Estava em frente à biblioteca esperando Katherine, para mais um dia de treinamento intenso.

Chamo-me Lucy, tenho 20 anos, cabelos cacheados e olhos castanhos, moro no instituto do Rio de Janeiro com Kath, minha amiga e aprendiz.

Apesar de termos quase a mesma idade, fui escolhida para ser sua treinadora, devido ao fato de eu ter grande habilidade em lutas corporais e com armas, além de possuir um dom, herdado de minha mãe que é uma feiticeira, posso atravessar paredes, objetos, qualquer coisa sólida, inclusive pessoas. Katherine também tem poderes, poderes grandiosos por sinal, mas a forma como ela os ganhou não é lá muito legal.

Nem sempre morei no Brasil, vivia na Holanda com minha mãe e meu pai, quando completei 17 anos fui escolhida pela mãe de Katherine, Jocelyn, e convocada pela clave para vir ao Brasil, treinar Katherine. Jocelyn sabia que eu tinha grandes habilidades, além de ter uma grande amizade com meus pais.

Por que no Brasil?

O pai de Katherine, Valentim havia transformado seu primeiro filho com Jocelyn em uma criatura horrível, Jocelyn nunca o perdoou, e fugiu dele, porém estava grávida, e esta gravidez resultou duas garotas, Katherine, e sua irmã Clarissa.

Mas a fuga de Jocelyn de nada adiantou, um tempo depois do nascimento do primeiro filho, Jocelyn esteve em um estado de depressão, Valentim então resolveu dar sangue de um anjo, para que ela bebesse, fazendo assim com que suas duas filhas se tornassem um experimento acidental.

Tal ato deu poderes incríveis a Katherine e sua irmã Clarissa. Sabendo que Valentim provavelmente viria atrás das garotas, Jocelyn achou melhor separa-las.

Katherine teve pouco contato com sua mãe, ainda pequena foi enviada para a casa de Amatis, irmã de Luke que era um grande amigo de Jocelyn. Amatis educou e cuidou de Katherine até ela completar 15 anos, quando veio para o Rio comigo e com meus pais para treinar.

Katherine sabe de toda essa história, mas achou errada a atitude de Jocelyn, sentiu como se tivesse sido largada, afinal, a mãe escolheu sua irmã. Nunca teve contato com Jocelyn e nos fez prometer que também evitaríamos tal contato.

Um tempo atrás, recebemos a noticia de que Valentim havia sido morto e, por um momento, achei que todo esse treino teria sido em vão, já que o objetivo de tudo era acabar com Valentim quando a guerra acontecesse.

A guerra aconteceu e a clave nos proibiu de sair do país, dizendo que se algo acontecesse por aqui, os mundanos precisariam do mínimo de proteção.

Achamos que a guerra tinha acabado com a morte de Valentim, mas estávamos errados.

Jonathan Christopher, filho de Valentim ainda estava vivo, e queria seguir os passos do pai.

Não sabemos bem o que houve, mas Clarissa se juntou a ele, para também seguir os passos de Valentim, a guerra não havia acabado... Estava apenas começando...

Avistei Katherine vindo em minha direção

– Bom dia Kath!

– Bom dia Lu, vamos treinar?

– Que pirralha mais apressada, mal levanta e já quer ação- disse Lucy zombando-

– É a única ação que temos por aqui

– Então vamos, e que fique claro, hoje não irei pegar leve, quero ver como você se sairia em uma batalha corpo a corpo de verdade.

– Como se você tivesse pegado leve alguma vez, tem alguma regra?

– Não, nenhuma, pode usar seus poderes inclusive, quero que me veja como se fosse realmente uma inimiga, uma ameaça. – disse indo em direção à sala de treinamento.

– Ótimo, e pode ter certeza, vou ganhar de você! – disse entrando logo atrás de mim na sala. –

– É o que veremos. – disse trancando a porta. –

Poov Katherine

Realmente, Lucy não pegou nem um pouco leve, o treinamento foi exaustivo, mas eu consegui ganhar dela algumas vezes.

Paramos de treinar as 15:30 e subimos até a sala de estar.

Estávamos conversando, quando o telefone dela tocou, e ela saiu para atender. 10 minutos depois ela voltou com uma expressão séria.

– Lu, aconteceu alguma coisa? – perguntei me levantando. –

– Era um telefonema do representante do instituto de Nova Iorque, a clave nos quer lá, como reforço... Pegaremos um avião para lá amanhã. – disse vindo em minha direção. –

– Nova Iorque? – disse com certa decepção, era lá que minha “mãe” vivia. –

– Sei que você não fica contente com isso, mas é necessário, o instituto de lá será nosso novo lar. – disse me olhando séria. -

Levantei-me e comecei a andar em direção a porta, ficando de costas para ela.

– Que hora partimos? - perguntei ainda de costas para ela.-

– Pegaremos o avião as 07h30min.

– OK, até amanhã Lu. – disse saindo da sala e indo para meu quarto.