Recovery escrita por Lola


Capítulo 4
I know you


Notas iniciais do capítulo

VOLTEI. Eu sei que tenho demorado muito pra postar, mas não se preocupem, eu sempre volto :3



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Carol encarava as unhas pintadas em um vermelho escarlate, seu copo já estava vazio pela quarta ou quinta vez, ela havia juntado-se com um grupo de mulheres com quem costumava conversar quando levava Sophia na escola e havia reencontrado velhas amigas do grupo de ajuda que frequentara há dois anos atrás, quando decidiu separar-se de seu ex marido Ed. Eram mulheres que passavam ou já passaram pela mesma situação que ela, e que a usavam como maior exemplo em sua luta contra as pancadas e o machismo dentro de casa.

Ah sim... Ela havia vencido, e seu maior prêmio era a garotinha de grandes olhos azuis, sua pequena luz no meio de toda a escuridão que fora sua vida ao lado de Ed, seu farol, o que a mantinha sã. Sophia, sua doce garotinha.

– Não sei se é meu bom coração, mas me incomoda ver uma dama bebendo sozinha. - Carol sorriu ao reconhecer a voz de seu grande amigo, Philip. O homem puxou a cadeira e se sentou a frente dela, pedindo ao garçom que lhe trouxesse mais duas cervejas. - Como está?

– Pensei que havia parado de flertar comigo, Philip. - Ela diz, fazendo o homem soltar uma sonora gargalhada. - As coisas nunca estiveram tão bem... E Brian? Eu soube que ele está no hospital.

– Ele vai sobreviver... Foi a única pessoa que perguntou sobre ele. - Carol pode notar o tom entristecido na voz de Philip ao tocar no nome do irmão.

Não culpava as pessoas por não quererem saber sobre o estado do ex governador de woodbury, já que sua fixa era mais suja do que a de qualquer um dos detentos da West Georgia Correctional Facility¹. Na verdade, ela era uma das que pensavam que o hospital memorial de Woodbury não era o lugar de Brian, mas a prisão... ela adoraria vê-lo mofar atrás de uma cela.

– Algumas pessoas disseram que ele deveria ter perdido os dois olhos. - A voz do xerife alcançou os ouvidos de Carol, o homem colocou as mãos sobre os ombos da amiga, sorrindo para ela e para Philip. - Olá.

– Algumas pessoas disseram que queriam elas mesmas terem furado o olho dele. - Por mais que apoiasse o irmão e estivesse devastado com o fim trágico de seu governo na cidade, não podia culpar seu povo pelos erros de seu irmão.

O xerife riu pelo comentário do candidato ao "trono" de woodbury, não era novidade alguma que Rick Grimes, acima de qualquer pessoa na cidade, tinha um passado mais que conturbado com o governador.

– Eu vou indo. Tenho algumas coisas para resolver. - Philip se levantou, estendendo a mão para Rick com o sorriso gentil que todos estavam acostumados. - Foi ótimo vê-la novamente, Carol.

– Pare de flertar com ela, Phil. - Rick sorriu para o homem, enquanto o mesmo se afastava e o xerife tomava o lugar dele. - Lori pediu para buscá-la.

– Lori deveria parar de se preocupar comigo. - A mulher sorri, quando o homem segura suas mãos. - Como estão as coisas?

– Em casa? Bem. - O homem desviou os olhos ao falar. Carol sabia bem que não estavam bem, ela havia acompanhado a tentativa do xerife de continuar seu casamento, mesmo depois da traição de Lori. - Minha esposa inventou que vai dar uma festa hoje.

– Outra? Eu pensei que ela ia dar um tempo dessa vez. - Carol sorri, entendendo que Rick não queria tocar no assunto, mas deixando claro que ela estava ali para apoiá-lo. Por Deus, aquele homem já havia a carregado para o hospital mais vezes do que era capaz de contar.

– Vamos, ela quer que você conheça Daryl. - Rick se levanta, no mesmo momento em que a cerveja de Carol acabava de chegar a mesa. - Deixaremos para mais tarde, Dale.





Se existia uma coisa, dentre todas as coisas, que aquele Dixon sabia fazer bem, era cozinhar. Fazia sentido ter deixado o marasmo da cidade pequena para abrir seu restaurante em Atlanta. Lori sabia bem as coisas terríveis que aquele homem já teve de enfrentar em sua vida, e mesmo passando por tudo o que passara, havia conseguido criar os dois irmãos depois que a mãe morreu e o pai se matou. E ali estava ele, passando pela pior fase de sua vida e ainda sim, sorrindo e fazendo as pessoas sorrirem.

– Você vai gostar dela, é uma ótima companhia. - Lori disse, entregando mais uma garrafa de cerveja para o homem, enquanto o mesmo abaixava o fogo e se encostava na pia. Lori era exatamente como Beth, quando o assunto era se intrometer em sua vida. - Aurora precisa de uma figura materna.

– Aurora tem uma mãe. - Daryl diz, rolando os olhos e dando um gole em sua cerveja, começando a se incomodar com tudo aquilo. - Ela não precisa de uma substituta.

– Não estamos falando sobre substituta. - Lori entregou o pano de prato para o homem, começando a lavar a louça. - Mas você logo vai voltar a trabalhar e Beth precisa continuar seus estudos. Carol poderia cuidar da Aurie... e de você.

O homem não disse nada, olhou para a amiga, sabendo que ela não iria parar de insistir naquilo.

– Eu sei que a Laura foi seu primeiro e único amor. - A mão de Lori alcançou os longos fios escuros do "caipira da cidade grande", como ela costumava chamá-lo. - Mas você não foi enterrado junto com ela.

O homem suspirou, encostando a cabeça no ombro de Lori, sabendo que por mais que o irritasse, quase sempre ela tinha razão.

Daryl não queria conhecer outra mulher, ou se envolver com uma. Mas não podia se previr de contato humano pelo resto de sua vida. Ouviu a voz de Rick e em seguida as das crianças. Daryl soltou um gemido de incomodo, e Lori riu dando um beijo sobre a cabeça dele.

– Seja educado. - Ela diz, saindo da cozinha e indo cumprimentar a amiga com um abraço apertado.

Daryl permaneceu na cozinha por mais algum tempo, desejando fugir pelas portas do fundo e voltar para sua casa em Atlanta. Lori provavelmente o traria de volta arrastado pelos pés.

Na sala, Carol cumprimentava a garotinha de cabelos castanhos escuros e olhos azuis profundos.

– Meu papai está fazendo sorvete. - Aurora sorri para Carol, abraçando sua boneca de pano. Se abaixou na altura da garota, já prevendo que seria mais uma a quem ela iria se apegar. Carol amava crianças, e aquela garotinha de sorriso banguelo era indiscutivelmente a garotinha mais amável que havia conhecido.

– Então eu vou ter que competir com seu pai. - Ela diz, fazendo a garotinha olha-la confusa. - Porque eu vim aqui para fazer cookies de chocolate.

– Eu amo chocolate. - Aurora sorri, pulando euforicamente.

– Eu duvido que sejam melhores que os meus. - A voz rouca e arrastada de Daryl soou divertida, quando o mesmo pegou a filha nos braços e passou a fazer cocegas na mesma.

Era inevitável não sorrir com a cena, ou não se lembrar da primeira vez que o havia visto no bar. Quando se colocou de pé a frente dele e se encararam, o azul gelad o das íris de Daryl Dixon, mergulhando no azul ardente dos olhos de Carol Peletier. E novamente, sentiu como se não estivesse sozinho no mundo, como se ainda houvesse esperança para sua alma despedaçada e congelada, ela simplesmente sabia que era capaz de fechar suas cicatrizes.

– Olá. - Ele diz, sorrindo verdadeiramente para ela.

– Olá, Daryl. - Carol sentiu necessidade de retribuir aquele sorriso, sem deixar por um segundo sequer, de olhar dentro do azul mais vivo que se lembra de já ter visto. Carol estava disposta a derrubar as barreiras que iriam impedi-la de alcançar aquele homem.


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Notas finais do capítulo

Como pediram, aumentei o capítulo. Espero que sejam pacientes, pois o Daryl não é fácil não. Me digam o que estão achando, eu amei escrever esse capítulo e espero que vocês gostem de lê-lo. Obrigada as minhas leitoras, comentem e lembrem-se que críticas serão sempre bem vindas.

E para que não haja nenhuma futura surpresa, gostaria de deixar avisado desde agora que... VAI TER BRICK SIM. sz

Até mais *u*