CAPÍTULO 4

I'm so sick of that same old love, that shit, it tears me up
I'm so sick of that same old love, my body's had enough
I'm so sick of that same old love, feels like I've blown apart
I'm so sick of that same old love, the kind that breaks your heart
— Selena Gomez, Same Old Love

— Jade? - A morena continuava encostada na porta de sua casa, mas agora estava com os olhos fechados e quando ouviu essa voz, que reconheceu em segundos, desejou ter voltado ao seu carro e assim Beck não a encontraria aí.

— Eu. - Murmurou Jade, abrindo os olhos e olhando diretamente para Beck. - Algum problema?

— André me pediu para eu te levar umas chaves, ele disse que era muito importante para ti. - Murmurou e ela riu.

— E ele não conseguiu vir sozinho? - Perguntou, já sabendo a resposta. - Oh, claro. Ele está muito ocupado com o amor da sua vida e não se importa com sua amiga que pode conseguir uma gripe com o frio que faz e morrer de pneumonia.

— Jade, não vais ter nenhuma pneumonia. - Respondeu Beck. - André ficou no hospital com Tori, ela tem algum virus e eu estou aqui para te ajudar e para te abrir a porta e assim podes entrar em casa e não vais ter frio e tudo isto não vai terminar em uma pneumonia, um pouco menos de drama, Jade! Tem pessoas que lutam a diário por uma vida e tu estás aqui, sendo péssimista e falando sobre coisas ridículas!

A pequena garotinha estava deitada numa cama de hospital, a sua tia estava ao seu lado, segurando a sua mão e dizendo que tudo ia ficar bem, mesmo intuindo que isso era uma mentira. As cortinas da janela enorme do quarto do hospital se podiam ver muitas nuvens cinzentas e carregadas de chuva e também se viam alguns raios de Sol entre as nuvens, o quarto estava silencioso, excepto pelas respirações das duas e pelas palavras confortantes da tia de Jade.

O corredor também parecia demasiado silencioso, o que não era comum em uma zona onde só havia crianças tristes que tentam demonstrar felicidade e pais que perderam a esperança.

— Bom dia, Maya. - A médica sorriu. - Olá, Jade. Como te sentes hoje? Melhor que ontem?

— Sim, hoje minha cabeça não doi. E não tossi sangue! - A garotinha de pele pálida sorriu emocionada e a médica suspirou.

— Essa é uma boa noticia, Jade. - Respondeu a médica. - Aconteceu mais alguma coisa que Jade não tenha contado, Maya?

— Não. Ela está melhor, parece que a quimioterapia está tendo efeito. - Maya respondeu, acariciando o cabelo de Jade.

— Perfeito então. Continuaremos com as sessões de quimioterapia até que estas continuem tendo efeito. O tumor de Jade é bastante grande e não acho que sejá possível extirpá-lo sem matar Jade no processo, mas esperemos que a quimioterapia tenha um efeito positivo e o tumor deixe de crescer.

Jade olhava para a médica sem entender muito bem o que ela queria dizer com essas palavras. Ela entendia que estava doente e que era algo grave o que ela tinha e nisso terminava o que ela entendia. Não gostava de ter que viver no hospital e era estranho ter amigos que desapareciam tão rápido daquele sitio.

— Talvez eu estou sendo péssimista e dizendo coisas ridículas porque eu estou cansada de lutar pela minha vida. - Murmurou, com os olhos brilhantes. - As chaves, por favor. - A sua voz saiu baixa e trémula, ela estava segurando o choro. Nesse momento, Beck entendeu que tinha feito alguma coisa mal.

— Jade... Eu... Desculpa. - Sussurrou. - Eu não queria dizer isso, eu só...

— As chaves, Beck. - Falou Jade levantando-se do chão e limpando algumas lágrimas. - Eu tenho frio e quero entrar em casa. - Resmungou Jade, quando viu que Beck não lhe ia devolver as chaves.

— Eu só te vou devolver as chaves quando tu aceitares as minhas deculpas. - Respondeu Beck e Jade revirou os olhos, se sentindo completamente frustrada.

— Então vamos ficar aqui até que mais alguém que tenha as chaves de minha casa apareça aqui, porque eu não penso aceitar as desculpas de alguém como tu! - Gritou Jade, sem se importar que era muito cedo e que os seus vizinhos provavelmente se queixariam mais tarde.

— Alguém como eu? - Riu Beck. - O que queres dizer com “alguém como eu”? - Questionou olhando diretamente para os olhos vermelhos pelas lágrimas de Jade.

— Um idiota como tu, Beck! - Respondeu Jade. - Eu estive esperando mensagens tuas todos os dias, sempre que recebia uma mensagem ou uma chamada, esperava que fosse tua e adivinha, tu nunca me nem mandas-te uma mensagem! - Falou dececionada. - Eu achei que tu fosses diferente, mas sempre se é a mesma coisa. Quando vocês conseguem o que querem, perdem o interesse.

— Eu não perdi o interesse em ti, Jade! - Beck bufou. - Eu estava te preparando uma surpresa! - Gritou.

— Uma... Surpresa? - Murmurou Jade, limpando algumas lágrimas. - Eu... Eu não sabia. - Sussurou.

— Eu sei que não sabias, nisso consiste a palavra “surpresa”. - Suspirou passando as mãos pelo cabelo e depois encarando a Jade. - Depois da festa, eu perguntei ao André sobre coisas que tu gostas, para não arruinar a surpresa. Ele me disse que eras fã de um grupo que começa o seu tour próxima semana em New York e eu decidi levar-te ao concerto, mas aí resultou que eu não tinha dinheiro suficiente para pagar o hotel, o concerto e a viagem em avião e eu tive que trabalhar horas extras e acabei trabalhando aproximadamente doze horas diárias e o último que eu queria era falar com alguém! Eu ia te pedir desculpas depois, mas... Parece que tudo isto não serviu para nada.

— Eu... Uau, nunca ninguém fez nada assim por mim. - Jade sorriu e se aproximou mais de Beck. - Obrigada. - Ela o abraçou e ele, respondeu o abraço, sorrindo.

— Então, a próxima semana vamos a New York? - Preguntou Beck, ainda abraçando Jade.

— Sim! - Riu Jade, tentando afastar Beck do seu corpo. - E agora, eu quero as chaves de minha casa porque eu estou começando a ter demasiado frio e não quero ficar doente.
Eles riram e Beck se viu obrigado a terminar o abraço e dar as chaves do apartamento a Jade. Eles terminaram tomando café quente no sofá da sala e conversando horas sem parar, até que adormeceram abraçados no sofá.