Monarquia escrita por Thaís Romes


Capítulo 30
Confissões


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!
Então esse capítulo está um pouco menor, mas tem tido tanta trama política que resolvi terminar esse sem mais uma super reviravolta e deixar isso para o próximo, vocês terão muito o que digerir.



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THEA

—O que quer dizer? –engulo em seco, encarando o rosto pálido da minha mãe. Ela parece ter envelhecido décadas nesses últimos dois dias.

—Roberth sabia que você não é filha dele. –sussurra, baixando os olhos, algo que nunca a vi fazer antes. –Não tinha como ser. –dá de ombros. –Seu pai não é burro.

—Mas ele me criou. –murmuro sem entender. –Quase aboliu a Monarquia por mim.

—Nem sempre o sangue é importante. –ela caminha até alguns bancos em frente ao quarto dele, e se senta ali. A olho por um momento, e vou a seu encontro. –Ano passado, quando seu apêndice estourou, teve um pequena complicação em sua cirurgia, e precisava de doação de sangue. Não sou compatível, então seu pai se ofereceu... –

—Tommy foi quem doou. -fico estática, sem saber como reagir e ela concorda balançando a cabeça.

—Não tenho mais motivos para manter segredo, e não devo viver muito tempo para carrega-los. –a tristeza em sua voz era palpável, vejo Oliver parado a distância, deve ter escutado o que nossa mãe disse, e não sabia como reagir. –Não quero que me odeiem.

—Você me drogou. –digo em voz baixa, não era o tom de acusação, mas não sei o que sentir a respeito dela. –Me jogou na Star Labs, sozinha. –ela soluça, em seguida se apressa em conter o choro, e nega balançando a cabeça.

—Estava tentando te proteger, seria pior se tivesse ficado.

—A senhora a colocou em risco! –Ollie se esforçava para não gritar, vejo a expressão nervosa de Roy, que estava parado a distância ao lado do Sr. Diggle.

—Malcom me chantageou a sete anos atrás. –respira fundo, com a voz embargada. –Ele queria que eu insistisse para que Alfred Smoak me acompanhasse em alguma saída do castelo. –faz uma pausa, tentando organizar o pensamento, então olha para Ollie como se ele fosse uma criança ingênua. –Malcom queria que o entregasse para morte, mas eu não pude! Donna era um amiga querida, e Felicity... Era apenas uma garotinha por quem meu filho era apaixonado, sabia o quanto Alfred era importante para elas, e para vocês.

—Por que não contou a ninguém? –Oliver se senta à nossa frente, como se suas pernas cedessem.

—Ele ameaçou contar sobre Thea.

—Malcom seria morto se falasse. –meu irmão argumenta.

—Não apenas ele. –mais uma vez minha mãe me olha com quase desespero. –Não podem existir bastardos na realeza... –sinto meu coração gelar, e algo parece se acender no rosto de Oliver, como se ele se desse conta de uma coisa terrível. –Eles podem tentar tomar o trono, por lei toda criança gerada fora do casamento nesses casos, deve ser morta. –é como se a terra girasse ao meu redor, a voz de minha mãe fica distante demais, minha visão embaçada.

—Não, isso é ridículo! –Oliver se levanta e passa a andar de um lado a outro.

—Se acalme, está chamando muita atenção, e eu não terminei de falar. –sussurra. –Quando o pai de vocês descobriu que Thea não era filha dele, tentou criar uma brecha na lei. Você foi reconhecida como filha pelo rei, registrada como tal.

—Mas como isso ajuda? –questiono em um fio de voz.

—Não sabemos se funciona. –seus ombros caem, em sinal de derrota. –Mas você é amada pelo povo, o máximo que podem fazer é te destituir do título. –respiro aliviada... Espera, podem mesmo me fazer deixar de ser princesa?

—Vou pedir que Walter trabalhe nisso imediatamente. –Oliver diz digitando em seu telefone. –Não vão matar minha irmã. –quase sorrio com o tom mordaz de sua voz.

—Então, o que aconteceu com Alfred? –me viro na direção da minha mãe, Oliver ainda estava ao telefone, preocupado demais com minha vida, para ser curioso.

—Parece que ele descobriu algo sobre Malcom, e passou a suspeitar de um dos guardas que trabalhavam para o primeiro conselheiro. –Oliver volta e se senta ao nosso lado.

—Como? Andrew Diggle? –questiona atônito.

—Sim. Eu não pensei que ele seria capaz de entregar a história sobre Thea, então não cedi a chantagem. Mas ainda assim os dois acabaram mortos...

—Tentei mandar os Smoaks o mais longe possível. Comprei uma empresa grande que gerenciava lanchonetes, após saber que Donna estava trabalhando em uma em Las Vegas, e mandei a contratarem. –eu mal acreditava no que ouvia, Ollie estava tão bobo quanto eu. –Quando Felicity voltou, tentei convencer ao seu pai de manda-la embora, como não consegui tentei com você. –olha para Ollie que não sabia como reagir.

—A noite em que foi no meu quarto e disse que ela não era adequada para o cargo. –conclui, tentando controlar a emoção, e nossa mãe pega um cartão em sua bolsa e o entrega.

—Pode conferir, esse é o nome de um amigo que me ajudou a comprar a empresa. –ela se levanta e nós a acompanhamos com os olhos. –Donna era esperta demais para ficar por perto e não correr risco de vida, e quando percebi que Felicity era mais do que esperta, ela era um gênio. –um sorriso quase orgulhoso aparece em seus lábios. –Entrei em desespero, tentei fazer com que se sentisse mal e fosse embora, tentei que você a mandasse, mas era como se o tempo nunca tivesse passada para nenhum de vocês. Sinto muito, meus filhos. –ela olha em direção aos nossos guardas, e os outros que Oliver trouxe com ele. –Podem me levar, agora. –estende as mãos para John, que sinaliza para que um guarda a algeme, e deito minha cabeça nos ombros do meu irmão, incapaz de abraçar minha mãe, ou se quer vê-la sendo levada.

—Era mais fácil quando pensávamos que ela era uma bruxa. –confesso, e Ollie concorda com um aceno discreto.

FELICITY

‘Como tem sido os primeiros dias de casada?’ Selina pergunta, com sua voz rouca do outro lado da linha. Me deito de forma mais confortável na cama enorme da minha suíte, tentando pensar em uma resposta que não fosse grosseira, pois sei que ela está tentando fazer com que me sinta melhor.

—Bom, me deixa ver... Digamos que estou me adaptando. –sorrio com tristeza.

‘Sinto muito Felicity.’ Seu tom de voz volta a ficar sério. ‘Sei como pode ser solitário estar ao lado de um príncipe, e ainda mais solitário estar com um rei.’

—Não é nada fácil. Talvez devêssemos arranjar damas de companhia! –debocho, mas uma parte da minha mente passa a cogitar realmente a ideia, o que me assusta.

‘Ou um cavalheiro!’ brinca com a voz cheia de provocação, escuto uma risada grave ao fundo.

—Me diz que não arranjou seu cavalheiro? –me sento na cama, com meus olhos arregalados. –Pode perder a cabeça por isso! –exclamo e Selina solta uma risada divertida do outro lado.

‘Esse já me fez perder a cabeça a muito tempo. Diz um oi para ela, grandão!’

‘Olá Srta. Smoak.’ Bruce diz do outro lado da linha, e me surpreendo ao soltar o ar aliviada.

—Pensei que já tivéssemos passado dessa fase, Bruce. –respondo sorrindo, contente por ouvir a voz dele, que parecia mais leve, claramente feliz.

‘Obrigado por tentar manter minha noiva fiel.’ Brinca, acho que essa é a primeira vez que o escuto fazer uma piada desde que o conheci. Escuto a risada de Selina e sons que parecem ser de beijos. ‘Sempre soube que seria uma boa amiga.’

—Eu tento. –respondo, e vejo Oliver passar pela porta de acesso do seu quarto para o meu, seu rosto estava devastado. –Nós nos falamos depois, preciso desligar. –digo, com os olhos em Oliver.

‘Tudo bem. Por favor, transmita ao Oliver minha gratidão pelo pronunciamento dessa noite.’

—Claro, até mais Bruce. Nos falamos depois, Selina. –ainda escuto um tchau animado dela antes de desligar. –Foi ainda pior do que o esperado de ir prender a própria mãe, que está acompanhando seu pai em um leito de hospital? –tagarelo fazendo careta, abro meus braços para ele, que apenas retira o paletó e se deita comigo.

—Sinto muito, mas o que vou contar vai arruinar ainda mais sua noite. –passo os dez minutos seguintes o escutando contar todas as confissões de sua mãe antes de ser presa. Como não quis entregar meu pai, como conseguiu o emprego da minha mãe que pagou toda a minha educação, como tentou proteger Thea, de um jeito torto e doentio, mas tentou, e como queria me tirar do palácio para minha proteção.

—Eu chequei o contato que ela me deu, Diggle o investigou e a sua mãe confirmou que se tratava do homem que a contratou. –me sinto péssima quando ele termina. Sempre tive uma pulga atrás da orelha sobre a mudança dela, mas não fui forte o suficiente para insistir em descobrir do que se tratava.

—Ela é como o Prof. Snape. –é tudo o que consigo concluir. –O que vamos fazer? Ela não pode ser morta, ou exilada. Foi chantageada por Merlin!

—Eu sei. –Oliver responde depois de um suspiro cansado. –Mas também, não pode mais ser rainha.

—E sobre a Thea? Talvez Bruce possa acolhe-la em Gotham, e lhe dar proteção política. –cogito, sentindo um buraco imenso se abrir em meu peito.

—Walter está vendo o que faremos, agora mesmo. Ele trabalhou com meu pai por anos, acredito que possa saber de algo que eu não sei, pois não me pareceu em nada surpreso quando contei que Thea não era filha do rei. –Oliver passa as mãos nos cabelos louros, se deitando de barriga para cima. Fico estática observando os padrões no teto alto, buscando alguma resposta, qualquer coisa. –Precisamos falar sobre nosso casamento. –ele diz, atraindo minha atenção.

—Com tudo o que está acontecendo, podemos falar sobre isso depois. –argumento, me virando para olhá-lo.

—Não podemos, seria imprudente. –Oliver passa a mão em minha face, com tanto cuidado que mal chego a sentir o toque. –Os conselheiros disseram que seria bom ter algo positivo para ligar a imagem da família real no momento.

—Estamos casados, Oliver. –sussurro, percebendo que essa na verdade é a primeira vez que tratamos nosso relacionamento de forma política, pois mesmo antes usando o casamento como distração, nosso coração estava nele por completo.

—Eu sei, hon. –vejo a culpa em seus olhos. –Para mim, o casamento no jardim, com meu pai e nossos amigos foi o único que importou. Mas somos regentes de um reino agora, e preciso da minha parceira ao meu lado, e só posso ter isso após sua coroação. E acima de tudo, preciso honrar meu povo. –sorrio e beijo o alto de sua cabeça.

—Você será um rei maravilhoso, Oliver Queen.

—Sério? Por que sinto que estou traindo todos os nossos votos nesse exato momento.

—Você prometeu estar ao meu lado, não te vejo fazer nada diferente disso, ao pedir para que nossa cerimônia oficial aconteça as vésperas de uma guerra. –respondo com a voz doce.

—Estar do seu lado vai além da parte física, eu conheço os seus ideais, e sei que nos usar como distração, não faz parte de nenhum deles. –seus olhos eram pura adoração, de uma forma tão grande que quase me constrangia.

—Me peça para me casar com você mil vezes se for preciso, e eu o farei.

—Você é o centro do meu furacão, desde que me lembro. –toma minha mão, e beija meus dedos. O que me enche de memórias que até então pensava ter reprimido.

Sete anos atrás...

Me sento em um dos bancos do jardim, evitando meus pais. Não costumo brigar com eles com frequência, mas não posso fazer nada se não conseguem perceber o quanto esse acampamento espacial pode me ajudar no futuro. Não quero estar para sempre atrás desses muros, não sou uma princesa e nunca serei.

—Aquela ruguinha está entre suas sobrancelhas. –escuto a voz de Oliver, que me faz pular de susto. Desde que me beijou na noite do meu baile, nós não temos conversado muito, não além dos temas seguros como clima e as saias vergonhosas que a Maria usa em suas noites de folga. –O que aconteceu?

—Não quero que seu guarda me encontre. –respondo de cara amarrada, encarando as orquídeas brancas e roxas que pendiam do coreto.

—Se esse for o caso, deveria se esconder. –diz o obvio, mas não sei se faz para me irritar, e não olho para seu rosto afim de me certificar.

—Se me esconder, fica mais fácil que ele me encontre. –dou de ombros. –Estar bem onde ele espera que esteja, faz com que esse seja o melhor esconderijo de todos.

—Você é estranha.

—Ele não quer me deixar ir ao acampamento espacial, em Blue Vele. Encontrei o evento na internet, vai ser o maior de todos os tempos, e seria minha primeira vez viajando sozinha para fora do castelo! –desabafo em um só fôlego.

—Você é nova, pode viajar quando crescer. –tenta usar seu tom político, o que me faz olhar para ele furiosa. –Olha, eu preciso convocar literalmente um reunião sempre que quero ir a lanchonete da esquina, uma notificação precisa ser feita, e todo um esquema de segurança montado. Não estou nos comparando, só quero te mostrar que minha condição é permanente, quando tiver trinta anos ainda terei que fazer todas essas coisas para passar pelos portões. Você não Felicity, eu invejo todas as escolhas que pode ter, lugares que pode conhecer apenas com uma mochila nas costas, pessoas que pode encontrar e ser quem você é com elas, sem protocolos a seguir... Não quero que vá a esse acampamento também.
—O que? –olho para ele pasma. –Concorda com meu pai? –acho que é primeira vez na vida que me sinto traída.

—Pode sair daqui quando quiser, e vai chegar o momento em que vai realmente ir embora. –dá de ombros com tristeza. –Faculdade, um emprego, casamento. Só não quero que seja agora, por que algo me diz que quando ver como é a vida lá fora, não vai mais voltar, e não quero pensar em como isso aqui seria sem você. Não quando é o centro do meu furacão. –Oliver se levanta, dá dois passos então para e se vira novamente em minha direção, seu rosto bonito estava cheio de desconforto. –Nós nos beijamos, podemos superar e voltar a ser amigos? –balanço a cabeça concordando, incapaz de dizer qualquer coisa, e ele sai me deixando sozinha com todos os meus pensamentos.

Agora...

—Você estava errado. –digo depois de algum tempo, e Oliver abre os olhos, como se eu o tivesse despertado.

—Claro que estava, mas em que especificamente? –sorrio do charme involuntário que ele tem em tudo o que faz.

—Eu vi o mundo fora desses portões, conheci como é a vida sem vocês e não teve um dia que meu coração não estivesse aqui, por mais que minha cabeça me mantivesse longe. –respondo, e isso parece acordá-lo de verdade, um sorriso de alívio aparece em seu rosto. –Pode parar de esperar que algo seja demais para mim, ou que te deixe em algum momento, não vai acontecer. –garanto.

—Me lembro de você emburrada, querendo ir a um acampamento nerd.

—Acampamento espacial. –corrijo, e ele dá de ombros como se fosse o mesmo.

—Vai ficar, mesmo se marcar nosso casamento para acontecer assim que meu pai se recuperar? –ergue uma sobrancelha, e balanço a cabeça concordando. –Serão em cerca de dois mil convidados? –concordo novamente. –Tommy pode ser meu padrinho? –faço careta e o vejo gargalhar, sinto falta desse som. –Depois daquele abraço, pensei que já estivessem bem.

—Pode colocá-lo como seu padrinho. –cedo, preferindo isso a discutir minha relação com o Darth Vader. Oliver sorri mais uma vez ao entender minhas intenções.

—Vai se casar comigo? –me olha como se fosse uma extensão de sua própria vida.

—Todos os dias, se for necessário. –respondo da mesma forma, e o vejo se inclinando sobre mim, para me beijar.


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Notas finais do capítulo

Então meu povo, eu não sei se estão gostando ou não da fic, quando deixei Monarquia muitos me procuraram e pediram que terminasse a história, e aqui estou eu. Então me deem um retorno, e digam se ainda querem ver o que tem para acontecer, afinal esse é o motivo de ter voltado, por vocês.
Obrigada!
Bjnhos