Esquecida escrita por savage


Capítulo 7
Sétimo


Notas iniciais do capítulo

OLÁ, OLHA QUE VOLTOU? eu...
Então gente, aqui mais um capítulo de Esquecida para vocês! Espero que gostem!
:3



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A tela em branco em minha frente me encara. Nunca fui muito de arte, dês de que cheguei aqui nunca fiz um desenho. As vezes faço alguns rabiscos quando alguém esta me observando mas nada da minha livre e espontânea vontade.

A tela parece querer ser pintada, e como alguém que quer ter seu vazio interno preenchido com algo.

No caso dela é tinta.

Depois dos sonhos que tive com Lena estou totalmente desestabilizada. Assumo isso pois não cosigo mais comer sem derrubar o garfo de plástico do refeitório ou engasgar com o pão seco.

Preciso esquece – La.

Pela primeira vez sinto vontade de desenhar. Pego o lápis e começo a rabiscar uma figura na tela sem saber muito que estou fazendo, sem saber muito pra onde estou indo com isso. Uma figura começa a surgir desses traços sem sentidos. Sou eu. Ou algo que se parece muito comigo, sozinho, retesada e sentada em um lugar escuro e vazio.

Não é um perfeito autorretrato de mim mesmo? Começo a desconfiar que sim.

Pegar em um pincel é uma sensação estranha e engraçada. Não sei muito bem como segura – ló ou o que fazer com ele, apenas começo a pintar. Tento encontrar as cores mais sóbrias que consigo para poder relatar exatamente o que quero no desenho. Tudo flui naturalmente, sem nenhum esforço meu para que aquilo funcione. Aliás, quem se importa com o desenho de uma louca? Esse pensamento me faz querer rir. Começo com preto. Misturo – o com branco, formo cinza e pinto os corredores sem vida daqui. Eu estou andando nesse corredor, observando tudo, como fiz alguns dias atrás.

Meu cabeço loiro é á única cor clara que uso na pintura, tudo ao meu redor é um mar de escuridão. Um corredor sem vida. Ótimo nome a uma pintura.

– Lindo!

Assusto-me com a voz que surge de repente atrás de mim. Beth, agora novamente radiante, feliz, e claro, com seu batom vermelho. Ela olha para minha pintura com uma expressão de admiração, seus olhos estão brilhando como nunca havia visto antes.

– Kyla,você é uma excelente artista! Se me permite dizer, magnífica.

Ela coloca uma mão em meu ombro. Estremeço.

– Obrigado.

Digo apenas. Pelo visto alguém se importa com minha pintura. Isso é um progresso para meus conceitos.

– Saiba que me surpreendo porque você sempre foi tão fechada, na verdade, ainda é. Nunca imaginei que pudesse criar algo assim tão...estou sem palavras!

A encaro.

– Bem, é realmente de pessoas fechadas de onde vem as mentes mais brilhantes. Tente me desenhar da próxima vez meu doce.

E ela sai. Fico ali admirando meu quadro. E se eu o queimasse agora? O estragasse? E como uma filosofia. Criar algo, trabalhar duro para depois destruir.

Acho que é isso que quero fazer. Mas não faço, pois poderiam me colocar em uma camisa de força.

...

Passo o dia todo vagando, procurando algo para fazer, mas acho que já esgotei toda minha criatividade por hoje. E engraço parar e olhar para trás. Mesmo eu não tendo mudado muitas coisas o pouco que mudei já me faz diferente. Já me faz algo superior ao ser sem vida que eu era antes. Não que eu tenha deixado de ser ele por completo.

Eu provavelmente estaria chorando pelos cantos da escola, ou embaixo dos cobertores em minha casa fingindo estar doente para não precisar ir para a escola. Fugir era a única maneira que eu encontrava para me proteger de tudo aquilo, mas não adiantou. Tudo explodiu.

Como em uma grande explosão várias cacos de vidro estilhaçado se espalharam por todo lugar, atingindo principalmente a mim. O engraçado é que essa explosão veio de mim mesma, da minha alma.

E eu acho que é isso que trazem as pessoas para cá. Aqui somos todos homens – bomba de espiro que acabaram explodindo e sobrevivendo a tudo. Tenho uma fascinação por cacos de vidro, é acho que é por isso que deixei eles conhecerem a mim e minha pele. Na verdade eu acho que eles foram mais profundos e chegaram até minha alma. Meus braços ainda carregam as marcas.

Toda explosão é precedida por rachaduras que com o tempo vão acabar cedendo.

Mas estou consciente que estamos aqui para colar todos esses vidrinhos e fazer uma nova barreira para nossa alma, uma nova barreira para mim. E eu sei que essa barreira será mias forte, a cola suportará mais que as lagrimas que antes era o que fazia a barreira resistir em pé.

Por isso não choro mais, e espero nunca mais chorar. Não vou deixar que me destruam de novo. Não vou deixar que a pressão chegue até mim, mas se por um triste acaso ela chegar até mim, vou aguentar.

Vou segurar e resistir até minhas últimas forças, não vou deixar que nada nem ninguém cruze essa barreira, não vou deixar que eu perca de novo.

Quando eu sair daqui, vai ser pra ganhar.

Quando acordo no dia seguinte Dra. Davis se encontra a frente de minha cama.

– Dra. Davis? Aconteceu alguma coisa com Beth?

Fico preocupada de algo ter acontecido com ela. Depois daqueles hematomas em seu rosto já começara a esperar algo pior.

– Não Kyla, esta tudo bem com ela. Só vim aqui para lhe dizer que hoje você terá visitas.

Meu coração gela. Eu não posso enfrentar meu passado de novo, não posso.

– Mas, o que? Quem verá me ver?

– Você verá.

E apenas o que ela diz.

– Bem agora vou deixar você continuar com sua rotina normal, vá tomar o café da manha e tudo o mais, depois nós voltaremos a falar sobre isso.

Assinto com um movimento de cabeça.

Está tudo prestes a desmoronar sobre minha cabeça.

...

Depois de tomar meu café e cumprir com o resto da rotina o que me resta é esperar. Fico esperando que Dra. Davis apareça e me chame, mas o tempo parece que não passa. Talvez ele esteja certo em não passar.

Fico encarando a parede, perdida em meus pensamentos, totalmente submersa no que quer que seja que irá acontecer daqui pra frente.

As rachaduras me atraem. Elas seguem um padrão por toda a parede sem cor, faz com que deixe o clima pesado.

E como se todo esse lugar sugasse a felicidade de todos que entram aqui.

– Kyla?

Viro – me no mesmo momento em que chamam meu nome.

Dra. Davis está me esperando em pé com sua prancheta na mão. Ela me olha e força um sorriso, como se tentasse me incentivar a ir para uma jaula de leões. Não posso mais adiar esse momento.

Preparo-me e começo a segui – la. Os corredores parecem ficar mais cumpridos, mais longos, fazendo com que eu fique um pouco tonta.

Essa é a hora.

Já nos afastamos dos lugares mais comuns do hospital, agora estamos andando por uma ária que raramente venho.

Ela para, de frente para uma porta de ferro. Sinto meu coração na garganta. Tenho vontade de fugir, cor rer Dalí, mas não tenho escapatória.

– Sua mãe esta aqui para lhe ver.

Dra. Davis fala com suavidade, tentando amenizar a situação.

Não consigo crer que, a mulher que nem se opôs em me entregar aos homes que bateram em nossa porta alegando que eu havia esfaqueado uma garota esta aqui para me ver hoje.

A porta, a única coisa que me separa do meu sombrio passado, é aberta.

Lembro do rosto dela quando tudo aquilo aconteceu, sem reação, sem preocupação ou dor em seus olhos, era como se estivessem pegando um brinquedo velho que ela já até havia se esquecido que tinha quando o levaram para doação.

Ela esta lá, sentada, Seus cabelos ruivos esvoaçantes como os meus já foram um dia e seus olhos verdes olhando para o nada.

Minha mãe só percebe minha presença quando Dra. Davis anuncia. Não estou mais a ouvindo, meus ouvidos parecem ter sidos desligados e agora só ouço o barulho da minha própria respiração.

– Kyla? Kyla!

Sou acordada de meus devaneios pelos gritos e sacolejos de Dra. Davis. Ela me guia até uma cadeira, me fazendo sentar. Não quero olhar para ela, não quero olhar para minha mãe. Meu olhar esta direcionado ao chão, é sempre pra ele que olho quando tento não ser notada, quando tento ser deixada de lado pelas pessoas.

Mas claro, não funciona.

– Kyla, ela esta aqui para te ver.

Não quero a ouvir, não quero.

– Querida?

A voz dela me faz tremer. E a primeira vez em muito tempo que ouço a voz dela, aquela voz aguda que eu só ouvia despejando palavras horríveis para mim no passado.

Não vou a dar atenção, ela não existe pra mim.

– Kyla por favor me escute.

Fico tentada a falar.

– Kyla...

Não aguento mais, não quero mais suportar...

– EU NÃO QUERO TE VER! VÁ EMBORA.

Grito e olho para ela. Finalmente seu rosto assumiu uma expressão, a de medo.

– Eu sei que não quer me ver, eu sei tudo que fiz a você. Mas você é minha filha, não posso te esquecer de uma hora para outra.

– Esquecer? – Já não consigo mais me controlar e bato com o punho fechado na mesa de ferro que nos separa. – Quando foi que você lembrou de mim? Durante minha vida toda você não prestou atenção em mim, não cuidou da sua própria filha!

– Kyla tente se acalmar, ela só...

– Para de falar para eu me acalmar! Dane – se você!

– Kyla!

– Cala a boca! Calem todos a boca! Eu não aguento mais tudo isso, eu quero que você vá embora, suma daqui! Esqueça de mim como sempre fez, eu lhe imploro.

Quase começo a chorar, mais não vou dar a ela esse gostinho.

– Eu acho melhor pararmos por aqui, ela precisa se acalmar.

Dra. Davis pela primeira vez no dia tem uma boa ideia.

– Eu vou embora. Mas saiba que eu mudei, depois de tudo eu mudei.

– Mudou? Mas do que adianta depois de que o desastre já aconteceu? Depois que tudo desabou em cima de mim, quando não consegui mais aguentar! Onde estava você quando eu precisei...Esqueça!

– Pense nisso.

Ela se levanta e sai. Ela é acompanhada por um enfermeiro até a porta vai embora. Como sempre fez.

– Vamos – Dra Davis pega em meu braço. – Você precisa se acalmar.

Não sei mais quem esta tomando conta do meu corpo, mais com toda certeza não sou eu.

Percorremos todo o caminho até de volta ao meu quarto e tudo é rápido e confuso como um vulto. A única coisa que percebo é que Beth esta la, com seu batom vermelho que me da dor de cabeça.

Dra. Davis fala alguma coisa que não escuto, concordo com a cabeça fingindo que prestei atenção. Ela sai e finalmente sinto que posso desabar.

E como se minha mãe tivesse levado minha alma quando foi embora e deixasse algo no lugar apenas para me manter viva. Agora que quero chorar as lágrimas não vem. Poderia dizer que estou vivendo em um inferno, só que isso aqui é muito pior.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Então gente espero que estejam gostando da estória e que comentem a sua opinião, seja ela qual for, ai embaixo! ;3

Até o próximo capítulo bjokas!!!!!



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