Os anjos Amam... escrita por Sandrinha


Capítulo 7
Quimica!


Notas iniciais do capítulo

Voltei...bom não só boa de papos, respondo as duvidas nos comentários. bjos.



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Clara_ Para de fazer isso!

Marina_ O que?

Clara_ Isso com os olhos, de fica me encarando dessa forma.

Marina_ Não sei do que está falando.

Ela me encarou com aquele olhar intenso. De novo!

Clara_ Isso. Está fazendo de novo.

Ela riu e se aproximou de mim..

Marina_ Se te olho é por que é algo que vale a pena ser admirável.

Fiquei sem palavras nessa hora. Ela sabe me tirar do sério e eu odiava fica sem ação na frente dela. O pior é que eu sabia como era com ela e eu amei beija-la.

Clara_ Para! Não tem graça nenhuma você jogar desse jeito com as pessoas.

Marina_ Odeio jogos.!

Marina_ E eu não sei jogar, sempre perco! Me envolvo demais.

O sinal tocou avisando que uma nova aula iria começar. Nos afastamos. Até quando vou me controlar tanto?.

***

Clara....

No meu quarto ouvi todas as broncas do ano de Ju, sobre como ser uma péssima amiga e não confiar nela. Bom acho que não tenho escapatória vou ter que falar sobre tudo, sonho , Marina , beijo. Bom essa ultima parte eu acredito que ela ja saiba. Fechei a porta já era tarde da noite e não acordar Maria. Sento na cama e encaro Ju.

Ju_ Eu já havia reparado o jeito que ela te olha. Bom Clara, até ai tudo bem, mas você sumiu, depois vi você naquele quarto minúsculo com o batom dela toda em sua boca, e ela estava praticamente amassada, vocês transaram ali?

Clara_ Não! Você é louca Ju?

Ju_ Que? Não vou negar que ela é uma gata. A Universidade inteira queria está no seu lugar. Mas cuidado onde vocês se pegam, e eu não sabia que você curtia uma mulher.

Clara_ Eu não curto, quer dizer até ontem.

Ju_ O negócio foi bom? Tipo ela beija bem? tem pegada?

Clara_ Tem, beija...Bom Ju isso não vem ao caso agora. Tem algo que quero te contar.

Ju_ Clara que vem ao caso.

Clara_ Ju?

Ju_ Que? Não vai contar nada pra mim.?

Clara_ Lembra dos sonhos?

Ju_ Que você tem desde criança?

Clara_ Isso.

Clara_É a Marina!

Ju_ Que? Isso é serio?

Clara_ Muito! A Marina é a garota que está no meu sonho estranho que tenho, ela fala comigo, ela me disse o nome no sonho, eu ja sabia dela mesmo antes de conhecê-la.

Ju_ Clara isso é serio, não brinca. Minha vó me disse uma vez que não se brinca com o desconhecido.

Clara_ Não to brincando Ju. Mas isso está me deixando louca. O sonho , tenho pressentimento que ela me segue, que me vigia. Ela esta no meu sonho toda noite. Ela é estranha. E não é só isso.

Ju_ Fala....

Clara_ Ela me tirou no dia do acidente, foi ela que me tirou do carro. Foi ela, o cheiro o cabelo.

Ju_ Clara isso é loucura, você está ouvindo o que você diz?

Clara_ Acha que não penso nisso não? Eu praticamente não durmo direito.

Ju_Vamos devagar. Ela tava no seu sonho, depois na nossa Faculdade, te salvou e agora você a beijou?

Clara_ Isso! Estou ferrada. Me sinto perdida.

Ju_ Clara! Essa garota é estranha. Ninguém a conhece, tenha cuidado.

Clara_ As vezes é difícil fica perto dela, ela tem o Dom de me deixar sem saída.

Ju_ Nossa! Clara... Você já contou isso pra alguém?

Clara_ Não! Tenho medo, de ser chamada de maluca.

Ju_ Você não é maluca amiga, conte comigo pra tudo.

Escondi o rosto em minhas mãos, estava tão ferrada. Ju me abraçou.

***

Clara...

Como recomeçar e continuar aquela vida organizada e pacata onde tudo era, ou pelo menos parecia, normal? Se eu pensar que tenho minha família para cuidar, os amigos dos quais me distanciei, o curso se aproximando do fim, minha vocação para me lembrar que tenho uma missão nesta vida e que nessas coisas preciso investir meu tempo, talvez eu consiga. Afinal, eu mudei, mas tudo a minha volta permanece inalterado. Concentrar-me menos no interior e mais no exterior pode ser uma boa foma de recomeçar. Dou as costas ao Sol que desce depressa na direção do mar, às gaivotas que bailam no ar misturando-se às cores do crepúsculo vespertino e continuo a caminhada na estrada de cerca de um kilômetro até minha casa. Os jasmineiros não me deixam esquecer... Uma flor pousa em meu cabelo. Retiro-a enredada entre uma mecha e inspiro o seu aroma. Guardo-a em minha mão por um instante mas, querendo afastar a lembrança de Marina, esmago--a entre os dedos. A alvura e a maciez de suas pétalas me fazem lembrar dela.

O cheiro do jasmim ainda mais intenso é inebriante e doce como ela. Será que meus sentidos estarão para sempre ligados a Marina? Avisto a minha casa no fim da rua e, no ímpeto de deixar para trás aquela praia, aquela história, aposto todas as minhas forças numa corrida. Minha sombra é mais rápida e mais alta que eu neste momento.

***

Faço uma careta para o celular sobre a minha cama e entro no banheiro. Tiro as roupas com cheiro de maresia e enquanto espero a água quente encher a banheira, observo-me no espelho. Vejo no meu rosto embaçado com o vapor; os olhos sem brilho e fundos ― olheiras como estas nem na época do vestibular ― e os cabelos emaranhados fariam inveja à crina de um pangaré.

A conclusão é imediata: preciso mesmo cuidar dessa aparência. Isso deve fazer parte do recomeço. Irei ao salão e, pela primeira vez na vida, farei um check up completo. Até sei quem vou convidar para o programa ficar menos insuportável: Ju. É o tipo de programa irrecusável para ela. Limpo o vapor do espelho com as mãos. Minha aparência depois do banho já não é tão assustadora, ao menos superficialmente. Ao som de Radiohead, depois de muito rolar na cama, consegui adormecer, olhando para o vazio do teto.

***

O sol forte me despertou. Viro para o lado e vejo o rádio--relógio piscando. Mexo-me, ainda deitada, sem conseguir abrir os olhos completamente, procuro o celular entre lençóis e cobertas. ― Nove e meia! ― exclamo, pulando da cama. ― Assim não vai dar tempo de ir ao salão antes das aulas! Liguei para Ju e o entusiasmo que manifestou diante do meu convite levou o último resquício de sono que eu ainda tinha. Verifico que não há ninguém em casa. Enquanto a porta da garagem sobe automaticamente, observo as flores no jardim. Ajoelho-me na grama para sentir-lhes o aroma; nenhuma tem perfume melhor que o jasmim. Afasto-me depressa, entro no carro e jogo meus cadernos no banco do acompanhante. Preciso sentir-me satisfeita por estar recomeçando minha velha rotina. No engarrafamento observo as pessoas sisudas que passam ao meu lado, estão tensas, de mãos rígidas ao volante. Sei que não há prazer algum em estar num engarrafamento, mas bem que podiam amenizar a expressão dramática com um sorrisinho. Precisava ver alguns sorrisos para lembrar que eu também sei sorrir. Encaro-me no retrovisor. Eis aqui alguém diferente: não estou sisuda, posso até sorrir! Esboço um sorriso no espelho, desfazendo-o logo a seguir ao me dar conta de que assim não convenço ninguém.

De repente, a música que toca no rádio é interrompida pela vinheta do plantão: “Interrompemos nossa programação para anunciar que após ter estado desaparecido por quatro dias, o cientista brasileiro, dr. Maurício chevallier, já se encontra em casa, passando bem. Mais detalhes no informativo do meio-dia”.

***

Ju― Você demorou, hein! ― ela levanta os olhos da revista Hola em seu colo. ― Não quis esperar porque a Vanderléia estava livre e eu não podia perder a chance de fazer minha manicure com a melhor profissional de Ipa! Vanderléia sorri para dentro, sem se distrair daqueles pequenos instrumentos de tortura que retiram cutículas. ― Você mora aqui ao lado, não vale ― abaixo-me para os dois beijinhos. ― Assim vamos adiantando porque hoje o dia está cheio! Temos aulas à tarde ― digo, tentando me lembrar de algo que pudesse ser mais empolgante.

― Pois é... com aquele professor que é uó ― diz ela fazendo uma careta peculiar, unindo os olhos e escondendo os dentes com os lábios para dentro. ― Cruz-credo, Ju! ― exclamo. A manicure não resiste e desta vez solta uma risada que ecoa por todo o salão. ― Como você está, amiga? ― pergunta Ju transformando seu semblante no rosto de um bebê mimoso. ― Tudo bem. Aconteceu uma coisa, mas depois te conto, quando chegarmos na faculdade. ― Eu bem que notei clima de romance rolando no ar, quando você me ligou marcando salão... isso é inédito! A Clara, num salão de beleza? Pensei logo: “Hum, ela deve t querendo matar alguém” ― relata, dublando a própria voz. Depois reclama, tentando folhear a revista com os dedos recém-pintados de vermelho-rubi. ― Mas agora fiquei curiosa... isso não se faz! Ela te pegou de jeito né? Da ultima vez não quis me contar como foi.

Eu não podia mesmo esperar outra coisa de Julianna. Desde que me entendo por gente minha melhor amiga tenta me arrumar um namorado. Se Ju soubesse que é justamente o contrário e que estou neste salão para esquecer alguém...

Minha melhor amiga é uma romântica incurável. Nunca conseguiu resistir às investidas dos garotos mais espertos. Ela teve alguns romances, que quando terminavam a deixavam arrasada. Vê-la chorar pelos cantos foi mais um incentivo para decidir que eu não iria namorar tão cedo. E a tortura chega ao fim. Depois do estica e puxa da escova no cabelo, Hélder traz o espelho para que eu veja o resultado de todos os ângulos: ― E então, gata, que tal? ― Tá bom... ― giro a cabeça de um lado para o outro, sob o olhar aflito do cabelereiro que já morde o cabo da escova. ― Você fez um ótimo trabalho, Hélder! ― enfatizo, para ver se não o magoo por conta da minha fisionomia decepcionada. Desconfiada diante do grande e iluminado espelho à minha frente, tento encontrar uma nova Clara na antiga Clara. Meu cabelo continua abaixo dos ombros, só um pouco mais curto e repicado.

***

Estaciono o carro na minha vaga favorita, um cantinho recôndito e bucólico próximo ao muro de eras, nas profundezas do estacionamento da faculdade, onde existe uma pequena entrada subterrânea alternativa para o campus. Essa é uma das minhas novas estratégias para não ter que esbarrar com pessoas indesejáveis.

― Não abra a porta ainda, Ju! Ela arregala os olhos verdes. ― O que foi? ― Olha bem primeiro, verifica se aquele imbecil não está por aí. ― Quem?... o Jonas? ― Quem mais é bobão o suficiente para jogar terra na gente? ― Pois é, depois de duas horas de terapia intensiva no salão de beleza não podemos correr esse risco, né? Deixa eu ver... ― ela põe a cabeça timidamente para fora da janela, gira a cabeleira loira para os dois lados, e volta dizendo: ― Aparentemente a área está limpa. Entramos no campus, uma ao lado da outra: a morena tímida e a loira fatal. Provavelmente Ju sente-se muito poderosa com suas madeixas loiras em espirais, mas eu sinto que estou pagando o maior mico e sou capaz de me enfiar no primeiro buraco que aparecer. Não passa uma pessoa por nós que não nos encare de frente ou que não olhe para trás. Ju liga para Marcus e combinam nosso encontro na Toca do Coelho. No caminho esbarramos com os pagãos: Wotan, Ahriman e Lugh. O primeiro me lança um olhar gélido, que era capaz de me imobilizar se durasse mais tempo. Ele parecia furioso. ― Você viu o olhar que Wotan lançou pra mim? ― pergunto, cutucando-a. ― Apaixonado? ― rebate ela, desvairada, olhando para trás para ver se ainda o alcançava. ― Não! Você não viu... ele parecia que queria... sei lá! Me matar! ― Que horror, Clara! ― exclama em tom de desprezo pela minha suspeita e ainda me repreende: ― Você realmente não sabe ser o centro das atenções. Mire-se em mim, meu bem! ― diz ela no alto de seu salto de dez centímetros e conclui: ― Não dê atenção a quem não merece.

Caminhando ao lado de Ju vejo olhares em cima de mim por todos os lados. E vejo Marina vindo em minha direção sem se quer disfarçar seus olhos em cima de mim. Ela se aproxima de mim e da Ju e nos olhos se cruzam, Ju não perde a cena e fica atenta. Marina segura meu braço e não me deixa seguir Ju observa de longe.

Marina_ Espera.

Clara_ Que foi?

Marina_ Não vá só pra casa.

Clara- Quê? Está me ameaçando Marina? É isso?

Marina- Estou alertando.

Clara_ Esqueci que você é a mulher maravilha, mas não se preocupe sei me cuidar muito bem. E eu não esqueci o que aconteceu.

Marina_ O beijo?

Clara_ Você ter me tirado daquele carro.

Marina_ Claro! O mais importante.

Se não fosse a Marina juraria que ouvi um pouco de ironia e insatisfação no seu tom. Tudo bem. Se ela quer assim, com segredos, vai ser assim.

Clara_ O mais importante.

Sai deixando ela pra trás , ela não iria mais brincar comigo , não desse jeito.

***

Marina...

Wotan_ Anjinha...anjinha....Cuidado

Marina_ Sai do meu caminho.

Wotan_ A Clara é tão cheia de vida adoraria tirar isso dela.

Marina_ Não ouse! Anjo negro.


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