O Rei de Nova Midgard: Sangue escrita por Xampz


Capítulo 12
XI


Notas iniciais do capítulo

"Dragões no Norte?", "Sim, eles estão por toda parte."

Capítulo escrito pelo meu amigo Vitor, dessa vez juntamente comigo.



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Fafnir

Era frio o dia naquele barco. A ilha de gelo, nomeada de Freya, em homenagem à deusa, ficava longe do litoral. Já se completara um dia de viagem e o raiar deste. As pequenas ondas faziam o barco balançar, e isso deixava Fafnir desconfortável. Já não dormira bem na maior parte de sua jornada em busca dos dragões de Nova Midgard, agora estava atrás de Fafnir, seu homônimo, conhecido como Dragão de Gelo. Já está amanhecendo e ainda não consigo ver a Ilha, nada além de pedras. Era difícil navegar em meio á rochas, umas maiores que as outras que apareciam de vez em quando apenas para atrapalhar os viajantes, mas nada fazia Fafnir desistir de sua viagem. O ódio e a vingança moviam-no melhor do que suas próprias pernas.

As ondas ficavam maiores, o barco balançava e a água gelada do mar o incomodava quando entravam nele e molhavam seus pés por dentro de suas botas. Fafnir procurou dentro de sua bagagem pelo pergaminho entregue por seu pai para estimar, apenas estimar o tempo que ainda faltava-lhe para ter mais um pouco de sangue em suas mãos. Havia feito riscos nos dragões que já liquidara. Gorynych fora o primeiro, e o irmão dele, Garynch, fora logo em seguida. A segunda vez não foi tão ruim. As adagas não perfuraram seu coração com tanta intensidade. A dor ainda era tremenda, mas mais suportável. Fafnir não sentiu vontade de arrancar seu coração, e não rugiu. Mas o adversário rugiu, assim como todos os outros dragões de Nova Midgard. Saber que ele era o causador do seu sofrimento deixara Fafnir quase satisfeito. Lembrou de sua luta, Garynch era um pouco maior que Gorynych, mas ainda assim menor que o dragão dourado. Fafnir usara as escamas de Gorynych incrustadas em sua armadura, para aumentar sua defesa. Ele estava mais resistente ao jato de ar lançado pelo inimigo, e até o ouviu dentro de sua cabeça. Eles conversaram, e o dragão verde lhe contou que causar a Morte de Um neles lhe daria a habilidade de se comunicar com as criaturas pelo resto de sua vida. Todo pensamento, todas as preces e preocupações dos dragões seriam transmitidas. Mas Fafnir gostava de sentir seu sofrimento. O tolo dragão tentou fazê-lo desistir da luta, mas homem não cedeu e liquidou com o monstro.

O movimento do barco o tirou de suas lembranças. Via ondas, batendo-se umas contra as outras, pedras ao longe, uma ou outra se mexendo... Pedras se mexendo? Fafnir pensou que seus olhos estavam enganando-o, mas não, apenas avisavam-lhe que havia perigo por perto, e ele entendeu o recado. Desembainhou Coldbreath e manteve cauteloso olhar sobre o mar, corajoso como só ele poderia ser.

As ondas ficavam cada vez maiores ao se aproximarem do barco que balançava muito e Fafnir teve que manter-se de pé enquanto olhava para o horizonte sem piscar em nenhum momento. O barco em que estava era de tamanho pequeno, por isso não resistia á força das ondas. Fafnir ouvia gemidos abafados e assustadores, como de uma criatura prestes a atacar, dando seu rugido intimidador que paralisaria a presa para que não agisse com esperteza. Era Halcor, um Dragão das Águas, de escamas da cor azul, semelhante ao lápis-lazúli. Ele saltava do mar em direção ao barco de Fafnir,fazendo com que este fosse danificado e perdesse a parte traseira. O barco rodava e rodava, indo em direção á um conjunto de rochas, e lá ele permaneceu.

— Desgraçado! Apareça, seu covarde! – Gritava Fafnir, olhando ao redor das pedras onde se localizava em pé, em posição de combate.

O dragão levantou-se das águas lentamente, com os olhos fixados no guerreiro, sem demonstrar medo, e lançou um forte jato de água em Fafnir. Este se defendeu com seu escudo, mas foi jogado para trás até dar de encontro com uma rocha maior, que o impediu de cair no mar. Jogou seu escudo de volta para o barco, para que não atrapalhasse sua mobilidade. Halcor estendeu seu longo pescoço e colocou-se acima do corpo caído de Fafnir, olhava-o de boca aberta, pronto para abocanhá-lo quando foi surpreendido com uma espadada no rosto, cortando-lhe a língua e abrindo um rasgo no músculo que ligava o maxilar com o crânio. A besta rugia e se remexia, voltando para trás, indo pra debaixo da água novamente. Fafnir correu atrás do dragão até a extremidade das rochas, acompanhando-lhe com o olhar até onde podia, mantendo seus ouvidos o mais atentos possível.

Já causei um bom ferimento nele, não devo dar-lhe tempo para atacar. O homem andava nas bordas das rochas, atento ao mar. Halcor pulou para cima de Fafnir, que também saltou, e caiu em cima das rochas, quebrando-as em alguns pedaços. Por sorte, o herói teve sua perna presa no meio de dois dentes do dragão, sem machucá-lo gravemente. Ele fincava Coldbreath no pescoço do dragão, uma, duas, várias vezes, Fafnir fincava com veemência. Sua espada ficou cravada em uma parte do pescoço de Halcor, depois disso, não conseguiu mais alcançá-la. Teve que agarrar uma pedra quebrada que estava por perto e usar como arma. Fafnir sentia o peso da pedra, mas também sentia o prazer em levá-la à cabeça do dragão, batendo com força em seu maxilar sangrento. O sangue era vermelho-azulado, uma espécie de roxo. Halcor bateu suas asas contra o corpo de Fafnir, jogando o guerreiro no mar. As ondas estavam agressivas, o que fazia com que Fafnir tivesse dificuldade em nadar. Ele caiu poucos metros distantes do conjunto de rochas onde enfrentava o dragão, metros que faziam toda a diferença em uma batalha como aquela. Todo segundo é precioso e pode determinar vida ou morte.

“Subestimei-o, Fafnir. Neste momento não posso brincar com comida.” Disse Halcor, dentro de sua cabeça, com uma voz grave e rouca.

Fafnir não conseguia pensar em nada, apenas nadava com dificuldade em direção ás rochas, quando agarrou-se em um pedaço do barco que estava encostado perto das pedras. Escalou as rochas e encontrou seu adversário recompondo-se, rastejante. Agiu com rapidez, armou-se com uma lasca afiada de rocha e partiu para cima de Halcor, subindo até seu pescoço, cortando partes de suas asas no caminho. Fafnir chegou até onde estava Coldbreath e agarrou-a com força, tentando tirá-la do corpo da besta enquanto Halcor rastejava em direção ao mar. A espada foi tirada e um jato de sangue foi jorrado em cima de Fafnir, que se segurava nos machucados do dragão, na pele aberta pelos cortes. Halcor se debateu e rastejou até a água, e lá entrou novamente, com Fafnir agarrado em seu pescoço. O homem preparou-se para dar o golpe final.

Com esforço, Fafnir pressionou a espada contra o corpo do Dragão das Águas, e perfurou as escamas da besta, alcançando seu coração. O monstro berrava debaixo da água, jorrava sangue pela sua boca e ia mais profundamente ao mar enquanto sua vida se esvaía de seu corpo. A dor foi súbita e agonizante, Fafnir não conseguia se concentrar em nadar com aquela dor terrível. Sentia que a dor diminuíra, mas ainda era muito, ele ia se afogar. Ele desprendeu sua espada do corpo de Halcor e tentou nadar para a superfície, mas a dor o impedia. A água entrava em seus pulmões e deixavam o homem desesperado. Debatia-se e lutava contra a água, tentando subir apesar da dor. Incontáveis momentos passaram-se, mas segundos pareciam minutos, e minutos duravam uma eternidade. Fafnir pensou que ia morrer, até que... Seus pulmões pareciam estabilizar-se. Eu... não me afogo... Ele estava bem novamente, como se pudesse respirar de baixo d’água. Ficou embaixo da água por mais alguns momentos, testando se era verdade. E era, Fafnir não se afogava. Talvez fosse isso o que adquiriu como prêmio de sua vitória sobre Halcor. Conseguia  respirar normalmente. Quando a dor parecia cessar, Fafnir subiu para as pedras e voltou para o barco em pedaços, para lá se recompôr da batalha. Secado e descansando, Fafnir começava a arrumar o seu navio, para seguir seu caminho. Sua vingança seria completada.


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Notas finais do capítulo

Os dois opostos, no final, são recompensados com a mesma magia.

"O inimigo com o machado tentou atacá-lo por trás, mas Sir Edmund foi mais rápido, cortando a mão do inimigo e o chutando, virando-se a tempo de defender os avanços do homem com a cota de malha. O inimgio pressionava, mas Edmund bloqueava todos os ataques."



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