Antes de ir no salão pra cortar o cabelo, Alice colocou o colar em mim para que eu pudesse tomar um banho decente – já que aparentemente o banho de gato que eu tomei não surtia efeito no corpo humano.

[...]

Assim que saí do banheiro, já vestido, fui derrubado por Alice. Não, ela não era mais uma felina. Era humana… Mas não estava usando o colar, pois este estava no meu pescoço, muito bem preso á nuca.

Comecei a rir, feliz por podermos ser humanos ao mesmo tempo novamente, e a puxei para um beijo.

– Agora você pode vir comigo no salão conhecer o Dri! – comemorou ela, assim que se levantou do chão.

– Dri? – perguntei, franzindo uma sobrancelha enquanto levantava a outra.

– Não precisa ter ciúmes – respondeu ela, divertida – Ele gosta da mesma fruta que eu! – terminou, rindo.

– Da mesma fruta que voc… Ah. – respondi, meio besta por ter sentido ciúmes de um cara gay.

– A gente vai ir de moto – comentou ela, sorrindo de orelha à orelha.

– De moto? Você não tinha parado de andar de moto depois de ter quase atropelado aquele sorveteiro?

– Como você sabe disso? – questionou ela, confusa.

– Eu me lembro, eu estava lá. – respondi, sorrindo.

Ela sorriu, e caminhamos até a porta.

– Eu piloto e você fica na garupa – falou Ali, se sentando na moto. Um tanto envergonhado me sentei atrás dela, e reclamei:

– Onde raios eu vou me segurar?

– Oras, seu besta. Na minha cintura, onde mais? – respondeu Ali, olhando por cima do ombro.

– Ah… – murmurei, tratando de envolver sua cintura com os braços e grudar ali, morrendo de medo de cair daquela moto, que aos poucos foi aumentando sua velocidade.

[...]

– Dri! – gritou Alice, descendo da moto correndo e abraçando o ‘’Dri’’. Mesmo sabendo que não tinha o menor sentido, senti ciumes, e não vou esconder isso.

– Oi. – murmurei, parando na frente dele, que me encarou com uma certa… Malícia?

– Opa, bonitão, quem é você? – falou ele, me olhando de cima à baixo.

Eu não sabia se ria, se eu chorava, se me escondia atrás da Ali ou se respondia.

– Esse é o Tom, Dri – interrompeu ela, para o meu alívio – Meu namorado – continuou, um pouco possessiva – E ele vai me acompanhar nesse corte de cabelo! – terminou ela, animada.

– Oras! Vai cortar o cabelo miga? – perguntou, contente.

– Ai, eu vou! Três dedos acima do ombro e nada mais!

– Então, vai lá no lavatório que a Jade vai levar seu cabelo. Pode ficar tranquila que a tinta azul não vai desbotar!

Ela fez que sim com a cabeça e foi lá, no lavatório, pra ‘Jade’ lavar o cabelo dela… Isso, me deixa aqui sozinho no meio desses desconhecidos, vai lá.

Me sentei no sofá que tinha ali e peguei uma revista, me preparando pra passar a próxima meia hora lendo aquelas notícias do mundo inteiro.

[...]

– Tom, ei Tom – ouvi Alice me chamar. Abri os olhos e tentei me situar, lembrando em seguida que estava no salão, esperando Ali terminar de cortar o cabelo.

Caramba, esse lugar é tão quieto que eu acabei dormindo.

– Que foi? – perguntei, olhando finamente pra ela.

– E então, ficou bom? – perguntou ela, me encarando.

– Ficou bom o que? – perguntei, obviamente sonolento e nem um pouco desperto.

– O cabelo, animal! – reclamou ela, virando de costas.

– Caramba, que estranho – foi o que soltei, meio besta. Nunca tinha visto ela de cabelo curto, era realmente estranho pra mim, que me acostumara com seu cabelo comprido.

– Sério mesmo? – perguntou ela, franzindo as sobrancelhas.

– Quer dizer, não um estranho ruim, um estranho, tipo, nunca vi isso antes – completei, receoso de que talvez ela pudesse ficar brava.

– Ah, entendi – respondeu ela, sorrindo – Realmente, eu não aguentava mais cabelo comprido, principalmente nesse calor!

– É até legal, mais fácil de bagunçar – murmurei, logo em seguida passando a mão pelo cabelo, agora curto, bagunçando-o.

– Oras, seu idiota, não bagunça o meu cabelo! – reclamou ela.

– Vocês formam um casal tão fofo – comentou Dri, se aproximando, o que fez que parássemos de nos provocar – Bem, está quase na hora de fechar, então, tchau! – exclamou ele, contente – E Feliz Natal!

– Nossa, tinha me esquecido completamente que amanhã já é véspera de Natal. – exclamou Alice, rindo – Bem, Feliz Natal também, Dri!

– Obrigada – agradeceu ele, e em seguida se dirigiu à mim – Cuida bem dela, ein, bonitão.

Fiz que sim, mais envergonhado do que antes e saímos do salão, Alice rindo da minha expressão de medo.

Montamos na moto e Alice deu a partida, parecendo muito feliz com seu novo corte de cabelo.