Goodbye escrita por MihChan


Capítulo 3
Aquele presente...


Notas iniciais do capítulo

Mais um *U*
Se tiver mesmo alguém aqui, comente, purfa! Eu acabei gostando muito do resultado dessa fic e, apesar de ser clichê, eu não queria abandonar o "projeto". Okay? Boa leitura!



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Depois das provas finais de fim de ano, inventaram que teríamos de fazer um amigo secreto para conhecermos mais uns aos outros e aliviar a tensão que estava em relação às notas. Segundo o professor responsável por nossa sala, que é o louco de história, nós vivemos num mundo dentro do celular e não sabemos agir normalmente sem ele.

– Vocês vivem nesse mundo lunático! Quero ver o que aconteceria se eu pegasse o celular de cada um de vocês durante uma semana. – Renato, o professor, se vangloriou, para depois soltar “não posso ficar nem mais um minuto com você” e começar a sambar pela sala.

Todos reclamaram e jogaram bolinha de papel amassado nele, que ajeitou a roupa e tratou de nos explicar como seria aquela idieia “super” criativa dele.

Victor se voluntariou para escrever o nome de todos em papeis para fazermos o sorteio, mas mesmo que não tivesse se dado ao trabalho, seria escolhido pelo professor por seu cargo. Ele pegou o boné que usava e jogou todos os papeizinhos dentro, chacoalhou e cada um pegou um deles.

Aki corou muito ao ver o que tinha escrito, Mirela não mostrou reação, Gabriela comemorou escandalosamente, enquanto Lara lançou um olhar mortal a Victor.

– Que macumba você fez aqui, seu infeliz? – ela berrou agarrando a gola da blusa dele.

– Nenhuma, marrentinha. Apenas estamos destinados. – ele aproximou-se um pouco mais e quase roubou um beijo de Lara, que começou uma sequência louca de tapas.

Ah, me esqueci de mencionar que Victor é extremamente galante com Lara e que é mais que óbvio que gosta dela e que ela o ignora.

Lembrei-me que ainda não tinha checado quem eu havia tirado e, quando o fiz, engasguei com o ar.

“Murilo.”

Olhei em volta, procurando todos, mas na minha sala só tinha um Murilo... Aquele Murilo, o que é rotulado por todos.

Fitei o garoto e ele também me encarava. Corei sem perceber e desviei o olhar dele para o papel com seu nome, o que não mudou muito meu constrangimento. Estava sendo difícil me desvencilhar dele. Parecia que o destino dizia algo como: “Não procurou tanto? Agora recebe!”.

– O que eu faço? – Aki choramingou, dramática, enquanto saíamos da escola.

– Não é o fim do mundo você ter pegado o garoto que gosta. – Mirela disse curta e grossa.

– Isso teve duplo sentido... – Lara comentou e riu.

– Você é tão má, Mila! – a pseudo-japonesa choramingou e se jogou nos braços da morena.

– Não me chame de Mila! – protestou Mirela.

– Crianças... – Gabriela deu o troco.

No final daquela mesma semana, eu estava jogada no sofá como sempre e passava pelos canais, triste. Meus desenhos só passam durante a semana e na mesma eu não posso assistir. Meu lado infantil me condena cada vez mais.

Meu celular toca, atendo. É Gabriela.

– Ei! Por que você não responde minhas mensagens no whats?

– Me desculpe...?

– Ora!

– Okay. Eu sinto muito, Gabi.

– Agora diga que eu sou a melhor amiga do mundo.

– Não, estou bem.

– Cruel!

– O que quer, hein?

– Lara, Aki, Mirela e eu combinamos de sair para comprar os presentes para o amigo secreto no grupo do whatsapp, mas como certa pessoa não olha, né... Vamos?

– To afim não...

– Legal. Passo aí em vinte minutos.

E desligou na minha cara.

Não sei por que ela pergunta se vai me obrigar de qualquer maneira. Escorreguei do sofá para o chão e me encolhi como uma batata amassada. Estava tudo bem até meus queridos irmãozinhos aparecerem por trás do sofá e pularem em mim.

Quando consegui me desvencilhar do ataque dos pestinhas, fui direto para o banheiro tomar banho. Ouvi alguém bater na porta e gritar por mim.

– Mãe! – gritei.

– O que, filha? – ela respondeu.

– É a Gabriela. Diz pra ela me esperar.

– Tudo bem.

Depois de me vestir e pentear o cabelo, saí do banheiro. Estava com um vestido azul com bolinhas brancas, um casaquinho bege e um sapatênis nos pés. Como fiquei atrasada não daria tempo para secar os cabelos.

– Finalmente, donzela. – Gabi reclamou quando entrei no meu quarto e a peguei folheando HQs.

– Nah! – dei de ombros pegando meu celular em cima da cômoda.

– E esse cabelo molhado? – minha mãe apareceu – Está frio. Você vai pegar um resfriado.

– Não dá tempo, mãe. – dei um beijo na bochecha dela e puxei Gabi pra fora antes que ela começasse a reclamar.

– Tchau, tia! – Gabi gritou.

O centro comercial era bem perto da minha casa. Essa era a única vantagem de morar onde eu moro. Praticamente tudo é perto, o que me faz economizar ao não ter que pegar ônibus.

Encontramos com as meninas em frente à primeira loja que passamos. Lara comprou um chaveiro para celular de um ursinho vestindo um uniforme de bombeiro, que era o que Victor sonha em ser um dia, e também uma cartela de colantes do homem aranha, porque Victor é uma criança grande.

Passamos em outra loja. Gabriela me mostrou um vestido amarelo florido, que eu achei chamativo demais. Depois ela pediu minha opinião em uma saia longa, azul, eu fiz careta e ela entendeu o recado. Achei muito estranho, mas ela disse que a pessoa que ela havia pego tinha o mesmo estilo que eu e que era por isso que estava pedindo minha opinião. Vi um casaco dando sopa, e eu amo casacos não importa a estação, e me aproximei sorrateiramente para olhar o preço.

80 reais.

Chorei. Muito mais do que a minha mesada pode comprar. Saíamos dessa loja depois que a Mirela comprou uma blusa feminina.

– O que eu compro? – Aki parecia verdadeiramente nervosa.

– Qualquer coisa. – Mirela estava olhando uns CDs.

Estávamos agora em uma livraria.

– Ele não gosta de ler? – Gabi perguntou.

– Eu não sei. Lara? – a japa-brasileira olhou esperançosa para a garota mais comunicativa do grupo.

– Ele gosta de videogames. – disse depois de pensar um pouco.

– Isso! – Aki comemorou – Pode me ajudar a escolher algum?

– Claro! – os olhos de Lara brilharam.

Aki comprou um jogo e uma action figure do personagem do mesmo, estava tudo na promoção e ela aproveitou, palavras dela mesma. Ainda andamos um pouco mais depois que o sol já tinha se posto, a lua já começava a brilhar no céu, estava ficando tarde.

Acabei não comprando nada e nem a Gabriela. Ela disse que compraria no outro dia e eu disse a mesma coisa.

No dia seguinte, obriguei a minha mãe a me levar no outro centro comercial, que era longe e que eu não andaria três horas para chegar. Ela me levou e, depois de deixar os meus irmãos na casa da tia da Gabriela, Clara, nós andamos tudo e eu não achei nada que combinasse com ele.

O que eu estou dizendo? Eu nem conheço ele!

Depois de quase me matar para comprar um presente, consegui achar algo que eu pudesse dar para um total estranho. Não foi nada demais e então minha mãe disse, com a maior cara de tédio do mundo:

– Sério que rodamos o centro todo para voltarmos de mãos vazias e comprarmos uma caixa de bombom no mercadinho da esquina?

Eu dei uma leve risada sem graça. Mas a verdade é que eu não sabia dos gostos dele e me aproximar não surtiu efeito. Toda vez que eu me aproximava, ele fugia. Tentei perguntar aos outros o que ele gostava, mas ninguém conseguiu responder ao certo, como esperado.

Uma garota fez uma brincadeira de péssimo gosto:

– Compre uma faca. Com aquele jeito dele, logo se suicidaria e seria menos um louco no mundo gastando oxigênio à toa. – ela riu e eu tive vontade de fazer com que tivesse menos uma patricinha fútil no mundo gatando oxigênio à toa.

Cheguei à escola bem animada. Talvez com aquela troca de presentes pudéssemos nos aproximar, mas nada do que eu planejei aconteceu.

Na última aula, começamos a troca e as pessoas se divertiam bastante. Já tinha combinado com as meninas que sairia com elas depois daquilo.

Aki tirou o chará do meu irmão mais novo, Guilherme, e lhe deu o presente, coradíssima. Já tínhamos dito a ela milhares de vezes que Guilherme era legal, mas não era um garoto por quem se apaixonar.

Mirela teve a péssima sorte de tirar Ingrid, a mesma garota que fez a piada maldosa e quem ela não ia muito com a cara. Praticamente jogou o pacote na mão da garota e deu o melhor sorriso de falsiane que eu já tinha visto. Ela me dá medo de vez em quando.

Lara foi mais radical e literalmente jogou seu embrulho na cara de Victor com desdém. Já ele afirmou que aquilo era puro amor. Talvez seja mesmo. A linha entre o ódio e o amor é finíssima.

Por último Gabriela disse que tinha me tirado e me deu o casaco que eu vi na loja e que, com a minha mesada, não daria pra comprar. Quase chorei de alegria, mas me segurei e então foi a minha vez.

– Bom, não sei o que falar... – as pessoas riram. Qual motivo da graça? – Ele é...

– Então é um garoto, my lady? – Victor gritou e eu fiz que sim.

Risinhos e cochichos para meu desagrado e desconcerto.

– Ele é bem... hum... Misterioso. – falei, mas soou mais como uma pergunta.

Automaticamente olharam para Murilo. Ele estava com os fones nos ouvidos e, ao perceber os olhares sobre ele, os tirou. Estendi o embrulho pra ele. Depois de alguns instantes, ele se levantou e pegou. As pessoas o olharam esperando, com expectativa, que ele abrisse, já que todos tinham feito isso. Ele suspirou, como se aquilo fosse muito chato, e resolveu abrir. Notei que ele tremia enquanto tentava desfazer o laço mal feito que eu tinha tentado fazer. Finalmente, olhou para a caixa com chocolates e depois pra mim.

– Eu não posso comer isso, desculpe. – disse me encarando por um segundo ou dois e deixou a caixa em cima de uma das mesas.

O fitei enquanto ele voltava para seu lugar e colocava os fones de novo. Um silêncio constrangedor se seguiu. Victor percebeu meu nervosismo e gritou:

– Então vamos dividir esses chocolates, certo, Manu? – me fitou enquanto todos os outros comemoravam a ideia.

– Hum. – concordei e sorri forçado, agradecendo com um aceno com a cabeça.

Todos começaram a pegar os bombons e pareciam crianças brigando por eles. Continuei a fitar Murilo, ele parecia não ter se importado com o fiasco do presente, mas eu estava mal com aquilo. Sorri para as garotas que brigavam pelo único alpino da caixa, me forçando a fingir que estava bem.

Ele se isolara novamente. Senti meus olhos marejarem estranhamente. Aquilo estava ficando cada vez mais frustrante. Preciso comprar outro presente. É isso!


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Notas finais do capítulo

Tive um tempinho, porque não fui à escola xP
Comentem e me deem um banho de entusiasmo se estiverem a fim de ver o final disso aqui :*