O Rei de Nova Midgard: Sangue escrita por Xampz


Capítulo 15
XIV


Notas iniciais do capítulo

Espero que não tenham se esquecido de Reginn Barth. E se alguém ficou curioso, essa era minha intenção.



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Reginn

Mesmo após quase duas quinzenas, Reginn ainda sonhava com aquela noite. O modo como o bárbaro Ogir Yudin havia olhado ela de cima a baixo. Como ele disse ter estuprado  Leufey, e o braço dela em volta do pescoço de Reginn. Também se lembrava de como a flecha brotara no pescoço do violador, e Leif apareceu, salvando-as.

“Eu matei os outros. Adelf já selou os cavalos, vamos!” Dissera ele. Sua capa ensanguentada tinha ainda mais sangue, assim como na espada longa que estava em sua mão direita. O arco polido estava na esquerda. Ele a ajudou a carregar Leufey.

Reginn Barth não era mulher de demonstrar fraqueza, mas após saírem do campo inimigo, chorou e abraçou Leif, que a confortou. Confortou-a bem demais, acabaram indo para a cama novamente naquela noite. Apesar de tudo que vira no começo da noite, Leif conseguia sempre despertar a paixão de Reginn. Reginn dizia mais uma vez, após acabarem – Isso não pode mais acontecer. – Leif simplesmente a puxara para um beijo e os dois fodiam novamente. Nos dias que se seguiram, Reginn evitou ao máximo a compania de Leif. Ela evitava-o, sempre.

A guerra continuara pelas Ilhas da Primaveira. Harald Yudin perdeu alguns de seus melhores homens quando tentou invadir Velastrez, onde Reginn e a maior parte de sua família morava, mas apesar disso, Yudin não desistiu. Limitou-se a atacar as outras ilhas. Começou com a Ilha do Leste, tomou-a e desestruturou o comércio de lá. Depois, foi mais para o Sul, onde sofreu outra derrota pela frota do Extremo Sul. Atualmente dizem que ele voltou para sua ilha de origem, a Ilha do Oeste.

Suas irmãs de leite tinham se recuperado, ao menos fisicamente. Adelf ficara apenas com alguns ferimentos supreficiais e Leufey quebrara um braço, mas esse não foi o pior. Ela fora estuprada repetidamente por Ogir, causando grandes danos psicológicos nela. A mulher mal comia, andava sempre com medo e quase nunca saia de casa. Reginn tentou animá-la, mas seus esforços foram inúteis. Ninguém estava animado no meio da guerra. A velha ama de leite disse que ela poderia estar com um filho na barriga. Os Cavaleiros do Rei chegaram havia poucos dias. Um dos homens era da própria Guarda do Rei, e outros sessenta se juntaram as forças de Velastrez. O Cavaleiro voltaria a cidade do Rei na próxima virada de lua, só vieram para dar o suporte e entregar a mensagem de que o Capitão das Guardas da Cidade do Rei havia desertado, por isso talvez eles sejam necessitados.

Reginn andava pelas ruas da cidade e via a destruição causada pelas batalhas. Muitas casas haviam sido queimadas e pessoas abrigavam as que tiveram sua morada destruída. Quando dobrou a rua, viu que os Cavaleiros do Rei conversavam com alguns soldados da cidade, e até homens comuns. Reginn se escondeu atrás de uma casa e escutou:

— Nós viemos aqui com outro propósito, de treiná-los. – O alto Cavaleiro falava, e sua voz era forte como a de um gigante. – Seremos francos com vocês, essa guerra é pequena se comparada às noticias vindas do norte. Os dragões voltaram, e um homem está matando-os. Ele ficou conhecido como o Matador de Dragões.

— Mas qual a preocupação? – Gritou um plebeu. Um homem baixo e meio gordo. – Por que o Jovem Rei se preocupa mais com essas criaturas desumanas do que com as próprias pessoas de seu Reino? Midgard já conheceu Rei melhor. – Várias outras pessoas concordaram e começaram a balbuciar junto.

— Acalmem-se, a situação é muito maior do que parece. Se não existirem dragões, o equilíbrio do Reino estará perturbado. – Ele suspirou. – Não posso fazer mais por vocês do que isto: Todo o homem que estiver disposto a treinar conosco e se tornar soldado do reino, me encontre aqui. Ficarei até a primeira hora da noite.

Reginn tremeu. É isso... Por toda a vida ela fora a protegida do pai. Todos sempre fazendo tudo o que ela queria e se houvesse algum perigo, ela sempre era deixada para trás. Até nas brincadeiras. Sempre era a última a saber e sempre ficava de fora. Até Leif a via como uma mulher indefesa, mas isso ela não era. Reginn Barth lutaria por seu reino.

Ela correu de volta até sua casa. Abrindo a porta, passou por Leufey, com o braço enfaixado e o olhar fixo no chão. Reginn parou e se virou.

— Vou tornar nossa vida melhor, irmã. – Leufey olhou para ela. Seu olhar era vazio e triste. – Vou ajudar a trazer segurança para este reino. – Dizendo isso, Reginn deu um leve beijo nos lábios de Leufey, como as irmãs costumavam fazer quando eram crianças, e saiu pela porta dos fundos.

Do outro lado da casa, ficava um caminho para o pequeno castelo de seu pai, do outro lado da cidade. Em pouco tempo de caminhada, Reginn chegou no lugar. Descobrira o esconderijo de armas de seu pai quando era uma criança, brincando com as irmãs pelos redores do castelo. O pai as havia avisado para se manter fora de lá, pois as armas eram perigosas para pequenas garotas. Mas eu não sou mais uma pequena. Reginn empurrou o terceiro tijolo de cima para baixo da parede do castelo. Uma passagem se abriu. Olhou para os lados e entrou.

A sala era grande. Espadas, escudos e maças estavam penduradas nas paredes. Armaduras e outros tipos de armas estavam espalhadas pela sala. Reginn olhou em volta, as poucas tochas que iluminavam o arsenal davam um ar sombrio ao lugar. Reginn pegou uma espada longa, era pesada demais para ela, mas consgia erguê-la e manuseá-la. Quando era criança, roubara espadas de treinamento de seu pai e treinava com as irmãs. Nunca fora muito habilidosa, por isso preferia adagas. Botou a espada de volta no lugar e pegou uma adaga. Fez movimentos rápidos e cortes em um boneco de palha, do outro lado da sala. Depois de uma hora treinando, Reginn vestiu-se com uma armadura pesada. Seus seios ficavam espremidos contra a placa de metal, e  a armadura era desconfortável, mas ela não desistiria. Botou também um elmo, que tapasse seu rosto, para não identificarem ela como mulher. Colocou uma espada longa, um escudo, uma adaga e um arco em uma sacola e foi para o centro da cidade.

Tinha dificuldade de andar com a armadura, e a sacola era pesada. Ficou com os pés e em carne viva quando chegou na frente do Cavaleiro Real.

— Quero lutar pelo reino. – Disse ao homem, e agradeceu por sua voz estar abafada dentro do elmo, assim não a reconheceriam. – Tenho minhas próprias armas e armadura. Estou... pronto. – Quase disse pronta, pensou ela.

— Qual seu nome? – Perguntou ele.

Ela havia pensado previamente em um nome que lera em um livro há muito tempo atrás. – Lancelot. – Disse.

O Cavaleiro riu. O seu nome era Sir Asgard Brandy. Por um momento, Reginn pensou ter sido descoberta. – Sua mãe gosta das histórias antigas? Siga-me, Lance. – Disse ele, virando-se na direção oposta e indo para os portões da cidade.

Ele não me descobriu... Reginn seguiu-o.

Quando chegou lá, viu Leif Eriksson na fila de recrutas, e seu coração acelerou.


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Notas finais do capítulo

"“Fafnir” também era o nome do dragão que ia enfrentar. Nunca ouvi falar em um dragão de gelo, pensou ele, mas era o que o pergaminho de seu pai dizia. Ele havia riscado Gorynych, Garynch e Halcor, os três dragões que matara, mas ainda tinham muitos faltando. "



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