Survive escrita por Camila Reis


Capítulo 3
Terceiro Encontro - Breathe Into Me


Notas iniciais do capítulo

E ESTOU AQUI DE VOLTA! O/ (olha só,até que estou me mantendo - e não falhei nenhum dia até agora!) Terceiro dia com Breathe Into Me!
Link: https://www.youtube.com/watch?v=6gcEyO-XqAw
Boa Leitura!



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Enquanto isso...

— Pare! Não! Nós éramos amigos, lembra? - Implorava o vampiro, desesperado.

— Desculpe cara - Respondeu simplesmente o jovem, dando uma última martelada. Os olhos do garoto perderam a vida, as mãos pararam de tentar agarrá-lo.

Ele estava morto.

— Boa, Yuki! - Disse-lhe um homem de meia-idade, batendo nas costas do garoto com afeto - Você é bom nisso!

— Obrigado - ele sorriu, com uma pontinha de orgulho.

— Pausa, homens! Hora do lanche! - Berrou um homem alto e magro, com avental branco sujo de sangue e um martelo em mãos.
Todos os homens comemoraram, já se juntando.

— Esperem! - Berrou um garoto bem parecido com o homem, os cabelos desgrenhados escondidos por um lenço que ele amarrara à cabeça - Não podemos parar ainda! Tem muitos Ressuscitados por aqui, pai!

— Eles sabem o que acontecerá se vierem. E estão em menor número. Não precisa se preocupar.

— Mas...

— Se está tão preocupado, vá lá e mate-os, moleque! - Berrou um velhinho baixinho com a cara enrugada. Os outros riram. O garoto, entretanto, ficou vermelho de raiva e tomou o martelo do pai, pegando um conjunto de estacas e pisando com força no chão. Ele caminhou na direção da escuridão, e uma ponta de preocupação passou pelo rosto do pai. Eles haviam perseguido um pequeno grupo de Ressuscitados até o cemitério, e estavam cercados pela floresta.

Yuki teria ido atrás dele, mas seu próprio pai o puxou em direção à estrada, de onde se aproximava um carro com suas tias e sua avó, todas distribuindo sanduíches para os homens, que estavam famintos. Comer com as roupas todas sujas de sangue - um sangue que não era seu - era nojento e repugnante, mas ele estava com tanta fome que não se importou. Sentou-se de pernas cruzadas no chão e comeu silenciosamente, o pai ao seu lado.

Não deu nem cinco minutos e logo o garoto de antes voltou correndo, gritando. Atrás dele, um vampiro, os caninos à mostra e a pele pálida sob a luz da lua. Yuki imediatamente se levantou. Dois homens correram para ajudar o garoto, segurando a besta pelos braços. Yuki apressou-se a pegar a estaca e ajudá-los.

Não foi necessário tanto esforço. Logo, o garoto foi executado, em meio à gritos de desespero e tentativas fracassadas de fugir. Foi então que Yuki notou vultos mais adiante, se deparando com uma mulher exageradamente magra, dos cabelos negros e os olhos da mesma cor.

A sua tia. Que havia morrido duas semanas após a chegada misteriosa dos Kirishiki.

Ela mantinha as mãos protegendo o peito, temendo ter o mesmo fim que o vampiro que ela observava. De repente ela olhou para Yuki, os olhares se encontrando por uma fração de segundo, tempo suficiente para ela perceber que corria perigo e então fugir.

Yuki não poderia ter outra reação: correu na direção dela. A sua tia era ruidosa, pisava em galhos, chorava, tremia, e volta e meia trombava com alguma árvore, produzindo ainda mais barulho.

Logo, alcançaram uma pequena clareira na floresta. A mulher parou no centro da clareira, fitando Yuki com medo. Um vulto surgiu na frente dela, interceptando-o.

Yuki imaginou que estava sonhando quando percebeu quem era. Os cabelos negros e sujos de terra, o casaco em farrapos. O olhar penetrante. Tirando as olheiras fundas e o cansaço mais que aparente, ele estava tal qual como quando era humano. Ali, parado à sua frente, estava o seu melhor amigo - e seu primeiro amor, que tinha sumido misteriosamente alguns dias depois de ter descoberto o segredo dos Kirishiki.

A mulher aproveitou para fugir, mas Yuki já não se importava mais com isso.

— Não imaginei que-

— Bom te ver, Yuki - A voz dele era fria, cortante.

— Como...Como pode estar vivo?

— Não sei, para falar bem a verdade.

— Você sumiu. Imaginei que tivesse ido embora de vez.

— Adoraria ter feito isso antes de...Morrer.

— Como assim?

— Bem irônico termos nos encontrado, mas agora preciso ir. - Ele se virou, prestes a partir.

— Espere!

— O que foi? - Ele parecia irritado.

— Como assim "antes de morrer"? Você realmente morreu? Por que seus pais não falaram nada?

Uma garota baixinha chegou correndo.

— Ei! Descobri uma nova passagem! Poderemos fugir de vez daqui e...O que esse humano está fazendo aqui?!

— Ele é um amigo - Respondeu simplesmente o garoto - Deixe que eu me resolvo com ele. Leve os outros em segurança para...para algum lugar. Nos encontramos depois.

— Mas...

— Vá!

A garota assentiu, sumindo novamente.

— Por que está ajudando eles? São monstros! - Disse Yuki, exasperado.

— Eu sou um deles - Disse o garoto com indiferença.

— Como assim? Você sequer se parece com eles!

— Eu sou um tanto diferente deles. Mais forte. Sem tantos pontos fracos. Bem melhor do que eu era antes. Agora, se me der licença...

— Então existem outras "variações" de um Ressuscitado? E seus pais? Sabem o que você é?

— Isso não te interessa - Respondeu o garoto, aborrecido - Eu preciso mesmo ir. Acabou o interrogatório? Pois passar bem.

O garoto se virou e caminhou na mesma direção da baixinha. Yuki se irritou.

— Como assim "Passar bem"? Se é tão "diferente" desses caras, por que nunca tentou entrar em contato comigo? Por que não me contou sobre isso tudo? Eu entenderia!

— Não, você não entenderia! - Disse o garoto,s e virando para Yuki novamente - Você nunca entenderia! Quando eu descobri o que eu era, eu tentei manter contato com você, juro que tentei! Mas quando eu realmente estava perto de conseguir, Chizuru foi morta e os humanos descobriram sobre mim e os outros! Eu vi que precisava falar com você, contar à você sobre tudo e pedir ajuda, achava que você ajudaria, mas não! Você está do lado daqueles desprezíveis que matam cada um de nós sem um pingo de piedade! Eu mesmo presenciei você assassinando seus amigos! Seus colegas! Até mesmo...Sua família! Aposto que assassinaria sua tia, que você dizia que amava mais do que tudo, da mesma forma como assassinou estranhos! E agora, vai voltar e dizer àqueles vermes que tem um grupo de "bestas" que descobriu uma nova passagem, você vai ajudá-los a nos encontrar, e vai matar um a um com um sorriso no rosto!

Yuki se calou. Tudo aquilo era verdade. Até então, ele nem se importava se estava matando amigos ou estranhos.

— E qual o argumento de vocês? - Continuou o garoto, ainda mais enfurecido - Que somos demônios? Monstros? Pois há humanos que fazem muito pior que isso! Pois saiba que se mandar seus vermezinhos atrás de mim, farei questão de matá-los um a um!

Ele se virou novamente, pisando firme. Yuki ficou pensativo.

— Espere! E se...tiver alguma maneira de eu me redimir?

O garoto parou, respirando fundo. Depois virou-se para Yuki, a expressão neutra.

— Tem uma maneira de se redimir, sim. Siga-me.

***

O garoto o guiou pela floresta até um canto mais escuro, onde umas dezenas de vampiros estavam reunidos. Eles se entreolharam quando Yuki chegou. O garoto se adiantou na frente de Yuki.

— Ele é um aliado, calma. Vai apenas nos acompanhar.

Eles pareceram se acalmar. A garota baixinha os guiou pela floresta. O garoto se aproximou mais de Yuki, segurando sua mão. Yuki não pode deixar de sorrir.

— Quer dizer que para me desculpar eu apenas devo ficar do lado de vocês?

— E nos ajudar? E fugir comigo? Sim.

— Saber disso me deixa...Feliz. É bom saber que quer que eu fique ao seu lado.

— É o que eu mais quero - Pela primeira vez, ele sorriu. Só então Yuki notou o quanto sentia falta daquele sorriso.

Pararam na saída da floresta, bem nos limites entre a cidade - a luz - e a floresta - a escuridão. A garota se virou para eles, e então Yuki notou que ela parecia ser como o garoto ao seu lado, uma nova variação dos vampiros.

— Agora vamos nos dispersar. Não se esqueçam das coordenadas para quem for à leste, e as coordenadas para quem for à oeste. Se forem encontrados, aconteça o que acontecer, não denunciem nossas posições. Vejo vocês no "ponto de encontro". Boa sorte. - E ela sumiu em meio às sombras das casas.

Como já havia sido planejado, cada um foi na direção que achou melhor. A garota havia montado o esquema argumentando que muitos Shikis— era esse o nome a que haviam os denominado? - reunidos poderia chamar atenção demais, e ainda havia aqueles que queriam ir para outras direções e a discordância entre os membros do grupo.

Yuki e o garoto decidiram ir para oeste. Se escondiam entre as sombras das casas, atravessavam as ruas rapidamente, e sempre tomavam cuidado caso alguém pudesse os seguir. Quando passaram pela velha árvore cuja sombra era o lugar favorito deles na infância, Yuki sentiu seu coração apertar.

Chegaram enfim ao "ponto de encontro", um restaurante que ficava mais afastado da cidade, praticamente na estrada. O grupo estava intacto. O plano da garota tinha funcionado, salvo um ou dois Shikis que não estavam lá.

Yuki sorria ao ver a garota, que notou mais tarde que se tratava de uma antiga amiga dele. Ficava feliz ao vê-la bem. Cresceram praticamente como irmãos.

— Conseguimos! - Comemorou ela com um largo sorriso - Agora finalmente fugiremos! Para a cidade, pessoal!

— Uma pena destruir seus planos, mocinha - uma voz familiar para Yuki ecoou pelo local. Todos ficaram procurando a voz, olhando de um lado para o outro. Yuki apertou a mão do garoto com força, e o mesmo retribuiu o gesto - Mas vocês não sairão daqui.

Um grupo um pouco maior, de humanos, surgiu. Munidos de estacas e martelos, estavam assustadores. Aventais brancos sujos de sangue, cabelos desgrenhados, rosto ensanguentado. Expressões severas. Yuki deu um passo para trás.

— De onde vieram? Como nos descobriram? - Perguntou o garoto, que também recuara e apertava ainda mais a mão do Yuki, embora não machucasse.

Um humano - que ele reconheceu ser o encrenqueiro com o lenço na cabeça - se adiantou, sorrindo.

— Yuki nos deu uma mãozinha - Ele mostrou seu sorriso maroto.

Diversos olhares dos Shikis pararam sobre Yuki.

— Seu filho da mãe! - Berrou um dos vampiros - Estava contra nós o tempo todo!

— Yuki...Traidor... - Rosnou o garoto ao seu lado, com toda a sua fúria. Ele largou a mão de Yuki, que sentiu seu mundo desabar.

— Eu não falei nada! - Defendeu-se ele - Eu sequer me comuniquei com eles desde que te encontrei!

— É verdade - disse o garoto do lenço - Não foi ele. Nós o seguimos. Agora, vamos continuar nosso trabalho... - Ele ergueu o martelo, fazendo vários Shikis recuarem.

— Esperem! - Adiantou-se Yuki - Não os matem! Eles não fizeram nada! Só querem sobreviver!

— Entrou para o lado dos vampirinhos Yuki? - Perguntou o garoto com desprezo - Vai morrer junto à eles então.

Os humanos,munidos de estacas e martelos, avançaram contra os Shikis. Muitos fugiram,mas logo foram pegos. Outros foram pegos de primeira e mortos em seguida. O garoto agarrou o braço de Yuki, e juntos correram para se esconderem na escuridão.

O garoto evitava olhar para Yuki, e isso fazia seu coração pesar.

— A culpa não é minha...Eu não percebi que-

— Cale a boca - o garoto cortou-o friamente - Vamos fugir daqui.

Nós vamos? - Perguntou Yuki, sem acreditar.

O garoto puxou Yuki para si, tomando seus lábios em um beijo fogoso. Yuki sentiu cada parte do seu corpo se acender, e podia jurar que estava em chamas.

— Sim, nós vamos - Respondeu o garoto com indiferença,após soltar Yuki.

Lanternas se acenderam, iluminando o rosto do garoto e parte do corpo de Yuki.

— Muito lindo esse casal - a voz do garoto do lenço passava desprezo - Mas vocês não passam daqui, amiguinhos.

Dois homens pressionaram o garoto contra a parede.Um terceiro imobilizou os braços de Yuki.

— Não! - Berrou Yuki, desesperado.

— Então seu namoradinho é diferente? Veremos se ele é diferente no modo de matar, então. - O garoto se adiantou, o martelo e a estaca em mãos.

O garoto tentou lutar, mas conseguiram imobilizar sua cabeça também. O garoto do lenço posicionou a estaca no peito do Shiki, na região do coração, mirando bem com o martelo. O homem que segurava Yuki se aproximou do ouvido do mesmo, sussurrando:

— Me desculpe, meu filho.

— Pai... - Yuki teve vontade de chorar.

Um.

Os gritos do garoto atravessaram o coração de Yuki como uma navalha.

Dois.

Três.

Quatro.

Os homens soltaram o Shiki, seu corpo morto caindo no chão em um baque. O pai de Yuki o soltou, e ele se ajoelhou diante do corpo do seu amado.

— Acorda...Acorda...Ei, e a nossa fuga? - Yuki murmurava,as mãos no rosto do cadáver, que permanecia de olhos fechados. Suas lágrimas caíam no rosto do morto. Todo o mundo parecia ter parado.

Ele não sabia dizer quanto tempo se passou, mas a gargalhada do garoto do lenço pareceu tê-lo acordado. Ele se levantou, a raiva o dominando. Avançou contra o garoto que pareceu atordoado. Ele segurou o pescoço do garoto com as duas mãos e assim o enforcando.

O garoto tentou se libertar, estava quase morrendo. Alguém puxou Yuki e o obrigou a soltar o garoto.

Seu pai.

— Não faça isso meu filho - Começou ele - Sabe que é errado e...

— Que me importa? - Perguntou Yuki, irritado,apontando para o Shiki morto - Ele não deveria ter morrido! Isso também é errado!

O garoto do lenço ergueu o martelo que tinha caído no chão, apontando-o para Yuki.

— Estava do lado deles... - Começou a dizer, com dificuldade - Vai morrer também!

— Que seja! - Gritou Yuki.

O que aconteceu a seguir foi em câmera lenta para Yuki. O garoto do lenço avançou, tentando acertar Yuki com o martelo. Alguém interceptou o caminho do objeto, sendo acertado no lugar dele.

O corpo inerte do seu pai atingiu o chão. No lugar que o martelo acertou sangrava muito, deixando Yuki horrorizado.

— Pai! - Ele gritou, se ajoelhando diante do corpo. O homem não respondeu. Seu olhar era distante e vazio - Não...Não...O QUE VOCÊ FEZ?

— Ninguém mandou esse cara entrar no meio! - Defendeu-se o garoto, irritado. Yuki avançou contra ele uma segunda vez, e dessa nada iria detê-lo.

No último segundo, porém, o garoto tirou uma arma de um dos bolsos do casaco que usava, atirando em Yuki.

Um. No peito, que não chegou a matar Yuki.

Dois. Na perna esquerda.

Três. No braço esquerdo.

Quatro. Na cabeça,de raspão

Yuki caiu no chão, perdendo sangue e vida. Parte dele achava irônico o número de tiros que levara ser o mesmo número de "marteladas" que o seu amado tivera. Realmente muito irônico.

E foi nisso que ele pensou ao virar lentamente a cabeça para o lado e notar que o seu amado dormia em um sono profundo. Se arrastou com certa dificuldade até o seu corpo, se abraçando a ele como se fosse tudo que lhe restou - e talvez fosse mesmo.

Ele fechou os olhos,querendo morrer imediatamente. Talvez o humano tenha percebido, pois terminou de matá-lo dando um quinto tiro na cabeça de Yuki.

E então ele ficou abraçado ao seu tão amado Shiki, um abraço eterno.

Breathe your life into me
I can feel you
I'm falling, falling faster
Breathe your life into me
I still need you
I'm falling, falling
Breathe into me

(Respire sua vida em mim
Eu posso sentí-lo
Estou caindo, caindo mais rápido
Respire sua vida em mim
Ainda preciso de você
Estou caindo, caindo
Respire em mim)


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Notas finais do capítulo

Esse eu tentei reescrever o final,mas não teve jeito,ficou ruim mesmo :/ Desculpem...Tentarei melhorar minha situação no próximo capítulo!
E então...Gostaram?Amaram?Odiaram? COMENTEM!
amanhã tem mais :3
Beijokas
~Cami



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