It's You escrita por Malina


Capítulo 51
It's really me


Notas iniciais do capítulo

Olá, here I am. Tudo bom com vocês leitoras maravilindas?
Capítulo fresquinho e bem fofo pra vocês ♥



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— Por que demorou tanto? – Pergunto pegando a cerveja que Frost me entrega

— Estava pedindo ajuda à Maura.

— E o que descobriu?

— Que você pode ser imprevisível e que pode surpreender – ele ri me provocando.

— Ela disse isso?

— Claro que disse – Frost disse tomando um gole da cerveja – Quer dizer, ela realmente te ama sabe?

Essas palavras fizeram com que meu coração saltitasse, eu não sabia mais como disfarçar meus sentimentos pela Maura.

— Você acha? – pergunto ainda meio insegura, mas esperançosa.

— Eu tenho certeza, afinal, ela pulou na frente de uma bala por você.

— Ela o que?! – penso que entendi errado, eu preciso ter entendido errado.

Do que ele estava falando? Maura pulando em frente de balas? Por mim? Tudo estava muito confuso, meu coração acelerou de um jeito nada bom, meu estomago embrulhou e eu sentia uma coisa que não sei muito bem descrever, mas era como se alguém tivesse retirado todos os meus órgãos pela minha boca. Meu chão sumiu, eu estava caindo e esperava que fosse apenas um sonho, um mal entendido, não podia ser, Maura não é burra de fazer uma coisa dessas.

— O que? – Frost me pergunta não tendo noção do que acabou de me falar.

— Maura fez o que?

— Você não sabia? – seus olhos se arregalaram, agora vejo que ele percebeu a imensidão do problema.

— Frost, você vai me contar essa história. Agora.

— Jane... Meu deus, me desculpa, eu pensei que você soubesse. Ela pediu pra que ninguém contasse. Droga! – ele dá um tapa na própria testa.

— Agora que você começou, trate de terminar.

— Não aqui. Não agora. Vamos lá em casa e eu te explico tudo okay? Se não é capaz de você fazer alguma besteira.

— Frost, por favor... – sinto meus olhos encherem de lágrimas, levanto minha cabeça olhando para o telhado tentando conter as lágrimas.

— Okay, eu vou chamar a Amy e estamos indo tudo bem?

Concordo com a cabeça mas antes que ele pudesse entrar na casa eu seguro seu punho.

— Mas e a Cassie? Ela veio comigo.

— Eu chamo ela aqui e vocês conversam.

— Certo.

Ele entra na casa, eu fico ainda sentada no banco, meus joelhos separados, cotovelos apoiados no mesmo, e minhas mãos suportavam minha cabeça confusa.

Tudo volta de uma só vez como se tivesse sido ontem. O momento em que o mascarado havia sacado a arma apontado ela para mim, ele queria nos fazer sofrer, no fundo ele conseguiu. Lembro perfeitamente do momento em que eu fechei o olho e simplesmente pensei “É agora. Maura me verá sangrar” naquele momento tudo o que eu queria era que ela saísse a salvo, não queria que ela me visse sangrando, queria ser a pessoa forte que sempre fui pra ela, o porto seguro que ela sempre podia contar, mas de algum modo, em minha cabeça, se eu levasse aquele tiro ela me veria como frágil, mesmo sabendo que ela já me vira machucada antes. Daquela vez era diferente. No fim esse não se tornou o problema, lembro de abrir os olhos, eu havia caído e algo me prendia ao chão, o peso que eu pensava que fosse a dor do tiro era na verdade o corpo da mulher que eu amava e amo. Naquele dia eu senti meu coração ser arrancado do peito e esmagado. Pensei que ele tinha atirado nela, sempre pensei que eu deveria ter feito mais para ter detido aquele tiro, se ao menos eu não tivesse fechado os olhos. Mas ela pulou. Ela se colocou na frente da bala que era destinada para mim, ela sentiu a dor que era para eu sentir, ela tem a cicatriz no peito, a cicatriz que era pra estar em minha pele.

Uma única lágrima cai direto para o chão, eu observo aquela simples gota se chocar ao chão, a minúscula poça que se formou, aquela pequena lágrima no chão que carregava tanta dor, angustia, incertezas.

Um som interrompe meus pensamentos, era a porta sendo aberta. Limpo meu rosto rapidamente e vejo a morena me observando preocupada.

— Está tudo bem? Frost disse que você precisava falar comigo – Cassie disse enfiando as mãos no bolso.

— Está sim, só estou um pouco enjoada. – eu me levanto segurando suas mãos – Eu tenho que resolver alguns problemas com o Frost, então eu vou com ele e depois ele vai me deixar em casa. Me desculpe por não poder voltar com você e faltar desse jeito com você, mas...

— Está tudo bem Jane... – ela parecia decepcionada, mas via empatia em seu olhar – Eu entendo, pode ir.

— Cassie... Eu sei que eu tenho agido distante recentemente mas é que.

— Jane, você não precisa me explicar – ela interrompe, um sorriso tímido em seu rosto – Eu sei que com a volta de Maura tudo está... confuso e eu sei que você está confusa. Você me contou da história entre vocês duas, e algo que acabou daquele jeito... Não era o fim. Eu entendo que você esteja confusa e distante, ela está aqui.

Vê-la daquele jeito tão compreensiva com algo que com toda certeza machucava ela, me deixou me sentindo culpada, eu não queria causar tanta dor, nunca quis que ela ficasse desse jeito por minha culpa.

— Eu... eu sinto muito mesmo. Olha, que tal fazermos o seguinte, eu vou conversar com o Frost na casa dele, e você pode pegar meu carro e ficar lá no meu apartamento, quando eu chegar em casa podemos fazer algo.

Ela sorriu feliz, eu podia ver nos olhos de Cassie que ela sabia o que provavelmente aconteceria futuramente, mas queria poder fazê-la feliz por pelo menos esse tempo que temos. Não queria deixa-la com lembranças horríveis.

— Eu estou pensando em... Filmes espanhol onde tentamos adivinhar o que eles estão falando e... dormir.

Eu rio com os planos que ela tinha em mente.

— Soa ótimo.

Me aproximo acariciando seu rosto, o beijo era harmônico, calmo e delicado, nossos lábios brincando um com o outro, nossas línguas não se encontraram, e era perfeito. Tenho que admitir, nossos beijos são sempre incríveis e de tirar o fôlego, mas não são nada comparados aos que troquei com Maura. A porta se abre e nos separamos abruptamente.

— Ah... desculpa, eu só estava indo tirar o lixo. – Maura diz, seu rosto corando de vergonha.

Ela passa por nós sem nos dar tempo de nos desculparmos, e logo Frost aparece com Amélia ao seu lado.

— Vamos? – ele pergunta e eu aceno que sim.

Dou um beijo curto de despedida em Cassie e sussurro “te vejo na minha casa”. E então saio junto com o casal.

*****

— Pode começar – eu digo sentando no sofá da sala de estar do moreno.

Assim que chegamos Amy foi dormir reclamando de como estar grávida cansa. Eu e Frost estávamos na sala de estar, sentados em sofás paralelos, um de frente para o outro.

— Depois que vocês foram resgatadas, tínhamos que pegar as informações sobre o que aconteceu lá. Boucher tinha falado com a Maura e eu com você, lembra? – afirmo com a cabeça – Ele não me contou muito porque a doutora tinha pedido sigilo, ele só deixou escapar que ela tinha tomado o tiro por você, mas ele disse entre linhas, sou um ótimo detetive e adivinhei que fosse o que eu te disse.

— Mas pode não ser verdade? Você pode ter distorcido as coisas?

— Pode ser que eu tenha entendido errado, mas...

— Frost! Eu não acredito que você me preocupou por nada! – Grito em um tom baixo quase cochichando. Fiquei irritada com ele, mas não poderia me exaltar e acordar a Amy.

— Ei, eu não tenho certeza okay? Não tem como eu ter, é melhor que você pergunte pro Boucher ou pra Maura.

— A gravação em áudio da entrevista está na BPD?

— É pra estar.

— Então sabemos o que fazer – levantei e me despedi dele.

*****

Olhei para o relógio era meia noite, mas isso não importava, eu precisava de respostas. Por sorte consegui entrar na BPD sem muita dificuldade, corri até a sala de arquivos, mas não sem antes me perder no caminho.

Depois de algum tempo procurando pelos arquivos, finalmente encontrei a caixa com as evidencias e informações, peguei o pequeno gravador e o encarei por alguns minutos. Eu estava perto de descobrir o que aconteceu de verdade naquela noite, e eu tinha medo, medo de que Frost estivesse certo em relação ao tiro. Tomo uma grande porção de ar e enfim aperto o play.

“Preciso fazer perguntas sobre o que aconteceu, se não se importa” Reconheci como a voz de Boucher.

“Não me importo. Sente-se.”

“Podemos começar?” Silencio “Preciso que diga sim ou não”

“Ah... Sim, podemos”

“Você lembra de como vocês foram pra lá?”

“Sim. Eu e Jane estávamos conversando no meu escritório, e então o telefone dela tocou, ela disse que era uma mensagem de Frost e que tínhamos mais uma vítima. Fomos em carros separados, mas quando chegamos ao local, estava vazio. O endereço supostamente apontado por Frost nos levava até uma espécie de galpão. Nós estramos e fomos surpreendidas pelo mascarado.”

Um frio sobe minha espinha ao lembrar daquele momento, me senti tão inútil de não perceber que era uma enrascada, de não conseguir salvar Maura. A voz dela era o que mais me apertava o coração, ela soava com medo, era notável que aquelas lembranças ainda lhe aterrorizavam no momento.

“Lembra do tiro?”

“Sim... cada detalhe. O mascarado tinha a arma apontada para Jane, ele dizia que nos mataria antes do resgate chegar. Então ele atirou... mas eu não podia deixar” sua risada amarga e fraca, mais como um exalar me deixou com vontade de abraçá-la e dizer que tudo ficaria bem logo, só que não ficaria “é irônico, um dia antes Jane me perguntou se eu levaria um tiro por ela. Eu disse que talvez, mas acho que agora sei a resposta”

“Ele ia atirar na Jane?”

“Sim. Quando ele atirou eu apenas me coloquei na frente, foi instinto”

Pausei a gravação. Ela se jogou em frente a uma bala... por mim, isso não fazia sentido algum, não era pra acontecer, não podia acontecer, ela era Maura, minha Maura. Era pra que eu a tivesse protegido e não o contrário, mas ela fez, ela fez isso por mim. Maura colocou sua vida em risco por mim e eu não conseguia acreditar.

*****

(POV. Maura)

                Batidas constantes na porta me acordaram, o som irritante da madeira estava me dando nos nervos, acordei sonolenta e ainda meio desnorteada, olhei para o relógio e eram quase duas da manhã. Quem era o ser que desejava bisturis enfiados em seus olhos, eu imagino. Vagarosamente eu levanto da cama tentando achar meus chinelos, o som da porta me irritava cada vez mais, não mais importavam os chinelos, apenas amarrei meu robe e desci as escadas com pressa. Ao olhar no olho mágico estranhei ver a morena de pé no meu pórtico de entrada.

— Aconteceu algo? – pergunto ao abrir a porta.

— Se aconteceu algo? Aconteceu muita coisa Maura, você aconteceu, você fazendo as coisas sem pensar – ela entrava se aproximando, parecia indignada com algo – Aconteceu que você entrou na minha vida derrubando minhas muralhas e então levou um tiro e teve risco de vida! Aconteceu que você se colocou na frente da merda de uma bala!

Ela gritava se aproximando, eu andava para trás até que me vi encostada na parede. As palavras de Jane me atingiram como um ônibus em alta velocidade me atropelando. Não era para que ela descobrisse, isso era algo meu e unicamente meu, eu não queria que ela soubesse por motivos que nem eu sei, provavelmente por medo da reação que estou presenciando no momento. Automaticamente eu toco a cicatriz onde a pala perfurou, a marca no meu tórax, a prova dos meus sentimentos disse Sam uma vez para mim.

— Aconteceu que você... – ela passou a mão em meu rosto e eu fecho os olhos, sua voz estava mais macia e sutil – Você tem agora duas coisas minhas que me pertencem.

— Duas? – pergunto estranhando.

— Sim, a cicatriz... – seus olhos desviam dos meus para meu peito, e então voltam para meus olhos – E meu coração.

Sinto meus joelhos fraquejarem, meu coração acelerar, minhas mãos suarem frio, meu rosto enrubescer, meu olhos com toda certeza estão brilhando. Ela acaricia minha bochecha com seu dedão enquanto se aproxima, fecho os olhos quando sinto sua respiração contra a minha, penso que finalmente terei de volta o beijo que me pertence, mas então sinto seus lábios em minha testa, um beijo delicado e carinhoso, um significativo.

— Não agora – Jane diz como se lesse meus pensamentos – Não com Cassie no jogo. Eu falarei com ela.

— Jane... eu não quero estragar tudo, não quero transformar sua vida numa bagunça quando finalmente vejo que conseguiu se ajeitar. Mas eu quero muito você de volta.

— Eu nunca fui uma pessoa muito organizada – ela sorri de lado – Eu amo a organização da nossa bagunça.

— Eu estou sonhando?

— Não – ela ri e acabo rindo junto.

— Então é você mesmo?

— Sou eu mesmo.


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Notas finais do capítulo

Até a próxima my pretties :* mwah



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