O “baile” de gala estava se aproximando, e o assunto na mesa de refeições variava entre isso e o ataque. Os mutantes não voltaram a nos intimidar, e tudo parecia seguro. Mas a SHIELD ainda rastreava loucamente.

Quando Stark literalmente contratou um alfaiate para produzir seu terno para a festa, eu me levantei e fui embora, estressada. Como ele conseguia pensar em vaidade quando estávamos sob constante ameaça???

Bufando, passei pelos corredores em que antes lutei com os mutantes. Uma mancha de sangue no carpete me trouxe lembranças arrepiantes. O candelabro quebrado já havia sido retirado. Então, bem ali no cantinho, quase invisível a olho nu, estava um pequeno rubi.

Peguei-o e analisei. Era brilhante, no entanto, duas pequenas letras estavam grafadas nele: MT.

O que diabos significava MT? Curiosa, voltei correndo para o quarto, abri meu computador e comecei a pesquisar, acessando os artigos da SHIELD, desde os mais superficiais aos mais secretos. Palavras com as letras M e T eram muito comuns, o que tornou tudo muito cansativo.

Um título me interessou bastante: Mestres do Terror.

O ato parecia terrorista, certo? Aproveitei que Maria estava me ligando, e decidi perguntar a ela sobre o assunto:

— Bem, tudo começou com Barão Zemo, que deu origem ao grupo. Eles continham muitos vilões poderosos, mas ele foi derrotado. Foi também responsável pela sabotagem que congelou o Capitão América e provavelmente destruiu Bucky James. — aquilo me fez estremecer. — Acho que... A maioria dos participantes fazia parte da Maggia.

Maggia era uma espécie de Máfia, mas só a SHIELD os combatia.

— Obrigada, Maria.

— Espere... Natasha. Por que está perguntando isso?

— Bem... Achei um objeto na “cena do crime” de quando atacaram nosso edifício, e tinha as letras M e T gravadas, então reduzi minhas opções e uma delas é essa. O que acha?

— Não sei não. Eles não atacam há um bom tempo.

— É, bem... Podem ter um sentimento de vingança com o Capitão, não é?

— Deve ser. Espero que esteja certa. Boa sorte.

— Obrigada!

Assim que desligo o telefone, corro para contar os outros as novidades, no entanto, no caminho, dou de cara com uma cena muito... Peculiar.

Pov Steve

Wanda estava tendo um ataque. Ela simplesmente cogitava largar tudo e desistir dos vingadores. Eu tentei tranquiliza-la, mas não conseguia lidar com aquele turbilhão de emoções. Não consigo nem lidar com as minhas!

— Não pode desistir dos Vingadores. Quer dizer, somos sua família!

— Família?! Você e Tony não se suportam, Natasha é fria com todo mundo, e metade da sua família foi embora! — ela se referia a Thor, Hulk e Gavião. Aquilo me deixou cabisbaixo.

— Eu e Tony temos nossas diferenças, mas não nos odiamos. Natasha só está um pouco triste pelo Bruce e...

— Não consigo ficar aqui. Não com você. — ela admitiu, fechando os olhos.

— Eu? O que eu te fiz?

— Não fez nada, é que...

Ela não terminou a frase, apenas selou o espaço entre nós, colando seus lábios nos meus. Foi um choque para mim, mas não me afastei de imediato, talvez pela surpresa. Também não correspondi o beijo. Quando finalmente reuni forças para me libertar de seu toque, avistei alguém na porta: Natasha.

Seu olhar estupefato demonstrava que ela estava tão surpresa quanto eu, e um pouco... Brava.

— Eu... O que... — não consegui terminar a frase, apenas olhar de uma para a outra, desnorteado.

— Bem, pombinhos. — Natasha finalmente vociferou. Wanda abaixou a cabeça, constrangida. — Temos trabalho a fazer, tenho novidades. Quando terminarem de se atracarem, me encontrem na sala de operações.

— Natasha, espere! — gritei, correndo atrás dela.

Eu não queria que Wanda tivesse me beijado.

Não cultivava nenhum desses sentimentos amorosos por ela. Sinceramente, nos últimos dias, eu pensava muito sobre Natasha. Não era algo que eu apreciava, mas... Ela era tão bonita, e tão graciosa. Apesar de ser racional e às vezes fria, eu conseguia ver uma parte nela, obducta por uma parede rochosa, em seu âmago, que sentia tudo. A parte mais frágil, delicada, e mais bela. Seus medos e inseguranças, suas paixões... Tudo.

Seu passado podia ser conturbado, mas ela ainda era pura em algum lugar. E eu gostava de passar tempo com ela, ela constantemente me fazia rir, e me deixava desconfortável de um jeito bom. Não sei explicar, mas tudo agora está perdido, já que ela está se afastando a passos largos e furiosos.

Mas por que tanta raiva? Será que... Será que ela também gosta de mim? Não, esqueça essa ideia, é estúpida. Eu me repreendi.

Todos nos reunimos na sala de operações, onde várias máquinas, projetadas por Bruce e Tony, enfeitavam o lugar. Olhei de soslaio para Wanda, que tremia quieta em um canto. Eu estava preocupado com ela. Não gostava amorosamente dela, mas ainda a considerava uma amiga, e queria protege-la.

— Acho que posso ter achado algo, uma pista, sobre nossos inimigos. — Natasha anunciou. Seu semblante não estava alterado como no momento anterior, e ela parecia não dar a mínima pelo que acabara de acontecer.

— Bem, conte-nos.

— Tudo bem. Encontrei um rubi da armadura de um deles no corredor, e tinham as letras M e T. Pesquisei em alguns artigos da SHIELD e achei algumas coisas sobre um tal grupo, os Mestres do Terror, que foi iniciado pelo Barão Zemo...

— O que?! — exclamei, interrompendo-a. Aquele não tinha sido o responsável pelo meu congelamento? Pela “morte” de Bucky?! Meus pensamentos estavam a mil, e eu sentia uma estranha náusea, junto com uma tontura.

— Steve... Me deixe terminar. — Natasha pediu, colocando as mãos nos meus ombros. O toque fez meu coração palpitar.

Observei a expressão de Wanda e contorcer. Natasha continuou.

Quando ela acabou, um silêncio sepulcral pairou sobre nós. Todos raciocinavam sobre o que ela havia acabado de dizer. Estaria aquela teoria correta? Eu esperava que não.