Entre o cavaleiro e o ladrão escrita por Eduardo Marais
– Por que você me envenenou?
– Não envenenei você, Vasco. Eu consegui algo para pôr Regina e Robin para dormir e quando despertassem, não se recordariam um do outro.
– Mas isso é crueldade!
– Crueldade? – ela ri e entrega a caneca com café para o homem. Olha-o com admiração e paixão. Ele era perfeito em sua suavidade e beleza quase feminina. – Eu fui presa por Regina em um calabouço e condenada à morte porque quis salvar a vida de Mary. O que Robin fez? Absolutamente nada! Apenas determinou que eu havia sido morta. Continuou sua vida sem mim e em seguida decidiu viver um amor com Regina.
Um arquear de sobrancelha é a resposta de Vasco.
– Quando eu fui levada para Storybrooke por Emma e por Killian, causei surpresa ruim. Regina sofreu e Robin sofreu ainda mais. Roland sequer se lembrava de mim. – ela se senta e bebe um gole do café. – Depois de alguns problemas, Robin precisou sair da cidade e nos levar com ele, para nossa segurança. Abriu mão do relacionamento com Regina.
Vasco mostra-se interessado.
– Viemos para esta cidade maluca e não conseguimos ter a vida de antes. Robin não conseguia mais me ver como mulher e passamos a viver fraternalmente apenas para a felicidade de Roland. Decidimos conversar e Robin entendeu que eu havia dado o aval para que retomasse o seu amor com Regina. Retornamos para a cidade e ele investiu no amor que sente por ela, mesmo sabendo que estava casada e com uma filha.
– Yasemine é a filha de Regina? Filha biológica?
Marian sorri e confirma com a cabeça.
– Regina ficou dividida e você foi extremamente elegante e gentil ao abrir espaço para que os dois decidissem o futuro deles. Regina sofreu e ficou indecisa. Ela queria os dois homens. Então, Vasco, meu amigo, isso é definição de crueldade.
Com suaves movimentos com a cabeça, Vasco concorda.
– Fiquei furiosa por nós dois. Eu sabia que sua elegância não permitiria ferir ou magoar Regina, fosse qual fosse a decisão dela. Decidi eu mesma resolver a situação e quis adormecer os amantes. Infelizmente, você avançou sobre a taça de Regina e bebeu o vinho que era para ela. Não posso explicar o que aconteceu depois, mas você morreu.
– E foi o beijo de Regina que me trouxe de volta...
– Não. O que trouxe você de volta foram as massagens cardíacas e os choques que deram em seu coração! Tudo foi uma questão medicinal. – ela sorri cínica.
De volta a Storybrooke, ele não titubeia e expõe sua decisão para a esposa.
– Eu quero me divorciar de você para ir viver em Nova Iorque. Penso em vender minha empresa e abrir algum negócio por lá. Ou posso até mesmo administrar de lá. – Vasco é direto e pega Regina de assalto.
– Separar-se de mim? Obviamente que está pensando em levar Yasemine!
– Fui informado de que posso pedir o que chamam de guarda compartilhada. Assim, estarei sempre presente na vida dela. Como sei que não permitirá que eu a leve...
Regina mostra-se incrédula e subitamente furiosa.
– Seu contato com sua amiga Marian foi frutífero, hein? Além de roubar suas memórias, agora quer roubar você de mim?
– Não se rouba aquilo que outro não tem.
Aproximando-se do marido com cautela para não afugentá-lo, Regina segura o rosto do homem e consegue transmitir carinho naquele toque. Percebe que ele estremece com sua aproximação. Era o amor adormecido em algum canto de sua alma, que se manifestava naquele momento. Vasco a amava, apenas ainda não se recordava.
– Eu lhe peço o prazo de um mês. Caso você não se recorde de mim nesse período, eu lhe concedo a separação e autorizo que leve Yasemine com você.
– Por que eu me recordo de todas as pessoas e não consigo ver você em minha vida?
– Esse era o plano de quem fez o veneno. Apagar a presença da pessoa que você ama.
Vasco segura gentilmente as mãos de Regina. Beija-as com delicadeza e demora, curtindo perfume e maciez daquelas mãos, com unhas enfeitadas de vermelho. Ah, como aquilo era maravilhoso!
– Eu consigo lembrar-me de Robin e de ter conversado com ele. Porém, não me recordo de ver você junto a ele ou mesmo junto a mim. No entanto, quando você se aproxima, o meu corpo grita e fica aquecido a ponto de eu me sentir desesperado por desejo de me entregar.
Um sorriso surge como início de resposta.
– Tenho a certeza em meu coração de que você sabe que estou falando a verdade. Aquela mulher com quem você se casou, deixou de existir quando o seu coração parou de bater. Mas quando sua vida retornou ao seu corpo, nasceu outra mulher em mim. A mulher que entregou o verdadeiro amor em um beijo e o trouxe de volta.
Vasco exibe uma carranca feroz e feia. Afasta-se de Regina.
– Quem me trouxe de volta foram os médicos. Eles usaram as técnicas e fizeram meu coração bater outra vez. O amor verdadeiro morreu quando minha esposa morreu, porque foi para ela que dediquei minha existência e meus sentimentos puros. Não sei quem é você!
Um mês. Em trinta dias, Regina deveria usar todos os seus argumentos e truques sedutores para despertar as lembranças adormecidas na alma daquele homem. Por que tudo tinha de ser tão difícil? Por que viver o amor era tão complicado em sua vida? Será que isso tinha a ver com as travessuras criativas do autor? Será que isso já estava previsto em sua caminhada?
Amar Henry tinha sido tão fácil, mas fazer-se amar não. Amou Daniel e por amor, ele morreu. Chegou a amar Graham, mas a impetuosidade na alma feminina provocou sua partida precoce. E Robin? Que sentimento os unia? Teria realmente sido amor ou apenas teimosia para realizar aquilo que a fada verde tinha dito que seria o certo?
E agora?
Por que havia descoberto seu amor por Vasco? Obviamente que iria sentir muita dor pela morte dele, mas por que deveria ter descoberto o amor verdadeiro em meio a tanta tribulação?
Fazer-se conhecida por Vasco seria seu desafio. E teria de vencer sem magia ou poções. Suas armas seriam seus dotes sedutores e sua inteligência. E que começasse a peleja!
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