I'll Fight My Corner escrita por Mondai


Capítulo 1
It's time to start over


Notas iniciais do capítulo

Uma pequena introdução, bem fiel a série :)
Espero que gostes!
Boa leitura



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Thomas estava sentado desconfortável depois de perceber que não havia feito a escolha certa de palavras.

“Eu estava em Oxford. Mas meus planos sempre foram cuidar das terras de minha família. Plantar e atirar... e caçar e pescar... e todas as coisas que nunca mais serei capaz de fazer”, o jovem tenente tinha respondido com certo temperamento, mas Thomas não podia ter certeza devido as pesadas camadas de ataduras que cobriam os olhos e as queimaduras no rosto do rapaz.

O sargento tentou consertar.

“Não diga isso; houveram casos de recuperação da visão-”, não era uma mentira por completo, apesar de que era visível a gravidade das lesões do Tenente Courtenay. Thomas dificilmente acreditava que o rapaz fosse enxergar novamente.

“Raros casos”, ele interrompeu, com raiva nítida em sua voz, “E extremamente mais leves do que o meu”, Thomas baixou a cabeça, sem saber o que falar para apaziguar o rapaz “Não minta pra mim. Prefiro enfrentar a verdade do que desviar dela”, ele finalizou. Sua postura deitada na maca, uma perna curvada e outra esticada, um braço atrás da cabeça e seu tronco recostado no fino travesseiro da enfermaria improvisada, indicava tranquilidade, mas Thomas podia sentir que ele estava tenso.

O insensível sargento tentou buscar palavras de otimismo e motivação desesperadamente para tentar reverter a situação e mostrar para o rapaz a sua frente que ainda havia uma luz no fim do túnel. Isso não era do feitio de Thomas, quando muitos diriam que ele não possuia respeito nem morais. E eles estavam certos, Thomas não se importava com nada e ninguém além de si mesmo. Porém ele possuia um grande senso justiça e compaixão, embora ninguém soubesse.

O jovem Tenente Edward Courtenay havia sido uma vítima séria do gás mostarda nas trincheiras e tinha sido enviado pra Yorkshire sem nada além de graves queimaduras e a visão perdida. Thomas não podia evitar o sentimento de ternura que lhe tocava o coração cada vez que olhava para o rapaz esguio de olhos enfaixados, perdido no meio da atormentada enfermeira, com os ombros curvados e os lábios constantemente comprimidos. Se sentia condolescente, e sabia que era porque ele conseguia enxergar a si mesmo naquele jovem de cabelos angelicalmente encaracolados.

Quando Thomas voltou do campo de batalha e todos se mostraram descontentes, ele não deu a mínima. Afinal, ele não pertencia, felizmente, mais à Downton. Mas é triste, de certa forma, quando se percebe que ninguém iria a seu funeral caso o pior tivesse acontecido.

Ele sentiu sua mão ferida latejar e a apertou contra sua perna. Agradecia todas as noites pela bala que havia atravessado queimando sua pele. Respirou fundo.

“Eu preciso ir”, levantou-se rapidamente e saiu dali, sabendo que não era capaz de oferecer conforto ao deprimido rapaz.

Era inadequado pensar isso, mas o sargento admirava a capacidade do Tenente Courtenay se sentir triste. Condizia tão bem com sua personalidade. Ou talvez essa fosse a personalidade do jovem; triste. Lhe caía tão bem a raiva por não aceitar sua nova condição e a melancolia que ele usava em cada palavra, o fazendo soar como um poeta vitoriano ou algum mártir grego.

Thomas havia posto os olhos nele desde do dia que a Enfermeira Crawley pediu para lhe entregar os seus comprimidos. O sargento sabia que estava se apegando ao tenente de uma forma deveras perigosa, entretanto, no momento, isso não importava.

Desejava que houvesse uma forma de acabar com o sofrimento do jovem militar, a noite pensava no que poderia dizer à ele para acalmar sua aflição, mas o fato era que Thomas não sabia como lidar com pessoas e muito menos falar sobre sentimentos.

Enquanto saía da enfermaria, permitiu-se dirigir um último olhar ao desanimado tenente, deslocado no meio de todas as conversas, todos os barulhos de equipamentos e passos apressados transitando para todos os lados, no meio de tudo isso, lá estava ele, silencioso e imóvel, admirando seu sofrimento sozinho.

Thomas suspirou, frustrado, e voltou a suas tarefas.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler!
E não esqueça de deixar sua opinião, é muito importante para mim ;D



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