Entre o cavaleiro e o ladrão escrita por Eduardo Marais


Capítulo 3
Capítulo Três




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Regina senta-se diante de Robin. Olham-se por muito tempo sem dizer nada. Apenas recordavam nos olhos um do outro, os momentos que pensaram que poderiam criar uma família juntos.

– Eu não sabia que estava casada e que tinha uma filha.

– Vasco veio ao meu mundo, quando pensei que tudo estava desmoronado. Acredite se quiser, mas eu o criei usando tudo o que admirava nos homens que conhecia. Não sei porque, não inclui você. Eu matei você em minhas lembranças, Robin.

– Ele a ama?

– Vasco me venera. Respira o ar que eu respiro e apenas vive porque eu existo. Ele cuida de mim, como se eu fosse a única peça de um tesouro valioso demais. Além disso, deu-me uma filha linda e saudável!

Robin segura as mãos de Regina e naquele toque consegue passar para ela, todo o amor que ainda latejava dentro de sua alma. Seus olhos diziam tudo o que precisava ser dito e deixava a certeza de que ele não iria desistir dela.

E é naquele toque, que Regina percebe a grandiosidade de seu amor por aquele homem. Indaga se seus sentimentos sobre Vasco eram menores do que aqueles que ainda nutria pelo ladrão. O desejo por Robin ainda era intenso e ela poderia perder-se na imensidão daqueles olhos. Sim, ela ainda o desejava em sua vida.

– Você o ama, Regina? Você ama aquele homem com a mesma intensidade que me ama?

Ela nega com um movimento de cabeça.

– Então, deixe-o. Vamos criar a nossa família e o nosso amor. Você, eu, Roland e sua filha. Eu lhe prometo que seremos felizes!

Regina levanta-se e caminha para fora da lanchonete. Sua mente girava em todas as direções, lutando na busca de uma solução para aquele dilema. Mas uma solução que não provocasse mágoas em inocentes.

Por que Robin decidira voltar? O que ela estaria esperando encontrar? Por que ele acreditava que ela estaria disposta a recebê-lo de braços e coração abertos, mesmo se estivesse solteira? Por que tudo o que havia construído com Vasco deveria ser destruído? Por que ainda sentia seu corpo vibrar pela simples presença de Robin? E como Marian estaria se sentindo naquele momento? Como lidar com as reações inusitadas de Vasco?

Definitivamente, ela precisava de alguém. Alguém com quem conversar e ser aconselhada ou pelo menos que a ouvisse desabafar sem opinar. Mary, ela precisava de Mary. Sua odiada e amada enteada, única amiga verdadeira.

E ela segue até o loft. Ali é recebida pela enteada.

– E como Vasco reagiu?

– Ele ficou contrariado e foi deselegante com Robin. Depois, deu um ultimato para que eu afaste Robin de mim ou ele o fará. Tenho receio de que queira envolver-se num embate físico.

– Obviamente que você deixará sua situação bem clara para Robin. Não vá cometer a insanidade de abandonar Vasco para retomar seu romance com Robin!

– E se eu lhe disser que ainda amo Robin? – Regina faz uma careta.

– Poderia responder que você não é mais uma garotinha irresponsável, que quer abrir mão de um casamento para viver um romance proibido. Mesmo que Robin tenha deixado Marian, ele não é mais o homem que estava destinado a você.

– Você não entende porque não viveu um amor como eu vivi com Daniel e depois com Robin. Você apenas amou David e ele a você! Tudo foi perfeito! – Regina caminha até a janela e fica olhando para fora.

– Mas Robin foi embora, Regina! – Mary caminha até a madrasta. – Ele fez a escolha dele pelo bem de Roland e deixou seu coração esmigalhado! Depois, você recebeu Vasco e está sendo amada incondicionalmente! O que quer mais?

Regina exibe um olhar triste para a enteada.

– Para os heróis as coisas são tão mais fáceis! O certo é certo e o errado é errado! Não há meio termo! Mas para os vilões, tudo é mais complicado, porque vemos a cor cinza entre o preto e o branco!

– Essa história de cinza é uma desculpa para justificar o que pretende fazer!

Uma risada desdenhosa surge de Regina.

– E o que eu pretendo fazer?

– Pretende embutir essa desculpa em sua alma, para justificar sua consciência quando abandonar Vasco. Você pensa em seu amor com Robin, mas e no amor de Marian e Vasco?

– Quer que eu passe minha vida sofrendo?

Mary afasta-se furiosa.

– Sofrendo? Você é a mulher mais bonita e poderosa da cidade, é casada com um homem belíssimo que sente seu perfume até em sua sombra e recebeu dele uma filha linda! Você chama isso de sofrimento? Você criou Vasco com seus delírios e agora é responsável por ele! O que acha que acontecerá com Vasco e Yasemine, caso você decida deixar o casamento?

– Yasemine ficará sob minha custódia. Sou a mãe!

– Não. Vasco e Yasemine deixarão de existir em seu conto de fadas!


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