POV ARMIN

Eu sou um merda mesmo. Me surpreende o fato de eu ainda não ter matado. Tudo é minha culpa, é impressionante o quanto eu não consigo manter as pessoas na minha vida sem machucá-las por muito tempo.

Porra vida, você só me fode mesmo.

A morte do meu pai... Foi tudo minha culpa, fico imaginando o que teria acontecido se eu tivesse morrido no lugar dele. Porque era isso que deveria ter acontecido.

Nunca culpei o Alexy por nada do que ele me fez. A culpa é toda minha mesmo. Nunca consegui culpar a minha mãe também, que se estivesse por perto eu tenho certeza que faria questão de deixar mais hematomas em meu corpo.

A única coisa que me acalma numa hora dessas são várias partidas de LoL. Me chame de compulsivo ou do que você quiser. Essa é a única coisa que me salva do mundo real. Jogar.

Eram 14:30, Alexy provavelmente já deveria estar voltando. Na verdade, não sei porque não voltou ainda. Por mais estranho que pareça isso não me causava mais calafrios. Eu não tinha medo da vida real.

Só tinha medo de que não existisse maneira de fugir dela.

Não faz nem uma semana que eu conheço a Alice, ela já sabe uma parte considerável da minha vida. Isso se a Charbitten ainda não contou a pior parte pra ela.

Charbitten já tinha inclusive denunciado Alexy e a minha mãe. Mas eu já neguei as denúncias várias e várias vezes. Minha mãe é cheia da grana mesmo, e está sempre disposta a defender o Alexy. 

Não que eu os culpe por isso. Desde os meus 6 anos eu sei que o único culpado por tudo fui eu mesmo. Privei Alexy de ser uma criança normal e tirei a felicidade do rosto da minha mãe.

Nunca fui o que você pode chamar de "orgulho da família".

Não que eu ache isso ruim, até porque a minha raiva e arrependimento pela vida merda que proporcionei aos outros é concentrada nos jogos.

Não é por acaso que sou Diamante I no LoL.

Minha vida até que estava indo bem até a Alice aparecer. O maior problema é que ela se importa comigo como ninguém jamais se importou. Ela é toda estranha e fala como um poeta do século passado.

E por algum motivo ela me beijou, eu não posso estar me apaixonando por ela. Eu não me importo com ela.

ARMINITRIX ESTÁ LENDÁRIO

Pelo menos nos jogos eu nunca decepciono ninguém.

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POV ALICE

— Alice, vem cá... - Char disse me abraçando e tentando me ajudar a conter as lágrimas. Eu estava com raiva, triste e frustrada.

— Char, a gente precisa denunciar o Alexy e a mãe do Armin para a polícia! - Disse determinada e com a voz falhada. Minhas lágrimas eram de raiva. Como eu havia me tornado melhor amiga do Alexy em uma semana?

Como eu havia me tornado tão próxima de todos em uma semana?

Se eu tivesse ficado mais na minha talvez metade do que aconteceu não teria acontecido até agora. Admito que sinto falta dos meus pais idiotas e dos meus amigos vazios. Era tão fácil de entender todo mundo...

— Você acha que eu já não denunciei? - Char falou séria e fez uma pausa - Não só uma vez, mas várias e várias vezes. O Armin sempre nega e acreditam nele. Casos como o dele são tão raros que acabam sendo tomados como mentiras ou absurdos. - Char disse com desprezo - A polícia leva tudo na base do foda-se. Se não envolver dinheiro nos casos elas não trabalham.

— Nosso mundo é movido por dinheiro e consumismo, mundo de merda. - disse Char frustrada. 

— Será que conversar com o Alexy vai ajudar em alguma coisa? - Perguntei limpando as lágrimas e tentando me focar para achar uma solução.

— O Alexy não vê nada demais no que ele faz. Ele nos contou isso em uma noite que estava bêbado. - disse Char parecendo tentar recordar. - Estávamos eu, o Lys, o Armin e o Alexy em uma balada. O Alexy começou a implorar ao Armin para fazer aquilo com ele. - Ela me olhou triste e prosseguiu - Armin não tirava os olhos do seu PS Vita e Alexy começou a implorar mais grosseiramente. Armin se desculpou e os dois foram pra casa naquela hora. 

— E o que tu fez em relação a isso Char? - Perguntei sem expressão alguma. Não sabia mais o que estava sentindo nesse ponto.

— Eu roubei o PS Vita do Armin e falei pra ele que não iria devolver até que ele me desse explicações. Ele me contou a história inteira resmungando e deu pra ver que ele fingiu não se importar, mas os olhos de alguém nunca mentem Alice.

— Se eu tentar conversar com o Alexy sóbrio tu acha que vai adiantar alguma coisa? - Disse pensativa. Precisávamos resolver essa situação. - Armin é abusado fazem quase dois anos e ninguém se importa? Não podemos deixar isso assim.

— Nunca conversamos com o Alexy sobre isso. Talvez ele nem saiba que nós sabemos... Armin fez de tudo para que as denúncias não chegassem aos ouvidos dele. 

— NÓS VAMOS A BALADA HOJE! - Disse "animada" tentando esconder o medo e aflição. Char não estava me entendendo.

— Vamos fazer o Alexy ficar bêbado hoje, e vamos fazê-lo admitir as coisas horríveis que faz ao Armin. Vamos chamar todos menos o Armin, isso vai deixar um tempo pra ele pensar também.

Char estava achando aquela ideia totalmente maluca, mas sabia que nada que ela fizesse me faria mudar de ideia. Mandei uma mensagem no nosso grupo:

MESINHA DO RECREIO

Alice: vamos na balada hoje gente??

Rosa: COM CERTEZA! Posso chamar o Leight?

Alice: Claro que pode :D

Lys: Não me parece muito interessante...

Alice: Vem Lys, por favor! Vai ser legal

Lys: Não estou imaginando isso acabando bem...

Alexy: AI MAS CLARO QUE SIM NÉ MONAS

Alexy: O Armin pode ir também?

Alice: Já falei com ele, não consegui convencê-lo

Alexy: É uma pena...

Alice: realmente...

Cas: A Char vai?

Alice: Sim

Cas: Vou ir também

Combinamos de nos encontrarmos ás 22h30 na frente da Boate Sweet Dance. Eram 20h agora e eu estava com a cara totalmente inchada e começando a achar que não tinha sido uma boa ideia. Mas nada no mundo me faria desistir dela.

A Char parecia mais feliz que o normal. Fico me perguntando se ela e o Cas chegaram a... (vocês sabem). Agora não é uma boa hora pra perguntar, vou ter que me contentar com essa incerteza por enquanto.

Peguei um vestido verde escuro que ia até um pouco antes do joelho e coloquei um salto alto preto (tudo da Char). A Char colocou um vestido vermelho que ia até um pouco embaixo da coxa e um salto vermelho também. Ela colocou só um delineador, lápis e rímel.

Estávamos prontas. A Char ligou pro Castiel que veio de moto nos buscar. Aí você me pergunta: Três numa moto?? SIM! Como couberam as três? Fica a dúvida no ar porque eu também não sei!

A única coisa que eu sei é que essa noite haviam vários assuntos para serem esclarecidos e resolvidos.

Não quero ver mais ninguém se machucando.