O Rei de Nova Midgard: Sangue escrita por Xampz


Capítulo 9
VIII


Notas iniciais do capítulo

Um aviso e uma nota:

Aviso: Uma parte do que acontece nesse capítulo é flashback, então pode ser difícil de se entender em uma primeira leitura.

Nota: Preguiça de escrever nomes para todos os personagens 'extras', então escolhi uns bem clichês.



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Aegir

O rugido do dragão quase o deixou surdo. Estavam chegando nas montanhas, à oeste de Midgard, e o grupo de Sir Hovnir estava acampado na base de uma delas. Cavalgavam por vários dias. Ao passarem pelo vilarejo que o Capitão das Guardas saqueou, Aegir ficou horrorizado com o estado das pessoas de lá. Muitas cabanas foram queimadas, todo o dinheiro saqueado. Sugaram tudo de valor da vila como sanguessugas, aquilo deixara Aegir ainda mais bravo. Além de terem suas casas queimadas, algumas mulheres foram estupradas e muitas pessoas estavam doentes. O tempo que ficaram lá deu uma vantagem ainda maior para Wotan, mas eles não podíam deixar os moradores sem auxílio. Enviaram corvos para o outro vilarejo mais próximo para pedir ajuda. Esperaram dois dias, até que curandeiros e suprimentos chegaram. Quando tudo estava bem na vila, eles retomaram a cavalgada. Dois dos 12 cavaleiros morreram da doença pega na vila. Isso preocupava Aegir. Ele tem três vezes o nosso número. Mas eram cavaleiros, e cavaleiros eram mais bem treinados do que guerreiros e guardas. O pensamento não era totalmente confortante para Aegir. Hovnir tratava do ferimento na perna de seu cavalo, e Menglod Erkert treinava sua pontaria com o arco e flecha. Ele era loiro e tinha uma face alongada, como a de uma raposa. Era considerado o melhor arqueiro do reino. O rugido veio sem aviso. Nenhum dragão fora visto no céu, mas o rugido vinha de cima da mais alta montanha.

— Mas o que?! – Gritou Sir Hovnir.

— Isso só pode ser um dragão – Disse Menglod, calmo como sempre. Às vezes parecia a Aegir que ele não tinha sentimentos. – Melhor seguimos em frente, Sir Hovnir. Wotan adentrou as montanhas, não temos mais dúvidas.

— Isso mesmo! Vamos levar a luta até ele – Concordou o capitão da missão. Ele chamou John, um cavaleiro de cabelos pretos que estava olhando para o nada.  – Você, Cara de peixe morto! Avise o resto que estamos levantando acampamento. Seguiremos pelas montanhas. Arrancarei o fígado de Wotan e o comerei! – A última frase causou ânsias em Aegir, mas sabia que Hovnir não estava falando sério, ou era isso que queria acreditar. A missão deles era capturar o desertor vivo. – Vamos lá, donzelas! Aposto que irão mais rápido se eu mostrar meu membro viril!

Aegir arrumou seu equipamento e ajudou a desarmar as barracas, enquanto ouvia Sir Hovnir gritar ordens. Ele era um ótimo cavaleiro, e um ótimo líder, apesar da grosseria. Três dias antes, o capitão havia os preparado para lutar contra o grande machado de Wotan Gerhadt. Ele poderia ter arrancado a cabeça de quase todos os cavaleiros ali presentes. Exceto Menglod, Aegir e alguns outros. Ele girara e levanta o machado como se não fosse nada, e ainda que não fosse tão bom quanto o Capitão das Guardas provavelmente era com aquela arma, Hovnir conseguiria segurar muitos soldados por um longo tempo.

Sempre quebravam o jejum com pão e água. Algumas vezes com queijo e sal, outras, alguns cavaleiros pescavam.. Não é tão ruim, pensou Aegir. O primeiro dia fora o pior, nunca cavalgara a tal distância tão rapidamente. Dormia na cela do garanhão quando podia, mas a maioria do tempo tinha que se manter acordado e alerta. Suas pernas reclamavam de cãibras toda hora. Os últimos relatos de Wotan diziam que ele estava no meio das montanhas, fazendo uma rota alternativa para o norte. E, se meu irmão estiver certo, lá ele se encontrará com Fafnir Gerhadt. Aegir tentou avisar o rei da traição do irmão, mas Siegfried já havia deixado a cidade, como Sir Sultur Volkman também previra.

Os pensamentos de Aegir eram confusos. Nunca vira um dragão, mas lera histórias sobre eles. Pensara em Siegfried e em como devia ser horrível ver seu pai morrer pelas mãos de um. Dizia-se que tinham escamas tão duras que flechas não podiam ultrapassá-las e só uma lâmina bem afiada conseguiria. Alguns dragões eram gigantes, com garras do tamanho de cavalos; outros, menores, do tamanho de pequenas cabanas. Tinham cores diferentes e viviam em ambientes diferentes, segundo sua cor. Nas montanhas viviam os dragões vermelhos, os que o fogo era o mais mortal e o mais doloroso. Se o rugido fora mesmo de uma dessas criaturas, grandes eram as chances de ser de um dragão vermelho. Os rostos dos outros cavaleiros estavam tensos. Joseph, o irmão gêmeo de John, estava assustando demais que mal conseguia segurar seu cavalo. Aegir não sabia qual que se assustara mais, o homem ou o cavalo.

— Você precisa de ajuda, Sir? – Disse Reck, um veterano cavaleiro das terras fluviais. Ele tinha cabelo cacheados e segurava sua grande espada de duas mãos.

— Ah. Não, obrigado Reck. – Disse Aegir, um pouco surpreso com a formalidade. Ele sabia que só eram chamados de Sir os Cavaleiros do Rei, mas, ainda assim,
era estranho para ele ser respeitado por um homem mais velho. – Você pode ajudar o Joseph, talvez ele precise. – e Reck foi.

Algumas horas mais tarde, todos estavam cavalgando novamente. As montanhas ficavam mais vermelhas conforme eles ia para oeste. O calor também estava aumentando. Em sua armadura de cota de malha, Aegir já suava. Alp, o batedor, ainda não voltara. Sir Hovnir o mandou para vasculhar a área a frente, mas isso fazia duas horas. Será que foi pego em uma armadilha? Um estranho homem apareceu diante deles. Era um homem magro, baixo e não portava nenhuma arma.

— Vocês têm que me ajudar! – Disse ele, sem fôlego. – Wotan Gerhadt está atacando nossa vila, na base da montanha!

Sir Menglod Erkert o estudou com seus frios olhos azuis. Seu cabelo era loiro comprido, e ele aparara totalmente a barba. – Acho melhor não irem. – Disse.

Aegir concordava com ele que poderia ser uma armadilha, mas e se pessoas estivessem morrendo mesmo? Não podia deixar assim.

— Temos que ir! – Disse, olhando para Menglod. – Se estiverem realmente em perigo? – Sir Menglod estreitou os olhos para ele, mas não disse nada.

— O garoto está certo. Eu irei. – Disse Sir Hovnir. – Quero Jonh, Hati e Grid comigo. Fique com os outros, Aegir. Sir Menglod, o comando é seu.

Quando partiram, Aegir temeu ter feito a decisão errada. Foi quando a flecha acertou Joseph no peito, que seus temores se concretizaram. O cavaleiro caiu do cavalo, morto. Sir Menglod se adiantou quando a segunda flecha veio e desviou.

— Para aquela montanha! – Disse Sir Menglod, apontando. Aegir incitou o cavalo, mas não sabia se ia adiantar. Foram pegos na armadilha. Wotan sabia que iriam se dividir, por isso deixou soldados nas encostas esperando o momento certo.

As flechas voavam na direção deles, mas sem muito sucesso. Seus escudos eram grandes e resistentes. Aegir quase não se atrevia a olhar por cima da proteção. Foi quando seu cavalo tombou que viu os guerreiros em sua direção. Girou do cavalo morto, que fora atingido por duas flechas, e desembanhou sua espada. Maldição! Pensou, e cortou um inimigo à frente. A batalha fora rápida. Os inimigos não tiveram chance. Usavam armaduras de couro, enquanto os cavaleiros usavam proteções melhores. Tem algo errado. Defendeu-se do machado de um inimigo, cortando sua barriga logo depois. Entranhas despencaram no chão enquanto o homem gritava. Olhou de relance para o lado e viu Sir Menglod, com seu arco e flecha. Atirava duas, às vezes, três flechas por vez e todas sempre acertavam os alvos. Deviam ter, no máximo, 10 soldados ali. Aegir fincou sua espada no peito de outro, enquanto defendia-se de uma flecha. Magni, um cavaleiro da Cidade do Rei, matou o homem. Aegir o agradeceu e levantou-se, pegando a espada de volta.

Olhou para os lados e contou as baixas. Somente Joseph, isso é bom. Apesar desso pensamento, Aegir não conseguia não sentir por aquele cavaleiro perdido, assim como pelos outros, e temia contar a John sobre seu irmão.

— Temos que correr! – Disse Sir Menglod, subindo em seu cavalo. Lançou um olhar frio a Aegir e cavalgou na direção que Hovnir fora. O restante o seguiu.

Com seu cavalo morto, Aegir subiu no cavalo de Joseph.

Quando chegaram lá, Sir Hovnir estava lutando contra três homens. Não havia nenhum vilarejo ali, apenas os corpos de Hati, Grid e outros 5 soldados. Hovnir usava uma espada de duas mãos. Desviou da lâmina de um inimigo e decepou seu braço. Parou o ataque de outro e o jogou para cima do terceiro. John, o último cavaleiro restante, lutava contra outro. Conseguiu cortar sua garganta com a ponta da espada. Hovnir decapitou um, e apontou a espada para o peito do último. O que perdera o braço estava no chão, agonizando.

— Onde está Wotan! – Gritou, cuspindo na cara do soldado. Sir Aegir e os outros desceram do cavalo.

—  E-ele foi no topo do vulcão, disse que vai esperá-los lá – Hovnir liquidou com o homem, quando ele terminou de falar.

— Reúnam os homens e deixem os cavalos aqui, subiremos juntos dessa vez. – Disse Sir Hovnir.


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Notas finais do capítulo

O que antes pareciam histórias separadas, agora terão consequências umas nas outras, ainda que poucas por enquanto.

"Siegfried olhou para elas e tentou novamente. Com a palma da mão esticada, ele concentrava toda sua vontade na lareira. Mas o fogo se recusava a se mexer. Pela última semana ele havia conseguido esmigalhar uma grande rocha só com movimentos da seu punho, causar um pequeno tufão e separar as águas de um lago por alguns minutos; mas não conseguia nada com o fogo. "



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