tentou erguer os braços sobre sua cabeça numa tentativa falha de imitar as garotas dançando em festas que via nos filmes, mas os abaixou antes que alguém a visse e começasse a rir na cara dela. Rebecca nunca fora boa com dança, especialmente as que envolviam mexer seu corpo de uma forma sexy.

Quando a batida mudou de ritmo ela abriu os olhos e se deparou com o mundo a sua volta. Corpos suados grudados em meio a vestidos, jaquetas e botas de couro dançando descontroladamente. Luzes verdes, azuis e douradas misturadas com a fumaça de gelo seco faziam tudo ali parecer ter saído de um livro de encantamentos. Ela ficou meio constrangida por estar ali. Com seu vestido liso preto de alcinha que ia até o meio das coxas e uma sandália preta de saltinho ela parecia mais uma criança perdida do que uma adolescente doida para arrumar encrenca. Passou até as mãos pelo cabelo castanho de um liso impecável para tentar deixa-lo bagunçado, mas sem efeito algum.

Estava ao lado de um grupo de adolescentes, todos com o cabeço trançado com fitas coloridas. As garotas rebolavam, se esticavam e iam até o chão com seus vestidos colados ao corpo enquanto os garotos as acompanham colando seus corpos ao delas por trás.

Observava um casal lésbico de japonesas se beijando, com gliter no cabelo e espartilhos apertados de couro, quando notou que alguém a estava olhando. Primeiro achou que estava enganada, e era alguém atrás dela o objeto de estudo – provavelmente alguma menina mais sexy e desinibida do que ela – mas quando virou e viu que não havia ninguém atrás dela entendeu que o objeto de estudo era exatamente ela.

Rebecca parou o movimento estúpido que estava fazendo com os braços e o encarou de volta. Ele estava todo de preto, com coturnos, uma jaqueta de couro e o cabelo preto curto espetado para cima pintado com algo prateado nas pontas. Estava encostado na parede da boate, ao lado de um casal que se pegava violentamente, mas não pareciam incomoda-lo. Do modo como trincava o maxilar e mantinha o olhar fixo no dela, ele parecia quase amedrontador, mas de um jeito sexy, Rebecca achava.

De repente, ele estava se movendo em direção a ela, com nada menos do que um sorriso sarcástico nos lábios. Rebecca não sabia o que fazer além de ficar parada onde estava, o coração batendo alto no peito e as mãos suadas de tanto aperta-las.

Uma multidão enorme parecia separa-los, mas o garoto estava na frente dela em menos de cinco segundos. Assustada com a aproximação repentina Rebecca deu um passo vacilante para trás, mas foi de encontro com uma mão firme e quente atrás da cintura, mantendo-a onde estava.

Quanto mais nervosa ela parecia ficar mais o sorriso do garoto aumentava. Rebecca sentia vontade de soca-lo se ele não fosse não bonito. A atmosfera entre eles pareceu congelar por um momento e os olhos azuis e profundos do garoto foram a ultima coisa que Rebecca viu antes dele abaixar a cabeça e levar seus lábios de encontro com os dela.

No primeiro momento, Rebecca ainda estava paralisada, mas foi relaxando aos poucos, até estar apenas concentrada nos lábios perigosos do garoto. Ele cheirava um perfume intenso e inebriante, que misturados com a mão quente na cintura e a música eletrizante faziam Rebecca amolecer por completo. Até que ele se afastou violentamente, arrancando um gemido fraco de irritação de Rebecca. O garoto pareceu ter ouvido, já que riu baixinho e pegou na mão dela, abrindo espaço por entre a multidão, levando-os até uma área mais vazia da boate. E Rebecca deixou-se levar, enfeitiçada demais para constatar alguma coisa.

Pararam para o garoto abrir uma porta preta na parede. Depois de abri-la, o garoto entrou e puxou Rebecca para dentro, fechando a porta logo em seguida. Ela olhou em volta e viu várias caixas amontoadas e um emaranhado de fios. Um depósito.

– Qual o seu nome? – Ela perguntou com uma voz manhosa como se estivesse bêbada. Pelo menos era o que Rebecca achava, uma vez que nunca havia ficado bêbada.

O garoto colocou as mãos no bolso da calça e riu um riso malicioso enquanto a encarava dos pés a cabeça.

– E isso importa? – Rebecca se encolheu ao ouvir sua voz. Era grossa e sedutora, mas maldosa e maliciosa ao mesmo tempo. Era a voz de alguém pronto para fazer besteira.

Ela soltou um risinho fraco e balançou a cabeça negando.

O garoto então tirou as mãos dos bolsos e veio de encontro a ela, agarrando-a e pressionando seu corpo contra a parede fria do depósito, entrelaçando suas pernas na cintura dele. Rebecca podia sentir as mãos do garoto em todo o seu corpo, deixando rastros de calor por onde elas passavam. Seu vestido já estava na cintura quando ele baixou os lábios para o pescoço, sugando e lambendo a região.

Rebecca estava extasiada com tudo aquilo. O ambiente mal iluminado do depósito, o som abafado da música alta do outro lado da porta, o aperto firme contra seu corpo e os beijos calorosos do garoto em seu pescoço estava deixando Rebecca à beira do colapso. Era uma mistura de êxtase e... Dor.

De repente o aperto em seu corpo se tornou duro e desconfortável, e os beijos em seu pescoço se tornaram sucções secas e doloridas. Rebecca tentou se soltar, mas o garoto era mais pesado e forte do que ela. Incrivelmente mais forte. Tudo piorou quando sentiu duas pontadas na lateral do pescoço, como se duas lâminas tivessem rasgado sua pele. Não demorou muito para sentir um líquido escorrendo por seu corpo, seu próprio sangue. Rebecca tentou segurar as lágrimas que caiam enquanto tentava em vão fugir do garoto. Foi sentindo sua força se extinguir, a força de seus chutes e socos nas costas deles enfraquecer. Estava morrendo, tinha certeza disso.

Sua visão escureceu por um momento, e no outro, o garoto não estava mais machucando seu pescoço, mas com os lábios no pé de seu ouvido, sussurrando alguma coisa.

A ultima coisa de que se lembra é a de não sentir mais qualquer parte do corpo, apenas os olhos se fechando em cansaço, e uma voz profunda sussurrada em sua mente.

Vai ficar tudo bem, dizia ele, vai ficar tudo bem.


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Notas finais do capítulo

E Entãoooo? Gostaram? Odiaram? Opiniões para dar? Alguma coisa que queiram no próximo conto? (isso também está valendo; deem dicas do que gostariam de ler no próximo conto!!)Pessoinhas, eu me contento com poucas palavras, mas se puderem escrever mais do que isso vocês são muito bem vindos.Beijos, a benção de Raziel e até a próxima.



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