Monarquia escrita por Thaís Romes


Capítulo 26
A caixa, os álbuns e os recortes.


Notas iniciais do capítulo

Yep, sou eu mesma, não é miragem ou alucinação!
Acho que a estreia da temporada nova foi o gás que precisava para voltar a escrever essa história, então amores, espero que curtam o capítulo novo, que vai especialmente para a Juju, que gente, é sempre uma fofa!



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FELICITY

—Não que eu não esteja feliz por você estar aqui, por que estou... –começo a dizer apressada segurando minha mãe pelos ombros. –Muito feliz. –suspiro a abraçando mais uma vez. –Mas como chegou, não tinha várias reuniões esse mês?

—Adiei todas. –dá de ombros como se não fosse nada, mas meus olhos se enchem de lágrimas, é aquele tipo de momento que você não se dá conta do quanto precisa de alguém, até essa pessoa estar parada bem a sua frente. –E pelo visto, cheguei bem na hora. –olha por sobre meus ombros para a rainha com pura decepção.

—Donna. –Moira diz o cumprimento com o nariz empinado, tentando recuperar a pose.

Minha mãe solta meus braços e caminha em direção a mulher, para a sua frente e diz algo baixo demais para que Diggle ou eu escutássemos. O rosto de Moira perde o pouco de cor que lhe restava, antes que mamãe se vire em nossa direção em seu vestido azul com um decote exagerado, mas naquele momento, nem isso me incomodava. Ela passa um braço em meus ombros e entrelaça outro no de John, e seguimos para a saída.

—O que disse para ela? –sussurro curiosa.

—Às vezes, você só precisa lembrar as pessoas de algumas coisas. –responde vaga. –Mas quero saber mais sobre seu final feliz! –solta um gritinho animada. –E John, você está ótimo! –elogia o olhando de lado. –Como vai Lyla?

—Ela está muito bem. –responde. –Você também está ótima Donna, é muito bom ter você aqui.

—Estou feliz por estar aqui. –repito pelo que deve ser a milionésima vez, deitando minha cabeça em seu ombro.

Entramos no carro e Thea praticamente monopoliza minha mãe, mas entendo, elas não se viam há muito tempo, e sei o quanto eles a amam. Antes de entrarmos na loja, Amanda a proibiu de sair do carro, e arrumou um vestido cinza, mais discreto para que ela usasse, sei que deveria ficar brava com isso, mas de tudo o que a Carrasca do Terninho Gregory já fez, esse foi o único ato que aprovei. Deus sabe que amo minha mãe mais do que tudo, mas as vezes... Mentira, sempre quis jogar o guarda roupas dela no fogo.

—Pareço um bolo de aniversário. –reclamo olhando o vestido rodado, com mangas longas, e um decote mais fechado, que me deram para provar.

—Sai logo daí Fel, nós precisamos ver isso! –escuto a voz de Thea, seguida da risada de Selina e da minha mãe.

—Não vou mesmo!

—Se não sair, vamos entrar! –ameaçam em meio ao riso, mas não conseguia nem mesmo me mover com aquele negócio exagerado em meu corpo.

Quando as três entram, se espremendo pelos cantos. As reações foram controvérsias, Thea chorava de tanto rir, Selina me olhava com um misto de pena e receio, o que é compreensível julgando que ela seria a próxima, e minha mãe, que tinha os olhos cheios de lágrimas, estava emocionada. Fixo meu olhar nos dela, sabia o que estava pensando, papai não estaria aqui para ver isso, ou me levar ao altar.

—Está linda. –sussurra com as mãos nos lábios. –Não nesse vestido, ele é horrendo, mas filha, você vai ser uma noiva linda!

—Ainda bem que Ollie vai ficar de costas enquanto estiver entrando. –Thea comenta, e a olho sem entender.

—Como assim de costas?

—É protocolo, ele só pode te ver quando estiver ao lado dele. –bufo, tentando não ser mal agradecida. Mas tudo o que esses protocolos fazem é afastar ainda mais a minha ideia de casamento perfeito, é frustrante.

—Qual é? A hora que o noivo vê a noiva entrando na igreja, é a melhor parte! –descubro que pensei alto quando todas parecem constrangidas ao meu redor. –Olha Thea, quero retirar aqui e agora, formalmente, todas as reclamações que fiz durante nossa infância, por não poder participar de coquetéis, bailes e essas chatices.

—Somos bons amigos, não somos? –a vejo piscando para mim, através do espelho.

—São os melhores!

Quinze vestidos depois, eu tinha o vencedor, foi unanime, até mesmo a Carrasca gostou. Quando chegamos ao castelo, Moira não desceu para o chá da tarde, mas o rei pareceu contente por rever minha mãe. Eles conversavam animados, relembrando o passado, meu pai e nossa infância. E eu, só pensava na velocidade em que o Rei Robert ingeria a comida. Não era rápido, na verdade ele se distrai bastante enquanto come, mesmo se considerar o tempo em que não via minha mãe, ainda era bem lento.

—Graças a Deus, não vou passar fome! –penso alto e todos me olham por um instante, confusos.

—É a música, que vim cantando dentro do carro. –Selina despista rapidamente. –Te disse que ficaria em sua mente. –permaneço estática por um momento, antes de concordar enérgica.

—Obrigada. –digo mexendo os lábios sem emitir som, e ela assente discretamente.

—Desencana disso Fel. –Thea murmura divertida, se sentado a meu lado. –Donna, estava pensando. –fala um pouco mais alto ganhando a atenção de todos. –Se lembra quando Felicity e eu, cismamos que teríamos o casamento perfeito? –minha mãe sorri nostálgica.

—Estavam em uma fase de princesas da Disney. –ela nos olha cheia de carinho. –Tenho a caixa de vocês guardada. –Thea e eu trocamos olhares, e depois encaramos minha mãe. –Está em minha mala, sabia que vocês precisariam dela agora. –se dá por vencida, olhando em direção a John que estava parado, na porta. –Pode pegá-la, por favor?

—O que tem nessa caixa de tão especial? –Selina questiona. –Parecem duas crianças de tão animadas.’

Sete anos atrás...

Thea e eu estávamos no chão da sala de minha casa, cercadas por recortes de revistas, e cadernos antigos. Tentávamos montar nossos álbuns de casamento, na verdade, o álbum do casamento dos nossos sonhos, onde Julia Roberts me representava, e Angelina Jolie era uma Thea versão Lara Croft. Não consigo entender por que uma princesa precise fantasiar o casamento dos sonhos, mas estava me divertindo demais para comentar.

—Tudo bem, me mostra o seu! –Thea diz animada, quando acabamos de colar a foto de onde passaríamos a lua de mel.

—Não quero ser a primeira. –reclamo mal humorada. –Toda as vezes que fazemos algo do tipo, sou eu quem começa.

—Tudo bem. –aceita, mas posso ver que não era o que queria. –Quero me casar com um motoqueiro... Ou mecânico. –ela sorri brincalhona, e a olho contendo o riso. –Vamos nos casar em Las Vegas, depois que ele me convencer a abandonar o trono para viver com ele, em uma casa em cima da oficina. –eu olhava as fotos do que ela dizia, em seus recortes. –Mas claro, que vou te levar junto, preciso de uma dama de honra! –vejo uma foto da Julia Roberts com as grandes botas do filme “Uma Linda Mulher”, ao lado de um motoqueiro estranho, uma Angelina com um vestido de noiva colado por cima das roupas da Lara, e um homem de terno, que tinha o rosto do Oliver, o Oliver de verdade.

—Como conseguiu a foto do seu irmão? –pergunto tocando o rosto de um garoto no corpo de um adulto.

—Somos figuras públicas. –dá de ombros mostrando uma revista, com o nome dele na manchete e faltando um rosto na foto. –O Sr. Motoqueiro e eu teremos muitos filhos, eu vou ter que trabalhar para ajudar em casa, já que serei deserdada...

—Thea, tem certeza de que isso é um final feliz? –ela sorria sonhadora, e fico sem saber o que dizer.

—É para mim. –dá de ombros. –Agora vamos ver o seu! –bate palmas animada, quando pego meu caderno.

—Quero me casar em um jardim, cheio de flores. –olho através da janela para o jardim da rainha. –Com o vestido da minha mãe, claro que vou o reformar. –Thea folheava o meu caderno com um sorriso no rosto. –Quero que alguém que nos ame celebre a cerimonia, pensei em meu pai, ou o pai do noivo... Mas tem que ser uma pessoa especial para nós, não um juiz de paz qualquer.

—Por que colocou o Bill Murray aqui? –aponta para a figura que celebraria meu casamento.

—Por que todo mundo gosta dele. –respondo simplesmente a fazendo dar risada. –Eu provavelmente vou seguir a tradição da família, e servir a realeza, então acho que ele deve fazer algo do tipo também, ou ser médico, ou servir o exército. Quero me casar com um homem que queira lutar para melhorar nossa província.

—Como o Sr. Smoak. –comenta.

—Você vai ser minha dama de honra. –declaro. –Meu pai vai me entregar no altar ao som de My Girl. Se importa se usar a música?

—Fel, vou me casar em uma capela em Las Vegas com o Elvis de ministro, ou em uma grande igreja com o Bispo celebrando. –ela segura a minha mão. –Pode usar a música!

Agora...

Diggle volta com a caixa, sabia que os álbuns estariam lá, mas ao pegá-los nenhuma de nós duas parecia animada. Aquilo agora era apenas um lembrete do que não poderíamos ter. Lemos os cadernos para todos, com sorrisos ensaiados, enquanto eles se divertiam (no meu caso), e se apavoravam, principalmente o Rei Robert, no caso de Thea desejando uma vida simplória sem nenhuma nobreza.

THEA

Volto para meu quarto no fim da noite, com o álbum em meus braços e Roy me seguindo de perto. Assim que as portas se fecham ele me abraça apertado, como se tivesse se contendo para fazer isso por todo o dia, eu adorava todos esses momentos. Posso me soltar em seus braços, pois ali me sentia segura, dou um leve beijo em seus lábios antes de me afastar, ainda com o álbum em mãos.

—Quer dizer que queria um mecânico motoqueiro? –brinca se sentando no sofá, e me sento a seu lado o entregando o caderno, Roy passa a folheá-lo, com um sorriso no rosto.

—Por que parece tão feliz com isso? –questiono incomodada procurando por algum deboche em sua voz, e ele se vira para me olhar nos olhos.

—Por que aqui não existe um castelo em Amsterdã, ou um príncipe encantado. –ele passa a mão nos cabelos antes de voltar a explicar. –Thea, você é uma princesa, e eu um guarda. –solta um riso sem humor.

—Isso não muda nada para mim! –me apresso em dizer, e Roy pega minha mão ao perceber minha ansiedade.

—Eu sei que não, mas ainda é complicado... Só que depois de ver isso. –aponta para o caderno. –Sinto como se pudesse te fazer feliz.

—Eu nunca me senti segura Roy. –começo a contar. –Desde que vi o pai da minha melhor amiga ser assassinado passei a andar olhando para os lados, com medo em minha própria casa. Então aconteceu tudo aquilo comigo, e o medo só fez piorar.

—Sinto muito...

—Esse não é o ponto. – interrompo dispensando suas desculpas. –O ponto é que aqui, com você, eu me sinto segura. Não importa qual o seu cargo, ou a cor do seu sangue. Deus sabe que o meu não é assim tão azul. –brinco me inclinando para o beijar.

Mas então uma ideia me vem à cabeça. Não era justo que mesmo fazendo tanto por nossa família e depois de ter perdido o pai, Felicity tivesse que abrir mão de ainda mais coisas em seu casamento. Me esquivo de Roy que parece confuso por um segundo e procuro por meu celular no quarto.

—Vem, estamos de saída! –falo com o aparelho na mão discando o número do meu irmão, enquanto estava a caminho da parte do castelo onde Diggle mora e Donna estava hospedada.

‘Thea, oi.’ Ollie diz do outro lado da linha.

—Me fala que sua reunião acabou?

‘Sim, estamos voltando para casa agora.’ Conta. ‘Algo errado?’

—Ollie, preciso que vá direto a casa de Diggle quando chegar, vou chamar Selina e encontro com vocês lá. –aviso rapidamente.

‘Speed, algo errado?’ parece preocupado.

—Não, dessa vez é boa notícia, mas Fel não pode suspeitar de nada.

‘Okay...’ espero apenas sua confirmação e desligo o celular já batendo na porta do quarto onde Selina estava hospedada.

—Vem comigo. –a pego pela mão, arrastando a garota que já estava com um pijama de flanela, bem contraditório pelas roupas que ela vive usando, mas pensando bem, Waller deve estar a vestindo, assim como faz com Felicity, então a hora de dormir é seu momento de liberdade. –Pijama legal. –elogio enquanto corremos.

—Thea, onde estamos indo!

—Salvar o sonho de ao menos uma de nós. –resumo.

Não demora e estamos no elevador que nos levaria para a casa de Diggle, o esperando liberar nossa entrada. Assim que as portas se abrem vejo ele e Donna parados com a expressão de quem aguarda uma má notícia. Credo, hoje em dia ninguém mais tem fé em nada!

—Thea, o que aconteceu? –John pergunta ao me ver ofegante, ladeada por Selina que parecia perdida, e Roy que exalava frustração.

—Donna, por favor, me diz que quando trouxe esses álbuns, pensou também em trazer seu antigo vestido de casamento? –falo em um único fôlego, apoiando as mãos em meus joelhos.

A mulher a minha frente abre um sorriso de quem finalmente compreendeu o que estava prestes a propor, e sai para os fundos do apartamento. Todos nós ficamos em silencio encarando uns aos outros, mas Donna volta com um vestido branco em mãos, ele tinha mangas cumpridas e justas, todo revestido por renda, estilo sereia que se abria de forma elegante logo abaixo dos joelhos. Era delicado e charmoso, completamente lindo, e nem precisaríamos de tantos ajustes, talvez apertar um pouco no busto, mas Waller pode fazer isso. Já vi aquela mulher fazer mais com menos.

—Está perfeito. –sussurro caminhando em direção a ela para tocar o tecido.

—Eu mandei lavar quando soube que minha garota se casaria. –conta orgulhosa. –Mesmo que ela não o use, pensei que gostaria de tirar fotos ou algo do tipo.

—Sentia falta disso. –falo. –De ter você sempre um passo à frente.

—Ah querida, também senti muita falta de você. –responde carinhosa. –Mas se vamos mesmo fazer isso, teremos muito trabalho. –diz me olhando séria. –O primeiro deles, é convencer seus pais.

—Bom, não vai ser um casamento oficial, e apenas nós estaremos nele. –dou de ombros. –Papai com certeza vai concordar, o problema é a rainha.

—Então querida, você não vai ter problemas. –fala como quem sabe das coisas, e algo no tom de sua voz me intriga.

—Oliver está aqui. –Dig aponta para a imagem dele e de Bruce parados no elevador, me privando de perguntar o por que dela ter tanta certeza.

—Bom, então é melhor começarmos, temos um casamento dos sonhos para fazer!

OLIVER

Felicity estava dormindo serena pela manhã, e eu nem mesmo tinha passado mais de três horas na cama, e já estava sendo despertado pelo alarme. Thea só podia estar inventando tantos detalhes, eu vi o álbum e tudo parecia muito mais simples nos recortes. Passamos a noite deixando o jardim perfeito, dividindo tarefas e correndo atrás da música que dançamos em meu aniversário de dezesseis anos. Agora, eu só queria que não tivéssemos concordado em fazer tudo no fim da manhã.

—Bom dia. –escuto sua voz, dando fim a minha preguiça matinal.

—Bom dia. –me inclino dando um beijo breve em seus lábios.

—Parece cansado. –diz acariciando meu ombro. –Nem mesmo te vi chegar ontem.

—Me desculpe, não queria passar todo o dia fora. –ela sorri compreensiva.

—Está tudo bem. –dá de ombros subindo em cima dos meus quadris, e abro um largo sorriso em resposta. –Pode me compensar agora... –ela estava se abaixando para me beijar quando escutamos alguém bater na porta. –Ah não. –murmura manhosa deixando seu corpo cair ao lado do meu.

—Podemos continuar isso mais tarde. –falo me levantando para abrir a porta.

—Sério? –não consigo evitar de rir quando vejo seu semblante indignado.

—Tenho uma surpresa para você. –falo abrindo a porta, e Waller passa rapidamente com seus modos robóticos. –Bom dia. –murmuro.

—Alteza. –faz uma breve reverencia.

—Posso devolver? –Felicity pergunta frustrada.

—Não acho que vai querer. –me adianto em sua direção. –Waller, pode nos dar um segundo? –a mulher assente saindo pela porta.

—O que foi? –ela me olha confusa, e seguro uma de suas mãos.

—Quero poder te dar tudo o que quer Felicity, sempre, e sei que nosso verdadeiro casamento não é exatamente isso...

—Oliver, eu não me importo, quantas pessoas se casam com o amor da vida delas? –fala tocando minha face com sua mão livre.

—Eu já te privei de muita coisa, e isso é apenas o começo. Então, eu quero te dar algo em troca, hoje. –sua expressão muda, e ela parece uma criança animada. –Na verdade, foi ideia da Thea.

—Vamos a um show de rock? –fico sem resposta por um segundo, mas claro que de tudo o que ela poderia pensar, Felicity Smoak optaria pela possibilidade mais absurda.

—Não! De onde tirou isso? –ela parece procurar uma resposta em sua mente. –Quer saber, não responda, estamos sem tempo. Eu vou ir para meu quarto, e por essa manhã a porta de acesso vai ficar trancada.

—Você prometeu mudar essa fechadura. –reclama. –Eu pesquisei Oliver, nada de concubinas! –solto uma risada divertida.

—Eu te amo. –falo antes de beijá-la. –Te vejo em três horas, no jardim! –começo a me levantar.

—O que vai ter lá? –ela grita quando já estou passando pela porta.

—O nosso casamento. –conto, mas ainda consigo ver um sorriso surpreso em seu rosto antes de sair.


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Notas finais do capítulo

Então galera, não esqueçam de comentar, quero muito saber o que acham desse casamento não oficial.
Bjnhos!



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