Entre o cavaleiro e o ladrão escrita por Eduardo Marais


Capítulo 10
Capítulo Dez




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– Quando definiremos a nossa situação, Regina? Sabe o quanto amo você e que desejo criar uma família ao seu lado. Por que demora tanto? – Robin segura os ombros da mulher e a vê desvencilhar-se daquele toque.

– Robin, meu coração está tumultuado com esses sentimentos. Vejo em você, o amor de minha vida, mas vejo em Vasco a felicidade e a possibilidade de jamais ser abandonada ou traída. Não há como comparar os amores que eu sinto pelos dois e isso me impede de decidir quem eu realmente desejo ao meu lado.

– Isso é egoísmo, Regina!

– Eu abri mão de nosso amor quando Marian retornou. Lutei para trazê-la de volta quando foi congelada e fui obrigada a vê-los partir para que nenhum mal os afligisse aqui nesta cidade. isso é egoísmo?

Robin passa a mão pelos cabelos. Mostra-se impaciente.

– Conversei muito com Marian. Um dia, ela me liberou do compromisso e permitiu que eu fosse feliz ao seu lado. Como sei que você me ama demais, vibra com minha presença e não esconde o que sente por mim, sei que terminaremos juntos. Porém, precisa decidir-se!

Regina cruza os braços diante do peito e caminha para um ponto de onde pudesse ver toda a cidade. Como aquilo era lindo aos seus olhos! Ela havia criado tudo aquilo em sua estrutura e durante muito tempo, todos viveram sem conflitos até a chegada da Salvadora. A partir daí, a vida de todos sofreu muitas mudanças e dentro dessas mudanças, aconteceu o surgimento de Robin e seus homens. Com ele, veio a necessidade de aproximação e o surgimento de um amor.

Mesmo dividida entre os sentimentos pelos dois homens, Regina sentia a alma tranquila em alguns momentos, quando acreditava que havia conseguido encontrar a solução para aquele problema. Muitas vezes, não encarava a situação como problema, mas como um enigma a ser resolvido.

Seus dois amores, seus dois amados, seus dois homens destinados à sua vida. Seria divertido se não fosse trágico. Lá em seu íntimo maldoso, aquela disputa inflava seu ego e a fazia sentir-se ainda mais poderosa. Dois homens belos demais, íntegros, valentes, sensuais e apaixonados, tentando mostrar seus atrativos para conquistá-la. Sabia agora, como Helena de Tróia havia se sentido. Sorri.

Sente os braços fortes de Robin envolverem sua cintura. O queixo barbado do homem encosta-se em seu pescoço e ela sente os lábios dele em seu ouvido.

– Meu amor por você é imenso, Regina. Eu lhe dei meu coração, mas teria dado o mundo se pudesse.

Ela sorri ainda mais. Delicadamente, afasta-se daquele abraço. Não poderia ceder à tentação, porque Vasco não merecia ser traído. Tudo deveria ser às claras e para isso, todos teriam de conversar como verdadeiros adultos. Tudo deveria ser derramado sobre a mesa.

Uma reunião tinha sido marcada na casa de Regina.

Robin não conseguia desviar seu olhar da nova Marian, elegante demais em suas roupas modernas e seus cabelos escovados. Estava muito bonita e não perdia seu ar taciturno. Desde que ela havia começado a trabalhar para Vasco, nos cuidados com Yasemine, o casal não havia se encontrado e ele sabia que estava em falta.

Disfarçando seu nervosismo, Regina indica os sofás para que todos se acomodem para a conversa civilizada e definitiva. Tenta controlar a situação ridícula que havia sido criada com a volta de Robin.

Vasco, como sempre, não expõe seus sentimentos, embora seu coração estivesse rasgando-se dentro do peito. Era uma dor física, existente e desconhecida.

– Vocês gostariam de beber alguma coisa para relaxar? – Regina esboça um movimento para buscar a bebida, mas o esposo a impede com um gesto carinhoso e assume a tarefa.

Marian levanta-se e acompanha Vasco até o bar e o ajuda na preparação das bebidas. Diz:

– Vá sentar-se, Vasco. Eu cuidarei disso. Conheço todos os gostos!

Um sorriso suave é a resposta do homem.

Quando Marian retorna com a bandeja e as bebidas servidas, traz também um sorriso amistoso em seu rosto. Alguém tinha de dar o primeiro passo para que o clima no ambiente ficasse mais ameno. Ela sabia que aquela reunião seria um divisor de águas.

– Você aprecia uma bebida forte. – ela sorri e entrega o copo para Robin que tenta sorrir, também. Volta-se para Vasco e entrega-lhe um copo com licor, o preferido do homem. Apanha a taça com vinho e entrega para Regina. Ambas olham-se por alguns segundos e não dizem nada. Para terminar, apanha uma taça com água tônica e senta-se ao lado de Robin.

Regina tenta manter a civilidade, mas tudo o que desejava era destruir aquele sorriso de Marian com muitos e muitos socos. Mas jamais iria rebaixar-se a tal comportamento.

– É uma situação delicada para todos nós, mas nenhum deveria sentir-se menosprezado ou culpado pelo que decidiremos aqui. Normalmente, as decisões seriam tomadas baseadas nos sentimentos individuais, porém, como sabemos que nossas vidas não podem ser consideradas normais, sugiro que conversemos de maneira civilizada e tomemos uma decisão boa para nós quatro e nossos filhos.

– Ah! Não suporto mais isso! Preciso de algo mais forte para aguentar tanto cinismo! – Vasco explode pela primeira vez. Retira a taça de vinho da mão de Regina e bebe o vinho num gole apenas.

– Não! - Marian tenta impedir que o homem beba o vinho, mas seus movimentos chegam tarde demais. Tudo o que consegue fazer é cobrir a boca com a mão em concha.

Regina sente o peito queimar como se uma flecha a tivesse atingido. Avança para Vasco e arranca a taça de sua mão, tendo tempo apenas de vê-lo cair desfalecido no sofá e rolar para o chão.


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