Doce assassinato escrita por Myhells


Capítulo 1
Capítulo 1




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Loira, alta e razoavelmente magra trajando um deslumbrante vestido vermelho royal com um lindo colar de pérolas. Olhos topázios esperançosos e o lábio superior um tanto fino comparado ao inferior. Cabelos presos em um pequeno coque alinhado, sua franja era da altura da sobrancelha com duas mechas caídas paralelas as maçãs coradas do rosto. Deveria ter ingerido uma quantidade de álcool um pouco moderada, não apresentara um sinal de embriagues elevado. Como seu acompanhante, um rapaz jovem com um alinhado white tie no mais riso solto, namorados? Talvez. A distância deveria ser aproximadamente cerca de mil e quinhentos metros entre o alvo e eu. Preferia não pensar a respeito da vida pessoal que meu “trabalho” levara.

Era mais sensato esquecer os sonhos, as emoções, interesses e o futuro que aquela pessoa teria. Afinal, não era problema meu! Era apenas um trabalho. E então você teria os costumeiros pensamentos: “Que horror!” “Que pessoa desalmada!” “Quem seria tão frio assim?” e por fim “Que doente! merece morrer!”. E eu apenas diria que isso é um trabalho, e se é apenas um trabalho, eu não deveria ter a devida compaixão. Não eu, que sou uma assassina, sem coração que merece morrer – pensamentos rotineiros de alguém “normal” como você pode está tendo agora -.

Veja bem, para uma assassina como eu, saber os interesses do alvo é o último recurso que se deve recorrer. A menos que seu alvo seja alguém extremamente importante e da alta sociedade que é quase IMPOSSÍVEL de ser encontrado em locais abertos ou que possua uma segurança blindada. Bom... É uma exceção! Na maioria dos casos você não sabe muito sobre o alvo, apenas nome, sobrenome, sexo, idade, profissão e lugares que costuma freqüentar.

E ali estava eu com meu brinquedo preferido - o sniper fuzil AW L96A1, cujo alcance era mais de cinco quilômetros - no parapeito de um edifício cuja construção estava em situações precárias, assoalho desgastado, pintura corroída e diversas infiltrações indesejáveis. Deveria ter sido construída por volta do século XIX, pois sua arquitetura alongada e espaçosa lembrava um designer retro ao estilo do hotel Great Nothem. Meus dedos dedilhavam no gatilho, ansiosos para pressionar aquela pequena alavanca responsável por inúmeras dores em diferentes épocas, desde que o homem aprendeu o poder da pólvora.

Meu alvo de madeixas douradas despedia-se de seu acompanhante, enquanto entrava no compartimento traseiro de seu automóvel escuro, sorridente. O motorista um pouco idoso com quepe ônix e traje de mesma tonalidade conduzia em minha direção. Eu possuía a limousine a mil metros a minha frente. Foi necessário apenas um tiro e a missão havia sido executava com sucesso. No outro dia os jornais informavam a morte daquela garota e procuravam o acusado. Porém... Como encontrar alguém que supostamente não existe? Este era o meu trabalho e era a única coisa na qual eu era boa de verdade! Matar outras pessoas!

De volta a Europa – precisamente na França – após meu “trabalho”. Eu ocupava um velho, porém, aconchegante apartamento. Não podia insinuar que possuía uma valiosa fortuna. Outra regra dos assassinos é: “Nunca deixem saber que você é um assassino rico ou será a manchete dos jornais parisienses de amanhã”.

Oui, monsieur Bourbon. Le travail a été très bien effectuée. Ce était agréable de travailler avec vous.- sorri de forma indiferente e me despedi do senhor que falara ao telefone. Retirei o pequeno aparelho modificador de voz que usara para adulterar a mesma, deixando-a mais grave. Nenhum cliente que contratou os meus serviços nunca soube quem eu realmente era. E assim eu me sentia segura. Deixei o meu pequeno notebook carregando a outra porcentagem de dinheiro para concluir a transferência da conta do senhor Bourbon para a minha suposta conta.

Caminhei preguiçosamente em direção ao toalete me livrando de algumas peças de roupas largando-as no soalho de mogno puído. Adentrei aquele entorno mediano. Suas paredes eram de um rústico azulejo albugíneo que devido o tempo apresentara uma tonalidade flavescente. Enchi a banheira e repousei minha cabeça no apoio que ali havia. Aquela bonança despertava-me recordações de uma época jubilosa. – Deve está se perguntando se eu vivi tal época – De fato, antes de me tornar uma assassina eu era feliz, Mas tudo acabou naquela noite a 12 anos atrás.


Flashback.

Eu nasci em uma pequena cidade próxima de Tóquio, Japão. Meu pai era da guarda francesa cuja base estava instalada em Tóquio e minha mãe era dona de casa asiática. Isso me fazia metade européia e metade asiática. Aos sete anos tive meu primeiro contato com a morte ao testemunhar o assassinato dos meus pais pelo quarto chefão da máfia japonesa, o senhor Towa Yuai Jigyo.

O senhor Jigyo e sua organização estavam sendo vigiados pela organização secreta de meu pai. Seus membros descobriram toda a trama e passaram a ameaçar nossa família. Naquela noite o chefe Jigyo invadiu nossa casa com seus jagunços impiedosos. Meu pai lutou bravamente contra quatro dos capangas, eu assistia tudo escondida em baixo da cama e escutava o choro amargurado de minha mãe suplicando por clemência ao Jigyo.

Ela fora estuprada por um dos capangas e encontrava-se coberta de sangue, eram notórios os hematomas espalhados em sua derme outrora limpa e aveludada. Meu pai fora esfaqueado pela lamina afiada do braço direito do chefe Jigyo, o capanga Jum Uchiha. O sangue de meu pai espalhou-se por todo o soalho e respingou pela parede esburacada por tiros passados. O ranger estridente de minha mãe ao ver seu marido jazido no solo viscoso fora ensurdecedor para qualquer um ali presente. A dor lancinante fora libertada por gritos e lágrimas melancólicas, após essa chacina um único tiro fora disparado e o corpo falecido de minha mãe caíra perante os meus olhos umedecidos. Permaneci em discrição, enquanto os demônios em forma de gente partiam levando consigo todos os meus sonhos, emoções e alma.

“triunfam aqueles que sabem quando lutar e quando esperar”

Eu jurei vingança e para minha sorte, após quatro anos graças aos meus dotes com lutas eu consegui ingressar na máfia do chefe Jigyo. Um antigo general, estrategista e filosofo chinês, Sun Tzu em sua obra "a arte da guerra" dizia-me ao lê-lo: se o inimigo deixa uma porta aberta, precipitemo-nos por ela. – Foi exatamente o que eu fiz- em minha oportunidade de torna-me membro confiável do chefe eu o embriaguei e o matei envenenado, esfaqueando-lhe diversas vezes. Aos 11 anos eu obtive a minha vingança. E aos 17 anos eu me tornei uma das mais famosas assassinas do mundo. Essa foi minha saga, foi como me tornei uma matadora.

(Fim do Flashback)

Despertei-me dos meus devaneios ao ouvir o som estridente do meu aparelho celular. Levantei de uma vez esparramando água por toda banheira até repousarem ao chão. Caminhei em direção aquela sonância aborrecedora pondo em mãos meu aparelho transformador de voz. Observei meu celular e o número era confidencial, suspeitei por um breve momento e resolvi atender a chamada logo em seguida.

Salut! – articulei, enquanto enxugava os meus cabelos.

Olá, eu tenho um trabalho para você! Encontre-me no Jardim Tuileries amanhã ao meio dia. Melhor não se atrasar. Estarei com um pacote chamativo – A voz desconhecida informava lugar, hora e como o reconheceria, Mas algo parecia divergente do habitual. A voz do cliente era destorcida, adulterada –

– Estarei lá ao meio dia. – Confirmei ao finalizar nossa conversa.

O dia não tardou a despedisse e os primeiros raios solares invadiam o vão do meu quarto negro, aquecendo aquele entorno me despertando. Sentei na ponta da cama espreguiçando gradativamente todos os meus músculos. Costumava pensar que um dia eu poderia acordar me espreguiçar como agora faço e não estaria preocupada em quem teria que matar para conseguir mais dinheiro. – Mas analisando isso, é quase impossível para um criminoso ter uma vida normal. Era uma perda de tempo possuir tais pensamentos bobos. – Tomei meu banho, vesti-me e liguei para meu conhecido.

– Alô Tomoe? – Disse no meu tom de voz normal, receio que ela era a única pessoa que de fato me conhecia. Passamos por dificuldades semelhantes e uma “confiava” na outra a sua maneira – Claro que nunca há uma confiança verdadeira entre pessoas como eu e ela. – Preciso que faça um favor!... Sim Tomoe, sou eu!... Sabe que nunca digo meu nome em telefones.

É eu sei que nunca diz. Mas quem eu preciso enrolar agora?– Tomoe inquiria-me de forma eufórica. Ela amava trapaças e jogos sujos. Porém, a parte “simples” do trabalho, eu fazia” – Sim, como eu disse antes, matar era a única coisa que eu sabia fazer –

– Preciso que se passe por mim na praça hoje ao meio dia – Expliquei para ela todo o plano e o combinado fora marcado. Eu aguardei o badalar do relógio até as 11 horas e meia, em menos de 20 minutos eu estava naquela praça sondando disfarçadamente a garota que se passara por mim.

Tomoe era um pouco parecida comigo ambas possuíamos uma pele nevoada e lisa. Éramos razoavelmente magras e altas a diferença era de cabelo, ela possuía longas madeixas ônix e quanto a mim, era o oposto do puro ônix em comprimento reduzido e desfiado. Eu observava cautelosa e sentada em um banco emadeirado minha cúmplice e o senhor com o envelope chamativo em mãos a 10 metros de distância. Ele era calvo e gordo, o terno cinzento amarrotava-lhe o bandulho.

“O que diabos eles estão falando?”

– Posso me sentar? – Disse uma senhorita com cabelos longos e de tonalidade púrpura ao retirar minha atenção. Sua silhueta era marcada pelo pequeno blazer negro que elevavam seus seios. Os óculos de sol em seu rosto impediam-me de enxergar por trás das lentes escuras seu verdadeiro eu.

Oui. – eu disse com desdém.

– Está uma manhã encantadora, não acha? – Sua voz aveludada e macia deixava-me desconfiada.

– Não sou admiradora das manhãs.

– Compreendo. Parece que sua amiga enganou direitinho aquele balofo. Ele pensa que é você.

– Não sei do que está falando.

– Eu sei o que você faz senhorita. E se já cansou de brincar, este aqui é seu alvo. As instruções seguem em anexo. Você viaja amanhã para Londres e seu nome será...

– Mizaki Ootori? – Eu completei. Mas como aquela senhorita sabia o que eu fazia? São tantas dúvidas. – Eu serei uma aluna do colegial? Você não entendeu. Eu não me socializo com meus alvos. Eu apenas os mato a distância! O acordo não será oficializado.

– Eu receio que não será possível o que deseja. Fará exatamente o que eu mandar ou todos saberão a sua verdadeira identidade. Não quer ter seus amigos caçando-lhe, Quer? – Eu senti um nó na garganta. Ouça meus caros, criminosos não possuem amigos e a chance de matar um famoso e ocupar o seu lugar sempre ocorre nesse ramo.

– Eu partirei amanhã para Londres assim como combinado.

– Metade do pagamento agora e metade quando concluir o serviço. – Ela disse por fim. Eu aceitei e retornei para meu apartamento. Naquela hora minha vida mudou de certa forma. Afinal aceitar um trabalho assim ia contra as minhas regras de assassino.

– O QUÊ? – bradou Tomoe em meu quarto – Você só pode ter enlouquecido de vez. Sua mente sofreu sérios danos com tantos assassinatos em série. – Soltei um leve suspiro, enquanto fazia as malas.

– Ela ameaçou minha identidade. Isso eu não posso perder! Os inúmeros passaportes e certificados todos serão em vão se algo for revelado.

– Então você vai mesmo para Londres Albina?

– Não tenho outra escolha.

– Eu entendo... Mas lembre-se, Sun Tzu disse: “Não é preciso ter olhos abertos para ver o sol, nem é preciso ter ouvidos afiados para ouvir o trovão. Para ser vitorioso você precisa ver o que não está visível” – Ela completou fazendo uma cara de sabichona.

– Andou lendo meu livro da arte da guerra de novo? – Inquiri.

– Ah deixa de ser irritante Miou! Sun Tzu é um verdadeiro gênio! – Ela falava eufórica abraçando o livro em suas mãos.

– Olha, fica com o livro – Disse dando-lhe um dos meus livros preferidos.

Quando dei por mim estava aterrissando em Londres. Li a fixa do meu alvo e não me admirei com o que vi. Jovem ruiva inglesa que deveria caminhar nos seus 18 anos londrinos. - me entediava a cada linha lida - pela foto que possuía em mãos deveria ter estatura mediana, arriscaria 1,60 de altura. Pele alva como a neve, olhos topázios, lábios finos. Uma típica jovem que sensibilizaria qualquer um que a visse jazida. Agora, você me perguntaria o porquê da minha afirmação. Simples, mulheres bonitas despertam o lado bom das pessoas - é o que eu tenho visto -

– É aqui! Academia Miator para meninas. - disse o velho motorista um tanto amuado.

– Que fascinante - articulei ironicamente descendo do carro ROLLS-ROYCE SILVER SHADOW azul do ano de 1965, cujo volante era do lado direito. Respirei fundo e ultrapassei o imenso portão de ferro, seguindo em direção ao longo pátio da academia Miator.

Era um pátio bastante florido e verdejante - confesso que todo esse clima de vida "normal" despertava-me náuseas. - A construção lembrava-me um antigo castelo de arquitetura barroca. O tom bege das paredes se destacava com as vidraças fumês das numerosas janelas que ali havia. Segurando um papel como meu único guia procurava em vão minha sala de aula.

"Quem diria que eu estaria estudando e tendo uma vida normal, chega até ser cômico." pensei.

– Que inútil este guia de nada me serve! - disse amassando o papel que usara como guia.

– Você é aluna nova correto? - uma voz feminina, doce e macia inquiria-me. Virei para ver a dona dessa voz doce.

" Como não pude sentir a presença dela ao se aproximar de mim?... hã será possível?"

– Oui, quer dizer... Sim - corrigi-me rapidamente.

– Vejo que não é daqui. - continuou ela.

– Como sabe disso? Alguém lhe informou? - arregalei por um breve instante meus olhos e nesse exato momento ela sorriu docemente com meu alvoroço fortuito. Retomei a postura e a analisei, era a garota da foto. Sim, o meu alvo havia me encontrado. Que irônico não? Seu nome era...

– Ninguém me informou. Apenas seu sotaque que não é britânico e seu físico asiático lhe entregaram. - risos da parte dela - Eu sou Elizabeth Bloom Terceira, sou da turma da senhora Agnês do último ano. Qual o seu nome?

– Ootori, Mizaki Ootori. Estou matriculada no último ano. - articulei sem nenhum animo.

– Pelo visto seremos colegas de classe. - Disse a garota ruiva sorridente. - Venha comigo. - puxou-me pela mão, carregando-me pelos longos corredores daquela academia.

"Onde eu fui me meter?"– pensei ao notar-me correndo com meu alvo.

– CHEGA! - Vociferei para aquela garota surtada - Não preciso sair correndo como um animal pelos corredores desta academia. Eu encontro a sala sozinha! - me afastei dela arrumando minha roupa. Continuei seguindo a frente.

"Que audácia! Vejo que estou encrencada com essa garota. Preciso terminar logo esse trabalho!" Pensei.

Após bater em inúmeras salas erradas e chegar atrasada no meu primeiro dia de aula, encontro, enfim, minha sala com a tal dona Agnês, professora de Biologia.

– Apesar de sempre apresentarmos os novos transferidos no início da aula, Ocorreu um imprevisto. Alunos, quero que vocês recebam a aluna de intercambio, Mizaki Otori. - informou a senhora Agnês. Uma velha um pouco fora de forma e cabelos grisalhos presos em um coque desalinhado.

– Na verdade é Ootori, Mizaki Ootori. - corrigi imediatamente.

– Foi o que eu disse Otori. Fale um pouco de você senhorita Otori.

– Céus, pela última vez é, Ootori. - falei quase em tom impaciente. - eu sei que é apenas um nome falso, mas levo a sério um disfarce.

– Professora, eu acho que devemos deixar a aluna transferida respirar um pouco e não importunar com perguntas desnecessárias. - Elizabeth havia tomado a palavra e mostrando-se prestativa em situações desagradáveis.

– Acho que está correta senhorita Bloom. Classe, estão dispensados por hora.

Dei graças a qualquer entidade mágica que acabara de me salvar dessa classe de loucos! Você pode está pensando: "Mas, a louca aqui é você, você mata pessoas sua doente!" - É eu mato mesmo, mas se não percebeu, vocês "normais" me contratam para tirar as pessoas entediantes do seu mundinho perfeito. Quem é doente agora? Está horrorizado por encontrar os monstros que todo humano esconde? Não é de surpreender. Bom, vamos continuar. Caminhei a passos lentos por longos minutos a procura de meu dormitório. Aquela academia era enorme - devo admitir - porém, minha caminhada me levara a outro ambiente divergente do desejado. Era um jardim sem dúvidas, a diversidade das flores, os bancos de madeira e aquele bálsamo adocicado era sentido por toda atmosfera. Ao longe eu avistei Elizabeth, reclinada em uma das flores, podando-as. Era o momento de... De fazer à coisa mais difícil da minha vida! Aproximei dela e...

– Senhorita Bloom? Eu queria pedi... - "Como isso é difícil" pensei - Eu queria... – respirei fundo e expeli todo o ar pela boca, aquele ar fora como uma chuva de espinhos que perfuravam incessante minhas bochechas.

– Eu queria me desculpar por outrora. - disse de forma rápida.

– Ah Mizaki, é você! Não precisa ser tão formal. Pode me chamar de Elizabeth ou Lizzy. E não se desculpe, eu fui um tanto grosseira e agi mal ao te puxar daquela maneira. Eu que peço desculpa. - ela disse concentrada nas flores. Ao lado do bonsai que ela podava havia algumas flores que possuíam neurotoxinas.

– Cuidado! Essa é uma flor com alto grau de neurotoxina. Seu nome é...

Gelsemium Elegans. - Ela completou. - Eu passo um bom tempo aqui neste jardim. Mas foi gentil da sua parte me alertar.

"Gentil?" refleti.

– Você gosta de jardins e flores pelo visto. - tentei socializar. Presumo que vocês recordam do último recurso que um assassino deve recorrer, correto? "Os interesses da vítima são os últimos recursos." Neste trabalho, os interesses dela são a minha prioridade e o que eu devo fazer é uma regra básica, simples e eficaz para essas situações. O efeito de atração por similaridade. "Como assim?" Você perguntaria. Simples, as pessoas normais se sentem confortáveis com pessoas que são iguais a elas, como ter algo em comum.

– Sim, eu adoro jardins e flores. Trazem-me, sentimentos de paz, tranqüilidade. - ela disse. - Sem falar que são lindos.

– Eu também penso o mesmo. Jardins me transmitem paz, poderia passar o dia todo aqui com as flores. - cá entre nós eu não sou o tipo de garota fã da natureza, mas era isso que eu devia mostrar para meu alvo. Devo manter o interesse. - Você gosta de pássaros?

– Ah sim! São criaturinhas adoráveis. O canto deles são...

– Lindos e harmoniosos? - inquiri. Mas na verdade, acho pássaros irritantes, principalmente seu canto alegre e bonitinho. Causa-me dor de cabeça.

– Ah você completou exatamente o que eu ia dizer. Adoro o canto deles, principalmente o Loris arco-íris. Seu nome faz jus ao seu corpo colorido. Nossa! Nunca havia encontrado alguém tão parecida comigo. Seu jeito sério não demonstra gostar de flores e pássaros. - ela sorriu de forma doce outra vez.

– Pois é. Não se julga um livro pela capa, correto?

– Correto, eu me precipitei.

Eu estava pela primeira vez tentando manter meu alvo interessado em uma conversa. Para ser honesta, é mais simples acertar alguém há 5.000 mil metros de distância com um sniper rifle do que manter uma conversa interessante por uma hora. Mas aqui estava eu falando com a garota ruiva peituda do último ano. Quando de repente somos interrompidas por outra garota. Ela me encarou dos pés a cabeça como se eu fosse uma escória, corja da sociedade. Seu jeito presunçoso afetava as flores, poderia está vendo coisas, mas diria que as flores murcharam com sua entrada.

– Lizzy não escutou o sinal tocar? Querida está atrasada para sua aula particular de etiqueta. - a garota de longas madeixas douradas onduladas porte atlético e seios volumosos informava a ruiva ao meu lado sobre seus afazeres. - Vamos? A senhora Scarlett nos aguarda.

– Minha nossa Lisa, eu esqueci completamente. - Elizabeth falou. - Quase me esqueci, Mizaki, está é minha melhor amiga Lisa Marres Ascot. Lisa já conhece nossa nova colega de classe Mizaki Ootori?

– A nova aluna de intercâmbio... Já a vi hoje cedo. É uma satisfação conhecê-la. Mas estamos atrasadas. Se nos der licença. - ela dizia pegando a mão de Elizabeth retirando-se dali.

– Tchau Mizaki, nos vemos mais tarde! - a jovem inglesa despedia-se de mim, enquanto sua amiga "brutamontes" a levava embora.

" Se esse cão de guarda não largar dela, será um tanto complicado" meditei

Enquanto meu alvo estava em sua aula de etiqueta, eu, enfim encontrei meu dormitório. Era um quarto simples em torno de 58 metros quadrado. Possuía uma divisão entre a sala/cozinha e o quarto com suíte. O assoalho era rútilo, as paredes de cor ágata possuíam duas janelas em cada cômodo, uma mesa arredondada para estudos e sofá amarronzado. Na parte da mini cozinha havia um frigobar com um jarro de frutas em cima do mesmo. No entorno do quarto constavam duas camas de solteiras arrumadas nos mais fios macios de ceda.

"Duas camas?" refleti enquanto observava aquele quarto.

Caminhei até a cama e pus a mala no chão. Deitei-me fitando o branco do teto. Fiquei pensando por longos e cansativos minutos como eu havia parado ali, naquele mundo.

"Não estou sendo profissional. Preciso focar no meu alvo. Aquela amiga, a tal Ascot... Ela emitia uma atmosfera nefasta. Conheço bem essa aura, já senti essa mesma sensação anos atrás."

De súbito uma melodia chamara minha atenção, despertando-me dos meus pensamentos. Sai do meu quarto e segui aquela sonância pelos corredores da Miator. Quando dei por mim estava entrando em um vasto salão. Paredes emadeiradas com detalhes talhados, carpete verde e algumas cadeiras acolchoadas preenchiam o entorno. Dando o ar rebuscado ao local, lustres, lareira e quadros dos pintores mais famosos completavam a decoração. O som harmônico que escutara, era do piano que estava ali no centro do salão próximo as longas janelas. E ali estava ela, tocando aquele instrumento magnífico com tamanha destreza.

– Mizaki, pregou-me um susto... Não escutei você entrar. - Elizabeth dissera.

– Não quis assustá-la, eu escutei e quis saber o que era. Não pare por minha causa. - aproximei-me do instrumento.

– Quando acabo minhas aulas de etiqueta venho praticar piano. Antes era mais uma aula, só que agora, eu sinto como se a música fizesse parte de mim. A música, os pássaros e flores me acalmam. - Ela articulava enquanto dedilhava algumas notas, retomando a delicada sonância de outrora. Acreditem, eu posso ser negativa e detestável, mas essa melodia me acalmava.

– E você Mizaki, Quais são seus Hobies? - Indagou.

– Meus hobbies? Eu gosto de... - afinal o que eu poderia dizer para essa garota? Meus passatempos prediletos são: estourar cabeças por aí, atirar em longa distância e retalhar corpos. Tinha que pensar em algo normal que eu gostasse... - Caminhar à noite e ler. - Céus, esses são meus hobbies? Acho que se eu fosse normal seria uma nerd, que maravilha.

– Ah gosta de ler, o que você lê? - sou eu ou vocês não acham que o feitiço virou contra o feiticeiro? Era para eu estar indagando essa garota e não o contrário.

– Gosto de livros de estratégia como "A arte da guerra" e contos de terror como lendas urbanas e etc... E você?

– Lendas urbanas? Adorava esses contos na minha infância. Costumava ir atrás dessas antigas lendas para verificar se eram reais. Que tolice a minha.

– Não. É sempre bom investigar algo. Sun Tzu disse: "Conheça o seu inimigo como a si mesmo e não precisa temer o resultado de cem batalhas". É sempre bom ir atrás e conhecer algo novo. Assim, teremos resultados bons. - eu disse por fim.

– Vocês estão aí! Meninas a representante dos dormitórios logo fará a chamada, é melhor estarem em seus quartos em cinco minutos. - disse a senhora Agnês.

– Boa noite Mizaki, obrigada pela agradável conversa

De rien, mademoiselle Bloom.


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