Relatos de 11 de Setembro escrita por Kikonsam


Capítulo 21
Adam - 1


Notas iniciais do capítulo

Eu disse que sairia essa semana! Espero que gostem, e desculpem a ausência.



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Para quem trabalha no Pentágono, não se pode revelar sua verdadeira opção sexual. Sou um militar de terra e hacker profissional que se revelar que estou tendo relações com outro igual, minha carreira inteira estaria arruinada. Minha noite ontem com o Logan foi perfeita. Dançamos a músicas da Pequena Sereia, sei, patético, mas se tem algo que temos em comum é o nosso amor por Ariel e Linguado. E tivemos uma noite que muitos casais heteros provavelmente nunca tiveram na vida, nem mesmo em sua noite de núpcias.
Logan tenta burlar e nos colocar a beira do desastre. Ele, sendo meu cola de trabalho, manda cartões de amor que as vezes quase são revelados. Nunca achei que iria me sentir tão nervoso quanto foi da última vez, quando um buquê de rosas veio para minha mesa. Meus colegas perguntaram, e eu disse que era uma nova menina que quis tomar a iniciativa de trazer um buquê para mim. Claro que soou meio estranho, mas foi o que pude dizer.
– Adam! - grita minha colega ao meu lado, enquanto tento hackear um site na chamada Deep Web que reune pedófilos.
– Oi, Alice. - digo, tirando meus fones.
Percebo que Alice está pálida, deixando ainda mais seus cabelos negros ressaltados pelo seu rosto.
– O que houve? - falo, querendo quebrar o gelo.
– Um ataque, Adam. - fala ela - as torres gêmeas, o World Trade Center... Elas...
Alice me conta uma história trágica a qual não pude prestar atenção nos plantões de TV para saber que dois aviões foram sequestrados e colidiram contra as Torres Gêmeas em New York. Tento procurar em minha mente alguém que conheço que more em New York, e ainda bem não acho. Pelo menos isso pode me consolar.
– Agora uma reunião de emergência foi convocada, vamos. - fala ela, se levantando e saindo da porta.
Não tenho tempo para pensar nem começar um luto. Não tenho tempo para nada, apenas para correr e ir atrás dela, passando por corredores e mais corredores de pessoas correndo para lá e para cá, em virtude do que aconteceu. Consigo visualizar a porta da secção onde o Logan trabalha. Ele provavelmente não está ali, e provavelmente não irei me encontrar com ele hoje. Vejo os cabelos negros da Alice andarem na multidão afrente, correndo. Vou atrás dela, empurrando pessoas e correndo atrás de uma reunião que nem sei do que será útil, já que as torres já foram atacadas.
Ouço um estrondo, um estrondo como nunca vi na vida. Paro, e ao olhar para trás, vejo fumaça.
O Pentágono acaba de ser atacado.
Foda-se a Alice, fodam-se todos. Preciso encontrar o Logan e preciso sair daqui. Nenhuma coisa me diz que ele estava lá, e preciso correr. Corro, e corro pelos corredores cheios de gente indo para todos os lados. E uma mão segura meu braço, uma mão negra e feminina segura meu braço. Uma copeira, me segura e me pergunta:
– O que aconteceu?
Não entendo como ela não sabe o que aconteceu, mas preciso falar rápido:
– Dois aviões acabaram de atingir o World Trade Center em New York. E provavelmente outro atingiu O Pentágono.
Corro, deixando a moça para trás. Provavelmente nunca mais a verei. Pouco importa, minha única esperança é de que o Logan continue vivo.
Bato de frente com a Alice, que sabe-se lá por que estava vindo na direção contrária.
– Outro avião atingiu O Pentágono. - fala ela, saindo dos meus braços.
– Percebi - falo, enquanto sinto o remorso vindo e as lágrimas descendo meu rosto.
Ela me pega pelo braço, e sem dizer uma palavra, entra numa porta. A Copa. Sem copeiras nem faxineiras, apenas com uma portinha com uma escada em caracol.
– O que é isso? - pergunto.
– A saída - fala ela.
A escada em caracol no corredor estreito que só suporta uma pessoa magra como eu acaba em poucos minutos, me levando a uma saída pelo chão e dando de cara com o gramado do lado de fora do Pentágono.
Alice sai, e se deita na grama verde comigo, enquanto observo ao longe a fumaça sair do meu local de trabalho.


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Notas finais do capítulo

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