Entre o cavaleiro e o ladrão escrita por Eduardo Marais
– Papai irá pôr este rolinho bem macio em suas costas, para que você não fique com a barriguinha para cima. Precisamos proteger você, caso venha a golfar. Você entendeu?
Ele ri das próprias palavras. Termina de acomodar sua pequenina e dirige-se para a cama. Precisava descansar e relaxar daquele dia tumultuado nas docas.
Assim que se deita, sobressalta-se com a entrada de Regina em seu quarto. Ele arregala os olhos e engole seco ao ver aquela mulher deslumbrante caminhar de maneira segura e imponente, demarcando o território.
Regina vinha vestindo apenas um babydoll vermelho em cetim, descalça e docemente perfumada. A simples presença dela provoca um turbilhão de emoções dentro do corpo de Vasco.
– Não quero dormir sozinha. Vim ficar com vocês. – ela fala e sobe no colchão, ajeitando os travesseiros sobre a cama.
Completamente embriagado por aquela visão, Vasco tenta buscar controle para não ser deselegante. Salta da cama e tenta encontrar algum motivo para afastar-se a fim de recompor-se. Caminha para o banheiro.
– Aonde vai?
– Eu...eu vou ao b-banheiro...la-lavar meu... babydoll...
– Mesmo? E que cor ele é? – Regina acha graça na situação.
– Quero dizer...é...eu...vou lavar meu rosto. Com licença!
Regina esparrama-se confortável sobre a cama. Havia nocauteado o marido sem esforço algum. Como num comercial em que a suave bailarina nocauteia um lutador de UFC.
Por longos minutos, Vasco molha o rosto e o pescoço tentando abaixar a temperatura de seu corpo. A mera visão de Regina dentro daquela minúscula peça de roupa havia provocado a erupção de seu sangue. Estava com água na boca.
Quando retorna ao quarto, bem mais calmo, Vasco enche seus olhos com a deslumbrante imagem de Regina semi deitada e com as costas apoiadas nos travesseiros ajeitados juntos à cabeceira. Era a coisa mais linda que ele já havia visto!
Sorridente, Regina afasta delicadamente os joelhos e convida explicitamente o marido, para se aconchegar naquele espaço surgido.
Tudo perde o valor fora daquela cama. Vasco não consegue enxergar absolutamente mais nada. Apenas aquele espaço dentro do quarto era de suma importância para ele. E como um legítimo cavalheiro, ele não declina ao convite.
E para aquela mulher belíssima, ele entrega não somente seu corpo, mas aquele turbilhão confuso de sentimentos que estavam lutando dentro de sua alma. Eram confusos, mas eram legítimos e puros.
Naquele momento, ele a torna sua rainha. Naquele momento ele se torna o seu vassalo. Um vassalo pronto a dar a vida pela sua majestade.
A proximidade entre o casal aumenta no decorrer dos dias e nada parecia estar mais perfeito na vida de Regina. Ela conseguia sorrir em poucos dias, o que não havia sorrido ao longo de sua vida.
Tudo em sua volta parecia estar colorido e florido. O amor em sua alma era completo e estava conhecendo o verdadeiro significado de amar e ser amada sem cobranças.
Vasco era uma pessoa serena e centrada, mantinha protegidas as suas emoções e não se envergonhava em ser galante ou gentil, mesmo que a maioria das pessoas encarasse isso como algo ultrapassado.
Foram dias tranquilos para a pequena família Mills Agilulfo. Nada de hostilidades, desconfianças, acusações ou lágrimas. Regina sabia que havia ganhado muito espaço naquele campo da batalha que se impusera a vencer. Iria derrotar os medos e a insegurança de Vasco, conquistando sua amizade, sua confiança e, sobretudo, o seu amor.
Naquela manhã, Vasco iria organizar alguns detalhes em casa e orientar a babá sobre os cuidados com a pequena Yasemine, para depois seguir para seu escritório. Regina e ele iriam almoçar juntos e passar a tarde na cidade vizinha, numa espécie de micro lua de mel. Era o combinado e apenas a ideia da realização, já o excitava.
A campainha toca e é Vasco quem atende para encontrar Marian sorridente, em pé na varanda.
– Marian! – impulsivamente, ele a abraça e é correspondido. – Venha para dentro! Onde está Roland?
– Eu o deixei com Ruby. Ela me impediu de trazê-lo porque não o soltava do abraço.
Vasco toca os cabelos longos e escuros da amiga. Beija-lhe a testa.
– O que a traz aqui? Já tomou seu desjejum?
– Sim. Vim conversar com Robin, trazer Roland para vê-lo e resolvi saber como você está.
Ambos sentam-se num dos sofás da sala principal.
– Feliz, porém ainda confuso. Estou conseguindo me reconciliar com Regina. Sinto-me apaixonado por ela.
– Isso é maravilhoso. Ela está apaixonada por você?
O rosto de Vasco torna-se inexpressivo. Por segundos ele tenta buscar uma resposta convincente para aquela pergunta.
– Ela se declarou para mim. Diz que me ama.
– Quem não amaria um homem como você? Belíssimo, gentil, excelente pai e certamente ótimo amante!
Vasco abaixa os olhos em direção às próprias mãos.
– Você já descobriu se a ama?
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