Quase Inocente escrita por ArkhNine


Capítulo 3
Temos um Assassino!


Notas iniciais do capítulo

Então...
São 3h07 da manhã e eu só estou postando isso agora porque prometi pra uma pessoa especial que o próximo capítulo estaria no site antes dela acordar.
Não, não fui ameaçado de morte dessa vez.
Espero que gostem. Se não gostarem, eu culpo o horário que escrevi, haha.



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– Kyle Matthews, sete da manhã. Dorothy e Hugo Matthews, sete e trinta. Envenenamento. Douglas Yale, seis e cinquenta da tarde. Norma Yale, sete e dez. Envenenamento. Igor Zabrovska, dez e cinco da noite. Frederik e Dimitri Zabrovska, onze da noite. Envenenamento. – Ralph jogava papéis e mais papéis na mesa de sua chefe, em defesa de seu argumento. – Todos julgados como suicídio. Todos com um intervalo curto. A lista não é pequena.

– Adams, você é um dos melhores detetives que eu tenho aqui. Não estou falando que você está errado. – Argumentava Vivian, líder naquela delegacia – Só que suicídio está entre as 10 maiores causas de morte dentro dos Estados Unidos. Se pensarmos matematicamente, seguindo as estatísticas, uma pessoa se suicidou agora mesmo e, daqui a 12 minutos, outra pessoa vai fazer o mesmo. Pensa bem, Ralph, o que você faria se a sua esposa decidisse parar de viver de repente? Deus sabe o que eu faria se acontecesse algo assim com o Richard ou com um dos meus pais, se ainda estivessem vivos.

– Sete casos em três meses. Sete coincidências. Eu juro que entendo o seu lado. Realmente, eu não sei o que faria também e nem quero pensar nisso. – O detetive botava as duas mãos na mesa e olhava a chefe nos olhos – Vivian, eu não estou pedindo para você acreditar nisso ou me entender. Eu só estou pedindo que me dê a oportunidade de olhar mais a fundo. Se eu estiver errado, que bom! Mas e se eu não estiver?

– Eu acho que isso é coisa da sua cabeça, Adams. Eu sinceramente acho isso. – Vivian então fez uma pausa e respirou fundo, como se já se arrependesse de sua decisão, antes mesmo de falar ela – Pois bem. Eu estou te dando uma semana de licença. Você faz o que bem entender com esse tempo. Agora, se você quer um conselho meu: Usa essa semana pra ficar com a sua esposa. Aproveita, viaja.

Ralph não respondeu, apenas sorriu. Os dois sabiam que ele não iria passar essa semana viajando com Camille. Ele agradeceu a chefe e saiu, sem tirar o sorriso do rosto. Michael e Kurt estavam a poucos metros da sala, esperando ele, curiosos. Afinal, ele tinha sumido metade do dia dentro da sala de arquivos e depois passou como uma luz para dentro da sala da chefe. Nem um explicação foi dada nesse meio tempo.

– Ei, senhor detetive. – Brincou Michael – Tem tempo pra uma palavrinha?

– O que tá acontecendo, Ralph? Entramos em algum caso que eu não fui informado? – Perguntou Kurt

– É o caso de ontem, trate de se informar. – Ralph empurrou a pasta com os 7 casos de suicídio contra o peito de Kurt. Ele não estava com muito humor para piadas. Precisava provar um ponto e agora tinha um prazo para o fazer. Uma semana para entregar algo concreto para Vivian. – Michael, depois que o Parker acabar de ler, preciso que pegue a pasta e dê uma olhada nas autopsias desses corpos. Me liga assim que terminar. Nem um segundo antes e nem um segundo depois. – Ralph continuou andando para fora da delegacia.

– Ralph, espera! Aonde você vai, cara? – Perguntou Michael, já que Kurt estava confuso demais para qualquer reação.

– Mercado. – Foi a curta resposta.

Adams não tinha muito com o que seguir, então se agarrou ao pouco que tinha. Pensou no mercado com sessão agrícola mais próximo e acelerou para lá. Iria comprar o tal “Clean Crop”. Esse era o único fato concreto que tinha e ele não iria se soltar dele. Precisava virar um especialista na arma contra pragas. Iria buscar a opinião de químicos, médicos e até de fazendeiros. Ele confiava na analise de Michael, mas queria mais. Muito mais do que o que tinha.

Em menos de quinze minutos, já estava com os dois pés dentro do mercado. Procurou com os olhos a sessão que queria e não a achou. Foi necessário a ajuda de um funcionário para encontrar, afinal, a mesma ficava no fundo do mercado. Quase escondida. O detetive procurou mais de uma vez pelo produto nas prateleiras, sem sucesso. Chamou novamente aquele mesmo funcionário e o perguntou sobre o veneno. O garoto, pacientemente, explicou sobre a venda do produto.

– Nós mantemos o produto lá dentro, no estoque. Não faria muito sentido manter ele aqui fora, porque a venda dele só é autorizada com uma permissão oficial do sindicato de fazendeiros. Aí quando alguém chega com a carteira do sindicato, ele já pede no caixa e nós buscamos nos fundos.

– Entendo. – Ralph coçou o queixo, interessado e lançou a pergunta do dia – É fácil conseguir uma carteira dessas?

– É. – Respondeu quase imediatamente o garoto – Se você tiver uma fazenda, é.

– E se eu não tiver?

– Por que você iria querer uma carteira do sindicato de fazendeiros sem ser um fazendeiro? – O funcionário riu – Não, cara. É impossível você ter a carteira sem ter uma fazenda.

Interessante. Ralph sorriu. Ele havia dado um passo para frente. Agradeceu e foi para o carro. Antes de destrancar a porta, Michael o ligou. Ele havia confirmado que a causa da morte de todos dos parentes, dentro dos sete casos, foram todas de envenenamento e todas apontavam para Clean Crops. Michael brincou sobre falta de criatividade, mas Ralph não achou graça. Ele tinha um sorriso no rosto, por outro motivo. Não havia dúvida: Ele estava procurando um fazendeiro. Ou melhor, alguém com fazenda. Adams finalmente entrou no seu carro, desligou a chamada e ligou para Kurt.

– Parker, você ainda está na delegacia? Pega suas coisas e as pastas que te passei e me encontra no estacionamento em 15 minutos. Estou a caminho. – Parker ia responder, mas Ralph não deu essa oportunidade para ele. Desligou.

Em 10 minutos estava lá. Esperou dois minutos por seu colega, que ao ver o carro acelerou os passos. Ele entrou, cumprimentou o detetive veterano e os dois dispararam para fora do estacionamento com o carro.

– Antes de qualquer coisa, você leu as pastas? – Questionou Adams.

– Li, claro. Você acha que eles estão ligados? Que não são realmente suicídios?

– Sim. Com o tempo, você vai entender que coincidências são coisas raras nesse ramo. Eu posso estar errado, mas precisamos ir até o fundo disso e descobrir.

– E a chefe liberou isso?

– Me deu uma semana de licença para fazer o que eu quiser. Se ela pegar no seu pé, eu me responsabilizo, não se preocupa.

– E você já tem alguma coisa? Alguma pista?

– Bom, eu sei que o veneno usado foi o Clean Crops e que esse produto só é vendido pra fazendeiros. Sem fazenda, sem veneno.

– Ah, eu conheço! Meu pai costumava usar muito ele contra as pragas nas plantações. Volta e meia eu uso lá em casa contra ratos. Ele também ajuda contra baratas, mas isso é secundário.

– O que? – Ralph fez o carro parar bruscamente. – Você tem a carteira do sindicato?

– Tenho. Tive que tirar depois que herdei a fazenda do meu pai. Eu vou lá de vez em nunca pra ter certeza que o lugar está em pé, mas fora isso, quase não vejo a cor da parede. Por que a surpresa?

– Você está com a carteira aí? – Kurt acenou positivamente com a cabeça. Na mesma hora, Ralph acelerou o carro, dando uma volta na rua e acelerando de volta para o mercado. – Kurt, você está começando a ser realmente útil. – Ralph riu e Kurt não sabia se encarava aquilo como uma piada ou uma ofensa. Ele riu, confuso e sem jeito.

17 minutos e uma sacola de compras depois, a dupla saia do mercado e encarava a rua com o carro de Ralph. A residência da senhorita Elizabeth Matthews era o novo destino. Adams tinha a arma e um detalhe único do suspeito. Ele queria mais. Mais detalhes, mais peculiaridades. Elizabeth era irmã de Kyle, um dos suicidas. Era bem possível que ela pudesse o ajudar.

A casa de Elizabeth era grande e elegante, assim como as casas vizinhas. Era um bairro de elite, afinal. Quem os atendeu na porta foi um mordomo, que só autorizou a entrada após o consenso de Gustav, o marido de Elizabeth. Os detetives foram acompanhados até a sala e receberam uma xicara com café cada um. A primeira opção foi chá, mas os dois não eram muito fãs da bebida. Sem muita demora, os anfitriões chegaram e se sentaram no sofá oposto a dupla.

– Detetive Adam, Detetive Parker, como podemos ajudar? – Perguntou o dono da casa – Eu sou Gustav Wells e essa é a minha esposa Elizabeth.

– É sobre o Kyle e a família dele, não é? – Chutou, com perfeição, Elizabeth.

– Sim, senhora. – Respondeu Ralph de forma cordial. Kurt se manteve calado, como haviam combinado antes de entrar na casa. Ele só observaria, dessa vez. - Eu gostaria de fazer algumas perguntas para a senhora sobre o seu irmão, se isso não a incomodar.

– Não incomoda. – Ela sorriu

– Senhora, por mais difícil que seja esse momento na vida da sua família, eu gostaria de ir direto ao ponto. Eu entendo que seja necessária certa cautela e sensibilidade nas palavras em um momento doloroso como esse. Só que não vejo como dar voltas pode ajudar a diminuir a dor da senhora nesse momento. Então, eu vou perguntar da forma mais direta possível e peço desculpas se isso ofender a você ou ao seu marido de alguma forma. – Ele olhou bem nos olhos dos dois, esperando algum tipo de permissão. Nenhuma reação dos dois, então ele continuou. - A senhora acredita no suicídio do seu irmão? Mais do que isso, a senhora acredita que ele teria motivos para cometer esse ato?

– Detetive Adams, o suicídio foi comprovado. Não há dúvidas nisso. O pobre coitado deu um tiro na própria boca. Os seus colegas mesmos que falaram isso. – Gustav respondeu, com o humor de quem havia acabado de escutar uma piada de mau gosto.

– Sim, eu entendo. – Ralph rebateu – Deixe-me reformular: A senhora acredita que o seu irmão teria motivos o suficiente para decidir tirar a própria vida? Ele deu algum sinal disso para a senhora? – O detetive encarou Gustav para se explicar – É apenas uma teoria minha, mas eu acredito que a decisão final pode não ter vindo do senhor Matthews.

– Uma teoria sua? – Gustav levantou não apenas seu corpo do sofá, mas também o volume de sua voz – Você vem até aqui, em um momento de luto da minha esposa, para confirmar uma teoria sua? Você quer me dizer que alguém mandou Kyle se matar? Pois bem, detetive. O senhor tem uma arma, por favor, coloque-a na sua boca e dispare.

– O que? – Os dois detetives se olharam, confusos e chocados.

– Você não vai fazer isso, vai? Se eu te oferecer dinheiro, não vai aceitar. Que raios vai fazer com dinheiro se estiver morto? Uma promoção ou um emprego melhor também pouco importa. Sinceramente, detetive Adams, eu estou decepcionado. Eu sabia que tínhamos profissionais ruins na nossa policia. Agora, é novidade para mim que estão promovendo imbecis para detetives. John, por favor, acompanhe os dois detetives até a porta. A nossa conversa acabou.

– Espera, deixa eu me explicar, senhor Wells. – Tentou insistir Ralph, se levantando.

– Detetive Adams, essa conversa já acabou. O senhor, por favor, se retire, antes que eu ligue para o seu superior.

No momento em que eram retirados da casa, não era possível dizer quem estava com o rosto mais abatido, entre os dois detetives. Os dois seguiram até o carro sem falar uma única palavra. Sentaram e ficaram olhando para o nada. Estavam sem reação para o que acabou de acontecer. Desamparado, Ralph entrou em sua mente. Seu único refúgio. Estava na hora de perseguir as migalhas de pão que havia encontrado e torcer para que levassem a algum lugar.

“Uma semana”, o ultimato de Vivian ecoou em sua mente. Ele fechou os olhos e se concentrou. Ele conseguia ver o funcionário do mercado novamente. “A venda dele só é autorizada com uma permissão oficial”, ele disse. “É impossível você ter a carteira sem ter uma fazenda.”. Graças a deus, Parker tinha a carteira. Ralph sorriu. Ao menos algo de bom tinha acontecido naquele dia. Seu rosto voltou a ficar sério quando se lembrou de Wells e seu jeito grosseiro. “Você quer me dizer que alguém mandou Kyle se matar?”, ele gritava. “Que raios vai fazer com dinheiro se estiver morto?”. O rosto de Vivian apareceu na mente de Adams. “Deus sabe o que eu faria se acontecesse algo assim com o Richard”, ele se lembrava da voz dela, preocupada. “A única movimentação foi a do marido, que chegou no final da tarde e saiu após o jantar.”, a vizinha tinha dito. Os olhos de Ralph abriram, arregalados.

– A família! – Ele exclamou, dando um susto em Kurt. – É claro. – Kurt olhou para Ralph, sem entender nada. Adams retribuiu o olhar com um sorriso. – Como você convence alguém a se matar? Você ameaça a família dessa pessoa! Claro! Não era fofoca! O quarto prato não estava lá à toa! Kurt! – Ele segurou o parceiro pelos ombros – Eu estava certo! Temos um assassino!


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Notas finais do capítulo

Boa noite '-'
Bjsnãomeliga



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