Abra Cadáver escrita por Lúpulo Lupin


Capítulo 5
Capitulo 4




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Sábado, seis e quarenta e cinco da manhã, vestiário do estádio de quadribol de Hogwarts, um sonolento time da Sonserina está reunido em volta de seu capitão, Bud Beaver. O rapaz tem 1,65m de pura musculatura bem trabalhada, seus braços e peitoral são extremamente bem definidos, a barriga é tão dura quanto as paredes de pedra da escola. Os olhos muito verdes, e a cabeça raspada com navalha, completam a figura do garoto de 17 anos que, apesar de baixo, é assustadoramente intimidador.

– Inadmissível – começou. – A Sonserina não perdia para a Lufa Lufa há 120 jogos. Sabem o que isso significa?

Silêncio, ninguém se atrevia nem a respirar.

– Significa, seus estúpidos, que a Sonserina não perdia pra Lufa Lufa há CENTO E VINTE ANOS! SEUS MERDAS.

– Bud, já ouvimos isso... - interrompeu Ana.

– EU SEI! Mas nunca é demais repetir! Viramos piada, PI-A-DA. No trabalho do meu pai, ele ouve isso todos os dias. Eu recebi cartas de parentes que eu nunca vi na vida. Somos a geração mais fracassada dos últimos tempos.

– Pera, Bud, a Lufa Lufa tá com a melhor apanhadora desde a fundação da escola, provavelmente. Essa menina Sprout capturou o pomo em 4 minutos, e se você não lembra estávamos vencendo por 70 a 0, sete gols em quatro minutos, porra. A goles nem chegou perto do gol do Julian – ponderou Ed.

– E onde estavam nossos belíssimos batedores pra não acertar um balaço na desgraçada da Sprout? - e olhou furiosamente pra dupla de batedores, que ficou em silêncio – Pois é, estavam dando rasantes na torcida dos texugos achando que o jogo tava ganho, que vontade de envenenar o suco de abóbora de vocês, seus filhos da puta.

– Tá Bud, mas já perdi a conta de quantos treinos tivemos desde o primeiro jogo da temporada, podemos começar a atividade de hoje? Ainda é janeiro, e está um frio do cacete aqui, minhas bolas viraram duas ameixas secas – resmungou Ed.

– Prosseguindo, então. Para coroar nosso fracasso. Recebemos um jogo novo de uniformes de presente da Madame Malkin, alguém que trabalha com a velha deve ter sido da Sonserina e nos enviou esses uniformes aqui – e tirou um saco com as vestimentas de dentro de um armário – São pretos, com apenas uma faixa na transversal em verde. Até achei os uniformes bonitos, mas são um sinal claro de luto. Querem nos escrotizar, visivelmente.

– Eu sugiro usarmos – falou Steve, um dos artilheiros, que foi acompanhado pelos demais.

– Justo, também pensei nisso. Aqui é Sonserina porra, não fode – praguejou Bud e começou a distribuir as indumentárias.

– Julian, a número 1 é sua! - Jogou a camisa na direção do goleiro. O time da Sonserina era imponente antes mesmo de entrar em campo. Se Beaver era pequeno e careca, Julian era o oposto, com 2,02m, o garoto de dezesseis anos ostentava uma cabeleira ruiva até o meio das costas, e apesar da idade, já tinha porte de homem e se barbeava desde os treze anos. No último ano cultivou uma barba de respeito, e ganhou o apelido de Julian Barba Ruiva.

– Batedores, aqui - Atirou a camisa 2 para Ana Black, uma quartanista pequena e delicada a primeira vista, 1,55m cheios de graça, cabelos bem pretos amarrados em um rabo de cavalo e lindos olhos azuis. Apesar da aparência frágil, Ana tinha uma bela pontaria, e muitas vezes usava o balaço para acertar a goles e evitar gols e passes.

A camisa 3 ficou a cargo de Jonathan Jones, um garoto que parecia mais um urso. Suas sobrancelhas se juntavam, e seus dedos eram bem peludos. Estava no quinto ano, era sádico, sem o menor espírito esportivo e oligofrênico.

– A 4 para Josephine, 5 Steve e 6 Ed. - Os dois primeiros são irmãos gêmeos, ambos já com 17 anos, jogavam quadribol como se fosse poesia, e eram os alunos mais bonitos de Hogwarts. Provenientes dos Malfoy, tinham cabelos de um tom loiro prateado, assim como o resto da famosa família influente na comunidade bruxa e que, por essa razão, houve quem pensasse que estavam no time de favor.

Até que no primeiro jogo a dupla, então com catorze anos, marcou sozinha nove gols na Grifinória.

O outro artilheiro é Eddard LaMer, o melhor artilheiro que Hogwarts viu durante gerações. O garoto de origem francesa é gordo, bochechudo, taciturno e implacável. Sua moral é alta o suficiente para ninguém contestar seu vício precoce em tabaco e álcool.

– E a camisa 7, número do apanhador, é minha. Agora peguem suas vassouras, que eu vou tirar o couro de vocês - ordenou o capitão do time que abriu a porta do vestirário para o campo com um chute.

Como em janeiro demora para amanhecer, quando as sete vassouras cortaram o céu de Hogwarts, o sol ainda estava tímido. Somente as onze da manhã Beaver liberou o time para voltar ao castelo.

– O jogo é daqui uma semana – disse na sua fala final, ao saltar da vassoura - Sou do time desde o terceiro ano, e não lembro de uma equipe tão forte. Me formo esse ano, e não aceito resultado diferente que não o caneco. Descansem essa semana, não se preocupem com NOMs, NIEMS, deveres de casa, ou qualquer coisa, o título é mais importante que isso. Se perdermos, vou foder a vida de cada um de vocês mais do que as notas baixas nesses exames. Estão avisados. Agora sumam daqui, vermes.

>>>>

– Cara, então, vocês tem que ganhar o jogo de hoje, apostei pesado em vocês - falou Joana se servindo de suco de abóbora no café da manhã, na mesa do salão principal.

– Quem tá comandando as apostas? Ficou acertado que quem gerencia as apostas não podem ser as pessoas das casas que estão jogando – respondeu Ed, atrás de sua montanha de ovos e bacon.

– McManaman, da Grifinória – respondeu a menina.

Seu namorado? - indagou Tom.

– Você é espertinho, hein?!

O menino sorriu.

– Olha lá aquele fodido – falou Ed, indicando com os olhos Adryan entrando de maneira cambaleante no salão principal, ainda com as roupas da noite anterior, e que logo se juntou ao grupo.

– Transar. Transar é lindo, transar é belo, quando transo meu pau parece um cutelo! Gostaram? Fiz agora esse poema. Se chama: transar.

– Que olho roxo é esse, querido? Tava transando ou apanhando, ou os dois? - perguntou Joana.

– Os dois, com duas pessoas diferentes. Ontem vendi aquele fumo pro Slug, que pagou uma bela quantidade de ouro pelo carregamento. Aí fui no Veela e a Jasmine estava disponível, nós temos uma química, sabe? Ela não resiste.

– Você é muito otário, meu Deus – suspirou Joana.

– E quem te bateu? Quero dar um abraço nesse cara – falou Ed.

– O doido do Bud Beaver. Estava chegando no castelo hoje de manhãzinha e o maluco estava nadando de sunga no lago, nessa friaca da porra, dá pra acreditar? Aí berrei “apostei alto na Corvinal, nada mais aí, que eu tenho sorte”. E o cara saiu transtornado do lago e me deu um belo cruzado. Caí duro, e acordei tem um tempinho.

– Então, como estamos pra hoje? - perguntou Tom.

– A Corvinal tem um time composto, em sua maioria, por meninas – falou Ed, colocando mais uma garfada para dentro.

– E...? - Joana, irritada pelo comentário, interveio.

– E aí que estamos na merda. Steve Malfoy já pegou todas. Elas estão babando de raiva do cara. Dizem que é um cafajeste. Não tivemos coragem de falar isso pro Bud, mas o jogo vai ser pesado - respondeu Ed dando outra bela quantidade de bacon na boca.

– Independente disso – engoliu – faz uma aposta anônima pra mim Tom, metade na Sonserina, metade na Corvinal. – E jogou um saquinho cheio de moedas para o garoto.

>>>

Campo de quadribol lotado. De dentro do vestiário podia-se ouvir os gritos da torcida.

– As Víboras da Masmorra estão nos apoiando, ainda bem – falou Jonathan.

A torcida organizada do time da Sonserina era conhecida por ser extremamente violenta, e até a bater nos jogadores em caso de derrota. No último jogo contra a Lufa Lufa, o time são não apanhou na sala comunal porque Julian foi mais rápido e imobilizou dois dos líderes da torcida, e Ana foi extremamente rápida nas azarações contra os torcedores violentos.

– Tenha mais medo de mim do que deles – sentenciou Beaver. – Vamos pro campo.

Era o primeiro fim de semana de fevereiro, e o clima já estava mais ameno. Os quatorze jogadores se lançaram ao ar, e a goles foi lançada pelo Professor Jonas Shearer, um senhor careca e enxuto.

“Rola a goles nesse céu azul de anil!” - trovejou a voz grossa de Paulo Pauleta, narrador dos jogos da escola, um ex-jogador de quadribol aposentado que atualmente trabalha como garçom em um bar pé sujo de Hogsmead, e que aos finais de semana empresta sua voz para narrar as partidas.

“Steve passa a goles para Josephine, que devolve para Steve, que passa para Ed, que retorna para Josephine, o time da Sonserina está bem paciente na troca de bolas, meus amigos”.

Bud Beaver contorna as linhas laterais do campo, seus olhos semicerrados atentos para qualquer sinal do pomo de ouro.

“A Corvinal rouba a goles com a bela Jessica, que parte em disparada rumo ao campo adversário”

A menina da Corvinal desvia de dois balaços, avança frente ao gol adversário e...

“NA TRAVE!” grita Pauleta, a bola de Jessica surpreendentemente bate no aro esquerdo do goleiro da Sonserina. “Olha o rebote... Pegou Sarah e... NA TRAVE OUTRA VEZ!”

Dessa vez Ana foi mais rápida e acertou uma paulada na goles para o campo de ataque, e prontamente Josephine pegou a bola e já lançou Steve, que com apenas um toque serviu Ed, que por sua vez com um tapa empurrou para dentro do aro direito inferior do gol da Corvinal.

“Que contra ataque, meus amigos! Dez pontos para Sonserina!” Pauleta anunciava, empolgado.

O jogo seguiu nesse ritmo, com pressão da Corvinal, ficando sempre no “quase” e contra ataque mortal da Sonserina. Até um pênalti a Corvinal chutou na trave.

Nesse ritmo, com uma hora de jogo o placar marcava 140 a 10 para Sonserina e o pomo foi visto.

Eis que Bud e Grécia, apanhadora da Corvinal, avistaram o pomo no mesmo instante, e fizeram a investida.

Disputa cabeça a cabeça.

Silêncio no estádio.

A captura do pomo pela Corvinal garantiria a vitória, e sentenciaria a Sonserina a não ter chances pelo título.

O pomo foge desesperadamente para o chão do estádio, e os apanhadores o perseguem, de tão rente podiam sentir o cheiro da grama.

Bud considerou dar um chute na adversária, mas a velocidade era tão alta que não poderia se dar o luxo de tirar uma das pernas de apoio da vassoura.

Tentou cuspir, mas não deu certo.

Balaço.

Bud é acertado em cheio pela bola de vida própria.

A pancada foi tão grande que seu corpo voou e acertou a adversária, que estava praticamente colada no apanhador da Sonserina.

Os jogadores se chocam.

Grécia cai da vassoura e se estatela no chão.

Bud se segura com apenas uma mão na vassoura, enquanto sua cara se arrasta na grama. Consegue olhar pra cima. Avista o pomo.



“UFA! UFA! DISSE A PIRANHA DA LUFA LUFA! ANAL! ANAL! EU FIZ COM A CORVINAL! GRIFINÓRIA, CHUPA MINHA PIROCA! EOOOOO! EOOOOO! SONSERINA É O TERROR!”

A festa nas masmorras não parou até o domingo de manhã, quando Slughorn invadiu a sala comunal extremamente puto da vida.


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