A mulher caminhava pela sala, ajeitando as coisas a seu gosto, mudando os móveis de lugar e os colocando aonde estavam antes. O cômodo era espaçoso, perfeito para tudo o que ela havia planejado, combinava com as cortinas que havia escolhido. Sorriu abertamente, quando se jogou contra a poltrona de couro branco, olhando para o que havia feito ali. Ela realmente sabia decorar uma casa, sempre se saia bem quando se tratava daquele assunto. Estava lindo. Lindo como o sorriso que iluminava toda a vida daquele homem parado na porta.

O som dos sapatos contra o chão de madeira fez Daryl despertar do devaneio de sua mente. O cômodo vazio e sem vida o fez querer fechar os olhos e voltar a imagina-la ali, sorrindo, arrumando, iluminando aquele túnel infinito que havia se transformado sua vida. Ele podia senti-la ali, sua presença constante o fazendo duvidar de sua partida, dando a ele a esperança de que acordaria do pesadelo terrível de ter perdido o amor de sua... Não... De sua vida não, pois tinha certeza absoluta de que a amaria muito além disso. O amor de sua existência. Sua própria existência.

– Imagine como esse lugar irá ficar bonito quando os nossos móveis chegar. - Os olhos azuis brilharam de ansiedade e emoção. Beth não via a hora de se mudar logo para a casa nova. - Não acha o mesmo?

Daryl não prestava muita atenção no que a garota dizia, estava ocupado tentando imaginar sua esposa dançando naquele cômodo. Ela iria gostar dali. Iria gostar das paredes claras, da luz que entrava pela janela e iluminava todo o lugar, o chão de madeira...

– Sim... Irá ficar incrível. - Ele diz, sentindo um nó se formar em sua garganta. Ela nem havia estado ali, mas cada centímetro daquela casa o faria se lembrar dela. - Laura iria gostar...

A garota logo se virou para o irmão, vendo a expressão fria e incômoda no rosto dele. Talvez não tenha sido uma boa ideia ter escolhido aquela casa.

– Vamos mudar as paredes, acho que está claro demais... O que acha? - A irmã pergunta, apoiando a cabeça no ombro do mais velho.

– Está bom desse jeito. - Ele diz simplesmente. - É melhor irmos andando...

Carol bufa irritada, quando dispensa mais um bêbado metido que havia tentado se engraçar com ela. Se perguntava a razão de estar bebendo sozinha em uma mesa de bar no sábado a noite e logo se arrependeu por ter ofendido a mãe daquele sujeito. Tudo bem que seu cheiro não era um dos mais agradáveis, mas não era tão ruim quanto os outros.

A mulher suspirou, dando uma golada na cerveja de seu copo. Deveria ir para a casa, talvez ligar para Lori, a mulher sempre lhe fazia companhia em noites como aquela.

Sua atenção se voltou para o homem que acabava de entrar no bar. Reconhecia-o como o amigo de Rick e Lori, mas não conseguia se lembrar do nome. Dixon, era tudo que sua mente conseguia.

Carol ficou encarando-o, observando-o caminhar até o balcão e se sentar sozinho. Ele parecia estar ferido, como se o buraco em sua vida fosse tão profundo quanto o dela. Era como assistir um pássaro desistindo de suas asas, porque eram pesadas demais, ele poderia ir a qualquer lugar, mas a dor que carregava pesava como chumbo.

Por alguma razão ele a olhou também. Sentindo por uma fração de segundos que não precisava levar todo aquele peso nos ombros, mas o sentimento logo se esvaiu, quando a dor voltou a inundar seu peito, trazendo a frieza, a solidão e o desespero de realmente ser incapaz de viver sem ela.

Tudo que o Daryl desejava era acordar sem sentir falta de sua antiga vida. Acordar sem ter que sentir sua falta, sem ter que precisar dela... Sem ela...

– Dia difícil, amigo? - O homem pergunta, colocando o copo em frente ao homem e o enchendo com bourbon

– Século difícil. - Daryl responde, tomando todo o líquido de uma só vez.