Pride escrita por Black-Angel


Capítulo 2
Capítulo II


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, obrigada a Drica Banner Odinson pelo recomendação. Wow! *--*

E claro, a todos vocês que comentaram, seus lindos! =*

Eu demoro, eu sei. Gosto de reler depois de pronto e mandar o capítulo pra uma amiga revisar antes de postar. Tudo isso leva tempo, e eu vou precisar da paciência de vocês, ok? A boa (?) notícia é que essa é uma short, só vai ter uns três ou quatro capítulos, no máximo. Então, tecnicamente, estamos na metade.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/614990/chapter/2

Capítulo II

Loki desceu as escadas para os jardins da mãe com a cabeça mergulhada em nostalgia. Quando criança, costumava acordar Thor no meio da noite e se desviar dos guardas pelo caminho para chegar àquele mesmo lugar. Entranhavam-se pelo labirinto de cercas vivas e seguiam cuidadosamente até chegarem à fonte que marcava o centro.

Lembrava-se de se deitar sobre a grama ao lado do irmão, deixando-se envolver pela fragrância rica e fresca das plantas cultivadas por lady Frigga, e de observar as estrelas tentando adivinhar seus nomes antes de conferir no livro que sempre levava. Thor costumava ajudá-lo, indicando se suas deduções estavam certas — sempre estavam — e também aprendia um pouco. Você torna isso mais interessante que aquele tutor, eu sempre acabo dormindo nas aulas dele. Mas diz qual é o nome daquela... ali!

Quando as arenas de treinos começaram a consumir Thor de dia a ponto de ser impossível acordá-lo para suas escapadas à noite, Loki se viu sozinho em suas visitas noturnas para estudar os astros.

E então Sif chegou.

A pequena lady que tinha o hábito treinar com os garotos se tornou seu desafio mais constante na arena e também sua ouvinte mais fiel. “E aquela estrela, você sabe o nome dela?”. Havia noites em que ela apenas ficava lá, em silêncio. Loki leria algum livro tranquilamente enquanto Sif adormecia com a cabeça apoiada em seu colo. Nessas ocasiões, sempre acabava com uma mecha do cabelo dourado da deusa se enrolando entre os dedos.

E então Thor voltou.

Depois de quase um ano sem sequer mencionar o jardim, o Deus do Trovão surgiu perto da fonte, tocou a água cristalina sob as raízes da réplica de Yggdrasil e jogou um pouco na direção de Loki. Ele lançou um olhar curioso a Sif e perguntou o que ela fazia ali, no lugar que apenas ele e o irmão costumavam visitar à noite.

Sif se ergueu e corou ao responder.

E então Loki os perdeu.

Sem realmente prestar atenção no caminho, o Deus da Trapaça atravessou as cercas vivas que emolduravam a saída dos fundos do palácio e seguiu até a entrada da estufa de vidro.

O ar era úmido, perfumado e insuportavelmente quente lá dentro.

Pouco depois de colocar o primeiro pé no local, Loki sentiu o suor brotando de sua testa, assim como a volta do latejar de dor em sua mais recente ferida na boca. Obrigado, Thor. Estava quase permitindo que o incômodo o fizesse esquecer-se do que tinha ido fazer ali quando sua mãe o encontrou.

— Por Odin! O que aconteceu?

Tão ternas quanto eram as mãos de Frigga, elas só pioraram a sensação de calor, e uma gota de suor deslizou da têmpora até o pescoço de Loki. No entanto, ele sorriu diante da preocupação da mãe e apertou as mãos com que ela segurava seu rosto para examiná-lo melhor.

— Eu estou bem. Thor acordou de mau humor e teve um pequeno acesso de fúria com uma de minhas brincadeiras. — sorriu de lado... e se arrependeu com a pontada de dor que sentiu — Pelo menos ele teve a cortesia de apagar o archote antes de jogá-lo em mim.

— Achei que já tivessem passado dessa fase.

— Um dia, talvez. — Nunca, provavelmente.

Ela tentou lhe lançar um olhar de censura, mas não conseguiu lutar contra o sorriso que surgiu em seus lábios.

O calor naquele gesto não foi absolutamente incômodo.

— Não é muito grave, um unguento simples vai aliviar o inchaço e sumir com a marca.

— Qualquer coisa refrescante, por favor. — pediu com um suspiro, abrindo as fivelas do gibão de veludo para tentar aliviar a temperatura.

Frigga guiou-o mais para dentro da estufa e lhe indicou um lugar em frente ao balcão onde cuidava de suas ervas. Loki se sentou e, como sempre, observou atentamente enquanto ela buscava os ingredientes adequados.

— Alecrim, camomila, cravo da índia e um pouco de babosa. — listou enquanto colocava tudo num pote e começava mistura — Todos são cicatrizantes, anti-inflamatórios e refrescantes. Veja.

Ela havia tentado ensinar o segredo das plantas aos dois filhos, mas Thor sempre parecia mais interessado em quanto tempo levaria até poder brincar novamente do que nas ervas usadas para curá-lo. Loki, por outro lado, sempre estava nas pontas dos pés para tentar ver o que ela fazia.

Mirando os olhos azuis da mãe, Loki refletiu sobre como duas pessoas poderiam ser tão iguais e tão diferentes ao mesmo tempo.

— Desconcentrei-me hoje. — disse com cuidado — Estava camuflando algo e me distraí da expressão de Thor. Por isso ganhei esse corte.

Lady Frigga se virou para estudá-lo com uma intensidade que era rara em seu olhar — e, curiosamente, parecia ser sempre direcionada à Loki. Um peso fora de lugar num rosto tão iluminado e amoroso.

— O que estava tentando esconder, Loki?

— Uma pessoa.

— Quem?

— Prefiro não dizer.

— Por quê?

— Porque não quero mentir para a senhora.

Ela não pareceu realmente surpresa pela resposta do filho.

— É questão de prática. Como exercitar um músculo, quanto mais se habituar a um movimento, mais naturalmente ele virá. Esconder coisas é um processo um pouco mais detalhista que criar ilusões. Não é como usar a imaginação e criar um lobo selvagem para perseguir outros garotos na arena. — Loki conteve a risada diante da lembrança da mãe — Tem que treinar sua atenção para perceber e manter os detalhes que já estavam lá. Quando isso se tornar um instinto, em vez de algo memorizado, você não terá mais esse tipo de problema. Até lá — ela lhe lançou um olhar significativo — aconselho que recorra a métodos tradicionais para esconder pessoas por longos períodos.

— Isso pode ser um pouco complicado.

— O que quer dizer?

— Irmão! — a voz de Thor ecoou na estufa com uma nota de ansiedade que Loki já esperava — Irmão!

— Aqui, filho! — Frigga chamou.

Houve um momento de silêncio e hesitação, e então puderam ouvir os passos se aproximando. Thor não demorou a surgir de um dos corredores de plantas. Estava inquieto, suado e corado por motivos que pouco tinham a ver com o calor que tanto incomodava Loki.

— Minha senhora. — Thor tomou a mão de lady Frigga com cuidado e a beijou antes de se voltar ao irmão. Só então pareceu notar o lábio inchado e sorriu com um ar divertido. — Fui eu quem fez isso?

— Tinha algo a me dizer?

Thor lançou um olhar nervoso à mãe.

— Podemos falar em particular?

— Lady Freya não aceitou sua proposta, imagino. — Loki deduziu brandamente — Não me olhe assim, podemos confiar na nossa mãe.

Frigga lançou um olhar curioso aos filhos, e Thor se permitiu emitir um suspiro impaciente.

— Ela quase lançou os linces sobre mim quando ouviu falar de Thrymr!

E foi então que o olhar de lady Frigga se tornou alarmado.

— No que vocês se meteram com Thrymr e Freya?

O Deus da Trapaça já esperava por aquele momento, mas não pôde evitar um leve engolir seco antes de prosseguir:

— Guardaria um segredo de Odin, mãe? Nós precisamos de sua ajuda.

xXx

A morada de Freya era protegida por seus dois linces de estimação e por Valquírias treinadas por ela mesma. Ficava no local mais afastado de Yggdrasil, dentro de Asgard, pois mesmo tendo se mudado para dentro das muralhas de Odin, a Deusa do Amor e da Fertilidade parecia gostar de acentuar a diferença entre ela e os outros deuses tanto quanto pudesse. Em Fólkvang, seu palácio, recebia espíritos de guerreiros caídos, praticava a magia e a adivinhação, e tomava quantos amantes desejasse sem que ninguém ousasse, ou pudesse, interferir em suas ações.

Loki a invejava um pouco antes de se tornar seu amante.

Então passou a admirá-la.

As Valquírias na entrada o cumprimentaram, e os linces lamberam suas mãos. Eles o acompanharam pelo palácio até chegar ao salão onde logo sentiu os braços de Freya envolverem seus ombros. O perfume no ar era mais denso que a fragrância das flores na estufa de Frigga, e ele podia sentir a pontada traiçoeira de excitação na virilha. Maldito hábito...

— Achei que não viria mais. — Freya ronronou em seu ouvido e ele quase se inclinou para o convite naquela voz.

Precisou reunir um pouco mais de controle do que o previsto para prosseguir.

— Achei que estivesse insatisfeita comigo. Ouvi boatos de que havia proibido até mesmo a menção de meu nome em sua corte.

Freya deu a volta para encará-lo e deixou que seus braços caíssem até a cintura de Loki, sem, no entanto, deixar de envolvê-lo.

— Você tinha me esquecido, me abandonou durante meses. Mas agora está de volta e podemos matar o tempo perdido.

— Tentador, mas... Expulsou meu irmão daqui, minha senhora?

— Thor... — as palavras deslizaram com desdém de seus lábios vermelhos — Ele veio me pedir um absurdo.

— Ele veio te pedir ajuda.

Ela sorriu para ele, e os sorrisos de Freya sempre guardavam algo afiado.

— Ainda naquela busca tola por ser um deles?

Loki tocou a gargantilha de ouro e ônix que ela tinha no pescoço.

— Ainda dorme com anões para que lhe deem joias?

O sorriso sumiu e Freya finalmente se afastou dele.

— Que direito tens de julgar minhas ações?

Precisamente, minha senhora.

Aumentando a distância entre eles, Freya subiu os degraus até seu trono coberto de rubis, e as linces se deitaram aos seus pés. Quer me olhar por cima.

— O que quer, filho de Odin?

Respeito.

Uma chance justa.

Sif...

— O mesmo que meu irmão, temo dizer. Achei que vindo aqui poderia dissuadi-la de sua resposta negativa.

— Enganou-se. — ela cruzou as pernas num movimento cuidadosamente planejado para que a fenda em seu vestido mostrasse o que ele estava rejeitando.

Freya tinha olhos de diamante e cabelos de ouro, seu corpo curvilíneo tinha pele acetinada, beijada pelo sol. Era uma beldade, mesmo entre as deusas. E ela o havia tomado como amante e aluno. Se fosse tolo como Fandral, confundiria luxúria por ela com amor e se diria apaixonado. Mas não, sabia que a paixão era algo um pouco mais mordaz e muito mais perigoso do que o que havia ali.

— Minha senhora...

— Não existe a mais remota possibilidade de eu colocar os pés no mesmo lugar que aqueles orcs nojentos, muito menos de eu me casar com um deles.

— Thrymr é um gigante de gelo, o rei deles. E não precisamos que se case, apenas que seja gentil em nos agraciar com sua presença para acalmar os monstros e nos dar tempo.

Os olhos dela brilharam.

— Tempo para quê?

— Para recuperar um item com o que eles estão nos chantageando.

— Tem um plano?

— Sim.

— E se estiver mentindo? Tentando me ludibriar para que entre numa situação da qual você não vai saber ou querer me tirar?

— Eu nunca permitiria que...

— Ainda não tem poder para permitir ou impedir qualquer coisa, Loki. — Freya o mirou profundamente e ele sentiu um calafrio familiar ao reconhecer aquela expressão — Mas terá... por um preço alto.

— Andou vendo meu futuro sem minha permissão?

— Estava com saudades, meu bem. — ela riu — Quer saber o que mais vi?

Loki travou a mandíbula e engoliu a curiosidade que o faria fraquejar.

Perderei ao lutar contra a escuridão dentro de mim?

E Thor, vai tentar me matar ou me salvar se eu não conseguir vencer?

E minha mãe? E meu pai?... E Sif?

— Faço meu próprio futuro.

Freya franziu os lábios contendo alguma verdade venenosa que estava pronta para despejar sobre ele.

— Vá embora, Loki. Não colocarei minha liberdade em suas mãos ou nas de seu irmão. Ao que parece, vocês já perderam algo bem importante.

— É sua última palavra?

— Isso mesmo... A não ser que mude de ideia sobre saber seu futuro.

Ele se curvou suavemente e os linces se levantaram, mas não o seguiram.

— Foi um prazer revê-la, como sempre.

— Poderia ter sido realmente um prazer se você não viesse me pedir bobagens. — Freya o alfinetou enquanto ele dava as costas para ir embora — Volte quando não estiver mais distraído por sua Lady Sif... Não que ela seja mesmo sua.

Loki parou a meio passo por um segundo, mas não se castigou tanto pelo deslize. Não era como se Freya precisasse de mais uma confirmação para o que obviamente já sabia.

xXx

Já era o meio da tarde quando Loki chegou ao castelo e, ao entrar no salão, Thor bloqueou seu caminho com um olhar esperançoso — maníaco talvez fosse uma descrição melhor — estampado no rosto.

— Então? Ela vem?

O Deus da Trapaça olhou de relance por cima dos ombros do irmão. Os Três Guerreiros estavam diante da mesa do banquete e pareciam ter interrompido uma refeição para observá-lo com expectativa. Sif também os acompanhava, mas sua expressão era mais receptiva, embora ainda um pouco ansiosa.

— Não. Mas já era de se esperar, Freya não é conhecida por se colocar em risco para resolver problemas alheios.

— É uma mulher inteligente. — Volstagg declarou com sua voz retumbante, e parecia com um humor bom demais para quem acabara de receber uma notícia ruim. Mas era Volstagg, e ele sempre bebia o bastante para manter o otimismo em qualquer circunstância.

— Sim. — disse Hogun com sua passividade usual.

— E o que pretende fazer, Língua de Prata? — Fandral perguntou com um desafio.

Loki o estudou com impaciência. Nenhum dos Três Guerreiros lhe dedicava a mesma lealdade que ofereciam a Thor, mas Fandral tinha o hábito de provocá-lo abertamente. Em resposta, Loki havia se tornado especialmente bom em mexer com o ego do guerreiro vaidoso.

— Pretendo resolver o problema em que você e meu irmão se meteram.

— Eu não fiz nada!

— Exato.

Sif deixou uma risada escapar e Loki fez uma reverência na direção dela. Fandral corou de raiva e embaraço, e pôs a caneca de cerveja na mesa com um movimento brusco que a derrubou, provocando um gemido lamentoso de Volstagg — Isso foi um desperdício de boa cerveja!

— Nós só nos metemos nisso porque estávamos te...

— Cuidado com a língua, Fandral — Thor interferiu, dando um passo à frente —, ou a usarei pra polir minha espada.

— Tem alguma coisa pra resolver comigo? — Loki abriu os braços num desafio — Vá em frente!

E Fandral agiu como o previsto, correndo à primeira provocação para um ataque corpo a corpo. Tolo. Loki se pôs em guarda ao mesmo tempo em que concentrava sua energia e seus pensamentos no que queria... E então estava na mesa, ao lado de Sif — Olá, minha senhora — enquanto Fandral atravessava sua ilusão e batia de cabeça no muro do salão.

O gemido de dor do guerreiro atraiu o socorro de seus companheiros.

E Sif sorria.

— Ele ainda cai nesse truque.

— Inacreditável, não? — Loki meneou a cabeça antes de pegar uma maçã na mesa de banquete e dar uma mordida.

— O que Thor disse mais cedo... — ela mordeu o lábio e ele teve vontade de beijá-la — sobre você ser íntimo de Freya, é verdade?

Loki sorriu com malícia

— Ficou com ciúmes agora, minha senhora?

Ela ficou sem palavras, e Loki se parabenizou internamente pelo feito antes de se voltar novamente para o salão. Fandral se apoiava nos amigos para ficar de pé e Thor ainda tinha as sobrancelhas erguidas diante da cena.

— Esse truque — disse, mais baixo do que era de se esperar vindo do Deus do Trovão — Você tem que me ensinar, irmão!

— Que serventia ele teria para um guerreiro de verdade? — Loki respondeu, fazendo o irmão franzir o cenho. Fandral segurava a testa enquanto lhe lançava um olhar hostil — Quer continuar? Posso fazer isso o dia inteiro. — mentira.

A pequena brincadeira já havia lhe rendido um leve tremor na mão em que segurava a maçã, sabia que precisava se poupar para o que tinha pela frente... E Freya estava certa, ele ainda não tinha poder o bastante.

Mas Sif sorria.

— Temos outro problema a resolver. — Hogun declarou solenemente.

Loki assentiu e os encarou com mais seriedade

— Diga-me, Thor, Lady Frigga preparou o que eu pedi?

— Bem... Sim, está aí. — ele apontou para uma garrafa de barro selada com cera no centro da mesa de banquete — Ela trouxe um pouco antes de você chegar, e pediu para termos cuidado.

— O que é isso, Loki? — Fandral perguntou, desconfiado — Por que não podíamos abrir antes de vocês chegar?

— Algo pra me ajudar a saber a localização de vocês enquanto estivermos em Niflheim. Tem um tempo de ação limitado, então não poderiam tomar antes de hora. — ele abriu a garrafa, e tinha um aroma de hidromel com um toque de cravo, como ele havia pedido — Lembre-me de agradecer à nossa mãe mais tarde. Venham, agora já podem beber.

Volstagg aceitou o convite alegremente e logo se serviu da taça que Loki havia enchido para ele, mas Thor não se convenceu tão facilmente.

— Nós vamos para Niflheim?

— Não temos forças para lutar com um reino inteiro de gigantes! — Fandral argumentou.

— É por isso que pretendo fazer com que nossa entrada seja discreta mas, para manter o controle de tudo, preciso saber onde todos vão estar o tempo todo. Para isso, eu preciso que bebam.

E isso fez Thor se mover. Depois veio Hogun e, finalmente, Fandral depois que o próprio Loki tomou um pouco da bebida para mostrar que era segura. No entanto, quando Sif se adiantou para tomar um pouco, ele a impediu e sussurrou em seu ouvido:

— Você não precisa.

A deusa o encarou com partes iguais de expectativa e diversão.

— Qual é seu plano?

— Você vai ver — e acrescentou, num tom mais baixo: — e acho que vai ser a única nesse salão a gostar. Posso precisar de apoio daqui a pouco.

Ela assentiu com um ar conspiratório e fingiu tomar um gole da taça dele. Pela segunda vez, ele se esqueceu das pessoas que os rodeavam e teve vontade de beijá-la, mas Thor chamou sua atenção antes que fizesse algo.

— O que estão dizendo?

— Estava dizendo para lady Sif nos encontrar nos estábulos daqui a uma hora. O mesmo serve para vocês. Preparem-se para a viagem a Niflheim.

Os homens assentiram e Loki tomou mais um gole da poção em sua taça com uma curiosidade mórbida sobre quem seria o primeiro a tentar atacá-lo dali a uma hora, quando eles descobrissem a utilidade adicional da bebida.

xXx

Thor foi o primeiro.

Ele tinha acertado.

— LOOOKIIIII!

O Deus da Trapaça riu, desviando-se do golpe de fúria cega do irmão, agora com formas femininas. Ao pular de um monte de feno perto da entrada, pôde ver os Três Guerreiros se aproximando, com as armaduras mal encaixadas em seus corpos menores, e os cabelos compridos loiros, ruivos e negros, balançando ao sabor da brisa de Asgard.

— Acalme-se, irmão. Dê o exemplo aos seus amigos.

— Você me transformou numa mulher! — Thor rugiu, brandindo a espada para mais um golpe e assustando os cavalos no estábulo.

— E qual é o problema em ser uma mulher?! — Sif perguntou com firmeza, parando o golpe e encarando os Guerreiros que acabavam de entrar no local.

Thor parou, desconcertado por um minuto, e Fandral engoliu o comentário que parecia ter na ponta da língua. Hogun estava sério, como sempre, e Volstagg parecia distraído demais apalpando os próprios seios, como se tentasse se acostumar com a presença deles ali.

— Escutem, somos só nós seis. O próprio Fandral disse que não temos homens o bastante para enfrentar um reino inteiro de gigantes de gelo. Precisamos agir com inteligência.

— Você disse que a poção era para nos rastrear. — Hogun pontuou.

— Achei melhor não mencionar a outra parte antes da hora. — deu um passo para mais perto de Sif — Queria ver a cara de vocês quando fizesse efeito.

Thor grunhiu e Fandral tinha as mãos em punhos, tão apertados que as juntas estavam brancas. Hogun e Volstagg pareciam mais compreensivos.

E Sif sorria.

— Eles não esperam um ataque, Lady Frigga já mandou um recado dizendo que Lady Freya aceita o pedido de casamento, desde que a cerimônia seja realizada hoje mesmo e que o martelo seja o presente de Thrymr para ela — explicou com cuidado — Com essa poção, eu posso transformar vocês no que eu quiser por algumas horas — como uma demonstração, ele estalou os dedos e transformou a si mesmo numa mulher diante dos olhos dos companheiros e então voltou à forma original — Thor fingirá ser a noiva — ao dizer isso, ouviu um rugir de raiva — E nós quatro seremos as damas. Diante de um séquito de mulheres, guiado por apenas uma guerreira — ele indicou Sif com um leve inclinar de cabeça —, eles vão manter a guarda baixa e nós teremos mais chances de escapar, não veem?

— E porque você não é uma mulher? — Thor perguntou, acusatório.

— Porque ainda precisamos passar pela Bifrost, e eu ainda sou um príncipe de Asgard. Quando chegarmos a Niflheim, me juntarei a vocês.

— Até quando vai poder controlar nossa aparência? — Fandral perguntou, com uma expressão contrariada em seu rosto feminino.

— Até a madrugada de hoje. Por enquanto — ele foi até a baia de seu cavalo e lhe acariciou o pelo antes de pegar uma bolsa escondida ao lado do animal — Lady Frigga concedeu esses belos vestidos para as moças. Thor, você vai ficar linda de noiva!

E isso iniciou mais alguma gritaria e perseguição pelo feno com Loki rindo sem parar, enquanto Sif tentava impedir que os outros o matassem. Depois de tudo se acalmar, a Deusa da Guerra ajudou seus companheiros a se acertarem com os laços dos vestidos. Eram todos de seda verde com capas de pele e luvas douradas. As cores do Loki, Sif notou.

Thor fervia de raiva enquanto seu irmão mais novo o ajudava a pôr o véu.

— Deveria estar mais feliz, afinal é o seu grande dia.

— Não é sábio brincar comigo agora, irmão.

— Isso, raiva é uma ótima motivação. — Loki prosseguiu, ignorando o aviso — Vamos precisar disso mais tarde.

— Você está se divertindo às minhas custas.

— Só um pouco às suas, na verdade, mas um pouco mais de Fandral. — admitiu com um brilho travesso nos olhos — Você pediu minha ajuda, e estou fazendo o meu melhor. Vamos perder todas as lições de hoje, mas vamos recuperar o martelo em um dia, antes que Odin resolva visitar a sala de armas e perceba. — e então se afastou para estudar a figura da noiva — Os olhos são um pouco mais azuis do que deveriam, mas com essa aura de raiva que você está emanando, duvido que Thrymr se atreva a encará-lo por muito tempo. Só falta uma coisa. — ele foi até o alforje na sela do seu cavalo e de lá tirou uma capa de penas.

Volstagg franziu o cenho.

— Freya não concordou em vir, mas lhe deu isso?

— Não, eu roubei. — respondeu com naturalidade, enquanto prendia a presilha de prata no pescoço delicado da figura feminina do irmão — Por que acham que eu fui pra lá? Freya claramente não iria aceitar vir, então nós precisamos de algo dela. Todos os Nove Reinos conhecem a capa de penas da Deusa do Amor, e Thrymr não deve ser uma exceção. Agora, Lady Sif, poderia ser gentil e me ajudar a guiar as moças até o casamento?

E logo estavam todos cavalgando pela ponte até Bifrost enquanto Loki se preparava para enfrentar Heimdall, lamentando não poder usar sua mágica para pular aquela etapa das tarefas que tinha pela frente. O Guardião via tudo dentro dos Nove Reinos e enganá-lo ainda era um trabalho desafiador mesmo para o Deus da Trapaça.

Assim que chegaram ao portal, desceram dos cavalos e, puxando-os pelas rédeas, seguiram até o centro da estrutura abobadada.

— Heimdall — Loki começou, tão firme quanto conseguiu —, abra uma passagem até Niflheim para nós.

O Guardião olhou para o grupo e manteve uma atenção especial em Thor. Loki agradeceu por ele ter a inteligência de abaixar o rosto.

— Lady Freya vai se casar em Niflheim? — Heimdall perguntou, intrigado — Eu não a vi se aproximar.

— Já pensou que está ficando velho para o seu trabalho? — Loki respondeu com impaciência — De qualquer maneira, não é da sua conta. Abra o maldito portal.

— Minha lealdade é ao rei de Asgard, e esse é Odin.

Ele vê através de mim.

Loki notou os ombros tensos do irmão e as risadas mal disfarçadas dos Três Guerreiros. Sif o observava com preocupação.

— E ele proibiu que abrisse essa passagem, Heimdall? — perguntou uma voz feminina.

Lady Frigga entrou em Bifrost com os ombros retos e ar régio que sempre surpreendia um pouco seus filhos. Ela também é a rainha.

Heimdall hesitou.

— Não, minha senhora.

O olhar de Frigga era sério, frio.

— Então por que está questionando as ordens de meu filho?

— Lady Frigga...

— Então?

E não houve mais espaço para questionamento. Heimdall cravou a espada no chão e a moveu para abrir o caminho até Niflheim. Sif ajudou os amigos a passar, e Loki, apesar do gosto amargo em sua boca, conseguiu retribuir o sorriso da mãe antes de segui-los.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Até onde eu sei, a Freya não apareceu no MCU. Se ela apareceu em alguma das 1587636541 séries da Marvel e é completamente diferente, considerem a personagem aqui minha licença poética :P

E eu sei que o todos os Três Guerreiros implicam com o Loki, mas resolvi pegar no pé Fandral, fazer o quê?

Boa parte do próximo capítulo, se não ele todo, vai ser narrado pelo Thor (Se nada mudar até lá, pelo menos xD)



Então, a espera valeu à pena? Vocês querem continuação? Comentem! :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Pride" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.