It's You escrita por Malina


Capítulo 46
What you need


Notas iniciais do capítulo

Saudações. Cá estou com um novo capítulo para vocês fiéis leitores. Perdoem minha demora para concebê-los com... desisto de tentar falar assim. Desculpem a demora mesmo, estava com um lindo bloqueio, mas deu tudo certo e estou aqui com um capítulo fresquinho. Agora, não revisei então desculpem qualquer erro.



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Alguns dias se passaram e eu estava de volta ao trabalho, muita coisa mudou nos últimos dias. Frost fazia planos para o futuro do filho que estava por vir, estava evidente a ansiedade dele de se tornar pai, mesmo com a insegurança. Ele até mesmo estava pensando em pedir Amélia em casamento. Ele estava amadurecendo e eu me orgulho dele. Frankie está namorando sério com uma menina chamada Courtney, a garota é bacana, perdeu um pontinho por torcer pro yankees, mas ninguém é perfeito. Korsak continuava com sua vida normalmente, acho que a única mudança radical dele foi ter entrado numa dieta, que sabemos que não irá durar. Boucher... Eu não sei o que está acontecendo com ele, pra mim ele foi sempre imparcial, meio avulso no meio do grupo de detetives.

   E eu? O que eu posso dizer? Nada mudou realmente, quer dizer, eu mudei é claro, mas nada muito extremo. Eu tenho uma nova amiga, acho que isso conta como mudança. Acontece que depois de algumas conversas eu e Cassie nos tornamos boas amigas apesar de todo o ódio entre nós. Eu e ela nos falamos por Skype sempre que podemos, já que ela mora em DC e fica um pouco muito difícil de conversarmos com nossas agendas imprevisíveis. Eu consegui me desfazer de muita coisa nesses últimos meses, estou falando da Maura, acho que sempre estou. Aos poucos vou me mudando e aprendendo a viver sem ela, sem sua presença, sim, eu sinto falta de ouvir sua voz todos os dias, da sua companhia, de tudo, mas agora não faz muita diferença. Mas hoje eu não quero falar sobre Maura, vamos focar em outra coisa. 

Minha mãe continua tentando me arranjar uma namorada, e sabemos que nada que eu disser vai fazer essa mulher parar com essa ideia maluca. 

E aqui estou eu, sentada na minha cadeira na sala dos detetives, me girando nela olhando para o teto como uma pessoa com desordem mental. Frost ne olha irritado com o barulho que as rodinhas fazem, ignoro seu olhar. 

— Hey Jane, sabe o que é bem legal? - ele pergunta.

— O que?

— O silêncio. 

— Você vai ter um filho, acostume-se - girei mais fortemente para fazer mais barulho.

Ele bufa e eu rio da situação.

— Hey, você ainda fala com aquela agente? - Frost perguntou.

— Collins? Sim, por que?

— Boucher tava querendo uma namorada.

— Ta brincando comigo? Cassie é areia de mais pro caminhãozinho dele. E além do mais, ela tem namorado. E mora em DC.

— Pensei que tinham terminado. E a distância não quer dizer que não possam ficar juntos.

Olhei pra ele seriamente, quando ele percebeu o que tinha dito pediu desculpas, mesmo não sendo necessário. Mas ainda assim, me senti mal com o comentário.

— Nenhuma notícia dela? - Frost perguntou timidamente olhando para seus dedos que brincavam com uma caneta.

— Nop, e não quero falar sobre isso.

— Algum dia eu vou saber dessa história? - Korsak perguntou.

Frost e eu olhamos impacientes pro mais velho, ele levantou as mãos em redenção e voltou a fazer o que fazia antes de nos interromper. Não que eu não queria contar para o Korsak, mas é que pra mim ele sempre foi como um pai, e se acontecer a mesma coisa que aconteceu com meu real pai, eu não vou conseguir aguentar.

— E sua mãe já teve algum sucesso em te arranjar... Er... Uma nova... - ele tentava achar uma palavra chave para namorada sem que ninguém soubesse do que estávamos falando - LLBFF? 

Eu segurei o riso e logo depois rosnei lembrando das coisas que minha mãe planejava. 

— Ela não desiste, ma realmente quer que eu comece um novo re... Amizade, uma nova amizade - corrigi rapidamente.

Korsak nos olhava de canto, curioso.

— Coisa de mãe.

— Falando nisso. Como sua mãe reagiu à notícia?

— Ainda não reagiu, não a contei ainda.

— Frost! 

— O que? Hey hey hey, você não tem o direito de me julgar nessa. 

— Justo - rodopio minha cadeira uma vez e a arrasto até minha mesa.

Passamos mais horas sentados preenchendo documentos de casos antigos, colocando a papelada em dia. O dia tinha realmente começado bem, com o sol dourado brilhando na janela, sem chuva, sem onda de calor, um dia normal, sabia no momento que abri as cortinas que não haveria nenhum caso novo, que seria apenas mais um dia entediante na BPD. 

Eram duas da tarde e ainda estávamos em frente à arquivos e à tela do computador. Todos paramos de digitar quando ouvimos o som da barriga de Korsak roncando. Os rapazes então decidiram que era hora de almoçar, mas eu decidi ficar ali terminando uma papelada e logo depois iria almoçar. Quando eu estava prestes a me levantar algo me interrompeu. Uma batida na porta. Eu levantei meu olhar e encontrei a morena de pé encostada na batente da porta. Sorri largamente e fui abraçá-la.

— Pensei que não gostasse de abraços, Rizzoli. 

— Cala a boca - nos soltamos - O que está fazendo aqui? 

— Que bela recepção de uma amiga não? - ela riu - Eu estava com saudades e decidi fazer uma visita, mas se quiser eu volto pra Washington agora mesmo, meu jatinho ainda está aqui.

— Jatinho? Desde quando se tornou a toda poderosa? 

Me sentei na minha cadeira e Cassie se sentou na cadeira em frente da minha mesa.

— Não me tornei, um cara do FBI me devia um favor por eu ter salvado ele.

— Ah, adoro esses favores. São os melhores. 

Rimos e logo o silêncio tomou conta do lugar.

— Vamos continuar fingindo que você veio só porque estava com saudade ou você vai me dizer o que aconteceu?

Ela suspirou pesadamente.

— Eu fui afastada do serviço e estava entediada.

— Afastada? Por que?

— Aparentemente quando se fica alguns anos sem tirar férias, eles te afastam.

— Injustiça - digo fingindo estar ofendida. - você deveria atirar em cada um deles.

— Para! É sério! - ela me dá um empurrãozinho no braço. - Vamos fazer alguma coisa divertida. 

— Só porque você está afastada, não significa que eu estou. 

— Mas esses papéis podem esperar. Você está aí sem fazer nada, se eles precisarem de você eles chamam. Por favor - ela fazia aquele olhar de cachorro que caiu do caminhão de mudanças.

— Tudo bem! - largo meus papéis na mesa.

O rosto dela se ilumina. Arrumo minha mais ou menos mesa e me levanto para irmos.

Estávamos na mesa do Dirty fazendo nossos pedidos quando eu mencionei:

— Eu estava falando de você antes de você chegar.

— Eu sei que sou incrível.

— Idiota.

— O que estavam falando?

— Frost queria te arranjar com o Boucher. 

— Boucher? Sério?

— Acredita? - disse mordendo meu hambúrguer - mas eu disse que você é demais pra ele e que você namora.

— Sem contar que moro em Washington.

— Foi o que eu disse. Mas falando em namorar, como anda o relacionamento com o Oliver?

— Perfeitamente perfeito – ela disse desviando sua atenção para a garrafa de cerveja.

— Isso não foi nem um pouco convincente.

— É que o Oliver está se tornando previsível, continuamos sempre com as mesmas conversas, todos os dias é a mesma coisa, e eu odeio mesmice.

Eu não disse nada, apenas lhe lancei um olhar de compreensão. Eu a entendia afinal, odeio rotina, por isso escolhi ser detetive de homicídios, os dias são sempre diferentes, sempre me surpreendo com algo no trabalho, essas coisas que fazem meus dias melhores.

Terminamos de almoçar e a agente Collins decidiu que queria fazer algo divertido, nós tínhamos uma percepção parecida de divertimento, então a levei para o centro de tiros. Nada melhor que atirar em algo como diversão... Algo não-vivo no caso, não me entenda mal.

Passamos um bom tempo atirando e quando nos demos conta, já era cinco horas. Foi uma tarde divertida, não fizemos muita coisa, apenas atiramos e conversamos, o que foi mais que perfeito, nada de ficar andando de um lado para o outro em algum shopping, nada de palestras, essas coisas só são divertidas quando feitas junto à Maura, não pela atividade, mas pela companhia.

Entramos no meu carro e comecei a dirigir.

— Eu estou hospedada naquele hotel perto do parque – Cassie disse.

— Depois eu te levo, ainda está cedo.

Fomos direto para a minha casa, mas demoramos uma hora para chegar devido ao trânsito.

Assim que chegamos Cassie se jogou no sofá no mesmo instante.

— Claro, sinta-se em casa – eu disse rindo.

— Eu já sou de casa. Vamos assistir à um filme?

— Pode ser. Tenho alguns naquela caixa ao lado da TV – eu mencionei, abrindo a geladeira e pegando duas cervejas.

*****

                Com um cobertor em nosso colo cobrindo nossas pernas, e um balde de pipoca ao meio, assistíamos ao filme. Eu conhecia a morena ao meu lado, eu sabia que ela não estava muito feliz, e sabia que esse era o motivo dela ter escolhido à um filme de Drama. O filme escolhido se chama “Já sinto saudades” e estava destruindo com o meu psicológico. Todo o tema abordado não me fazia pensar em minha amizade com Maura, na verdade eu mais pensava na minha amizade com Cassie. Ela se tornara um grande amiga para mim, posso até considerar melhor amiga, e esse filme me deixou bastante mal por causa disso. Cassie chorava ao meu lado, coisa rara de se ver, ela sempre está mantendo sua pose de durona, mas quando só estamos nós duas não existem mascaras, não existem poses, podemos ser nós mesmas, podemos demonstrar o que sentimos, sendo chorando ou gargalhando. Cassie apoiou sua cabeça em meu ombro e se abraçou em mim quando o filme estava pra acabar.

O pote de pipoca já estava na mesa de centro, nossas cervejas vazias no chão, e os créditos do filme rolavam pela tela da TV. O filme havia acabado há alguns minutos e eu nunca fiquei tão sentida em um filme como fiquei nesse. Collins ainda estava abraçada em mim, ela encarava seu braço que estava sobre minha barriga.

— Se você morrer eu te mato – ela disse cochichando.

Eu a olhei e sorri.

— Idem.

— Ele me pediu em casamento.

Me espantei ao ouvir a frase que acabara de ser pronunciada.

— Casamento? Mas você não estava reclamando da rotina?

— Sim... Eu sei que se eu casar com ele minha rotina vai se tornar mais monótona do que já é.

— O que eu posso te dizer?

— O que fazer.

— Faça o que achar certo, se você o ama, se você quer isso, você aceita e se casam numa praia ao pôr do sol. Se não, você recusa e então vocês conversam pra ver o que irá acontecer.

— Casamento na praia? Isso soa horrível.

Eu rio da careta que ela faz e ela sorri para mim.

— Acho que eu deveria ir para o hotel – ela se levanta lentamente do sofá.

— O que? Mas são quase meia noite, você não pode ir. Vai dormir aqui.

— Que exigente você. Pega lá um travesseiro pra mim então.

— Folgada – me levanto e pego um travesseiro.

Quando volto, ela está lavando a louça que sujamos, que era pouca. Deixei um travesseiro no sofá, onde ela insistiu dormir, junto deixei dois cobertores. Desliguei a TV e quando fui guardar o filme me deparei com um porta retrato que estava virado para baixo, escondendo a foto. Há tanto tempo que não presto atenção nessas coisas que me esqueci da foto que eu guardava ali. Virei o objeto e senti um leve aperto no coração quando meus olhos encontraram os olhos verdes de Maura. Cassie notou minha mudança de comportamento repentina, afinal eu estava estática, ajoelhada no chão encarando uma foto sem desviar minha atenção. Saio do transe quando sinto uma mão em meu ombro. Collins estava atrás de mim.

— Você ainda sente falta dela? – ela me perguntou.

— Não sei como não sentir – lentamente eu vou até o sofá e me sento. Cassie senta ao meu lado – Eu minto pra mim mesma dizendo que não sinto, que vou superar... mas acho que nunca vou superar.

— Ei... – ela segura minha mão delicadamente – Você não tem que se obrigar a não sentir falta dela. Ela foi sua melhor amiga por muito tempo, ela foi sua namorada, você a amou escondida por também bastante tempo... Não são três meses que vão apagar anos de amizade e amor.

— Eu sei... mas eu quero esquecer. Eu não quero sentir a dor que eu sinto todas as vezes que vejo uma foto dela. Eu só quero deixa-la ir, esquecê-la por completo. Mas eu não sei como fazer isso.

Senti sua mão apertar a minha, ela tirou o porta retratos da minha mão e o colocou deitado na mesa, deixando a foto novamente escondida.

— Você não precisa fazer isso sozinha – ela disse novamente pegando minha mão.

— Eu sei que todos querem me ajudar, mas ninguém realmente sabe do que eu preciso, nem eu sei.

— Eu sei do que você precisa.

Pela primeira vez nessa conversa eu virei meu rosto para olhá-la, meus olhos estavam marejados, mas não importava, ela estava ali me ajudando, ela estava ao meu lado e queria me ver melhor. Encarei seus olhos azuis e encontrei uma timidez neles.

— Eu sei do que você precisa – ela repetiu limpando a lágrima que escorria de meus olhos.

Eu sabia o que ia acontecer, não impedi. Senti seu rosto se aproximando, nossas testas estavam encostadas, eu podia sentir sua leve respiração.

— Do quê? – perguntei em um cochicho.

— Seguir em frente. Mas você não pode fazer isso sozinha – ela respondeu no mesmo tom.

Não pude me conter, eu precisava disso, eu precisava esquecer e precisava seguir em frente, ela estava certa, eu não poderia fazer isso sozinha. Minhas mãos foram até seus cabelos castanhos. Eu acariciava sua bochecha com meu dedão, suas mãos se perdiam em meus cachos e se encontravam na minha nuca. Aconteceu.

Fechei meus olhos e senti seus lábios macios encostarem nos meus.


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Notas finais do capítulo

Eu disse que eu ia fazer umas coisinhas especiais para Jane...
O que acharam?
(Gente, sempre que eu estou escrevendo alguma cena com a Cassie, a aparência dela eu me espelho muito na Caterina Scorsone)